É a geração Ipad, Charlie Brown!
12/03/12 08:43
Minha filha fez aniversário e ganhou um presente antiquado: um DVD duplo com alguns desenhos de Charlie Brown dos anos 70.
Estávamos curiosos para ver como seria a reação dela. Porque os desenhos são muito diferentes do que as crianças de hoje estão habituadas a ver.
Em primeiro lugar, os filmes de Charlie Brown são lentos, quase parados. Os cenários são estáticos. Os personagens andam devagar e falam pausadamente.
Os filmes também surpreendem pelo silêncio. A trilha sonora é, quase sempre, um jazzinho tranqüilo. Bem diferente da maioria dos desenhos por aí, que parecem videogames, de tão estimulantes.
Mas a principal diferença está nos enredos das histórias.
A programação infantil hoje, pelo menos a que temos visto por aí, é extremamente maniqueísta: o “bem” e o “mal” são claramente definidos e antagônicos.
O “bem” é, invariavelmente, representado por personagens bonitos, brancos, fortes, de dentes impecáveis. Já o “mal” é composto por personagens bizarros, de aparência estranha e uma propensão a cores escuras.
Nos desenhos de Snoopy e Charlie Brown, o mundo não é tão branco e preto. É um mundo bem mais complexo e interessante.
As história sempre tratam de algum evento: ou é a Páscoa, ou o Dia de Ação de Graças, ou o sumiço do ninho do pássaro Woodstock.
E esses eventos levam os personagens – Charlie Brown, Snoopy, Linus (ou Lino, em português), Lucy, Schroeder, Pig Pen (Chiqueirinho), Sally, Patty Pimentinha, e outros – a se unir para tentar resolver uma situação.
As histórias lidam, invariavelmente, com gente fazendo algo construtivo, se juntando para atingir um objetivo. Não há brigas ou disputas por nada.
Discussões, quando acontecem, são sempre encerradas de uma maneira bem humorada, muitas vezes com beijos (Snoopy sempre beija todas as meninas quando elas estão irritadas).
Outra coisa: nas histórias de Charlie Brown, o “desconhecido” nunca é tratado de forma amedrontadora. Quantas vezes vi, em desenhos novos, os personagens, quando estão diante de uma situação que não conhecem, ficarem com medo de continuar, como se precisassem de algum tipo de segurança ou garantia para prosseguir?
Nos desenhos de Snoopy, o desconhecido é um desafio bacana, não uma gincana perigosa.
Para nossa alegria, ela adorou os desenhos. Virou fã de Snoopy e, ainda mais, de Woodstock.
O que eu acho o máximo é o filho de um amigo nosso, que está com seus oito anos, que cresceu vendo filmes de dinossauros com a gente e quer ser paleontologista. A gente estava vendo ‘King Dinosaur’, de Bert I. Gordon, aonde lagartos fazem o papel de dinossauros, e o guri furioso. Numa cena o personagem vê uma iguana e diz que é um Tironassauro e o guri, furioso: pô, aonde esse cara estudou paleontologia?
Então tá, quem ai sabe o que sempre diz a professora na sala de aula deste desenho?
Essa eu quero ver huahauha
Olá André, mudando um pouco do assunto que é o do poste, você poderia me dizer que o problema do canal brasil com a sky está relacionado ao que saiu nessa matéria a uns 2 anos atrás. http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2010/02/22/sky-ameaca-cortar-canal-brasil/
Me responde aí por favor.
Cara, não sei os detalhes, sério mesmo.
Era um grande fã dos desenhos do Snoopy na minha infância, mas confesso que há um tempo atrás, fui assistir a um episódio e achei modorrento, parado e um pouco depressivo. É possível que a exposição ao conteúdo cultural gerado nos últimos anos tenha realmente impactado a forma como consumo filmes e desenhos mais antigos (embora isso só se manifeste com alguns filmes anteriores à década de 60).
Eu não tenho filho. Recomenda?
André, o Snoop realmente é muito, alem da mensagem que ele passa, mas não posso negar que alguns desenhos politicamente incorretos como o Pica Pau por exemplo, tambem sao divertidissimos.Tenho um sobrinho de 7 anos e uma sobrinha de 3 e ambos se divertem com os dois desenhos.Já ia me esquecendo:Flamengo 2 x 0 Fluminense.
Olha, Barcinski, os desenhos de hoje não são nada maniqueístas. São, sim, excessivamente estimulantes, rápidos, barulhentos, mas há vários por aí com protagonistas cruéis no estio Pica-pau antigo (aquela com a perna grossa e listrada, lembra?). Tenho um moleque na família e de vez em quando aturamos o Cartoon Network, cujos desenhos são assim.
Eu testei a minha filha com a primeira temporada dos Muppets. Ela adorou e me pediu para assistir o filme.
Charlie Brown é ótimo mesmo. Quando ela estiver um pouco maior, coloca ela para assistir Chaves. É sério. Chaves é bom demais e também não é nada maniqueísta e super politicamente incorreto.
Desculpe, Barcinski, entendo que suas intenções sejam as melhores e claro que a filha é sua, você a educa como quiser; mas não há rigorosamente nada que justifique uma criança de 4 anos assistir a desenho animado de nenhum tipo. É uma fantasia pronta, recebida na plenitude de todos os seus sentidos. Nessa idade, o exercício da própria imaginação é melhor e muito mais necessário que a fantasia pronta de qualquer desenho.
Ótimo, Fernando, é a sua opinião. Mas não concordo que seja uma “fantasia pronta”, muito menos no caso do Charlie Brown.
Discordo em número e grau, pois de uma fantasia pronta ela pode continuar a história, ou dos exemplos vistos e assimilados gerar novas aventuras. A imaginação das crianças é mais fertil, ativa e flexível que muitos adultos imaginam
Tenho sérias reservas aos desenhos que são feitos hoje em dia, principalmente os voltados às crianças bem pequenas. Não que eu seja aquele tipo de pessoa que se agarra ao passado, na base do “no meu tempo era melhor”, mas acho que a grande maioria dos desenhos modernos subestima a inteligência das crianças, além de mostrar as coisas de um jeito muito simplista e maniqueísta (mesmo os ditos “educativos” – Deus nos defenda!).
Quando era criança, eu amava os desenhos da turma do Snoopy e, embora muitas vezes ficasse triste com o desenrolar de alguns episódios, aprendi muita coisa através daqueles personagens – principalmente, a perseverar, afinal, mesmo passando por tantos perrengues, o Charlie Brown nunca desistia.
Fico triste hoje ao ver o que é passado para as crianças dessa forma colorida e alienadora…
Fantásticos os desenhos da turma, André. Vou ver se consigo para os meus filhos. Mesmo estando eles já no final da infância, acho que ainda é tempo.
Mas e ae, vc ja tem um Ipad?
parabens andré voce esta dando uma ótima educação pra essa menina.quando tiver um filho vou te usar como exemplo.quanto aos dezenhos do charlie brown não tenho vergonha de dizer que até hoje nos meus 32 anos ainda os assisto sem vergonha nenhuma.
Eu sou 12 anos mais velho que vc e assisto direto, os desenhos são demais.
meu filho adora o pingu e eu acho que esta animacao foge completamente do politicamente correto e do maniqueismo entre bem e mal…outra coisa que me fez pensar e que outro dia eu estava vendo um filme do chucky com ele e falei brincando que naquele filme o boneco malvado morria de verdade e ele falou que isso nao iria acontecer porque o chucky sempre da um jeito de voltar…veja so como e a inteligencia de uma crianca!
André,
outro desenho que eu assisto e AMO é do Pingu. É todo feito de massinha, em stop motion, sem diálogos, e a criança vai acompanhando a narrativa dos fatos pela sucessão de acontecimentos.
Pingu é um barato msm! Acho muito divertido o jeito que os personagens falam…
André, da safra dos anos 90 gosto muito dos Animaniacs da Warner. Você conhece? Gosta?
Não tenho a menor idéia do que seja.
Trata-se de uma série de desenhos. Seguem dois trechos que gosto muito:
Tia Slappy e Skippy em Woodstock
http://www.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D42JPg3y85Ak&ei=IzteT-HXD6Xz0gHE7qGlDw&usg=AFQjCNE1OOtNcySNR1lhNHM7RONirbpbVw
GodPombo dos Penas-boas
http://www.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3Dn24B-IhH5xg&ctbm=vid&ei=djteT7bnC8Hu0gHG5-X3Cw&usg=AFQjCNFihGEg943l0ErGgjcTYH87o3v7qg
Barcinski, faltou comentar como no universo de Charlie Brown e companhia os personagens lidam com as emoções de forma madura e realista (inexistente nos desenhos pra TV de hoje). Quem não lembra da decepção que foi para o Charlie Brown quando o Lino ficou com a garotinha Ruiva, quando ele deveria somente intermediar a aproximação do Charlie Brown com ela. Fiquei muito triste quando assisti esse episódio, e me pergunto se algum desenho hoje consegue ter esse efeito (muito positivo ao meu ver) nas crianças.
Bom desenho. Outro que adorava, ainda adoro
é Asterix.
Mudando um pouco de assunto:
CHUPA BARÇA !!!!!!!!! 2 x 0.
Que puxa!
Cara , esse desenho é muito triste ! O Charlie Brown sempre se ferra.
Também tenho uma família pequena e adoro os desenhos do Charlie Brown. Porém, vou discordar em uma coisa: os desenhos de hoje, pra crianças menores, são bem melhores que os da nossa geração. O inglês “Charlie & Lola” tem a delicadeza de mostrar a relação de irmão e irmã sem nenhuma briga; “Backyardigans” também tem o espírito de grupo e amizade, além de trilha sonora de primeira do Evan Lurie (irmão do John Lurie, do Lounge Lizards). Tem o “Pocoyo”, que é muito inocente, o brazuca “Peixonauta” e vários outros nessa linha. Em compensação, nossa geração foi alimentada pela pancadaria (divertida) dos desenhos da Hanna-Barbera, do Pica Pau, Looney Tunes e companhia. Não existia nada didático ali; era só briga, perseguição e bigorna na cabeça. Sem saudosismo, tendo a pensar que os desenhos animados de hoje, para crianças de até 5 anos, são melhores. A turma do Charlie Brown era exceção no meio dos Tom & Jerrys da vida…
Opa, família pequena = filha pequena.
Eu AMO o Charlie + Snoopy – sempre achei genial a famosa bjk estalada! Gosto da idéia de fazer as crianças refletirem sobre seus pp problemas e soluções. Atrasada eu, né? Rssss….
Quando pequeno era leitor da Turma da Mônica e Menino Maluquinho (quadrinhos da Disney nunca me interessaram, parada sem graça) e achava ambos bacanas, mas assim que descobri as tirinhas – e sobretudo os desenhos – do Charlie Brown, um novo mundo se abriu. Adorava a Patty Pimentinha, por exemplo, que passava longe dos clichês de gênero (feminino, no caso). Lembro que buscava namoradinhas com o perfil dela. hehe E me identificava com o Lino (eu tinha um travesseiro de estimação que carregava pra todos os lados) e por demais com o ‘Minduim’. Junta Peanuts com Mafalda (Quino, gênio!) + Calvin & Haroldo… alegria completa. =)
O companheiro do Lino era um cobertor azul, não um travesseiro.
“E me identificava com o Lino (eu tinha um travesseiro de estimação que carregava pra todos os lados)”. Ele nao disse q o Lino tinha um travesseiro. Ele disse q ele (Marcus) tinha um travesseiro. E, provavelmente, essa era o motivo da identificacao com o personagem (ambos tinham afeicao a um objeto ligado ao ato de dormir). Nego ker corrigir os outros, mas nao le o q ta escrito.
Ufa, valeu aí, LiL. =) Deve ter a ver com a pressa dos dias atuais, essa “leitura dinâmica” que prejudica a interpretação de texto (ou de uma simples frase).
Debora, leia de novo o trecho. Disse que eu, quando criança, tive um travesseiro “de estimação” assim como o Lino tinha seu famoso cobertor azul, e que por isso me identificava com o personagem. Analogia, sacô? =)
A minha tem 4 anos e sempre vê o Discovery Kids, em que são exibidos uns desenhos bem interessantes pra essa faixa etária. Seu post me deu uma excelente dica. Vou tentar achar alguma coisa do Charlie Brown e do Snoopy pra ela. Tomara que a reação seja a mesma da tua filhinha.
A trilha é do pianista de jazz vince guaraldi
O meu pequeno tem 2 anos e 8meses e ganhou um livrinho do Calvin e Haroldo, é para ele ir se familiarizando e estou louco para comprar uma coleção bem bacana do Snoopy que vi recentemente numa livraria. Mas não tem jeito alguma coisa que passam nesntes novos desenhos o pequeno curte muito como o Peixonauta.
André, vocês já tentaram mostrar pra ela os desenhos do Miyasaki? Pensei no Totoro, pela ausência de maniqueísmo e pela forma delicada como o “desconhecido” é tratado… Além do visual, que acho lindo. E é bem infantil também. Não tenho filhos, mas recomendo!
Claro, ela ADORA o Ponyo.
Adorei o post. Meus pais sempre foram fãs do Charlie Brown e me transmitiram o apreço que ainda sinto pelo desenho. Meu 1º aniversário foi decorado com os personagens, com destaque para o Snoopy. Quando criança, eu pirava vendo o Snoopy pilotando a sua casinha como barão vermelho… um barato!!! Ainda não tenho filhos mas quando vierem certamente irei passar “velharias” como Snoopy, Gordo&Magro, Pernalonga, Tom&Jerry e outros. Abraço.
Meu filho de 4 anos estranhou um pouco a calmaria do Charlie Brown, mas resolvi atacar de irmãos Marx e, pimba!, ele se apaixonou pelo Harpo, e rolamos de rir juntos. Sempre há esperança!