Livro explica por que não lemos mais livros
15/03/12 07:22
Terminei de ler “A Geração Superficial – O que a Internet Está Fazendo com Nossos Cérebros” (Ed. Agir), de Nicholas Carr.
Carr é um jornalista e autor (“The Guardian”, “The New York Times”, “Wall Street Journal”), especializado em cultura e tecnologia.
“A Geração Superficial”, finalista do prêmio Pulitzer na categoria “não-ficção”, fala sobre como a Internet está “moldando” nossos cérebros e criando uma geração de leitores com pouca capacidade de concentração e compreensão de texto.
Carr não é um homem das cavernas. Muito pelo contrário: é um autor “conectado”: tem site, tem blog, escreve sobre novas tecnologias. Seu livro não demoniza a Internet, apenas relata um processo claro e irreversível.
A tese de “A Geração Superficial” é simples: nosso cérebro se adapta às condições das tecnologias que usamos. E a Internet, por incentivar uma overdose de informações superficiais e cheias de “distrações” – links, hipertextos, janelas, etc. – está nos transformando.
Carr cita pesquisas que mostram a dificuldade de concentração demonstrada por usuários de computadores. Ler livros, diz ele, é uma tarefa cada vez mais difícil para um número cada vez maior de pessoas.
Acho que isso não é novidade para ninguém. Qualquer um de nós pode citar exemplos práticos: quantas vezes você não ficou sem acesso à Internet por algumas horas, só para perceber, depois, que esse tempo “desconectado” não lhe fez nenhuma falta?
O mérito do livro de Carr é explicar esse fenômeno por meio de estudos e pesquisas. É fascinante.
Assim, me pego numa posição paradoxal: indico um livro sobre como ninguém mais consegue ler um livro. Sinal dos tempos?
Quer outro “sinal dos tempos”? Carr é membro do conselho editorial da “Enciclopédia Britânica”. No mesmo dia que terminei de ler o livro, veio a notícia de que a “Britânica” vai acabar com sua versão impressa, depois de 244 anos.
André, posso estar enganado, mas esse processo deve ter sido mais devastador em países desenvolvidos ?
Embora não tenho números, mas acredito que deve afetar principalmente os países desenvolvidos que historicamente tem o hábito da leitura maior do que o Brasil, por exemplo.
Principalmente as novas gerações que deveriam substituir a geração de leitores mais antigos mas estão adotando internet ao seu dia-a-dia.
Enfim, comprarei o livro, parece ser muito bacana.
Abraço!
Ele fala de usuários de Internet de uma forma geral, e os brasileiros estão entre os maiores.
André, o Ator Carlos Vereza vai lançar sua biografia. Li trechos do livro dele no blog do excelente Geneton Morais Neto.
Se puder, dê uma conferida. Achei sensacional. Como toda a história do Vereza. Puta ator do caralhooo..
http://g1.globo.com/platb/geneton/
Taí uma biografia que quero ler.
Barça, te recomendo um livro q acabei de ler: “os Imperfeccionistas”, de Tom Rachman. A história se passa na redação de um jornal de Roma, em 2006, e também trata deste novo mundo de leitura digital, q tem ameaçado, cinsluive, a manutenção dos jornais impressos. Bem bom. Abs e sds 100% tricolores.
Não conheço, boa dica.
O calhamaço do Elroy até seria bom num kindle da vida. Levar aquele tijolão pra baixo e pra cima é fogo na jaca, hehe.
Poisé! Eu adoro a Internet, principalmente para pesquisar e comprar livros de onde quer que eu esteja. Antes eu tinha muito mais dificuldades de tomar conhecimento das obras, hoje eu posso esmiunçar e decidir comodamente que obra eu quero e posso. Porque na verdade o grande problema do livro é seu preço. Uma exorbitância.
André,
“Um bom lugar prá ler um livro…”, realmente não é no mundo digital. Mas, cada vez mais as pessoas preferem viver esta vida metamorfose virtual, do que virar as páginas do mundo real.
André, com base em mais este post seu, gostaria de te perguntar uma coisa. Sua cultura é bastante americanizada, certo? Não estou fazendo uma crítica, é meramente uma constatação. Quanto ao rock, nada mais sensato, uma vez que o rock americano (como o inglês) é, sim, infinitamente superior ao praticado aqui, por exemplo. No que se refere ao cinema, idem. Não dá nem pra comparar a produção de cinema americana com a brasileira. Falando de televisão, já não sei tanto, mas você já citou inúmeros programas de lá como espaços de qualidade, em detrimento dos do aqui. No humor, nem se fala. Você já destacou muitas vezes que o humor que se faz nos Estados Unidos é infinitamente superior ao praticado aqui, mormente se comparamos os congêneres (por exemplo, os ‘stand up comedians’). Mas, me chama muito a atenção o fato de que também no campo literatura – tanto ficcional como na, pra ficarmos num termo mais genérico, “científica” – o seu gosto é, predominantemente, por autores americanos. Assim também o é com outros jornalistas de cultura da sua geração (Forastieri, Álvaro, enfim, os de sempre). Por que isso? Há algum elemento comum na formação de vocês que justifique essa predileção por autores americanos e pela cultura daquele país? O fato de você, por exemplo, ter vivido muitos anos lá e falar inglês fluentemente determina isso? Ou, no seu ponto de vista, os Estados Unidos estão a frente de nós também quando os assuntos são literatura, a discussão dos temas do momento e a interpretação do mundo em que vivemos? Mate essa minha curiosidade, por favor. Abraço!
Carlos, eu escrevi um livro sobre um cineasta brasileiro e sobre uma banda brasileira, então me permito discordar de vc.
Quem deveria não lera.
Muito interessante isso da mudança cerebral. Quer ler.
Eu li que os poemas atribuídos a Homero (supostamente compostos no século VIII a.C.) eram memorizados inteiramente pelas pessoas e, durante séculos, foram transmitidos por tradição oral.
Realmente, o cérebro devia funcionar de um jeito muito diferente. Não me imagino capaz de decorar a Ilíada e a Odisseia!
A minha memória está cada vez mais uma porcaria. Acho que ela está sendo substituída pelo Google…
Só de ler alguns comentários que são postados em blogs dá pra ter uma boa noção de que as pessoas estão perdento totalmente a capacidade de interpretar um texto.
Isso de uma forma geral, qualquer blog que tenha um texto um pouquinho mais elaborado já se percebe isso de forma bastante clara.
O que me deixa horrorizado, na verdade, é que todos os debates estão ficando superficiais, inclusive aqueles que tratam assuntos relevantes e complexos. Tudo é tratado de forma maniqueísta porque o conhecimento simplista e supercial é preto ou branco, deixando pouco espaço para os tons de cinza. Cria-se um fosso. Então, se o tema é política nacional, é PT “de esquerda” ou PSDB “de direita”; se é política internacional, ou é “pro EUA” ou é “anti-americano”. E esse fosso que o maniqeísmo cria aumenta o confronto entre as pessoas de idéias diferentes, que deixam de perceber que a na zona cinzenta que separa o preto do branco há muito mais convergência do que divergência.
A internet permite o acesso a muito mais livros do que a maioria de muitas bibliotecas públicas e particulares. O problema está no desenvolvimento do hábito da leitura nas escolas e em casa também. Se uma pessoa tem dinheiro para comprar um computador e bancar um provedor de banda larga tem dinheiro para comprar livros para seus filhos.
Mas a maioria da população não tem isso e os livros no Brasil são caríssimos por causa da sede de lucro de nossas editoras. Deveria se voltar a distribuir livros (atlas histórico, dicionários) gratuitamente ou a preços subsidiados na rede pública como se fazia antigamente. Todas as escolas públicas do país deveriam ter uma biblioteca decente.
http://ltaig.files.wordpress.com/2009/11/book1.jpg
Livro para pessoas da era digital
Lembrei desse video do College Humor
http://www.collegehumor.com/video/4025833/the-kindle-3
muito legal!
A analogia com outras mídias e artefatos culturais é evidente também. Quantas pessoas ouvem um disco completo repetidas vezes prestando atenção a detalhes atualmente?
Por outro lado, confrontar essa nova realidade como fazem alguns não seria simplesmente um manifesto de obsolência do tipo “a velha geração que não consegue acompanhar o espírito do tempo”?
Ambas as coisas devem se complementar.A leitura na internet é para consultas rápidas ou mais descompromissadas. Porém, nada substitui o livro:a leitura paciente, analítica, reflexiva, com idas e vindas ao texto, só se consegue na forma impressa.
Graças a Deus!
“quantas vezes você não ficou sem acesso à Internet por algumas horas, só para perceber, depois, que esse tempo “desconectado” não lhe fez nenhuma falta?”
É curiosa a forma como as novas tecnologias inicialmente impõem necessidades e não necessariamente suprem demandas espontâneas.
antigamente eu tinha muita vontade de ler mas nao tinha muito acesso a livros.hoje com a internet isso mudou, leio bastante, com qualidade,atençao e compreensao
Sim, com certeza, o acesso é muito mais fácil hoje.
Gostei muito desse livro. Muito interessante e assustador o que ele explica sobre a propriedade plástica dos neurônios de se acostumar a determinado tipo de tarefa. Achei brilhante também a explicação que ele dá sobre o fato da internet atrapalhar a transferência de informação da memória temporária (você lembra como “working memory” foi traduzido?) para a memória de longo prazo. E o cara mostra evidências científicas para tudo. Leitura obrigatória.
Fala, Junior, beleza? Pois é, a parte “neuro” foi, para mim, a maior revelação do livro. Não tinha a menor idéia de que as modificações do cérebro aos estímulos eram tão rápidas.
Não li o livro, mas certamente quando fala em “working memory” o autor deve estar se referindo à “memória de trabalho”, isto é, a memória que é usada para alocar as informações necessárias para a tarefa que estamos fazendo no momento (trabalhando!). É mais ou menos como a nossa memória RAM. Tipo, não pesamos em paris o tempo todo, mas se eu te perguntar “qual é a capital da frança?” logo essa informação acessa sua memória de trabalho.
Fiquei super curiosa a respeito do livro…pois talvez encontre a resposta sobre o problema que venho encontrando em mim nos ultimos anos…Sempre fui uma leitora voraz, e não precisava reler tantas vezes ,alguns trechos ou mesmo palavras isoladas…tinha o prazer secreto de ler com calma…degustando as palavras…guardava por um bom tempo a informação…agora sou obrigada a reler até 3 vezes um trecho simples…2 dias depois ,não consigo lembrar detalhes do texto lido…parece que meu cerebro “corre” pra pegar a ideia do texto na velocidade da luz…e com a mesma facilidade que pega a ‘ideia”…a esquece…Há relatos no livro parecido com a minha experiencia???
Todos, basicamente.
André, vejo muita gente discordando e concordando com o texto. Mas acho que nem é este o caso. Pelo que você disse, o autor apenas comprova um fato inexorável. Estamos mudando, e as próximas gerações infelizmente terão cada vez mais dificuldade de concentração e uma grande tendência ao analfabetismo funcional.
Não sei se o livro indicou alguma solução, pois pelo que entendi nem era esse o objetivo.
Tenho uma filha pequena e mais um a caminho, e esta situação me preocupa muito. Fico me perguntando como vou conseguir, com essa avalanche de informações, estimulá-los a se concentrar com qualidade em uma atividade, principalmente a de leitura.
Abraços
Sim, ele não está fazendo nenhuma análise subjetiva, apenas relatando resultados de pesquisas. Quanto a soluções, acho que nada substitui o bom senso. Ler é importante. Ler livros, e não telas, mais ainda.
Um dos sinais que tenho notado sobre o quanto é verdade a tendência ao analfabetismo funcional, é que as pessoas estão tendo dificuldade pra decodificar ironia, o que acho até meio assustador. Humor non-sense, então nem se fala, mas aí pode-se usar a desculpa de que não é o tipo de humor dos tempos atuais. Acho ruim que hoje em dia temos que nos preocupar até com as brincadeiras que fazemos, isso é estressante.
Outro dia comentaram comigo que mesmo na educação as mudanças caminham a passos largos e que não vimos nada ainda, que o tradicional conceito de aprendizagem via “memorização” está obsoleto (alegam que com pen drive e outros artefatos ninguém mais precisa ficar usando a memória), que há coisas mais importantes necessitando de aprendizagem, que o mundo moderno pede isto e precisamos nos atualizar. Achei bem estranho mas acho que será por aí mesmo.
Compreensao de texto se aprende na escola.Aprendendo bem, dificilmente a internet ira “moldar” seu cerebro.Se a pessoa estiver concentrada no que esta lendo ela nao vai sair clicando em links, e o entendimento da leitura sera o mesmo de um livro de papel.Pelo menos comigo e assim.
Bom, o livro traz pesquisas feitas com muitas pessoas, ao longo de um tempo considerável. E prova que o cérebro reage muito mais rapidamente do se supunha, a estímulos externos. Ou seja: mesmo alguém acostumado a ler livros, sofre mudanças se começar a ler em telas de computador. Os dados são impressionantes.
Ah, então a internet também afeta “bons leitores”…
Claro. Afeta todo mundo. O cérebro é bem mais “maleável” do que supomos. É assustador.
Pois é, mas talvez isso não seja necessariamente ruim.
Talvez seja possível conseguir a rapidez advinda da leitura on line e, simultaneamente, a reflexividade da leitura de livros à moda antiga.
Barça, considerando esse fato, uma “saída” para quem trabalha ou depende de leituras diárias na internet seria intercalar essa utilização com leituras de livros em formato papel? Acho que isso tem um paralelo estreito (guardadas as proporções) com o consumo de música que já foi discutido aqui anteriormente…
Eu TENTO fazer isso, revezar. Leio livros no Ipad, mas prefiro mil vezes em papel.
André, idem: prefiro ler em papel, mas hoje em dia, especialmente no Brasil, há a questão do custo também. Recentemente, comprei um livro na Amazon por 8,90 dólares – 18 reais. No Brasil, este mesmo livro estava mais de R$ 50…
Sem dúvida, não dá nem pra comparar. Fui comprar O Mestre e a Margarida. Aqui, 70 mangos. No Ipad, 7 dólares.
barca, a internet nao e a causa e sim um sintoma. nos vivemos na era da praticidade e da facilidade em toda a nossa vida e a grande rede surgiu devido a uma necessidade dessa sociedade. se ela nao existisse outra coisa identica a ela ja teria sido criada. para mim o problema maior e que a criatura, no caso a internet, acaba criando vida propria e torna o seu criador, no caso a sociedade, totalmente dependente de seus caprichos.
Olha, acho que vc equivocado. A Internet é causa sim, já deixou de ser sintoma há muito tempo. O tema central do livro, acredito, é justamente como essa nova ordem está moldando a vida das pessoas de uma forma diferente do que há alguns anos.
mas qual a novidade nisto, barca? o carro, a televisao, o telefone celular, o i pad, o smartphone, etc, etc, etc, tambem nao moldam o ser humano? a internet e apenas mais um em meio a tantos itens. na verdade as pessoas nao possuem estes objetos, sao possuidas por eles…
Cleibson, por favor, leia o livro. Não estou falando de objetos que fazem o ser humano se acostumar com certas situações. Falo de mudanças neurológicas. O buraco é mais embaixo.
barca, vou ler o livro, prometo, mas vou te perguntar uma coisa: o autor acha que essa mudanca neurologica que voce diz e apenas culpa da internet? vou ler o livro de qualquer jeito mas se ele pensa isso ja vou comecar a leitura discordando dele…rsrsrsr
Leia. Abraço.
Eu sei que eu deveria ler o livro ao invés de fazer esse tipo de pergunta, mas o autor crítica a mudança de mídia em si (a troca o papel pelo e-Book, por exemplo) ou o problema de começar a ler tudo pela internet e suas páginas carregadas de informações alheias ao texto?
Eu posso te dizer que faço parte dessa estatística: comprava muitas revistas e as lia quase que 100% (até porque são boas companheiras para aqueles momentos mais pensativos no trono e você acaba mesmo lendo tudo…:-)…hoje, com as respectivas versões eletrônicas, só leio o que realmente interessa. Tudo bem que pesou aí uma questão $$$.
Mas é interessante pensar nisso agora e ver o quanto de informação que eu adquiria lendo a revista impressa, e que hoje deixo de lado.
Ele não critica, apenas relata. O fato de lermos numa tela, e com infinitas distrações (links, janelas, etc.) muda, literalmente, a configuração do cérebro, que passa a processar mais informações, porém de modo mais superficial.
A Wired publicou uma versão “express” em 2010 – http://bit.ly/Ab5BKi
Concordo com o texto, vou ler o livro recomendado. Este processo (que eu chamo informalmente de “emburrecimento”) é notório, e contempla mesmo os leitores mais antigos e costumeiros (eu tenho 33 anos, mas até alguns anos atrás, lia MUITO, tudo que era livro que eu achava interessante eu “devorava”). Hoje, é hábito chegar em casa, checar os e-mails, dar uma olhada nos sites de notícias de praxe, espiar o facebook… Quando vc vê, já passou 2, 3 horas, e é hora de descansar para o trabalho do dia seguinte. E a média de livros lidos, neste meio tempo, despenca.
Quem não lê, normalmente não sabe escrever, não sabe pesquisar. Produção científica é coisa de outro mundo. E a população em geral vai “emburrecendo”…
Lamentável e preocupante.
A solução é se policiar pasa passar apenas o tempo necessário na frente do computador. É BEM difícil.
Há uma realidade político-econômica que se impõe se compararmos o Brasil com os Estados Unidos, Europa, etc… Os livros, provavelmente por falta de demanda, são extremamente caros, e as bibliotecas são poucas e péssimas (se compararmos com os ditos países que aparentamente se importam com leitura). Visto assim, a hipótese é que a internet e mídias porporcionam uma possibilidade de acesso como nunca antes na história terráquea, e entre haver uma minoria letrada e um povo anarfa por falta de contato com a leitura, ou uma minoria letrada e um povo semi-anarfa por culpa da superficialidade da internet, a segunda alternativa parece mais camarada. Democratizemo-la pues…
Sim, isso acontece, sem dúvida. Comprar livro no Brasil é coisa de rico, infelizmente. Pagar 70, 80 reais num livro, com os salários que temos, é um absurdo. E a culpa não é das editoras, mas da própria escassez de leitores, impostos, etc. Se a primeira edição de um livro saísse com 50 mil exemplares, e não com 3 mil, os preços cairiam muito.
penso que um dos problemas é o excesso de informação, a facilidade com a qual esta chega através da internet, e, principalmente, a suposta e impossível vontade/necessidade de se conhecer tudo ou o máximo possível. a música padece do mesmo problema. hoje, todos baixam músicas pela rede, ouvem stream, passeiam pelos vídeos realcionados no youtube…muitas vezes sem sequer escutarem a música até o fim.
eu mesmo, geralmente leio mais de um livro ao mesmo tempo e sequer escuto um disco ininterruptamente até o fim.
Ainda não li o livro do Carr, mas tem um que também trata exclusivamente dessa relação do leitor com a internet. É o “Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo”, da Lúcia Santella. É bem interessante porque ela traça um perfil do leitor desde quando o homem passou a utilizar os livros até os dias atuais com o advento da internet e da massificação das informações que recebemos.
Parece muito interessante. O Carr também traça o perfil dos leitores através dos tempos.
O Felipe Dorn é o Felipe de Interlagos, André??????
Sim.
kkkk……eu falei pra vc
Abraços
Andre, acho que a situação é ainda mais aterradora. Sou professor e tenho turmas das mais variadas faixas etarias, e percebo nos mais jovens que eles não possuem compreensão semantica da leitura: eles não dominam sua própria lingua, possuindo um repertório diminuto de palavras (e alguns se ufanam de serem ignorantes em duas ou mais linguas!!). Sou um professor bastante impopular, pois insisto na indicação de literatura (no caso sobre história e oficios da arte), mas percebo que muitos colegas ja jogaram a toalha. Recentemente indiquei um livro muito interessante sobre arte impressionista, um livro que eu diria de facil leitura (indico em midia impressa ou digital, não vejo diferença, é uma tontice isso de “midia impressa”!!??, a ignorancia se manifesta de mesma forma, BRUTAL!..) Foi um drama, acharam o texto dificilimo, quase imcompreensivel, e as duvidas que eles manifestaram sobre a leitura me deixou estarrecido: esta se perdendo todo o poder de compreensão linguistica. Isso sim é o fim do processo civilizatório, com certeza!!!
Concordo. Muito triste mesmo. E, aparentemente, sem volta.
Aparentemente?
Sim, “aparentemente”, porque, até agora, não parece existir nada que reverta a situação.
Sou professor da rede pública. Tenho centenas de alunos. O que o Barcinski diz, percebo claramente no dia-a-dia em sala de aula, infelizmente. Alunos desatentos, com muitíssima dificuldade de concentração. No meu tempo de escola, líamos Machado de Assis, Jorge Amado, Graciliano Ramos…, e hoje, o que eles leem??? Será que o jovem de hoje sabe quem foram esses escritores??
Pô, Celso, e como as coisas não vão bem na escola, também não vão piorando nas relações sociais.
Temos, eu e mais uns 10 amigos, uma lista on line de discussões, conversas etc.
Até pouco tempo, discutíamos (no bom sentido) sobre os mais variados assuntos, temas etc. As idéias e argumentos fluíam e, no final, todo mundo refletia e aprendia mais sobre tudo.
Hoje, depois do twitter e facebook, ninguém quer saber mais de 150 toques… É começar a desenvolver a conversa e logo vem alguém para dizer “parei de ler no segundo parágrafo”…
Enfim…
Pois é Claudio, não poderia ser diferente, ja que é (ou era?) na escola que nosso caminho como animal cultural se inicia, refletindo em toda a nossa vida adulta. Eu tb sinto cada vez mais dificuldade nas conversas com amigos, parece que todos entendem que entendimento e reflexão são esforços de vão combate, fazer o que? mas eu me recuso a 150 toques, é vexatório demais!!! abraço