“With a Little Help From My Friends”: um papo com Joe Cocker
28/03/12 07:10
Joe Cocker começou ontem, em Porto Alegre, sua terceira turnê no Brasil. Ele se apresenta ainda em São Paulo (29, no Via Funchal), Belo Horizonte (Chevrolet Hall, 31) e Rio de Janeiro (HSBC Arena, 1º de abril).
Há cinqüenta anos um dos “performers” mais intensos do pop/rock/blues, Cocker é conhecido por sua voz rouca e por uma entrega total no palco. Sua mitológica apresentação em Woodstock, em 1969, quando parecia possuído enquanto cantava “With a Little Help From My Friends”, dos Beatles, foi um dos marcos daquele festival.
Bati um papo rápido com Cocker pelo telefone, há duas semanas. Aqui vai a conversa.
– O que você lembra das turnês que fez no Brasil?
– Eu gostaria de dizer para você que as outras turnês no Brasil foram maravilhosas, mas a verdade é que não lembro direito. Sabe, eu tive alguns momentos da vida em que minha cabeça não estava 100% (Cocker sobreviveu a momentos difíceis, especialmente nos anos 70, com crises de álcool e drogas). Lembro que, no Rock in Rio (1991), eu mal consegui sair do hotel, de tanta gente que havia na porta.
– Como será o repertório dessa nova turnê? Vai tocar músicas novas?
– Só vou tocar umas três novas. Depois que você adquire uma certa experiência, sabe que o público vai te ver para ouvir as músicas que gostam, e eu nunca decepciono meu público. Tenho várias músicas em meu repertório que não podem ficar de fora. Claro que vou cantar “Up Where we Belong”, “You Are So Beautiful” e “With a Little Help From My Friends”.
-Você nasceu em 1944. Como foi crescer na Inglaterra do pós-guerra?
– Foi muito duro. Havia racionamento de comida, nossa vida era muito difícil. Foi o rock que me salvou. A música era uma das poucas coisas que me dava alegria.
– Sua família era muito musical?
– Meus pais ouviam muita música. Meu pai era fã do Mario Lanza (tenor italiano que fez muito sucesso no cinema nos anos 40, cantando canções românticas), então cresci ouvindo isso. Mas fiquei louco mesmo quando ouvi Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis. Antes deles, tive um ídolo local, Lonnie Donegan (astro do skiffle, uma espécie de “pré-rock”). Quando eu era adolescente, tinha uma banda de skiffle, era muito primitiva, tocávamos com um baixo de uma corda e usávamos uma tábua de lavar roupa para fazer a percussão.
– Você foi um grande fã de Ray Charles, não?
– Sem dúvida. Aquilo foi um marco para mim. Fiquei obcecado por Ray, pelo blues e pela soul music. Ninguém me marcou tanto quanto Ray Charles.
– Você ficou marcado por um estilo intenso no palco. De onde vem isso?
– Sempre fui assim. Sou uma pessoa tímida, mas acho o palco um lugar sagrado e importante, é lá que me solto. Não admito um artista que não tenha respeito por seu público e que suba ao palco sem dar o seu máximo. Hoje, em determinados momentos de meu show, eu tenho visões de momentos importantes da minha vida, de grandes instantes que passei no palco. Às vezes, olho para o público e percebo que as canções também lembram as pessoas de suas vidas, é muito bonito isso.
– Para finalizar, preciso perguntar: há alguns dias, foi o 30º aniversário da morte de John Belushi (famoso cômico norte-americano), e ele fez uma imitação sua no programa “Saturday Night Live”, cantado “With a Little Help From My Friends”, que é antológica. Li em algum lugar que você adorou a imitação. É verdade?
– É sim. Isso é “showbusiness”, se alguém está te imitando, deve ser um bom sinal. Meus amigos ficaram putos, teve gente que disse que eu deveria tirar satisfação com Belushi, afinal, ele ficava jogando cerveja na própria cara como se fosse um louco. Mas eu não me importei. Até participei do “Saturday Night Live” depois, fazendo um dueto com ele.
– E como Belushi reagiu?
– Ele estava muito tímido, parecia até meio assustado. Deve ter achado que eu iria bater nele.
o tecladista de bigode parece o Ron Jeremy.
Bem legal. O Mario Lanza era americano (vamos dizer, ítalo-americado).
Parabéns pela entrevista. Ficou ótima.
Barça…não sei se ainda está comentando esse post mas já que foi lembrada a música “With a Little Help From My Friends” que tal um post sobre: Versões de músicas melhores ou que fizeram mais sucesso do que as originais?
Acho que já fiz post com esse tema, mas vale um repeteco com outras músicas…
É talvez o único artista que gravou uma música dos Beatles melhor que o original, com ‘With a little help from my friends’. Não é para menos. O órgão Hammond na introdução e o riff de guitarra de Jimmy Page são irretocáveis.
Nem Stevie Wonder interpretando ‘Imagine’ ou Frank Sinatra cantando ‘Something’ conseguiram a façanha de Cocker.
John Belushi foi inteligente ao fazer uma caricatura da antológica performance do cantor. Se tivesse limitado-se a imitar ficaria grosseiro. E Joe soube capitalizar para si a sátira de Belushi.
Eu dei uma olhada na apresentação de Joe Cocker em Woodstock (youtube) e Belushi estava bem mais “são” do que ele. Acho que o Cocker gostou da apresentação do Belushi pelo motivo dele não lembrar da própria apresentação em 1969.
Putz…eu jurava que o Joe Cocker já tinha morrido…levei um susto quando vi que estava se apresentando no Brasil…
Eu tenho, quase certeza, que Joe Cocker, influenciou, e muito Eddie Vedder, do Peral Jam, a cantar. Esta exolicado, porqu~e o vocal do Peral Jam, tem um vocal, insuportável. A prova esta aí. Seu ídolo mor, JOE COCK DO RÊGO
“You can leave your hat on!”, música para excitar até a última célula. Joe Cocker, artista dinossauro, da melhor qualidade possível, maravilhoso! “Shelter me” também linda, um arraso.
Intérpretes como ele estão se tornando exceção.
Sandpaper Cadillac é uma das músicas mais loucas do Cocker. Não canta nem um pouco…
http://www.youtube.com/watch?v=Nb8czWLYsCM
Pena não poder ir ao show desse motherfucker.
Guardadas as devidas proporções (artisticas e humoristicas), enquanto isso Zezédi e Luciano porcessam o PANICO por uma satira ao filme Dois Filhos de Francisco que virou 1 Filho e meio de Francisco. QUe fase…
Excelente.
Falta o Leonard Cohen.
muito boa mesmo, barça. vc precisava dar uma entortada no roger waters, se é que já não deu (e eu não vi). abração
Andre, bela entrevista mas acho que ja li uns 3 ou 4 posts sobre Joe Cocker e Belushi…. ta bom ne?
Não,vc leu um sobre o Belushi, e esse agora. Não exagera.
André, engraçado o Joe dizer que o John Belushi parecia assustado, estava tímido ao fazer a imitação, porque vendo o vídeo parecia justamente o contrário!!!!
Parabéns André. Excelente entrevista.
Valeu, mas o mérito é do entrevistado, sempre.
André: só vc mesmo pra me dar alegria nesta quarta-feira tão depressiva! Milhões de babacas pegando no meu pé, enchendo meu saquinho até as horas, e daí leio uma entrevista de Joe Cocker e lembro do tempo que assistia “Anos Incríveis” e era feliz!
‘brigadão!!!!
Que entrevista legal! O cara parece ser gente boa. É mais um caso que você nos mostra de pessoa que poderia ser um PNC, mas na verdade é super na boa, pelo menos parece. André, acho que você deveria começar a fazer o contrário agora, publicar umas histórias que caras que parecem legais, mas na verdade são uns malas! 1 abraço,
Muito legal ele contando que durante os shows vê momentos de sua vida, e que percebe o mesmo sentimento nos fãs. Isso é o que realmente podemos chamar de “estar envolvido” com a música e a platéia. O velho Joe merece cada centavo do seu cachê.
Parabéns Barça, ótima entrevista!
Isso que é espírito esportivo e fair play. Se fosse com algum artista brasileiro, ia querer processar o imitador e exigir danos morais. Um dos melhores momentos desse dueto foi quando Belushi oferece cerveja para o Cocker e este recusa, quase rindo.
André, parece incrível, mas você fez a pergunta que eu faria para ele. Saber que ele gostou da imitação do Belushi é um tapa na cara desses “artistas” brasileiros que se acham acima do bem e do mal. Todos melindrados o suficiente para não perceberem que fazem parte de uma coisa maior chamada “Showbusinnes”.
Mesmo em relação aos artistas estrangeiros foi uma reação atípica, não?
Pode ser, mas eu percebo em personalidades públicas (não só artistas) de outros países um “espírito esportivo” que não é comum por aqui. Basta assistir ao Saturday Night Live e ver o tipo de piada/paródia que rola, impensável por aqui. E a quantidade de hosts e convidados que aparecem no programa tirando sarro deles próprios com piadas sobre assuntos sérios. É bastante diferente.
É bom saber que ainda existem artistas que colocam os fãs em primeiro lugar, algo cada vez mais raro!!! Parabéns Joe!!!
Respeito ao público é fundamental. Senti isso no show do Pearl Jam realizado no Rio de Janeiro.
É o mestre das versões. Gosto particularmente daquele segundo album dele, “Cocker!”, tem uma versão de “I shall be released” do Bob Dylan que maravilhosa, já a versão dele de “Love the one you’re with”, do Stephen Stills, presente no “Live in L.A.” é de arrebentar.
Ops, essa versão do Dylan é do primeiro disco, a do segundo é “Dear landlord”..
Andre, ele podia fazer uma versão de “It’s Very Nice pra Xuxu” hein?
abç
André, lembra que um tempão atras você fez um post sobre os cruzeiros temáticos?
Pois é , seus sonhos marítimos se tornaram realidade. Vai haver o cruzeiro do Krisiun. rs
http://legacy.roadrunnerrecords.com/blabbermouth.net/news.aspx?mode=Article&newsitemID=171879
Tô nessa.
“You can leave your hat on!”. Uma das melhores músicas pré-coito já feitas!
Não seria Tom Jones?