Tome a saideira, antes que o governo proíba
14/03/12 07:55
Saiu hoje no Caderno “Comida”, da “Folha de S. Paulo”, uma coluna que fiz sobre o projeto de lei do deputado Campos Machado (PTB) que proíbe, em todo o Estado de São Paulo, a venda e consumo de álcool em ambientes públicos como calçadas, praias, festas e feiras (leia a coluna aqui).
O objetivo do projeto, segundo o próprio site do deputado (veja aqui), é reduzir acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados.
O delírio de Campos Machado é mais um exemplo de hipocrisia do poder público, que não consegue resolver questões básicas e pune todos os cidadãos por isso.
Beber não é proibido. Proibido é beber e dirigir, certo?
Então por que Campos Machado e seus apoiadores querem punir todo mundo que bebe?
Simples: porque é mais fácil inventar uma lei dessas e jogar todos os paulistas na ilegalidade do que fiscalizar motoristas bêbados e punir com rapidez qualquer um que seja pego bêbado ao volante.
O que mata, nas estradas brasileiras, é a impunidade, não o fato de os cidadãos tomarem cerveja na calçada ou dentro de suas casas.
Não adianta proibir álcool se a fiscalização continuar deficiente e a polícia, corrupta.
O site do deputado lista uma “relação provisória de apoiadores” do projeto, que inclui o vice-presidente da República, Michel Temer, os senadores Aloyisio Nunes Ferreira (PSDB), Álvaro Dias (PSDB), Fernando Collor (PTB) e Paulo Paim (PT), entre outros.
Até aí, nada de anormal. Já desisti de esperar bom senso de políticos.
O que me chocou mesmo foi ver o nome de Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo, entre os apoiadores do projeto.
Como pode a OAB apoiar uma lei que restringe direitos dos cidadãos?
Cada vez mais, São Paulo caminha para a militarização e o patrulhamento. Ambulantes de rua são expulsos, viciados são jogados para escanteio, etc.
Quero ver essa cidade, que já não tem praia, não tem parque, não tem verde e não tem socialização, sobreviver sem a cervejinha na calçada. Seria o fim dos tempos.
André, vc também enxerga um movimento de “encaretamento” que ocorre na sociedade brasileira?
Não sei se estou criando uma Teoria da Conspiração, mas isso é algo que tenho pensado muito, e ainda não consegui chegar a uma conclusão.
Qualquer ação moralista é prontamente apoiada, sem qualquer discussão lógica, apenas apoiada por questões emocionais.
Um exemplo de “movimento” será visto nas próximas eleições municipais; o tempo que será perdido discutindo se fulano é a favor/contra o aborto. Esse assunto apenas cabe a esfera federal, mas será discutido como se o prefeito pudesse legalizá-lo na cidade.
Acho que até as empresas já visualizaram oportunidades de se aproveitar desse movimento. Tem uma grande rede de supermercados que possui o seguinte slogan> “Supermercado tal; Por uma vida mais família”.
Não consigo ver nesse slogan outra intensão, a não ser se associar a esse movimento.
E os políticos, que são qualquer coisa, menos bobos, também já enxergaram esse nicho.
O D’Urso é um dos maiores exemplos de hipocrisia mal disfarçada do país. No discurso, exalta a beleza do direito e da necessidade de se enxergar as coisas por vários ângulos. Na prática, defende idéias e se alia a pessoas que são o oposto de seu discurso retórico. Vai ver está no poder da OAB por isso mesmo, por ser hipócrita.
Daqui a pouco vão revogar a Lei da Gravidade KKKKK… Com essa lei o lobby das cervejarias e destilarias vão trabalhar muito ($$$$$$), fora os abstêmios e alguns evangélicos e atletas (alguns), não iremos deixar de tomar cerveja num país tropical como o nosso. Agora falando sério enquanto não tivermos uma Educação competente neste país ficaremos correndo atrás do rabo “ad eternum”, nossas escolas estão muito “sociológicas”, ou seja ficamos discutindo muito os direitos sociais, acho q por isso estamos na Ditadura do Social, donde acabamos caindo nessas armadilhas feitas por esses políticos oportunistas que só enxergam a próxima eleição, criando essas leis que quem não entende ou não teve a oportunidade de estudar acha que resolve o problema, é o caso do traído vender o sofá, como alguém já disse, e se Deus quiser a mulher não trairá mais…. KKKKK
Misturar religião com política: é daí pra pior.
André, beleza? Na Austrália é assim: não se pode beber álcool na rua. Apenas em recintos fechados e em casa. Claro que a impunidade é um problema também importante, mas veja que mesmo num país equilibrado, como Austrália, há restrições que não causam indignação. Porém, triste mesmo é ver liberada bebida alcoólica em jogo de Copa, apenas para beneficiar as empresas patrocinadoras, sabendo-se o que costuma acontecer com nossas torcidas, organizadas ou não. Pretendo não assistir a jogo nenhum, e se possível ir para bem longe de qualquer estádio. Abração
Em tempo: acabei de ouvir que a liberação de bebida alcoólica nos estádios teria sido afastada do Projeto de Lei. Se for isso mesmo, ponto para o governo. Evitaremos um monte de crimes hediondos na época da Copa.
É a lei mais estupida que eu já tomei conhecimento, se ainda fossemos uma cidade só de muçulmanos ela não teria propósito.
daqui a pouco vão querer controlar quantas vezes fazemos sexo poe semana também.
Duvido que vão conseguir aprovar uma lei como essa, apesar que não duvido de mais nada nessa cidade.
Ano eleitoral é duro de aguentar. Essa lei vai dar em nada, como também deu em nada proibir motociclista levar garupa na moto de segunda a sexta em São Paulo.
NA HORA DE VOTAR, PENSEM, MAIS PENSEM E REFLITAM DE VERDADE QUEM IRÃO ESCOLHER. Além de meditar bem sobre o voto, infernize o seu vereador e o prefeito eleito para que cumpram promessas e proponham leis úteis à cidade e não o contrário. E tenho dito, rs rs.
O poder público perdeu completamente a capacidade de resolver os problemas do Brasil e por outro lado, me parece que cada vez mais a sociedade, independente da classe sócio-econômica, não consegue mais discutir e propor soluções sem cair no viés partidário da disputa PT x PSDB.
Luiz Flávio Borges D’Urso é evangélico. defendeu o casal Hernandes da Renacser. votou em Kassab. ele pode ter a opinião dele. o fato dele ser o presidente da OAB/SP não significa que esta seja a opinião da entidade.
Significa SIM, se ela assinar uma carta de apoio como “Fulano de tal – Presidente da OAB”. Se não quisesse, deveria assinar apenas como advogado.
André,
você pede para que todos mantenham a educação e depois dá chilique. Tenha paciência…
Mais um querendo matar o cachorro pra se livrar das pulgas!
E com mais essa ilegalidade, crescerão os traficantes, o mercado negro, etc. etc. etc… E junto com ela, a impunidade que grassa mais do que erva daninha em Terra Brasilis.
O que eu acho que deveria ser proibido no Brasil é a criação de novas leis, enquanto as que existem não puderem ser cumpridas.
Meu caro André Barcinski, autor do inesquecível livro “Barulho” que volta e meia releio ao som de Nevermind do Nirvana. Apoio seu texto na íntegra e presto um esclarecimento, D´Urso, aquele do “Cansei” é pré-candidato do PTB à prefeitura de São Paulo. Tá explicado? Abraços!
Olha, mesmo que seja pré-candidato, ele assina o apoio como “presidente da OAB”. Se eu fosse advogado, estaria revoltado pelo cara que representa a classe apoiar um projeto desses.
a OAB faz muitas c. basta ver os projetos de lei que eles apoaim, eu como futuro advogado não me sinto representado por eles.
Você leu o comentário do Sylvio? Ele não escreveu que o cara não representava a OAB. Ele simplesmente disse que a motivação era eleitoreira.
E eu escrevi que não sei se é eleitoreira ou não (eu nem sabia que ele era pré-candidato), eu disse apenas que o sujeito, ao assinar com o nome da OAB, está dando a entender que aquela é a opinião da entidade.
Já disse isso em outro caso semelhante: É o marido que descobre que a esposa o está traindo no sofá da casa e vende o sofá…
e porque não se pune com prisão quem é detido dirigindo sem ter dormido ou digitando no celular?
A ciência (sempre ela) não comprova que esses dois comportamentos aumentam a probabilidade de causar acidentes na mesma proporção, ou mais, do que álcool?
Ou a lógica é punir o prazer causado pelo consumo eventual álcool?
Claro que é proibido dirigir falando ao celular. Mas vc já viu alguém ser preso por direção perigosa no Brasil? Eu nunca.
Esse D’Urso não é aquele do Movimento “Cansei”?
Sim, era, mas me diga uma coisa: você não cansou da corrupção neste país? Ou você é mais um daqueles que apoiam a idiotice de “o movimento Cansei foi apoiado pela burguesia, pelos milionários, quem não tem credibilidade para gritar contra a corrupção?”. Tá chato isso de polarizar opiniões entre esquerda e direito, PT e PSDB. A discussão aqui é o absurdo ou não de se proibir álcool em ambientes públicos, ou, como alguns insistem em dizer, a americanização do Brasil. Conheço várias pessoas que apoiaram esta posição do deputado, a maioria delas de abstêmios ou que sofreu com os efeitos do álcool. A meu ver, não é o caminho para educar uma população, mas todos sabemos que os efeitos deste tipo de lei são imediatos, e nós somos imediatistas, sempre querendo uma solução para ontem. Estamos em ano eleitoral e vai haver um dilúvio de propostas demagogas e populistas, porque isto funciona! Agora, quero ver alguém criticando a população por votar sempre nos mesmos. É um círculo vicioso (população não educada-vota sempre nos mesmos-que são demagogos-que a população gosta-e gosta porque não é educada-que vota sempre nos mesmos…) precisa acabar.
Parabéns, Álvaro!
Ter participado ou não do “cansei”, pertencer ou não ao PT (como o senador Paim, que também apóia o projeto), não tem nada a ver com o mérito do que está sendo discutido.
O cara acha que está dizendo algo com sentido, mas está só sendo ilógico, argumentando com a famosa falácia ad hominem…
De mais a mais, esta proposta do Dep. Campos Machado, que, a meu ver, é péssima, tem o mesmo sentido de inúmeras propostas de parlamentares progressistas, que propõem proibições e controles mais variados sobre o cidadão em nome do “coletivo”.
Enfim, seria interessante debater idéias e não pessoas.
Eu concordo com a proibição de que os bares usem as calçadas para colocarem suas mesas. Além de apropriação indevida de espaço público, produz muito barulho, só que tem um bar como vizinho sabe do que falo.
Bares deveriam ser todos fechados e com isolamento acústico.
Direitos iguais aos que fumam e bebem , ou seja nenhum !Bem vindos boêmios !
Começaram proibindo o cigarro em locais fechados e mesmo abertos e todo mundo aplaudiu. Esqueçeram que o problema está na palavra “proibir”. Abriu a porteira, agora aguenta. O estado fascista sempre é apoiado pela população, que adora oprimir minorias com proibições sustentadas por “leis”. E isso é só o começo, aguardem.
Não foi todo mundo que aplaudiu não.
No caso do cigarro eu aplaudi mas entendo que muita gente foi contra, agora em relação as bebidas, não confundamos alhos com bugalhos, a bebida, assim como o cigarro, é uma droga legalizada, portanto com o consumo liberado para quem for maior de idade. Mas, diferentemente do cigarro, se um sujeito está do meu lado bebendo uma cerveja esse ato em si não causa nenhum prejuízo direto a minha saúde, portanto uma lei dessa não teria o sentido.
bem, ele pode causar um prejuízo bem mais direto e imediato à sua saúde que o cigarro, se sair dirigindo e lhe atropelar por ter os reflexos comprometidos.
complementando, concordo que o problema é a falta de fiscalização. mas não só ela. também, e principalmente, a impunidade, que gera o total desdém da população por qualquer lei deste tipo. basta ver se algum dos sempre noticiados assassinos do trânsito está na cadeia.
Bancada evangélica?
Fascista reacionário e hipócrita esse político.
O mais incrível, André, é que esse tipo de lei esdrúxula tem apoio popular e todo mundo engole! O puritanismo e o politicamente correto são duas faces da mesma moeda. Aceitar um é engolir o outro…
se isso acontecer vamos ter que esconder a bebida envolta de sacos de papel como acontece em outros países, mas o real problema continua e eles fingem que não veem
Acho que podemos ainda notar uma sombra da nossa usual síndrome de vira-lata. Se um país desenvolvido(Austrália, só como exemplo) proíbe bebida nos espaços públicos, ora, devemos imediatamente fazer uma xerox legislativa e também proibir a bebida. Se o outro país não consegue atingir a cerne do problema, ora, por que nós iríamos nos esforçar?! O Brasil não consegue se ver como um Estado de vanguarda, que proponha soluções novas e inteligentes. Justamente o país que prega aos quatro ventos ser a nação do futuro. Irônico, não?
Perfeito o seu texto André. Já passou da hora das pessoas entenderem que Lei não serve para resolver os problemas. Serve apenas e tão somente para punir infratores. Se todos os problemas fossem resolvidos através da edição de uma nova Lei seria simples. Bastaria detectá-lo e elaborar um texto legal para coibí-lo. Teríamos uma sociedade perfeita e justa. As pessoas não compreendem que a edição de tantas leis representa, na verdade, um embuste de políticos incompetentes que não tem capacidade para efetivamente resolverem os problemas. Então mascaram essa incapacidade com a edição de uma Lei, cujo intuito único é mostrar que estão fazendo alguma coisa. Você mesmo citou um exemplo recente sobre a lei municipal carioca que proíbe pessoas de andar em ruas com bueiros. É evidente que o problema de alcool e direção se resolve com fiscalização, com estradas e ruas descentes, com o transporte público funcionando de forma ininterrupta. Mas isso é difícil de fazer, muito mais fácil é editar uma Lei, por mais absurda que ela possa parecer. Quanto ao apoio do D´Urso isso não me surpreende. Há muito ele deixou de ser advogado para se tornar político e usou da OAB para esse fim. Só que essa é uma posição pessoal dele, e não institucional da OAB. O próprio Campos Machado é, na verdade foi, advogado. Mas há tempos já se tornou político profissional preocupado única e exclusivamente com as próximas eleições.
Pera aí, o D’Urso é identificado lá como “Presidente da OAB”, então, para todos os fins, é a OAB que está apoiando o projeto.
Nao li nenhum comunicado da OAB sobre o tema. Parece-me que se trata de posição pessoal do D’Urso, que não representa o pensamento dos advogados. De qualquer forma e lamentável a posição dele e pior ainda se estiver falando em nome da OAB. Mas como pre-candidato a prefeito a posição dele não me surpreende. Ja esta apreendendo como mascarar a solução de problemas com a edição de leis inúteis.
Rodrigo, não tem “se”, ele assina o apoio usando o nome da OAB.
Ué, mas este projeto não é surpreendente. É a evolução natural daquele q proíbe consumo de cerveja nos estádios de futebol (!!!) para diminuir as brigas entre organizadas…. hahahah É o país do faz-me rir, da piada-pronta, etc e tal.
Não ria não Rodrigo, cada dia mais sua liberdade individual está sendo assassinada. Tenho visto tantas iniciativas deste tipo que estou ficando com medo. SOCORRROOOOOO.
A Lei Seca, por si, já é ridícula. Primeiro, porque existia uma lei a respeito, mais racional, mas que não era cumprida por incompetência das autoridades. O que fizeram então os sabichões Diminuíram a tolerância de álcool para o mesmo nível do Qatar e dos Emirados Árabes (é sério!) e saíram alardeando que iam acabar com a raça de quem fosse pego (multa de 1.000,00 , ficha na polícia e carro apreendido). Mas aí o tiro saiu pela culatra, ninguém é obrigado a soprar o bafômetro e a lei caiu no ridículo (a ponto de um possível presidenciável, como Aécio Neves, dar carteirada e não fazer o teste). Depois, a lei anti-fumo, que é OK, mas feita com toda a satanização possível. Pra piorar, a lei do PSIU, que obriga dezenas de bares a fechar as portas à 1h00 da manhã (numa cidade como SP). O “nosso CBGB’s”, o Black Jack Bar, fechou depois de 25 anos de atividade por causa das multas ridículas do PSIU e da truculência dos fiscais (detalhe: quase não há prédios residenciais naquela vizinhança…). Agora, não vamos poder tomar um chopp na calçada. Vai ser aquela deprê nos botecos legais da cidade. Quem manda votar em caras como Jooji Haato, Campos Machado e outros oportunistas? Mas, enfim, nada mais merecido para o berço da classe média reacionária do país.
“(…)Agora, não vamos poder tomar um chopp na calçada. Vai ser aquela deprê nos botecos legais da cidade. Quem manda votar em caras como Jooji Haato, Campos Machado e outros oportunistas? Mas, enfim, nada mais merecido para o berço da classe média reacionária do país”. Exatamente! E quem manda o povo aceitar, tranquilamente, toda e qualquer lei editada pelo governo? Desde a lei trabalhista, até a tributária! E todo aceita, de forma pacífica. O máximo que fazem é “xingar muito no twitter”.
Falou tudo. E falou bem!
André, uma pergunta. Sou novo, não sei nada sobre a ditadura, a não ser pelas aulas de história, relatos e reportagens. Mas não vivi nessa época, nem, mais importante, no momento imediatamente anterior. Então, me socorra nessa: algumas barbaridades que têm sido vistas por esses tempos não se assemelham ao cerco de direitos que antecede um período ditatorial? Não necessariamente com esse nome, veja bem. É possível uma ditadura democrática. Basta que não haja oposição suficiente para vencer a posição dominante (o que vemos hoje no Brasil). E que apareçam, cada vez mais, propostas tendentes a restringir direitos. E que radicalismos e intolerâncias encontrem terreno fértil para se expandir e fortalecer. Coisas que já acontecem hoje. Corremos o risco de virar uma Argentina ou Venezuela, no curto prazo? E agora, totalmente fora de tópico: seu eu continuar seguindo suas dicas de filmes, meu casamento vai acabar. Ontem à noite fui ver Drive. Lá pelos 30 minutos, minha esposa queria sair da sala. Convenci ela a ficar. No final do filme, nem queria mais olhar na minha cara!!!! Hehehe! Mas deu tudo certo, no final das contas. Um bom vinho (eu não estava mais dirigindo, só pra constar) resolveu a parada. Um abraço!
Sim, concordo com vc. O que rola hoje, com Bolsa-Família, inchaço da máquina pública, currais eleitorais e tal, dificulta muito o surgimento de qualquer oposição mais forte. E não estou discutindo se governo é pior ou melhor que oposição, não é esse o ponto. Desgosto igualmente dos dois. Só acho que um país sempre precisa de uma oposição forte ao governo, ou corremos o risco de viver sob uma ditadura democrática.
Se não há uma oposição política, tem que haver uma oposição popular. Veja o que aconteceu (está acontecendo) no norte da África, no Oriente Médio e na Grécia. Aquilo é exemplo para muitos governantes, que acham que a paciência dos governados é ilimitada. Só que no Brasil é tudo muito tímido e as “últimas” manifestações, da época da ditadura, foram tratadas a bala e morte, e este medo ainda persiste no brasileiro, temeroso de ser perseguido por políticos e pela polícia. O pessoal da USP que o diga…
Sim François. É possível um viés de ditadura em ações desse tipo. Vivi a tal em carne e osso nos anos 1970 e não foi fácil.
O problema, a meu ver, é que estamos vivendo uma espécie de “superdose” teórica e legislativa (e apenas teórica e legislativa) de proteção a interesses coletivos (saúde, educação, segurança etc e tal) e, cada dia mais, o indivíduo concreto (aquele que vai tomar uma cervejinha pra relaxar, p. ex.) vai se sufocando.
NADA CONTRA OS INTERESSES COLETIVOS, É CLARO, mas mesmo as boas intenções exigem um bom método de realização. E não é um bom método este negócio de o Estado, a todo momento, pretender se meter nos hábitos mais cotidianos do indivíduo de carne e osso, ainda que com a justificativa de alcançar realizar bens coletivos.
É possível alcançar os dois objetivos: a preservação da intimidade e concretude do indíviduo de carne e osso e a proteção da coletividade. Não é preciso necessariamente acabar com um para conseguir o outro.
Um bom exemplo foi dado pelo Barcinski: deixa a pessoa tomar a cervejinha dela e desenvolve-se uma fiscalização inteligente e eficaz para coibir aqueles que abusarem dessa liberdade.
Esse é o Brasil, paisinho onde ao invés de se atacar a causa real do problema (a impunidade), pune-se o cidadão; e onde o eleitor alienado vai bater palmas, achando que estão fazendo o melhor por ele.
Desculpe a grosseria mas, sinceramente, estamos cada vez mais fodidos e mal pagos.
Todo mundo acha lindo a satanização do cigarro , mas quando o assunto é o maldito alcool , que mata diariamente uma porrada de pessoas no transito ,estimula agressores a encher de porrada a mulher e os filhos , todo mundo dá piti..
Negativo. Todo mundo reclamou por causa do cigarro tb. Só acho que existe uma diferença MUITO grande entre os dois (e não sou a favor da “satanização” do cigarro): o fumo passivo prejudica a saúde de quem não fuma. Já se uma pessoa bebe, quem está do seu lado não sofre. Ou seja: faz sentido proibir cigarro em espaços públicos, mas não faz sentido proibir bebiba no mesmo espaço.
Aqui vou discordar, Barça. Um fumante não tem sua percepção alterada pelo fumo nem fica agressivo, violento ou (mais) chato e inconveniente com quem está do seu lado, ao contrário de quem enxuga. Não dá pra generalizar.
Não estou falando de percepção, estou falando de que a pessoa que está ao lado de um fumante respira a fumaça do cigarro e isso faz mal pra saúde dela.
Acho que o empresario deveria ter o direito de liberar o fumo em seu estabelecimento. Entra quem quer e trabalha quem quer. Quem nao quiser que vá a uma casa onde seja proibido. Agora, proibir acho demais.
Falando de outra forma: Você prefere pegar taxi com o taxista fumando ou com garrafa de whisky na mão? rsrs… Entendi o seu raciocínio. No restaurante por exemplo, comida com fumaça não dá certo, melhor com vinho ou cerveja. Mesmo na época que eu fumava antes da lei do Serra fazia questão de sair e fumar lá fora, mesmo quando estava na área de fumantes, lugar fechado não dá.
Bom, a discussão está em alto nível, vamos mantê-la lá, ok? Sem analogias estapafúrdias, por favor. Vc entendeu o que eu quis dizer.
Concordo. Comparar fumo com bebida não tem nada a ver mesmo. O fumo você interfere na saúde do outro indivíduo. Tive uma professora q disse ter conseguido uma “mancha” no pulmão só por beijar o marido, fumante compulsivo. E outra, a pessoa pode fumar na parte de fora do bar, em praças públicas. Daqui a pouco, proibem o celular dentro do carro. Afinal, alguém pode acessar a internet enquanto dirige e bater em um veículo, como aconteceu recentemente.
”Já se uma pessoa bebe, quem está do seu lado não sofre”
Não sofre a pessoa ao lado , mas sofrerá a pessoa no cruzamento da esquina mais próxima , ou a pessoa em casa..
No fim das contas , dá no mesmo..
Ah, entendi, Janer, quer dizer que TODO MUNDO que bebe, assim que termina, ou pega o carro e mata alguém, ou vai pra casa bater na esposa? Tenha paciência.
Barcinski, mas aí você tem que considerar o outro lado também: TODO MUNDO que inala fumaça de cigarro EVENTUALMENTE vai morrer de câncer ou ter sua saúde prejudicada? Cara, eu vejo muito alarmismo nisso; na minha infância meu pai fumava em casa, no carro, nem eu nem três irmãos tivemos qualquer problema. Não defendo o fumo, mas desconfio muito dessa história de fumante passivo.
Bom, Nelson, como disse, não sou a favor de demonizar cigarro. Minha mulher fumou por muito tempo, tenho amigos que fumam, e não me preocupo, mas estudos provam, quer você concorde ou não, que fumo passivo é prejudicial sim.
Barça, eu sei que há pesquisas e estatísticas em andamento. O fumo passivo PODE ser prejudicial, mas não me parece uma conclusão irrefutável. Como são feitas as pesquisas? Com bebês que moram com pais ou com gestantes? Ok, neste caso é certo que há prejuízo. Mas me parece que há outros fatores que contribuem para que alguém sofra em decorrência do fumo passivo (predisposição genética, por exemplo). O resto é lobby e frescura. Quem bebe, pode ou não ser violento; da mesma maneira, quem fuma pode ou não prejudicar quem está por perto. Se o melhor é evitar e não acender o cigarro, então o melhor também é ninguém tomar álcool, há que se ser justo na abordagem. Não dá pra deixar de fora a alteração de percepção com o álcool, tanto que a tolerância com o bafômetro é mínima. Acho que há muito mais a explorar nesse tipo de discussão.
Por favor, Nelson, você quer contrariar décadas de pesquisas sérias sobre o assunto com o argumento de “lobby e frescura”? Tenha paciência…
Mas são décadas de pesquisas sérias e… conclusivas? Baseadas em quê? Em perícia médica e individual? Isso não é caso que qualquer estatística explique, Barcinski. Primeiro você teria que ter um número de casos estudados nas condições almejadas, o que é impossível (imagine milhares de voluntários submetidos diariamente à exposição única de fumaça de cigarro – porque obviamente são estes danos que estão sendo examinados e não podem ser confundidos com a fumaça da poluição urbana, por exemplo – o que é um completo absurdo). Qual é a metodologia empregada? Por quanto tempo? Quais as conclusões? Ninguém sabe, só sabemos das manchetes sensacionalistas: “Morrem tantas pessoas por ano”. “Brasil ocupa tal posição no ranking”. Por favor me envie as fontes para as pesquisas CONCLUSIVAS e devidamente fundamentadas, caso tenha acesso.
Sim, Nelson, pra encerrar: pesquisas conclusivas. Vc parece aqueles caras que acham que a descida na Lua foi uma farsa.
Janer, a tentativa de mexer na liberdade de cada não deve ser ignorada. Temos que mostrar toda nossa indignação, sempre….
Como disse o Xico Sá: São Paulo é “vanguarda absoluta do atraso em matéria de proibições”.
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/03/05/estupidamente-proibido/