O Oscar e a infantilização do cinema
27/02/12 08:16
Nenhuma grande surpresa no Oscar. Eu apostava numa divisão dos principais prêmios da noite, mas as vitórias de “o Artista” nas categorias filme, diretor e ator, não podem ser consideradas zebras.
Se 2011 não ficará marcado como uma grande safra de filmes, pelo menos será lembrado como o ano em que o abismo entre o Oscar e o público americano tornou-se intransponível.
Nunca houve um descompasso tão grande entre o gosto da Academia e o gosto do público.
Quer prova?
Dos 40 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2011, apenas um – “Histórias Cruzadas” – foi indicado ao prêmio de melhor filme. Um em 40.
Dos dez filmes de maior bilheteria em 2011, apenas um – “Thor” – não é uma continuação. E todos – repito, todos – são filmes que apelam ao público adolescente (veja a lista aqui).
Ou seja: o cinema adulto não faz mais sucesso.
Compare isso à década de 60, quando todos os vencedores do Oscar foram sucesso de bilheteria, de “The Apartment” (1960) a “Perdidos na Noite” (1969).
Dos campeões de bilheteria de cada ano entre 1960 e 1969, cinco foram indicados ao Oscar de melhor filme: “Lawrence da Arábia” (1962), “Cleópatra” (1963), “Mary Poppins” (1964), “A Noviça Rebelde” (1965) e “Funny Girl” (1968).
Os anos 70 não foram diferentes. Todos os vencedores de Oscar triunfaram na bilheteria: “Patton” (1970), “Operação França” (1971), “O Poderoso Chefão” (1972), “Golpe de Mestre” (1973), “O Poderoso Chefão – Parte 2” (1974), “O Estranho no Ninho” (1975), “Rocky” (1976), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “O Franco-Atirador” (1978) e “Kramver vs. Kramer” (1979). Com raríssimas exceções, só filmaços.
Agora, compare isso ao que ocorreu de 1980 para cá: nos últimos 32 anos, apenas três filmes que ganharam o Oscar também foram campeões de bilheteria de seus respectivos anos: “Rain Man” (1988), “Titanic” (1997) e “O Senhor dos Anéis” (2003).
O que aconteceu nesse tempo? Como surgiu esse abismo entre o gosto da Academia e o gosto do público?
Uma palavra: “Tubarão”.
Não é novidade que o filme de Spielberg mudou a história de Holllywood. Pela primeira vez, executivos perceberam que um filme poderia virar um “franchise”.
“Tubarão” foi um dos primeiros filmes a estrear em uma quantidade absurda de salas, e rendeu fortunas com sequências e produtos (para quem quiser se aprofundar no assunto, sugiro ler “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’n’Roll Mudou Hollywood”, grande livro de Peter Biskind sobre o cinema americano dos anos 70).
O que estamos vendo hoje é o auge da infantilização do cinema americano, iniciada com “Tubarão” e impulsionada por George Lucas e “Guerra nas Estrelas”.
Então a culpa é de Spielberg e Lucas?
Não. Eles simplesmente foram os garotos-propaganda de uma revolução comercial inevitável.
É só ver como a indústria da música, a partir dos anos 80, também descobriu o valor do público juvenil, para perceber que essa busca por um consumidor jovem, extremamente suscetível a propaganda e extremamente fiel, que não se importa de ver duas ou três sequências de seus filmes prediletos, faz todo sentido, se você é executivo e só está interessado em fazer dinheiro.
Enquanto isso, o público adulto migra para as séries de TV e dá mesada para os filhotes se divertirem com a enésima parte de “Harry Potter”. Na prática, os adultos estão pagando para destruir o seu próprio prazer de ir ao cinema.
Tempos estranhos os nossos…
André, o irônico nesta história é que mesmo os filmes “pipoca” de antigamente, como o Tubarão, o Star Wars e o Indiana Jones eram concorrentes fortes e levaram várias estatuetas para casa enquanto que o único deste ano que talvez se encaixasse nessa categoria, o Harry Potter foi totalmente marginalizado pelos acadêmicos. E legal vc citar o livro do Biskind, depois dele, minha vida, pelo menos de cinéfilo, nunca mais foi a mesma hehehehe
Existem vários motivos para não se gostar de “Meia Noite em Paris” — principalmente se comparado a outros filmes de Allen –, mas falta de originalidade certamente não é um deles.
Os temas do filme — inadequação com o presente, contraste entre a nostalgia e a realidade de tempos passados — não têm nada a ver com o escapismo pela arte de “A Rosa Púrpura…” nem com os dilemas morais de “Crimes e Pecados”.
Ou você quer dizer que se alguém usa recursos de realismo fantástico num filme (o ator saindo da tela em “A Rosa Púrpura…”) não pode fazer isso nunca mais, sob pena de pecar contra a originalidade? Usou “flash-back” uma vez (“Crimes e Pecados”) e já era?
Não entendi sua crítica.
Em primeiro lugar, eu não disse que não gostei do filme. Achei ok, mas não é dos meus prediletos do Allen. Mas é claro que a idéia não é original, e foi usada diversas vezes em outros filmes dele mesmo. O Woody Allen cansou de usar o recurso de volta ao passado nos filmes. E esse é o grande charme de “Meia-Noite em Paris”, a característica mais comentada e marcante do filme e que ocupa boa parte da história. Além do mais, toda aquela coisa do cara que tem a epifania de que a mulher que ele acha que é “a” mulher da vida dele, na verdade não serve pra ele e resolve mudar de vida, também é BEM batida. Mas é só minha opinião.
Como gosto muito do blog, foi meu primeiro comentário e você respondeu, vou tentar esticar um pouco o papo…
Concordo que a idéia da mulher amada que resolve mudar de vida é BEM batida — embora seja claramente secundária em “Meia-Noite em Paris”.
Agora, um desafio: cite outros dois filmes em que Allen usou o recurso de volta ao passado. Não vale “flash-back” — porque esse todo mundo usa e é um instrumento recorrente da própria arte cinematográfica.
Secundária? Mas é o final do filme, quando ele se convence de que tem uma vida medíocre e resolver mudá-la. Não acho que é um tema secundário. Durante todo o filme, o personagem do Owen Wilson parece viver esse dilema. Em “Crimes e Pecados”, o personagem de Martin Landau tem visões da infância (que parecem copiadas de “Morangos Silvestres”, de Bergam). Em “Zelig”, o personagem interage com cenas famosas da história; “A Rosa Púrpura do Cairo”, que é copiado de “Sherlock Jr.”, de Buster Keaton, é um pouco diferente: o personagem “entra” no filme, mas é uma forma também de trocar a frieza do presente por um espaço mais lúdico. “Poderosa Afrodite”, se me lembro bem, é narrado por deuses gregos e, se não estou enganado, no fim o Woody Allen encontra com eles…
Correndo o risco de ser chato, mas sem fugir da discussão (que é boa):
1) É “secundária” porque a idéia “primária” (principal) é a inadequação com o presente e a nostalgia por um passado que nunca é tão bom quanto a fantasia que fazemos dele. Na sua primeira resposta, você mesmo disse que “esse é o grande charme de ‘Meia-Noite em Paris’, a característica mais comentada e marcante do filme e que ocupa boa parte da história”. De fato, tire isso do filme e vira só mais uma comédia romântica bem batida.
2) A tal “volta ao passado” só foi usada em “Meia-noite em Paris”, o resto é “flash-back” (“Crimes e Pecados”) ou recursos de realismo fantástico (“A Rosa Púrpura do Cairo”, “Zelig” e tantos outros). Sobre “Poderosa Afrodite”, a narração é por um coro grego, com participação de figuras da mitologia que contracenam e conversam com o personagem de Woody Allen durante todo o filme. Outro recurso original e criativo, que nada tem a ver com o de “Meia-Noite”.
3) Agora, se você acha que há muitos temas recorrentes da filmografia de Allen, estou plenamente de acordo. Mas isso acontece com todos os diretores mais, digamos, “autorais”.
Acho que faz muito sentido o que escreveu. Tanto que, quando quero ir ao cinema, dificilmente acho mais de 1 filme no mês que vale o ingresso. Acho que até a déc de 90 ainda havia algum equilíbrio entre filmes juvenis e filmes adultos, mas agora as salas são dominadas pelo 1o tipo. André, talvez vc me xingue, mas viu o cometário do Zé Wilker sobre os 2 grandes vencedores do Oscar deste ano? Ele afirmou que ambos homenageiam o cinema de antigamente numa época que os estúdios tem uma infinidade de recursos técnicos disponíveis. Será que a própria Academia está se tornando um pouco “nostálgica”, desejando mais filmes adultos para julgar? Abraço
Eu sou adulta morando nos EUA. Aqui não tem babá para ficar tomando conta das crianças (ou vó morando perto que possa ficar com eles) enquanto os pais vão ao cinema. Basicamente, o público adulto assiste aos filmes atrasado, em DVD. Só vamos ao cinema de verdade pra levar os filhos em filme infantil, ou algumas vezes por ano quando pagamos uma baby sitter.
Me leva pra assistir Drive?
CAra André para de ser retrogado. Na verdade acho que finalmente a industria americana, começou a respeitar filmes de fora. Pó um filme iraniano, ganhou o Oscar. Um ator frances ganhou um Oscar, um filme frances ganhou o Oscar e voce vem me dizer só coisa ruim. Você é daqueles caras, que só enxerga coisa ruim. Até o Brown concorreu com musica brasileira. Finalmente dá para ver, que a industria americana, começa se abrir. Já deu oscar para o Bardem, para que fez a Piaf. Ontem um latino concorreu como melhor ator. Pare de só enxergar coisa ruim cara. Por causa de cara como vocês o país não vai pra frente.
Que besteira. Não é de hoje que o Oscar premia não-americanos. Em 1997, “A Vida é Bela’ concorreu a melhor filme. O mercado internacional cresce a cada ano, é natural que a indústria americana preste cada vez mais atenção em outros mercados.
Ainda não assisti aos filmes que concorreram ao Oscar, mas até que achei interessante um filme francês, mudo e em preto e branco e que não foi campeão de bilheteria ganhar Oscar nos dias de hoje, além do iraniano no filme internacional. Até foi digno de certa forma.
Enquanto ainda tiver a categoria melhor filme “estrangeiro” é sinal que os americanos ainda não dão atenção para outros países. Pra mim essa categoria nem deveria existir. Não entendi o oscar daquele ano onde o filme Cidade de Deus concorreu a várias categorias inclusive filme, direção e roteiro, para mim automaticamente já levaria oscar de melhor filme estrangeiro mas nem isso levou, enquanto que outros concorrentes só concorreram a essa categoria. Não estou querendo dizer que Cidade de Deus é um filmão até achei que encheram muito bola demais, só achei que deveriam ter um bom senso.
Também acho, cinema é cinema, por que filme estrangeiro? Os americanos devem achar que o cinema deles é superior e que dão oportunidade para filmes estrangeiros levarem o Oscar.
Beleza…então, por questões de isonomia, A Invenção de Hugo Cabret poderá concorrer ao Kikito de melhor filme… Oscar é do cinema americano, assim como o BAFTA é do cinema inglês, o Cesar é do cinema francês, o Goya do cinema espanhol e o Kikito do cinema tupiniquim…
E por que não? Não seria mais democrático que todos os países premiassem o cinema de forma geral, premiando os filmes locais e estrangeiros, não vejo problema nenhum em quebrar essas regras e tradições banais.
A categoria não é exatamente “melhor filme estrangeiro”, é “melhor filme em língua estrangeira”. Para concorrer na categoria, o filme precisa ter sido produzido fora dos EUA e ter como idioma predominante outro que não seja o inglês. Não vejo como uma categoria excludente, e sim como forma de reconhecer produções que, em função até da barreira do idioma, dificilmente concorreria em igualdadade de condições com produções em língua inglesa.
Senhor dos anéis tbm foi record de bilheteria e ganhou o oscar!
Vc tem razão. Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, terceiro filme da série, ganhou o Oscar em 2003 e foi a maior bilheteria do ano. Vou mudar no texto, valeu.
André, o Senhor dos Aneis que ganhou 11 Oscares(?), foi o Retorno do Rei, o terceiro e último da série, a Sociedade do Anel foi o primeiro, e só ganhou prêmio técnico!!!!
Sempre confundo esses filmes, até porque não vi nenhum deles. Vou mudar.
Olha eu acho engraçado vocês criticos, falarem em morte da industria americana de cinema. Se a industria de cinema está morrendo, alguém então deve tomar seu lugar. Como diz aquele ditado ” rei deposto alguem assume o posto ” . E qual cinema no mundo, está tomando o lugar do americano. Eu sinceramente não vejo ninguem. Não vejo nenhum cinema, capaz de concorrer com os americanos. O europeu é aquilo, que só mesmo gente muito cinefila ou critico realmente gosta. O latino americano, faz obras interessantes mas também não tem um super alcance. O africano é inexistente. E o ásiatico faz algumas obras que se sobresaem, mas nem cacife. Acho que qualquer industria tem momentos de baixas e de altas, isso não quer dizer que a industria vai morrer. Acho que hoje vivemos numa cultura de consumo, é triste , mas fazer o que, as pessoas querem isso. Por exemplo esse blog é cultura de consumo, as críticas são vazias e sem grande aprofundamentos, são mais comentários que propriamente criticas aprofundadas. Mas as pessoas sempre vêem ler. Eu pego o caderno da Folha e os caras colocam estrelinhas e uma frase para fazer a critica do filme. Por isso se você quer criticar a industria americana de cinema, critique todo o envoltorio da cultura atual. Como livros de consumo( Como Crespusculo), obras de artes também vazias que colocam na Bienal. Bandas para ganhar dinheiro. O que quero dizer é que o problema não é com cinema. Mas com a cultura atual
“Os anos 70 não foram diferentes. Todos os vencedores de Oscar triunfaram na bilheteria: “Patton” (1970), “Operação França” (1971), “O Poderoso Chefão” (1972), “Golpe de Mestre” (1973), “O Poderoso Chefão – Parte 2” (1974), “O Estranho no Ninho” (1975), “Rocky” (1976), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “O Franco-Atirador” (1978) e “Kramver vs. Kramer” (1979). Com raríssimas exceções, só filmaços.”
Queria saber quais são as exceções?
Abraços
Vc acha Golpe de Mestre e Rocky filmaços?
Golpe de Mestre é bem melhor que Kramer vs Kramer, sempre me divirto muito quando assisto.
Divertido é mesmo, mas não dá pra dizer que se compara aos outros filmes que ganharam Oscars nos anos 70, né?
Isso é, mas que melhor que Kramer vs Kramer e Rocky ele é.
Há anos me interesso mais pelo ganhador do Oscar de filme estrangeiro do que pelo ganhador do Oscar. Tirei cinco dias de férias para ir ao cinema ou ver em casa filmes que não vi no cinema. Hoje já assisti Medianeras em casa e estou indo assistir Separação.
Quem nunca viu Porky’s que atire o dvd do American Pie
Dia 26/02/2012. 2 alegrias, flu campeão e carlinhos bronw vice.
Sei que você não gosta, mas até teve uma entrevista que você fez na Folha com um escritor(esqueci o nome dele) e ele disse algo parecido com que eu vou dizer agora: a salvação, por enquanto, são esses canais adultos tipo AMC e HBO, tirando algumas exceções, não vi nada tão bom quanto Breaking Bad. Excelente elenco, roteiro de qualidade, 13 episódios pouca enrolação e não é feito para crianças.
Hoje raramente perco tempo indo ao cinema, os melhores filmes já estão disponíveis em HD(Drive, por exemplo) antes de serem lançados por aqui e são cada vez menos. Preencho as lacunas das filmes antigos, esses dias assisti straw dogs e Rachomon.
Foi com o Dennis Lehane.
Excelente a foto que ilustra o post.
André, acho um fenômeno angustiante essa horda de adultecentes em busca da juventude eterna, com medo de envelhecer. Logo me vem à mente a famosa frase do Nelson Rodrigues sobre os jovens… O último videogame q joguei foi o Atari, em 87; hoje infelizmente não consigo assistir a seriados, não tenho saco, e simplesmente abomino essa ditadura da indústria de só nos empurrar filmes de super-heróis e afins (isso porque meu 1o emprego, ainda no século passado, foi no balcão de uma loja de quadrinhos – por sorte tinha Manara pra eu passar o tempo hehe). Agora, sobre o Oscar de ontem nem posso opinar porque não vi a premiação, tava no show do Soulfly, BRUTAL!! \m/ Ver o vovô Max Cavalera no Circo – e no Rio, depois de 15 anos – ainda com a incomparável voz de trovão e camiseta surrada do Dorsal Atlântica, foi inolvidável! Só pra fechar: ‘au au au, carlinhos brown é bacalhau!’ =P
Exagero. Se pegar o top 60 de filmes, há 6 dos indicados a melhor filme. E não dá pra falar que os seguintes filmes ganhadores do OSCAR não são campeões de bilheteria: Forrest Gump, Gladiador, Chicago, Senhor dos anéis (!!!)
Por favor, leia o texto. Eu disse que só aqueles dois filmes foram campeões de seus respectivos anos. Isso não quer dizer que os filmes que vc mencionou não foram bem na bilheteria. E seis filmes em 60 é uma marca péssima, é só comparar com outros anos.
André,
Realmente os filmes estão bastante infantilizados.
É por essas e outras que fiquei surpreso – em 2008 – com o filme Watchmen (custou uma nota e foi um fiasco de bilheteria). Na época alguém disse que dificilmente veríamos um filme do gênero – para adultos – novamente. Não estou entrando no mérito do filme ter sido bom ou ruim, mas sim pelo fato da abordagem ter sido extremamente pesada.
Não é por menos que a série Crepúsculo foi um sucesso estrondoso de bilheteria.
Ninguém quer mais investir em filmes caros com um viés adulto.
É mais garantido investir em filmes para crianças/adolescentes.
Sinal dos tempos!
Um forte abraço!
É bom lembrar que não é só no cinema infantilizou, a literatura também.
E a música.
E a política… Basta ver como petistas e tucanos a conduzem de forma maniqueísta…
E digo mais: nossa academia também é infantil, pois não é estimulado o debate sério entre posições contrastantes sobre o conhecimento. Quem aqui já entrou em alguma universidade pública e em um curso de humanas e presenciou algum seminário sobre um pensador “de direita”, por exemplo? Não havendo debate, há uma simplificação do mundo: de um lado os “progressistas” e de outros os “exploradores”. Verdadeiro roteiro de “Branca de Neve e os Sete Anões”.
Numa boa, há uma infantilização do mundo, mas ela se deve em grande medida em virtude da infantilização daqueles que o julgam infantil…
Os comentários deste post, por exemplo, parecem críticos, mas em sua maioria têm pressupostos elitistas e dogmáticos…
Me parece que sofremos atualmente a “sindrome do google”. Como diria um professor, as informações do google são como pizza. Variadas e superficiais. E me parece que essa é a tônica atual. Sem profundidade, sem densidade. Qualquer coisa que tenha essas características são chatas. Mas não perco meu prazer de degustar um bom habano, ouvir meu “kind of blue” e meditar sobre a vida, solo ou bem acompanhado. E tenho dito!
aqui em Salvador o “Espião que Sabia Demais” está passando em apenas um cinema e em apenas um horário. o último. é fácil deduzir que a sua bilheteria não será nada boa. não sei como as distribuidoras tratam os filmes nos EUA, mas não deve ser muito diferente.
a maior parte do público que vai aos cinemas nos dias de hoje é formada por crianças e adolescentes. portanto, não é de espantar que a maior parte dos filmes sejam destinados a eles.
Ou será que é porque a maior parte dos filmes é destinada a crianças e adolescentes?
Mesmo na época o Pulp Fiction não foi compreendido. Muito nego saiu do cinema antes do filme acabar, a parada já vem de tempos.
Mas por que alguém em particular não pode achar razoável abandonar a sala onde está sendo projetado “Pulp Fiction”? Onde está escrito que “Pulp Fiction”, “Rampart” e outros não podem ser considerados uma porcaria?
Desculpe comentar de novo, mas lendo tanta opinião ( quase todas legais ), me deu um insight: Enquanto filmes como MASH ou PODEROSO CHEFÃO faziam sucesso, havia uma maioria silenciosa gorando, torcendo pra coisa desandar. Quando as bilheterias desabaram ( 79/80 ), esse povo ressentido tomou as rédeas. Tipo: Agora chega de “arte”, vamos fazer filmes que eu possa entender e apreciar. E tome GENTE COMO A GENTE e LAÇOS DE TERNURA. Outro toque: Qual a chance de AMADEUS fazer sucesso hoje? Acho que até PULP FICTION seria um desastre.
Vou escrever sobre isso amanhã.
Boa!
barca, a choradeira aqui e tanta!!!nao sei, nao, mas acho que so velho anda lendo seu blog…esse papo de que “antigamente tudo era melhor” e coisa de idoso ranzinza que esta precisando de um geriatra. e tem outra coisa, o cinema comercial americano dos anos 70 estava inserido naquele contexto e nao teria o minimo sentido atualmente. os filmes sao excelentes mas nao teria como o scorcese fazer um taxi driver hoje em dia por um motivo muito simples, o mundo e outro e as pessoas vivem de forma diferente.
Desde quando comparar a qualidade dos filmes de hoje com o do passado é “geriatria”? Deixa de besteira. É uma comparação válida, não é nostalgia. Estou cansado de indicar filmes novos e bons por aqui, mas não dá pra fechar os olhos ao fato de que o cinema atual é um lixo quase absoluto. E por que o Scorsese não poderia fazer “Taxi Driver”? Veja “Rampart” e me diga se não é – sem querer comparar – um filme com o mesmo tom?
Rampart é de arrepiar as badalhocas !!!
Filmaço!!! Faz tempo que não me animo tanto com um filme!!!
Viu? É bom mesmo, não?
“O cinema americano hoje é para crianças. Animação ou filme de super-herói. Pessoas que voam e se odeiam. Não me importa quão baseados em mitologia eles são. Não são para mim” (Martin Scorsese – http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1079168)
Se deixarmos um pouco o Oscar de lado, e nos concentrarmos apenas nas “produções” que os apreciadores de “bons filmes” consideram em média “bons filmes”, veremos que raramente algum deles alcança boas bilheterias. Não creio que seja apenas devido à industria cinematrográfica se concentrar apenas no público adolescente, ou mesmo porque os adultos deixaram de ir aos cinemas, ou as salas passaram a exibir maiormente produções estritamente comerciais. Já disseram acima que a música, a literatura etc., também passa por momento muito parecido, se não igual. Vejo uma grande maioria de adultos aplaudir o que o Barcinski considera como um lixo quase absoluto. Creio que é a sociedade quem elege os filmes a serem produzidos segundo o seu gosto – ou mau gosto. A má qualidade do que é filmado, escrito, composto, é reflexo do que a sociedade é. E aqueles que se preocupam em “fazer arte”, ou buscam algum equilíbrio com a exigência do “mercado”, ou estarão fadados a contarem com pouquíssimos admiradores.
Tem gente que por não conseguir assistir velharias ( estão condicionados a só reagir ao que é moderno, confundem arte com iogurte- este sim tem prazo de validade ), tascam logo a coisa de “nostalgia” a qualquer cara minimamente informado. Pois saiba ó muderninho, que até o mais rasteiro fazedor de barulhinhos e brilharecos confessa ser fã de Kurosawa ou de David Lean. Sorry periferia.
se tem uma coisa que eu nao sou e muderninho. acho engracado as pessoas tentarem isolar o cinema e outras artes modernas do contexto social atual, como se as artes pairassem acima de tudo. estou cheio de velharias em casa, mas tenho certeza que nao teria como o bergman fazer o setimo selo hoje como o fez nos anos 60.
E daí? Só por isso ninguém pode comparar a qualidade dos filmes atuais com os antigos? E que papo é esse de “isolar” o cinema? As técnicas de filmagem ficaram muito mais baratas com a tecnologia digital, ou seja, é MUITO mais fácil fazer um filme hoje do que há 40 anos. Ninguém mais tem desculpa para não fazer filmes bons, a não ser sua própria incompetência. Pergunte pra qualquer diretor da velha guarda se ele não gostaria de ter tido os recursos de uma câmera de 2 mil dólares com qualidade de cinema.
barca, nao estou falando de tecnica. um filme que chocou pela violencia a dez anos hoje e historia infantil…nosso idolo, ze do caixao, quando fez o encarnacao do demonio sacou que estava em outro seculo e que nao poderia fazer um filme nos moldes de a meia-noite levarei a tua alma, e isso nao tem nada a ver com tecnologia e facilidades de filmagem, e sim com o mundo que hoje esta a sua volta.
É jovem sr. Cleibson, o sr. está falando besteira. Uma coisa é a sindrome dos tempos de antes, memória seletiva e etc… Outra coisa é uma comparação objetiva e qualitativa de filmes. Pra falar de “geriatria” e espinafrar os anciões do fórum como fez, demonstra ser no mínimo desrespeitoso e intolerante. Mais humildade jovem, mais humildade…
kurdot, mas onde esta a objetividade desta comparacao? por que as pessoas quando falam dos filmes antigos nao citam as porcarias que haviam tambem? os grandes filmes sempre foram excessao, seja de qual epoca for. nao se iluda, meu caro, voce esta exercitando sua memoria seletiva, nao se esconda atras de uma pretensa objetividade inexistente…
Porcarias existem em qualquer tempo. Assim como filmes bons. O que acontece hoje é que os bons filmes são mais raros e menos relevantes. Ninguém os discute. Outra coisa: Na década de 70 foram produzidos lixos às toneladas. Mas eles passavam a sensação de serem lixo por incompetência de quem os fazia. Eram ruins de técnica, de ideias, de tudo. Hoje eu vejo filmes ruins que parecem ter a ruindade como meta. É uma picaretagem “não inocente”, um lixo muito bem planejado.
Pô, vi agora que a música dos Muppets foi feita pelo Bret McKenzie, do “Flight of the Conchords”. Fiquei contente dele ganhar o Oscar, o cara é humilde, talentoso e divertido pacas. Ou seja, o exato oposto do Carlito!
Barça, o que tu acha do crítico Rubens Ewald Filho? Prefere ele ou o Zé Wilker comentando o Oscar?
Abraços
Estava vendo pela TNT e coloquei no áudio em inglês na hora…não consigo entender 100%, mas a tradução simultânea terrível e os comentários não atrapalham. E os 15 segundos que eu vi pela Globo me fizeram passar mal o resto da noite.
vixi eu assisti na TNT q tragedia, pessima dublagem, rubens ewald filho devia se envergonhar e desistir da carreira dele, nao traduzia as piadas para o portugues, so ficava comentando como se o publico q assiste o Oscar não soubesse nd de cinema.
O zé wilker de roque santeiro é uma beleza, mas de comentarista… misericordia! por nada nao, mas essas grandes tv’s deviam exibir com meia ou 1 hora de atraso e colocar uma dublagem belezinha ao inves da traducao simultanea que só atrapalha.
Eu não concordo com 98% das opiniões do Rubens Ewald Filho, mas respeito demais o cara. É o crítico de cinema mais conhecido do país e levou incontáveis pessoas a gostar de cinema. Sempre leio as críticas dele, embora, como disse, não concorde com quase nenhuma. Sobre o Wilker, é difícil dizer, até porque, acredite, a Sky aqui na minha região não tem a Globo.
Valeu por responder!
Depois que vi a Luana Piovani classificar “O Espião que Sabia Demais” como um filme chato e “cabecento” (?!), e dizer que não tinha entendido NADA (no que foi apoiada entusiasticamente pela turba), percebi que nossa permanência no topo da cadeia alimentar está chegando ao fim. Aliás, é fácil de ver isso nos cinemas. O próprio comportamento do público é infantilizado. Não conseguem parar quietos um momento que seja. Toda hora se levantam, não param de consultar seus malditos celulares e de atender ligações (!), falam pelos cotovelos, comem como se não houvesse amanhã… por essas e outras, tenho desanimado cada vez mais de ir ao cinema.
Não são apenas os filmes que estão se infantilizando. Documentários também. A maioria agora é sobre monstros, assombrações, ETs, caminhoneiros e quinquilharias. E quando não é, preferem focar nas macaquices dos (invariavelmente engraçadinhos) apresentadores do que no conteúdo em si. Claro, se não agirem assim, o espectador Homer Simpson vai sentenciar “Boooring!” e trocar de canal.
O futuro me parece sombrio.
por acaso Luana Piovani é base? o q ela entende: Transformres, Muppets, Rio, Rango, Kung Fu Panda, td no mesmo nivel intelectual dela…
Mas essa é a questão: sinceramente acredito que as “luanas piovanis” são a maioria, infelizmente! Vide o que o José Guilherme disse: é quase impossível assistir filmes em paz num cinema! Obviamente esse pessoal que atende celular, come como se não houvesse amanhã etc., tem um gosto um tanto quanto duvidoso para filmes, música, literatura. Portanto, o mercado atende ao seu gosto, filmando, editando, gravando, “arte” fácil para bobo ver.
Não é base de nada, realmente. Citei-a apenas como um caso famoso do pensamento dominante, e pela reação generalizada de apoio. O mundo hoje é feito de Piovanis.
“O mundo hoje é feito de Piovanis.” O José sintetizou brilhantemente nossos tempos. Genial.
Hollywood produz fast food e depois dá dez oscars para dois filmes que homenageiam os velhos e bons tempos. Estão meio sem rumo por lá.
Por isso que sou assíduo do Cine Torrent. Fora que com o dinheiro da pipoca e do refri (caríssimos nas grandes redes de cinema) compro uma caixa de cerveja e uma pizza e me divirto muito mais. Cheers!!!
André,
Tenho 40 anos, sempre fui viciado em música e cinema, era leitor de revista bizz, HQs nacionais, como Angeli, Laerte, Glauco e tantos outros, textos inteligentes, com teor para enriquecer. O que vejo hoje na música e no cinema me entristece demais. Antigamente música sertaneja era vista como brega, inferior, hoje é referência….cinema era arte, antes de ser entretenimento, hoje é comércio para pegar as cabeças mais susceptíveis, ou seja, o público jovem….enfim, concordo com você quando rotula nossos tempos como estranhos, mas vou além, nossos tempos são lamentáveis….
Olha, vendo a lista dos filmes mais vistos dos anos 70 e 80, tenho de concordar com vc.
Que bom que concorda comigo, fico feliz e lisonjeado. Pena que seu blog, que deveria ser referência, por formar opiniões, é lido por poucos (entre aspas), não tem divulgação em instituições educacionais, que deveriam ter esse papel, de indicar fontes de cultura. Enfim, vamos vivendo e lamentando o presente. Abraço.
Cara, concordo 100 % com vc! Tb tenho 40 e não é coisa de coroa saudosista não, rssrs. Com tanta informação fácil e na hora, como a galera anda ruim de jogo para música e cinema hoje em dia. Ia na banca todo mês buscar a Bizz, e juntava grana para poder comprar meus vinis. Bons tempos…
Bem, o blog do Barça é muito bom, tento fazer minha parte recomendando ao máximo possível de pessoas.
Valeu
É, Ilemar, vivemos na mesma época e era comum as pessoas buscarem música e cinema de qualidade. Tinha muito menos informação e acesso rápido e mesmo assim se dava um jeito (comprar a bizz e os vinis que vc falou…rsrs). Qto ao comentário do rapaz acima, deve ser novo ainda e não viveu a época boa que vivemos, que nos serve de parâmetro pra compararmos com a de hoje. Isso não é saudosismo ou nostalgia, é constatação mesmo. Também tento divilgar esse blog sempre que surge assuntos como esse nosso. Abraço, valeu.
Fui assistir ao “O Espião que Sabia Demais” e achei sensacional. Depois li as críticas sobre o filme e quase todos os comentários dos leitores diziam que não entederam o filme, que era chato, que todo o cinema dormiu, que tinham muitos personagens e por aí vai. O filme é anti-Hollywood: nada é explícito e tudo fica no ar, silencioso com narrativa lenta, sem cenas de tiroteio ou brigas, sem casal romântico. Criou-se um círculo vicioso, Hollywood só faz filme de um jeito e as pessoas só sabem assistir se for assim.
Eu gostei muito do filme também.
o cinema esta dentro de um contexto social, nao adianta analisa-lo como um disco voador que paira acima de tudo. se a sociedade atual esta infantilizada, os filmes que serao produzidos tambem serao infantilizados, assim como a musica, os livros, etc, etc…a cultura do presente e a da futilidade e do descartavel, nao adianta esperar produtos culturais destinados ao grande publico que fujam disto, com as excessoes de sempre que apenas confirmam a regra.
Eu acho muito perigosa (além de equivocada) essa percepção de que os produtos da chamada “indústria” cultural atendem o que o público quer. Aquela história de que o povo quer porcaria, então fazemos porcaria. Essa é uma desculpa conveniente para a “indústria”. Produzir obras de qualidade, que respeitem a inteligência do público, e que ao mesmo tempo sejam acessíveis e entretenham, é mais difícil e dá mais trabalho do que reproduzir eternamente fórmulas prontas e infantilizadas. Ofereça filé mignon ao público, e veja se o público depois vai exigir carne de quinta “porque gosta de porcaria”. Jamais. Agora, o público também não é vítima inocente dessa história. O processo acontece dos dois lados. Por acomodação e preguiça (inclusive de pensar), o público simplesmente vai aceitando a queda de nível das produções, validando as decisões da “indústria” e realimentando o processo. Junte-se a isso as práticas das empresas de distribuição e exibição (que não têm lá muito interesse em promover e tornar acessíveis produtos de maior qualidade), e está aí o cenário atual.
Concordo. Mas é bem mais fácil fazer porcarias, continuações, etc., do que algo original e de qualidade.
Barcinski, não sei, acho que a questão não está bem enfocada. Vamos dar de barato que a produção norte-americana comercial é ruim. Fico aqui pensando: será que é boa a pretensa produção adorada por intelectuais e críticos? Virou SENSO COMUM criticar Hollywood. O que eu gostaria de saber é o seguinte: por que não aparece uma alternativa real, que não fique circunscrita a um grupinho de “bem-pensantes”? Pois eu acho o seguinte: não aparece por que a alternativa também não sabe se mostrar como boa para o grande público. Num certo sentido, os filmes conceituais, artísticos, TAMBÉM SÃO UMA PORCARIA (para o grande público). São esnobes, feitos para que grupos pequenos de pessoas confirmem para si que são “conscientes, descoladas e profundas” – não têm alcance no mundo do homem comum. No fundo, o que acontece é o seguinte: os intelectualizados querem que o grande público reflita o seu modo de pensar e avaliar o mundo, mas são incompetentes na hora de realizar obras que sejam capazes de se comunicar com esse grande público. Dito de outra forma: se o cinema artístico quer realmente abordar com seriedade esse problema da infantilização do público, está na hora de aprender a dialogar com este grande público. Me parece muito cômodo, E POUCO CRÍTICO, esse comportamento de apenas detonar o outro lado (a “indústria” e o público cada vez mais infantilizado). “Rampart” pode ser ótimo para os mais exigentes, mas ele conseguiria fazer sentido, sem perder seu conteúdo, para as pessoas em geral? Ou, talvez, a questão seja até outra: ele quer dialogar com essas pessoas ou quer apenas conversar com o “grupinho consciente” de sempre?
Cláudio, existe uma relação entre o que você escreveu e o que eu quis dizer acima quando mencionei “obras de qualidade, que respeitem a inteligência do público, e que ao mesmo tempo sejam acessíveis e entretenham”. Não vejo valor em ser intencionalmente denso ou de difícil acesso para grande parte do público. Criar obras que aliem alta qualidade e acessibilidade é um desafio, mas também um objetivo possível que deve ser perseguido. Agora, por outro lado, eu percebo no ar uma certa “ditadura da mediocridade” (por falta de um termo melhor), sob a qual qualquer esforço ou crítica no sentido de exigir maior qualidade em obras de arte/entretenimento é visto como esnobismo ou elitismo. Às vezes tenho a sensação de que quando um filme (por exemplo) quer pôr as pessoas para pensar, isso é recebido quase como uma ofensa, como se fosse um desaforo tentar o expectador da zona de conforto, não oferecer explicações e formatos prontos etc.
Ô louco, o texto de vocês é muito interessante, pode parecer óbvio, mas é elucidativo e uma extensão válida ao post que André Barcinski publicou. Parabéns pela explanação.
entao voce acha, luiz, que o cinema esta assim por que? existem filmes bons atuais por ai, basta procurar…e claro que o publico quer merda e quer se lambuzar nela ate o pescoco. e este publico consumidor de porcaria tem poder aquisitivo alto, nao da para usar a falta de ensino como desculpa. nao sejamos paternalistas com este consumidor idiota porque, neste caso, ele esta sendo burro sim! a industria quer lucro, independente do conteudo, se os filmes do david lynch derem lucro ele podera fazer o que quiser, lembre-se de sua carreira pos veludo azul…a industria oferece brechas, mas o sucesso do diretor tem que ser constante!
Não nego que exista certa preguiça e infantilização do lado do público. Apenas comentei que essa visão serve de desculpa fácil para eximir a indústria da missão (bem mais difícil e trabalhosa) de oferecer obras de qualidade, que respeitem a inteligência do público e, ao mesmo tempo, sejam acessíveis e entretenham. E também como desculpa para distribuidores priorizarem certos produtos em detrimento de outros. Essa é a tal da profecia auto-realizável: damos porcaria o público porque ele quer porcaria; mas o fato é que, se o público só conhece porcaria, só vai pedir porcaria. Não estou sendo paternalista, entendo que o público tem a sua parcela de culpa nesse “fenômeno”. Mas o outro lado também é responsável.
luiz, a industria nao tem missao nenhuma, ela deseja apenas o lucro. se o nirvana ou o bergman derem dinheiro, e isso que sera oferecido. ai chegamos no ponto de convergencia: o publico nao quer pensar porque da muito trabalho e a industria fica contente porque quem nao pensa nunca questionara nada e sera sempre um alienado consumidor de qualquer coisa!
André, está na capa da Folha de hoje:
“É maravilhoso ser indicado e, ainda por cima, vice”, diz Brown:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1053916-e-maravilhoso-ser-indicado-e-ainda-por-cima-vice-diz-brown.shtml
Vice ou lanterna?????
Vice entre dois? O Carlito sempre vê o “copo meio cheio”!
E você Bia, o que já disputou na vida? Tipo, foi campeã em frustração?
Olá André
De fato, sua reflexão sobre o Oscar é absolutamente correta e corresponde ao processo inevitável de infantilização do próprio cinema (basta ver a quantidade absurda de adaptações, especialmente dos quadrinhos – que já possuem uma visualidade “mastigada” para os produtores e direção de arte – e a decadência de filmes “de autor”, o que quer que isso possa ser hoje, em Hollywood). Contudo, é notável como Spileberg e Lucas eram diretores bons quando trabalhando em projetos interessantes (“The Duel” e “THX 1138”, por exemplo). Provavelmente, poderiam ser os pais de um cinema bem mais interessante, mas creio que os executivos de Hollywood já imaginavam a coisa como uma indústria bilionária de continuações multimídia (se o filme vende bem, o mesmo pode acontecer com a fonte da qual foi adaptado)…
Abs.
Al Diniz