Bon Iver: o indie e a vergonha do sucesso
14/02/12 08:10Gosto pacas do Bon Iver. Os dois discos da banda, “For Emma, Forever Ago” (2008) e “Bon Iver” (2011) tocam em alta rotação aqui em casa.
Mas, anteontem, Justin Vernon, líder do Bon Iver, pagou um daqueles micos que prejudica a imagem de qualquer um.
Ele foi à breguíssima cerimônia do Grammy, onde ganhou os prêmios de “Melhor Artista Alternativo” (batendo, entre outros, Radiohead e My Morning Jacket) e de “Melhor Revelação” (superando Nicki Minaj e Skrillex).
Ao receber um dos prêmios, Justin subiu ao palco em seu mais desencanado visual indie-Exército da Salvação, parecendo que tinha saído de uma partida de sinuca no DCE da USP, e, simulando timidez como só um indie profissional sabe fazer, disse:
“Estou um pouco desconfortável aqui… Quando comecei a fazer música, foi só pelo prazer inerente de fazer música. Mas, com o desconforto, tenho um senso de gratidão…”
Justin estava tão “desconfortável” que tirou do bolso um papel com o nome de várias pessoas que tinha de agradecer, elogiou sua gravadora, e depois posou para os fotógrafos fazendo caretas e mordendo seus troféus.
Vamos comparar isso ao que Justin afirmou em dezembro, quando perguntado o que diria se ganhasse o prêmio:
“Todos vocês deviam ir para casa, isso é ridículo. (…) Nós não deveríamos estar num salão olhando um para o outro e fingindo que isso é importante. Isso é o que eu diria.”
O que aconteceu entre dezembro e o Grammy?
Não que eu ache errado alguém mudar de opinião. Pelo contrário, acho muito saudável. Todo mundo deveria mudar de opinião sobre tudo a cada cinco minutos. Mudar de opinião faz bem.
O ponto não é esse.
Se Bon Iver acha o Grammy uma coisa ridícula, não deveria ter ido. Se foi, não pode agir como se continuasse achando que é uma coisa ridícula. Não dá para ter sucesso e ficar com vergonha dele, bebê.
Não estou defendendo quem vai ou não ou não ao Grammy.
Admiro igualmente gente como Jello Biafra, Steve Albini e Ian McKaye, que certamente vomitariam se fossem indicados e nunca pisariam num Grammy, e Dave Grohl, que não faz segredo que sempre sonhou em tocar para estádios. Cada um na sua.
Só acho que Bon Iver foi covarde e, principalmente, estúpido.
Numa atitude infantil, ele se negou a tocar durante a cerimônia do Grammy. Uma burrice tremenda. Se já estava lá participando da festa, o melhor que poderia fazer era tocar e mostrar sua música para 500 milhões de pessoas que nunca a ouviram. Mas preferiu posar de rebelde para os cinco fãs que tem.
Eu não entendo essa gente. Como alguém pode buscar o sucesso e se envergonhar dele ao mesmo tempo? Não é uma contradição?
Mas o mundo indie é cheio dessas contradições. Afinal, não temos, aqui mesmo no Brasil, uma categoria que é uma contradição em termos, o indie estatal?
No Brasil? Seu Jorge, Criolo, Mano Brown, Marcelo Camelo, e aquele lá que fez comercial da Nextel, minissérie na Globo e depois vai posar de rebeldinho no Faustão, é o pior de todos mas esqueci o nome…
Realmente temos exemplos disso o tempo todo, quantas vezes não vimos milionários de canais abertos da TV brasileira, se fazendo de “humildes”, dizendo que tem um “dinheirinho que dá para pagar as contas” quando perguntados sobre suas fortunas. Isso está enraizado, é feio falar que é rico ou bem sucedido. Mas no caso do Bon Iver, eu acho que tem um fator a mais, que eu chamaria de “proteção bilateral”. É simples, ele desdenha o Grammy, até ai opinião, mas se ele ganha, ele pode vir e dizer que o mundo está abrindo os olhos para a música alternativa, e se caso contrário ele perde, ele pode vir e dizer que é uma premiação de cartas marcadas e tudo aquilo.
Olá André. O Misfits vai se apresentar na minha cidade, Catanduva-SP. Você está convidado.
maiores informações e ingressos acessem: http://www.apacherecords.com.br
Os indies estatais são de certa forma responsáveis pelo rock no Brasil ter perdido tanto espaço (dá para imaginar por exemplo, o pessoal do punk e do metal dos anos 80 pedindo dinheiro do governo). O rock se auto exilou na bolha da Internet, nos patrocínios governamentais e no esquema Sesc. Assim como a MPB, o rock no Brasil parece caminhar para o ostracismo.
Eu acho,Barça,que o Bom Inverno ficou em cima do muro mesmo.Se fossem como o Radiohead,que faz cena,mas adora aparecer mesmo e o Arcade Fire,que ficou com cara de felizão ao aparecer no Grammy passado,seria diferente.Ele parece um tipico indie,mas pisou em cima da bola.E outra,se fosse indie indie mesmo ia dizer que quem compra roupa na Reverbcity é boiola.Kurt Cobain faria isso,claro.
Gosto é gosto, mas que esse Bon Iver é chato de doer isso é, para mim aliás Indie ultimamente é sinônimo de chatice. Prefiro ouvir Neil Young.
Barça, iniciativa privada bem sucedida precisa de qualidade, tem que mostrar serviço, preparo, inteligência e o pior….trabalho! Isso dá trabalho, é mais fácil ser amigo de alguém do governo e pedir uma graninha!
Bon who?? Só conheço o Bon Jovi
Agora, Barcinski, Lúcio Ribeiro e Álvaro Pereira passarão a falar mal do cara. Bem típico dos três patetas.
Leia o texto, gênio. Eu disse que curto demais a música dele.
ô Barça…você e nós leitores de seu blog temos um gosto musical bem peculiar…todos conhecem diversos exemplos de bandas ótimas desconhecidas que não se tornaram populares ou o inverso de inúmeras porcarias que alcançaram fama e popularidade…ou seja pra nós tudo é genial e desconhecido ou popular e um lixo….na sua opinião quais bandas que conseguiram realmente unir qualidade musical, boas críticas e sucesso comercial ?
Atual? Radiohead
Em 1996 o Nick Cave foi indicado ao MTV Music Awards e escreveu esta carta, dizendo my muse is not a horse.
http://www.lettersofnote.com/2012/02/my-muse-is-not-horse.html
Mais um showzaço confirmado: Mark Lanegan, no Cine Jóia – SP, dia 14/04 – Sábado.
Já comprei o ingresso.
Na boa, este Bon Iver tem cara de que não pega ninguém…
Minha solidariedade para com vc, pois por dever de ofício tem que assistir ao Grammy. Quanto a mim, tô fora!
Andre , esse cara é demais . o cover dele de re-stacks é melhor que o Bon Iver (alem de um impressionante versao para strange fruit , que não é moleza).
“artistas” do youtube são os verdadeiros indies ?
http://www.youtube.com/watch?v=c9MO5WFWk4E
Bon Iver,Nicki Minaj e Skrillex,parada dura heim?Troféu pro “menos pior”.Na boa folk moderno pra mim é muito chato.tem milhões de bandas folk,folk sueco então falam maravilhas.Um violãozinho roots e uma voz carregada de “emoção”sei la que emoção é essa…não aguento 5 minutos.tudo bem que ele esta em quase todas listas de melhores do ano.Ganhou grammy!Parabéns.Tem gosto pra tudo.
André, não vou chover no molhado sobre as coisas boas do novo formato, mas sim fazer um comentário em cima de outro postado ontem. O leitor observou que suas respostas ficavam em negrito no antigo formato e isso as destacava. Na verdade, o destaque era por conta da fonte em negrito MAIS o fundo verde da caixa de resposta. Era o contraste do fundo verde o do fundo branco. Na forma de agora, não há muita diferença entre responder em negrito ou não – e isso não é caso de melhor ou pior, aliás nem tinha reparado na ausência desse contraste. Bem, é isso.
nem conheço isso, sou do tempo do de falla e second come, tinha de tudo naquela época, menos indie estatal, hahaha
Killing Chainsaw e Pin Ups, bandas que não entendo até hoje como se viravam naqueles tempos brabos dos anos 90.
Gosto muito do ultimo album dele, mas é estranho uma entrevista como essa antes e as declarações dadas depois.
Mas não tenho saco e nem vejo relevancia no Grammy.
Pior só as premiações do Multishow e o Vma.
Juro que não sei o que é indie. Alguém ajuda?
Numa boa, pare de fingir que sou eu. Ou vai me dar o trabalho de deletar seus comentários.
A pergunta mais inteligente dentre os comentários… parabens, e tb fico na fila para ver se alguem responde!! Indie.. cada coisa, vao trabalhar um pouco que é melhor!!
Também sempre quis saber exatamente o que é uma banda indie…
Assim como o cinema comercial e o pop tem lá suas fórmulas, os independentes tem seus vícios, suas muletas, sua pose – propositalmente descuidada -, e se escondem por trás de suas receitinhas. Só garimpando bastante pra encontrar algo que preste. Que saco. Tem me dado uma trabalheira encontrar música nova e boa.
Concordo com você, estas cerimônias grammy, oscars, etc. são muito bregas.
Posar de rebelde dá muito dinheiro desde…Rolling Stones?
Mas os Stones foram rebeldes: viveram a mil por hora, foram presos, etc. Bon Iver é do tipo que não deve nem ver esporte porque é violento.
Andre, eu penso o mesmo! No fundo, nao passa de mais um poseur dando uma de prafrentex!
Uma das coisas que mais me assustam é esse pedantismo indie. Há programas na TV em nosso país (como Raul Gil, por exemplo) que abrem oportunidade para artistas novos e desconhecidos. Mas indie só pensa em MTV e nos canais que meia dúzia de descolados veem. Resultado: o lixo musical, que não é blasé, dá as caras e ganha as ruas, para nossa infelicidade. Lobão tem razão. TV e rádio faz parte do trabalho do músico. Por que ter vergonha? Isso me deixa muito “indiegnado”…
Excelente post. O problema, a meu ver, é que o “mundo alternativo” é moralista, o que não deixa de ser contraditório. Os alternativos em geral enxergam como “moralmente inferior” todos que não compartilham do seu “desprendimento”. Daí a vergonha…
É exatamente isso.
Perfeito Cláudio. Por isso acho todos insuportáveis. Em BH eles saem pelos ralos…
André, falando em indie-estatal, pega um onibus pro RJ pra ver hoje o Jaques Morelenbaum no STUDIO RJ (filial no Arpoador do Studio SP).
“Em meio aos inúmeros estilos musicais desenvolvidos no Brasil, o Samba é aquele que melhor representa a vasta diversidade cultural deste país. A perfeita mistura entre influências Africanas, Européias e nativas Brasileiras, resultaram nesse ritmo e onda musical cheios de charme, sensualidade, graça melódica e sofisticação harmônica, os quais servem aos amantes da música tanto para os deleites da dança quanto para a degustação estética e aprofundamento espiritual.”
Pior que estarei no Rio hoje. Mas não vou lá não.
Daniel
você leu o texto que enviou? Um amontoado de clichês! A sua sugestão foi irônica, não foi?
amsl
Com certeza! Joga no São Google e você verá a origem.
Não assisto ao Grammy mas concordo com você. Bon Iver foi bem ridículo e falso em suas declarações.
Acho que o Arcade Fire no ano passado tirou muito mais proveito e foi muito mais honesto com toda essa situação.
André, se vc for ver bem, todos, ou 99% dos grandes e famosões artistas brasileiros são “indies estatais”, pois vivem pedindo isenção fiscal na Lei Rouanet, só lembrar da história da primeira-irmã da MPB…
Vc tem toda razão. O que leva à pergunta: como tantos músicos sobreviveram tanto tempo ANTES da Rouanet?
A lei Rouanet é a imoralidade legalizada. Vergonhoso!
O Roberto Sadovsky disse que todo mundo é indie até ver um polpudo cheque na sua frente. E é bem por aí. Esses artistas da MPB (Caetano, Gil, Bethânia, Gal, etc) posam e sempre posaram de independentes mas são tão ou mais “vendidos” do que artistas populares de gêneros como axé, sertanejo, pagode ou funk. No fim, o que sobre desse pessoal é só a empáfia, música boa eles não fazem.
P.S.: Aproveitando a mensagem acima, seria a Maria Betânia uma indie estatal? rs
Cesar, discordo. Acho que esses citados nunca posaram de independentes; nunca esconderam de ninguém que adoram dinheiro, são capazes de vibrar inclusive com aplausos de falsidade e sempre (ou quase) estiveram ligados a majors, nas quais sempre tiveram carta branca para fazerem o que quisessem.
Vc não sabe nada de música msm ou é paga-pau de gringo
Sou paga pau de gringo
Nesse caso eu também sou, sem puxa-saquismo. MPB é uma merda, bossa-nova é horrível e rock funciona melhor na língua inglesa, pronto e acabou.
concordo em gênero, número e grau… hehehe
Não mesmo. Tom Jobim é uma merda? Jorge Ben, Tim Maia e Paulinho da Viola são uma merda? Novos Baianos, Mutantes, Walter Franco e Raul Seixas? Depende muito de quem você acha que esteja sob o manto dessa sigla, “MPB”.
Sou paga pau de gringo também.
Vim só elogiar a nova plataforma que realmente está muito melhor!!