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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Toca Raul! Veja "Raul"!

Por Andre Barcinski
23/03/12 07:05


Hoje estréia “Raul – O Início, O Fim e o Meio”, documentário de Walter Carvalho sobre a vida de Raul Seixas.

Poucas vezes me emocionei tanto com um filme sobre música. Talvez porque ele resgate uma figura que, para mim, carrega uma fama injusta.

Raul é um daqueles artistas obscurecidos pela idolatria de seus próprios fãs. O célebre “Toca Raul!”, que acompanha toda rodinha de violão desde os anos 70, fez um mal danado à apreciação de sua música.

Tente esquecer os cabeludos tocando Raul em barzinhos e os sósias dando abraços coletivos e cantando sobre a sociedade alternativa. Isso é engraçado, mas não faz justiça ao sujeito.

Se você conseguir enxergar por trás do folclore, vai perceber que até as canções mais batidas de Raul – “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “Tente outra Vez”, são obras-primas.

Sempre adorei Raul Seixas. Acho o cara um gênio. “Ouro de Tolo” está em qualquer lista das músicas mais bonitas gravadas no Brasil. Ninguém escreveu uma letra como aquela.

“S.O.S”, em que Raul se diz “macaco, em domingos glaciais” (e apesar do encarte do disco dizer “glaciais”, aposto que ele canta “domingos classe As”), é um dos momentos mais lindos e melancólicos do rock, em qualquer língua.

Raul fez a fusão da música brasileira e do rock’n’roll como ninguém. Foi a ponte entre Luiz Gonzaga e Elvis, com pedágios em Bob Dylan e Jackson do Pandeiro. Mas nunca soou folclórico ou falso.

Raul fez música autenticamente brasileira, incorporando a guitarra elétrica de uma forma original e sofisticada. E sempre com a preocupação de ser popular.

Não consigo pensar em um artista brasileiro que tenha feitos discos tão variados. Pegue um LP qualquer de Raul – “Gita” (1974), por exemplo: tem rock (“Super-Heróis”), balada caipira (“Medo da Chuva”), repente (“As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor”), folk pastoral (“Água Viva”), um jazz-bossa-lounge (“Moleque Maravilhoso”) e um bolero (“Sessão das dez”).

E isso é só o lado A.

Adoro a fase mística de Raul. A sequência de “Krig-ha Bandolo!” (1973), “Gita” (1974), “Novo Aeon” (1975) e “Há 10 Mil Anos Atrás” (1976) é insuperável. Mas ele fez grandes músicas em quase todos seus discos.

O filme de Walter Carvalho merece ser visto. É um grande registro histórico, com muita música boa e ótimas imagens de arquivo.

A entrevista com Paulo Coelho é antológica. O mago fala de sua colaboração com Raul, da ligação de ambos com Aleister Crowley e o ocultismo (“um período negro na minha vida”) e confessa ter apresentado Raul às drogas.

O papo com Marcelo Nova sobre os últimos dias da vida de Raul também é revelador. Marcelo conta que chegou a pagar a feira do amigo e ídolo. Aliás, Marcelo fez um texto muito bonito sobre Raul para o UOL, que você pode ler aqui.

Outra qualidade do filme é sua independência. Não é um documentário “chapa branca”, desses que escondem os defeitos e conflitos do personagem.

O filme mostra as relações traumáticas de Raul com suas mulheres e filhas e seus problemas com álcool e drogas. Sylvio Passos, amigo e presidente do fã-clube de Raul, conta que o maluco beleza andava com um galão de cinco litros de éter debaixo do braço, cheirando constantemente.

Espero que o documentário ajude uma nova geração a descobrir a música de Raul Seixas, sem aquela velha opinião formada sobre tudo.

Ele merece.

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Comentários

  1. Rosangela Marques comentou em 22/05/12 at 16:27

    Toca Raul!!! virou frase de expressão entre eu e meus amigos!!! Não vejo a hora de ver um longa metragem do Raulzito!!!!

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