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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Tributo a um torcedor rival

Por Andre Barcinski
29/02/12 07:23

 

 

 

 

 

 

 

 

E o futebol da nossa infância, pouco a pouco, se vai.

Li ontem que Russão, antigo chefe de torcida do Botafogo, morreu, aos 62 anos (veja aqui).

Eu não sou Botafogo e não conhecia o Russão. Mas lembro muito bem dele.

Nos anos 80, quando comecei a acompanhar futebol, Russão era uma celebridade. Ia a programas esportivos na TV, dava entrevistas em rádio, era conhecido.

Eu morava na Ilha do Governador e não perdia um jogo no estádio da Portuguesa. Podia ser de qualquer time, até da segunda divisão (vi um Portuguesa x Bangu com 78 pagantes, nunca vou esquecer).

Cansei de ver Russão por lá, geralmente bem irritado – o Botafogo estava numa fase negra, sem ganhar um Carioca desde 1968 (a maré de azar acabou em 89, naquele gol de Maurício que eu vi no Maracanã, torcendo pelo Fogão).

Lembro um Portuguesa x Botafogo em que Dé, o Aranha, caiu junto ao alambrado, fingindo uma contusão. Um torcedor, encostado na grade, gritou: “Dá maconha que ele levanta!” Dé levantou na hora e foi tirar satisfação com o cara.

Bons tempos.

Todo time tinha seus torcedores-símbolos, seus Russões. Meu Flu tinha Seu Armando, que morreu ano passado e acompanhava o time há 77 anos.

Sinto uma falta danada disso.

Hoje, quando vemos notícias sobre torcedores, são sempre meliantes que brigaram em alguma rua escura ou atiraram em alguém.

Claro que havia brigas de torcida nos anos 80, mas não com a freqüência, ferocidade e profissionalismo de hoje.

Havia uma certa pureza em figuras como Russão. Não estou dizendo que ele era um santo, até porque não o conhecia, mas, para um adolescente nos anos 80, torcedores como ele impunham respeito e admiração.

Fiquei muito triste com a morte do Russão. Talvez porque ela me lembrou uma época em que futebol parecia mais divertido e inocente.

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Comentários

  1. Andre Hayashi comentou em 02/03/12 at 21:33

    Oi xará.
    Vc já deve ter lido. Se não, confira. Um ótimo texto sobre esse futebol romântico…

    http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-15/carta-da-inglaterra/o-esporte-que-vendeu-a-sua-alma

    Abcs

  2. jbsj comentou em 01/03/12 at 21:44

    Aleluia!

    Depois de “aturar” sugestões de bandas “cults, cujas faixas são um tormento que só um diletante pode aplaudir, sempre visando à posterior glória de ter “dito” que eles eram maravilhosos, Barcinski acordou para o seguinte: o passado é aquilo que é presente e morrerá com o nosso futuro.

    amsl

  3. marcelo oliveira comentou em 01/03/12 at 15:04

    Grande André. É isso aí: o futebol vai morrendo aos poucos com esses personagens… Haviam também a Dulce Rosalina do Vasco e o negão que acompanhava o ataque do FLA, na geral, gritando, com uma das mãos colada à boca: “no meio, no meio…” Tempos inocentes que não voltarão. Infelizmente. Abraço grande.

  4. andre alonso comentou em 01/03/12 at 14:12

    Oi, André,

    Eu me lembro bem do Russão nos programas esportivos da época, e do Seu Armando também. Figuraças. Havia inclusive um programa engracadíssimo no Rio, passava sábado de manhã, acho, numa daqueles Tv Corcovado da vida, chamado “Papo de Arquibancada”, eles estavam sempre lá na mini-arquibancada que formava o “auditório” do programa. O apresentador tinha até uma espécie de bordão que sempre achava um jeito de usar em algum momento: “E agora, vamos falar do que eu mais gosto: Mu-mu-ié-ié” hehehe. Os “debates” do programa, é claro, sempre descambavam para gritaria, e Russão sempre se destacava, bradando seu amor incondicional pelo “seu fogão”. Seu Armando ficava mais na dele, velhinho radical, e o representante do Flamengo, que nao me lembro o nome, era um negão gigantesco. O único programa esportivo trash comparável era o “Camisa 9” com Luis Orlando e cia (e os eternos patrocinios do Buffet Leal e da Água Mineral Damil – que mata a sede) Os caras debatiam a rodada com garçons circulando atras da bancada e servindo bolinhos de bacalhau e croquetes… hehehe. E é claro, dava para ir ao Maracanã sem muito stress. Bons tempos, sem dúvida. Valeu, e parabéns pelo blog, e pelo Garagem.

    • Andre Barcinski comentou em 01/03/12 at 16:44

      Camisa 9 era imbatível. Eu adorava quando o craque da rodada era presenteado com uma lata de 5 litros do impermeabilizante pra paredes Sika 1 ou com um jogo de tapetes para carro 3B Rio, e tinham de sair de lá carregando aquela joça.

      • andre alonso comentou em 02/03/12 at 15:58

        É verdade, 3Brio, esse eu já não lembrava, agora ouvi até a voz do pai do Luis Orlando fazendo o merchã “Prefira os Tapetes 3BRio” hehehehe.
        E como dizia o Luiz Orlando quando chamava o intervalo: “Camisa Nove, Canal Nove, a Força do Esporte, até já!”

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