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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Toca Raul! Veja "Raul"!

Por Andre Barcinski
23/03/12 07:05


Hoje estréia “Raul – O Início, O Fim e o Meio”, documentário de Walter Carvalho sobre a vida de Raul Seixas.

Poucas vezes me emocionei tanto com um filme sobre música. Talvez porque ele resgate uma figura que, para mim, carrega uma fama injusta.

Raul é um daqueles artistas obscurecidos pela idolatria de seus próprios fãs. O célebre “Toca Raul!”, que acompanha toda rodinha de violão desde os anos 70, fez um mal danado à apreciação de sua música.

Tente esquecer os cabeludos tocando Raul em barzinhos e os sósias dando abraços coletivos e cantando sobre a sociedade alternativa. Isso é engraçado, mas não faz justiça ao sujeito.

Se você conseguir enxergar por trás do folclore, vai perceber que até as canções mais batidas de Raul – “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “Tente outra Vez”, são obras-primas.

Sempre adorei Raul Seixas. Acho o cara um gênio. “Ouro de Tolo” está em qualquer lista das músicas mais bonitas gravadas no Brasil. Ninguém escreveu uma letra como aquela.

“S.O.S”, em que Raul se diz “macaco, em domingos glaciais” (e apesar do encarte do disco dizer “glaciais”, aposto que ele canta “domingos classe As”), é um dos momentos mais lindos e melancólicos do rock, em qualquer língua.

Raul fez a fusão da música brasileira e do rock’n’roll como ninguém. Foi a ponte entre Luiz Gonzaga e Elvis, com pedágios em Bob Dylan e Jackson do Pandeiro. Mas nunca soou folclórico ou falso.

Raul fez música autenticamente brasileira, incorporando a guitarra elétrica de uma forma original e sofisticada. E sempre com a preocupação de ser popular.

Não consigo pensar em um artista brasileiro que tenha feitos discos tão variados. Pegue um LP qualquer de Raul – “Gita” (1974), por exemplo: tem rock (“Super-Heróis”), balada caipira (“Medo da Chuva”), repente (“As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor”), folk pastoral (“Água Viva”), um jazz-bossa-lounge (“Moleque Maravilhoso”) e um bolero (“Sessão das dez”).

E isso é só o lado A.

Adoro a fase mística de Raul. A sequência de “Krig-ha Bandolo!” (1973), “Gita” (1974), “Novo Aeon” (1975) e “Há 10 Mil Anos Atrás” (1976) é insuperável. Mas ele fez grandes músicas em quase todos seus discos.

O filme de Walter Carvalho merece ser visto. É um grande registro histórico, com muita música boa e ótimas imagens de arquivo.

A entrevista com Paulo Coelho é antológica. O mago fala de sua colaboração com Raul, da ligação de ambos com Aleister Crowley e o ocultismo (“um período negro na minha vida”) e confessa ter apresentado Raul às drogas.

O papo com Marcelo Nova sobre os últimos dias da vida de Raul também é revelador. Marcelo conta que chegou a pagar a feira do amigo e ídolo. Aliás, Marcelo fez um texto muito bonito sobre Raul para o UOL, que você pode ler aqui.

Outra qualidade do filme é sua independência. Não é um documentário “chapa branca”, desses que escondem os defeitos e conflitos do personagem.

O filme mostra as relações traumáticas de Raul com suas mulheres e filhas e seus problemas com álcool e drogas. Sylvio Passos, amigo e presidente do fã-clube de Raul, conta que o maluco beleza andava com um galão de cinco litros de éter debaixo do braço, cheirando constantemente.

Espero que o documentário ajude uma nova geração a descobrir a música de Raul Seixas, sem aquela velha opinião formada sobre tudo.

Ele merece.

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Comentários

  1. vikos comentou em 23/03/12 at 10:31

    cantar “eu sou a môsca que pousou em sua sopa” em plena era da ditadura militar não é pra qualquer um!

  2. John comentou em 23/03/12 at 10:29

    André, eu vi o trailer no cinema e me animei muito, porém a animação baixou um pouco quando vi Pedro Bial falando. Ele compromete muito o filme ou dá para encarar? Abraço.

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:35

      Ele fala como um fã, que viu vários shows do Raul.

    • Marcelo comentou em 23/03/12 at 10:49

      Além de falar como um fã John, seria besteira você deixar de assistir ao filme, sobretudo um DOCUMENTÁRIO, porque não concorda com a presença de fulano ou beltrano.
      O filme é sobre o Raul Seixas e, penso eu, é nisso que você deve focar.

  3. Daniel Costa comentou em 23/03/12 at 10:14

    “O Dia em que a Terra parou” é uma obra prima, fantástica!

  4. Chico comentou em 23/03/12 at 10:12

    Raul, um dos poucos motivos para manter em alta a combalida auto-estima do baiano…. Um dos últimos artistas na verdadeira acepção da palavra, a vir daqui. Por que nos últimos vinte ou trinta anos, só o que saiu daqui da Bahia, com pouquíssimas exceções, é animador de auditório e garotos (as) propaganda. Algum dia, alguém com muita coragem e nada a perder, deverá contar a história do estelionato cultural de que voi vítima esta terra, ex-centro de vanguarda. Não foi natural o que aconteceu aqui. Foi planejado. Foi um ato criminoso. Algum dia, alguém deverá contar essa história.

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:16

      Ué, por que vc não conta? Mete bronca.

      • Peixotano comentou em 23/03/12 at 11:59

        Foi tudo culpa do Lucianno do Vale da da Bandeirantes…..quiseram transformar a Bahia num playground..

        • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 12:17

          Coitado do Luciano do Valle. Agora música ruim é culpa dele?

    • Vagner comentou em 23/03/12 at 11:47

      Conte tudo e não esconda nada.
      boa sorte!

  5. Andre P. comentou em 23/03/12 at 10:07

    xará, sempre tive uma opinião sobre o Bob Dylan semelhante a sua. Dias atras, porém, passei horas sobrevoando um deserto sem fim ao som do homem. Cara, aquilo foi lindo, passou a fazer todo o sentido. Viva Bob Dylan!

  6. Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 9:58

    Como definiu muito bem o Sérgio Sampaio no disco Eu quero é botar meu bloco na rua: “Meu nome é Raulzito Seixas, eu vim da Bahia vim modificar isso aqui: pop, samba e rock.”

  7. Erick Gomes comentou em 23/03/12 at 9:56

    Sou grande fã de Raul Seixas, mas tem uma característica em sua obra que não vejo ninguém na imprensa brasileira comentando, o Raulzito simplesmente roubava umas músicas dos gringos não creditava, aqui no Brasil nunca vi nenhum comentário sobre isso. Para ilustrar posso usar uma musica citada no texto “SOS” http://www.youtube.com/watch?v=Qttmu53ErXc é ou não é igualzinha a Mr Spacemen dos Byrds? http://www.youtube.com/watch?v=-KZMg-fvn-s até a temática é mesma e assim ele pegou coisas dos Everly Brothers e de outros artistas também, mas ninguém fala disso, estranho não?! Acho que isso não diminui sua obra, como ele mesmo diz em outro clássico “nós não vamos pagar nada é tudo free…”

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:05

      Pô, Erick, desculpe, mas isso é notícia velha. Raul nunca escondeu isso. Ele até disse, em “Eu Também Vou Reclamar”, que o chamavam de plagiador de Bob Dylan. Se vc for desprezar qualquer artista que “tomou emprestado” músicas de outros, teríamos de ignorar Led Zeppelin, Dylan, até Tom Jobim.

      • modfather comentou em 23/03/12 at 10:36

        Sem esquecer o saudoso Oasis

      • Bruno de Souza comentou em 23/03/12 at 10:48

        Valeria um post esta história do que é Plágio e o que é Inspiração, hein Barcinski?
        Por exemplo: Breath e Primavera nos dentes…

        • Marvin comentou em 23/03/12 at 11:38

          Ou por exemplo, “Breathe” e “Down by the river”, canção na qual o próprio Roger Waters disse ter se inspirado rs

      • Erick Gomes comentou em 23/03/12 at 11:49

        De maneira alguma eu desprezaria o Raulzito, mas só nunca vi ninguém fazendo referencia a isso, no caso do Led Zeppelin e Oasis por exemplo, cansei de ver a imprensa falando dos “plágios”. Como falei acima, isso de maneira alguma diminui minha admiração pelo Raul Seixas só comentei que nunca vi em nenhum texto jornalístico nenhuma referencia a isso.

        • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 12:02

          procura que vc acha, já escreveram sim, sobre isso.

    • lucmes comentou em 23/03/12 at 13:21

      A música Peixuxa do Raul é Oh-Bla-Di Oh-Bla-Da dos Beatles, considero uma referência.

    • David Marques Oliveira comentou em 23/03/12 at 22:20

      Olha, isso não é plágio. Pode até considerar uma variação, que é bem diferente, mas plágio, não. Variações são muito comuns na música clássica. O cara pega uma melodia, um ritmo, um tema, qualquer aspecto da música e vai mudando, mudando. O resultado final não é uma versão, nem plágio. Mas uma nova música. Na música clássica, como Raul, nem sempre os compositores “creditam” o tema original (Beethoven p. ex.).

  8. O Poeta comentou em 23/03/12 at 9:54

    Dia cinza céu adentro…
    O cinza da poluição do carros e motocicletas…
    Seco, sujo e gélido vento…
    Ouço ali embaixo, sons de buzinas de bicicletas…
    Enquanto estou aqui digitando… sentindo saudade de coisa que nunca vi ou tive.
    Um som do Raul, que para minha pessoa… ainda vive.

  9. Valter Ribeiro comentou em 23/03/12 at 9:54

    Gosto do Raul – principalmente por ser um som diferente daquele que normalmente saia das terras baianas. Nunca gostei de Caetano ou Gil, fico com o Raul mesmo. Curto muito a letra de “Rock and Roll”,
    em que ele dá um tapa na cara de alguns pseudoidiotas que adoravam falar merda sobre o som dele.

    Abraços

    • Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 10:01

      Que som é esse que “normalmente saía das terras baianas”? de lá sairam Raul, Camisa de Vênus, Novos Baianos, Elomar, Xangai, Dorival…….

      • Valter Ribeiro comentou em 23/03/12 at 10:26

        Calma,Luciano. Quis dizer que quando comecei a ter contato com música em geral, eu pensava que lá só tinha Caetano e Gil. Só depois fui conhecer Raul,Camisa de Vênus e tantos outros. Só foi isso que eu quis dizer.

  10. cleibsom carlos comentou em 23/03/12 at 9:46

    raul seixas foi um genio, mas essa imagem caricatural que ficou dele foi culpa do proprio…assim como o grande tim maia, no fim o raul estava capengando e virou isso mesmo, uma caricatura! outra coisa: li nao sei aonde que o caetano veloso tambem da depoimento neste documentario…como isso e possivel? caetano e raul estao de lados opostos na musica brasileira e o maluco beleza detestava o que o baiano representava e ainda representa.

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 9:55

      Sim, o Caetano aparece, assim como o Pedro Bial. Mas eu entendo o filme. São pessoas famosas, conhecidas do grande público. Vc tem de lembrar que Raul morreu há 23 anos, não está na mídia, e depoimentos como esses podem servir para aproximar o público dele. E não concordo que a imagem caricatural foi “culpa” do próprio Raul. Ele sempre disse, nas letras, para não segui-lo, que prefere ser uma metamorfose ambulante, etc. Mas seus fãs, paradoxalmente, continuam agindo da mesma forma como há 35 anos.

    • Celso comentou em 23/03/12 at 10:01

      Não é verdade, cleibsom, o Raul inclusive afirmava que Caetano e Gil o influenciaram, como você pode ler aqui: http://super.abril.com.br/cultura/raul-seixas-verdade-universo-445237.shtml

      O que você acha dos trabalhos de Caetano e Gil?

      Prefiro não falar sobre isso, não seria honesto. Se alguém tiver de falar, que sejam eles mesmos. Só posso dizer que eles sabem muito bem o que estão fazendo.

      Você foi influenciado por eles?

      Sim, eles são maravilhosos, foram eles que me deram o “primeiro tapa”. E tem também o Luiz Gonzaga, que eu sempre curti muito. É um negócio incrível, forte, comunicativo. Ficou, determinou as coisas pra mim.

      • cleibsom carlos comentou em 23/03/12 at 11:21

        celso, acompanho a carreira do maluco beleza desde a decada de 70 e e fato que ele detestava a musica do caetano e do gil, assim como cunhou a expressao “para-choques do fracasso” para demonstrar seu desprezo pelos paralamas do sucesso. nao estou julgando a obra destes artistas, mas vir agora e dizer que raul e caetano eram amiguinhos e que se admiravam mutuamente e tentar reescrever a historia…

        • Marvin comentou em 23/03/12 at 11:43

          Cleibsom, Gilberto Gil participa de um disco do Raul, você está mal informado há décadas rs. Raul e Caetano se viam, se falavam, trocavam figurinhas.

          • cleibsom carlos comentou em 23/03/12 at 12:32

            marvin, o fato de um artista participar do disco do outro nao quer dizer nada, voce ficaria surpreso de noticias de bastidores de participacoes “especiais” de um artista no disco do outro “sugeridas” pelo depto de marketing e imposta por gravadoras, e existem varias, vai por mim…e se as pessoas hoje pensam que caetano e raul trocavam figurinhas certamente o maluco beleza esta se revirando na tumba com tal disparate! desconheco a razao do caetano veloso ser tao onipresente e pairar acima de tudo na mpb, sei que voce nao suporta o cara, barca, mas isso daria um post…

          • Marvin comentou em 23/03/12 at 13:55

            As pessoas não “pensam”, Cleibsom, eles se encontravam, quer você goste deste fato ou não. Caetano fala sobre isso no livro dele, Verdade Tropical. Agora achar que a presença de Gilberto Gil num disco do Raul é “imposição de gravadora” é pra lá de foda.

          • cleibsom carlos comentou em 23/03/12 at 15:40

            caetano veloso e raul nao frequentavam o mesmo ambiente, quem fala uma coisa destas nao conhece a historia do maluco beleza…eu nao acho nada, o fato deles pertecerem a correntes diferentes e rivais da mpb e obvio, basta pesquisar. meu deus, sera que quando o marcelo nova e o lobao morrerem vao dizer que eles adoravam o rock brasil dos anos 80 quando a verdade e justamente o contrario? nao sei se o raul era convidado para participar das festas do pessoal da tropicalia, mas ele nao estava interessado em participar de nenhuma. voce sabia, marvin, que a gravadora impos ao chico science que a musica maracatu atomico do gilberto gil e jorge mautner fosse incluida em seu segundo disco? quem nao sabe dessas coisas pensa que a musica esta la porque o cara a adorava! nao sei o porque de tudo na mpb ter de passar pelo aval do caetano e do gil…voce sabe, marvin?

          • Marvin comentou em 23/03/12 at 18:27

            Cleibsom, “Maracatu Atômico” é do Jorge Mautner com Nelson Jacobina. Gil participou do disco do Science em “Macô”, isso também foi imposto pela gravadora? Apontaram uma arma para a cabeça do Chico Sciente e o obrigaram a aceitar a participação do Gilberto Gil? Ou eles eram amigos, como todo mundo sabe? Você é louco, cara. E, para encerrar, “quem fala” que Raul e Caetano frequentavam o mesmo ambiente durante uma época é o próprio Caetano. Mas você deve saber mais do que ele, que estava lá.

          • cleibsom carlos comentou em 26/03/12 at 8:57

            marvin, voce deve ser daqueles que acham que artista faz o que quer…sao pouquissimos que estao nessa situacao, cara. o proprio chico science revelou isso em entrevista nos anos 90, aquelas tres ou quatro versoes da musica maracatu que estao no disco nao sao desejo da banda. agora, se so porque o cateano falou que ele e o raul frequentavam o mesmo meio voce acredita, paciencia…caetano tem o ego tao grande que faz tudo girar em sua orbita. pelo jeito para voce e deus no ceu e mano caetano da terra!rsrsrsrsrsrsrsrsrsr

        • Max Demian comentou em 23/03/12 at 14:19

          Nessa mesma entrevista que ele diz que os Paralamas é o “para-choques do fracasso”, ele diz que gosta do som da banda. Mas que estava de zuera com o grupo.

  11. vitor comentou em 23/03/12 at 9:40

    Parei de ler em: “Sempre adorei Raul Seixas. Acho o cara um gênio”

    Esse André tá de brincadeira… bate no Spielberg e idolatra Raul…

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 9:52

      O Spielbrega não serve nem pra amarrar o sapato 36 do Raulzito.

      • vitor comentou em 23/03/12 at 10:18

        iiiiisso… essa geração que chorou com ET, cresceu e ficou chata e hj desce o sarrafo no Spielberg

        • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:19

          E esse geração que cresceu com a Xuxa e o Legião Urbana desce o sarrafo no Raul.

          • vitor comentou em 23/03/12 at 10:22

            ahahah é… dá pra ser pior que Raul mesmo, vc citou 2 belos exemplos… Ainda bem que cresci com Cohen e Springsteen pra me livrar disso… abraço…

          • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:34

            Ah, tá, então vc cresceu ouvindo Leonard Cohen…

          • Bruno de Souza comentou em 23/03/12 at 10:33

            Sensacional…rs

          • jorge maluf comentou em 23/03/12 at 10:56

            Aleluia,achava que era só eu que achava o Renato Russo um porre.

          • Max Demian comentou em 23/03/12 at 13:00

            Se Legião Urbana influenciasse tantos jovens assim com certeza a juventude de hoje não seria tão retardada.
            Renato Russo e Raulzito são artistas impas no medíocre cenário da música brasileira. Não se fazem artistas igual a eles inteligentes, outsides e que defendiam os seus valores.
            E mais uma coisa Legião e Raulzito é um dos poucos artista que você pode ouver na rádio popular brega ou nas ditas rádios adultas ( que toca música para elite).

  12. Bruno de Souza comentou em 23/03/12 at 9:34

    Também acho Ouro de Tolo uma obra-prima. O que revela um Raul também cronista da Classe Média brasileira da época do Milagre Econômico.
    Além dos fãs, Barcinski, lembro de outra mania chata aqui no Brasil: a de reinventar um “Novo” ídolo que já morreu (Novo Raul, Novo Tim Maia, Novo Senna…) e o “escolhido”, à época fora Zé Ramalho. Este é outro que foi estereotipado pelos fãs, só que com um detalhe: ele ACREDITOU no estereótipo “FFLCH-USP” e mergulhou nele, como filão, tornando-se repetitivo.
    O que você acha do Zé Ramalho? O Peabiru vale um post, não???

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 9:57

      Gosto muito do Zé Ramalho, e ele tem uma história de vida incrível, viu o pai morrer afogado num açude, nasceu numa miséria danada. Nunca ouvi o Paebiru, mas conheço a história do disco, dá um post sim.

      • Vitor comentou em 23/03/12 at 10:09

        Cara, reserva um tempinho pro Paêbiru, é um disco espetacular, único.

        • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 10:17

          Sei que é, mas nunca tive a chance de ouvir, preciso correr atrás.

          • Bruno de Souza comentou em 23/03/12 at 10:31

            Barcinski, não sei se é a melhor fonte, mas segue uma http://migre.me/8orna

        • Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 10:48

          Que é único, sem dúvida. Espetacular já não acho. É muita doideira e pouca música.

    • Ado Pereira comentou em 24/03/12 at 18:50

      “Estereótipo FFLCH – USP” é demais. Aquela galera é bem noiaba mesmo.

  13. Luis Mac comentou em 23/03/12 at 9:30

    Barça, tenho a mesma impressão sobre a forma como o Raul foi sendo “absorvido”, mas nunca conseguiria externar em um texto desse modo como você fez! Muito bom…

  14. Celso comentou em 23/03/12 at 9:29

    Os Mutantes fizeram discos tão variados quanto Raul, só que um pouco antes. Concordo que a fama é injusta, mas se formos analisar criticamente a obra de Raul, diria que o acho superestimado. Na música é frequente desde o plágio resolvido através de processos judiciais até citações, referências, “inspirações”. Mas talvez nenhum outro tenha utilizado tanto obras alheias. O que resta é um pensamento confuso e superficial, baseado num folclore pessoal auto-referente e decalcado de obras alheias (como “S.O.S.”, que você cita, tirada de “Mr.Spaceman”, dos Byrds). Ainda assim, tudo somado, uma figura marcante.

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 9:59

      Bom, Celso, os Mutantes são gênios tb, mas todo grande artista foi acusado de apropriação e plágio. Raul nunca escondeu suas influências, citou Dylan até em letras. Isso não tira a genialidade dele. Até porque Dylan tb copiou muita gente.

      • André Augusto comentou em 23/03/12 at 10:23

        Acho que não se pode chamar o que Dylan de plágio, mesmo porque “copiar” é uma prática bastante aceita na tradição do folk e do blues, e também uma forma de reverenciar.

        E a forma como o Raul o fazia, era uma grande homenagem aos seus ídolos, do mesmo jeito que o Dylan fez.

        • Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 10:51

          E Raul homenageou até Reginaldo Rossi.

        • Celso comentou em 23/03/12 at 10:53

          Cara, eu não sei se é bem assim, “homenagem”. Talvez fosse, talvez fosse esperteza mesmo. Além disso, não havia o costume de dar crédito e tínhamos bem menos acesso a informação como temos hoje. No “Transa” Caetano usou muitos trechos sem dar o devido crédito, toda aquela parte de “Os óio da cobra verde/hoje foi que arreparei” etc, tudo aquilo foi criado por um cara chamado Zé do Norte, que obviamente ninguém está nem aí para quem seja. Homenagem? Certamente. Mas que tem algo de injusto aí, a meu ver tem sim.

          • Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 11:29

            Esse trecho acho que não é do Zé do Norte, é de domínio público.

  15. pedro comentou em 23/03/12 at 9:25

    segundo ronie von outra injustiça na historia de raul é quem o revelou, segundo ele jerri adriani que nunca levou os creditos por isso…

    • Andre Barcinski comentou em 23/03/12 at 9:59

      Olha, eu sempre soube que foi o Adriani que ajudou o Raul. Isso não é tão segredo assim.

      • Luciano Alencar comentou em 23/03/12 at 15:28

        O que é quase segredo é que aquela música doce doce amor, que o Jerri gravou, é do Raul.

  16. Al Diniz comentou em 23/03/12 at 9:22

    Olá Andre
    Vou tentar ver o documentário, uma vez que também admiro bastante Raul Seixas, especialmente a fase mística que você menciona (aliás essa ligação com Aleister Crowley e tudo mais, tão essencial ao pop em boa parte dos anos 1970, aparece bem representada no Brasil por Raul e praticamente só por ele). Creio que a visão revolucionária que Raul tinha da música brasileira, bem mais iconoclasta que a dos tropicalistas, por exemplo (ao levar em consideração elementos musicais brasileiros desprezados por aqueles, como a balada caipira ou os boleros), tudo sempre bem dosado com o melhor do rock, foi um dos motivos do preconceito que hoje se encara a música dele…

    Abs.

  17. Murilo comentou em 23/03/12 at 9:20

    Sempre pensei a mesma coisa, os pedidos de “toca Raul” e as “caricaturas” que aparecem dele por aí podem até ser divertidas mas mascaram um pouco a beleza da obra de Raul…

  18. Peixotano comentou em 23/03/12 at 9:14

    Morreu de forma prematura o Rauzitto, acho que a parceria que ele estava criando com o Marcelo Nova daria ainda muitos frutos, acho Pastor João e a Igreja Invisível, que anda tão esquecida fantástica e simplesmente não envelhece !

  19. andrews comentou em 23/03/12 at 9:07

    Raul nunca calçou o 37.

  20. bruno capu comentou em 23/03/12 at 9:06

    Raul Seixas é gênio ! É inacreditável como faz uma frase ser simultaneamente simplória e genial como “Dois problemas se misturam, a verdade do universo e a prestação que vai vencer”

  21. Marco comentou em 23/03/12 at 9:03

    Um dos maiores letristas do Brasil. O primeiro a misturar Rock com outros ritmos por aqui.
    Com o tempo esse ranço que muitos tem contra o Raul vai desaparecer e a arte dele vai ressurgir novamente.
    De certa forma ele foi o nosso Elvis, botou e popularizou o Rock no Brasil em plena ditadura.
    Isso não é para qualquer um.

  22. Marcel de Souza comentou em 23/03/12 at 8:52

    Pretendo assistir. Realmente o Raul está cada vez mais folclórico e toda essa fama esconde mesmo o lado musical. Que bom que mesmo com todas essas pendengas com as ex-mulheres o documentário conseguiu acontecer.

  23. Felipe de Interlagos comentou em 23/03/12 at 8:51

    E este foi um dos posts mais bem redigidos que já li André. Parabéns e bom fim de semana a todos!

  24. Pedro Reis Lima comentou em 23/03/12 at 8:30

    Troque as décadas do “Verdade sobre a nostalgia” que ela continua sendo perfeitamente atual, nao ?

  25. michael comentou em 23/03/12 at 8:29

    Toca Raul serviu apenas pra criar uma aura de chato (culpa da idolatria de alguns), mas depois dele, ninguém foi tão inventivo e passeou por tantos gêneros

  26. Saulo comentou em 23/03/12 at 8:19

    Barça falou algo que sempre pensei, um pouco diferente: o grande problema de Raul e Bob Marley são os fãs. A música é outra história.

    Raul é gênio. É uma obra para ser estudada, ouvida com atenção em cada detalhe. E quando você achar que já ouviu tudo, aposto que ainda vai se pegar dando um sorriso meio malicioso ao captar mais uma ironia ácida de Raul que você nunca tinha percebido antes.

  27. roberts comentou em 23/03/12 at 8:10

    Putz tai um cara que eu preciso ouvir mais, conheço só as mais famosas, vou assistir este documentário com certeza…Mudando de assunto você viu que vão fazer uma nova versão do filme 1984 sobre o livro do george orwell? o filme original é bom? Nunca tive oportunidade de assistir. Você acha que valeria um post sobre george orwell e sua obra? abraço!

  28. eduardo comentou em 23/03/12 at 8:07

    adoro o Raul, mas que que o pedro Biau está fazendo no meio disso tudo? Só pode ser piada….

    • Saulo comentou em 23/03/12 at 11:18

      Ora, ele é um ícone do rock brasileiro da década de 1970, da rebeldia e da loucura, rs…

      Me perguntei a mesma coisa!

  29. Pedro Reis Lima comentou em 23/03/12 at 7:48

    Mandou bem Barcinski. Aqui em Berlin estou tocando “Novo Aeon” bem alto para fazer juz ao cara. Eu gostaria que explorassem mais aquela fase doida do “Por quem os sinos dobram” em que ele estava, me parece, andando com um pessoal bem esquisto. Quem sao aqueles parceiros que aparecem no encarte ? Em que condicoes o Sérgio Dias participa dos solos ? O bom é que no filme podemos ver o figuraca do Claudio Roberto. Belo texto. Muita sorte pra família. abracao.

  30. Fernando Maia comentou em 23/03/12 at 7:43

    Eu também adoro Raul Seixas…mas detesto a imagem estereotipada que a maioria das pessoas faz dele. Por exemplo: no meu trabalho tem uns evangélicos que não podem ouvir o seu nome que sentem calafrios e começam a comentar…música do diabo…e outras baboseiras…é claro ele teve lá seu envolvimento com as forças ocultas…mas se parar pra ouvir atentamente suas músicas…nunca vi um artista falar tanto de Deus (e sua contraparte) como ele…e digo mais, sou agnóstico mas considero que as mensagens de suas letras têm muito mais força do que qualquer cantorzinho gospel ou desses padrecos por ai…

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