Ricardo Teixeira sumiu. A questão é: por quê?
13/03/12 08:35
Ricardo Teixeira escafedeu-se. Sumiu no meio da noite, sem se despedir.
Deixou uma carta e um sucessor – José Maria Marin – arenista, malufista, janista, collorido, amigo de Naji Nahas e da ditadura militar.
Teixeira sai, deixando o futebol brasileiro – não só a seleção, o futebol todo – arrasado e humilhado.
Ele conseguiu transformar a antes imaculada e adorada Seleção Brasileira numa piada, um timeco de aluguel que se presta a jogar contra a Bósnia numa quarta à tarde.
Teixeira conseguiu algo pior do que fazer o país torcer contra a Seleção: conseguiu com que a gente parasse de se importar com ela.
Antes de conjecturar o que vai acontecer com o futebol brasileiro na era José Maria Marin, acho importante tentar descobrir o que realmente motivou Teixeira a renunciar.
Li boa parte dos melhores jornais e blogs do país hoje de manhã. Li o Juca Kfouri, o Vitor Birner, e as excelentes coberturas da Folha e do Lance.
Mas o que ninguém parece saber, ao certo, é a exata razão da renúncia de Teixeira. E acho que nenhuma projeção para o futuro pode ser feita sem que isso fique totalmente esclarecido.
Porque políticos como ele estão sempre dois passos à nossa frente. Se ele renunciou, é porque foi uma decisão maquiavélica, pensada e repensada.
Não acredito na tese do “desgaste” e da “pressão popular”. Gente como RT paira acima disso. Ele simplesmente não se importa. Não foi ele que deixou bem claro que a Seleção – a Seleção Brasileira – era da CBF, e não do país?
Não consigo entender por que um sujeito que ficou 23 anos levando pedrada da imprensa, fugindo de CPIs e pairando acima do bem e do mal, resolve renunciar a dois anos de uma Copa do Mundo. Essa história está muito mal explicada.
Meu medo é que a renúncia seja apenas uma cortina de fumaça para que ele continue a comandar o futebol pelas mãos de aliados – a exemplo de José Dirceu, que na teoria saiu do governo, mas continua mandando pacas.
Antes de falar de mudanças de calendário, de discutir uma nova forma de eleger o presidente da CBF, de obrigar o Estado a respeitar o Estatuto do Torcedor, é preciso saber exatamente o que aconteceu com Ricardo Teixeira. Até para fazê-lo sumir de vez.
Caro André,
acompanho muitos blogs de futebol e em nenhum encontrei análise tão ‘afiada’ quanto a sua. Parabéns !!!
foi impressionante a diferença da cobertura da Globo e da Record sobre a queda de Ricardo Teixeira. A Globo enumerou as vitórias da seleção sob seu comando e disse que ele saia para tratar da saúde. A Record enumerou as suas fazendas e as acusações de corrupção, citou a reportagem da Piauí na qual ele fala um monte de palavrões e diz que vai ajudar os amigos, ou seja, a Globo. Ricardo Teixeira está protegido, ao menos pela emissora da Copa. Mas é ridículo que tenhamos que lidar com mafiosos e entregar a CBF na mão do Marin.
Apenas corrigindo, o amistoso com a Bósnia foi numa terça-feira à tarde… O que só piora as coisas.
Abraços !
Barça, dá uma olhada nessa reportagem da Rede Globo e diga que não remete aquela propaganda famosa da Folha de São Paulo, em que aparecia uns pontos e falava bem de uma pessoa e depois que a câmera se distanciava, mostrava-se uma foto de Hitler, com a seguinte narração “É possível falar uma mentira dizendo apenas verdades…”
link:
http://www.youtube.com/watch?v=Q-suSy027ec&feature=player_embedded
Já tinha ouvido os comentários, mas ainda não tinha visto a reportagem. Só tenho uma coisa a dizer: A Rede Globo é nojenta.
E belíssima lembrança sobre o comercial da Folha!
Fala ae, Barça !
Concordo plenamente sobre a herança deixada por Teixeira. Nasci no fim dos anos 80 e minha relação com futebol é hipócrita e desgastada. Tenho que espremer a bola pra conseguir um pingo de dignidade no esporte que mais gosto.
A mídia (boa parte dela) faz questão de nos emburrecer cada dia mais, com informações estúpidas. Os governantes do esporte nos brindam com escândalos, absurdos e sessões de tarde como os amistosos da seleção….e o esporte segue perdendo sua magnitude e qualquer joguinho de sinuca no buteco da esquina se torna mais emocionante.
Cresci sem identificação com a seleção brasileira, no video-game, sempre escolho outra, e no modo clubes, como nunca tem o meu, sou obrigado a escolher algum clube europeu milionário. Vi a Copa de 94, o enterro de 98 e a encenação de 02 de lá pra cá só vi tristeza e propagandas da Nike.
É triste…não sei bem o que pensar, gosto do esporte e sempre o acompanhei, porém, sem identidade, sem rumo…o que resta mesmo é aquela pelada de terça a noite, mas até pra isso está difícil, pois os camaradas tem preferido ficar em casa pra ver Big Brother.
Um abraço.