Semana Santa nas trevas
10/04/12 07:17
Quem mora em cidade litorânea tem duas certezas quando chega um feriado prolongado: a primeira é que o lugar ideal para passar o feriadão é trancado em casa. A segunda é que vai faltar luz.
Moro em Paraty, litoral do Rio de Janeiro. A luz aqui é fornecida – ou melhor, não-fornecida – pela Ampla, concessionária que atende, segundo o site da empresa, a 73% do território do Estado do Rio.
Quando chega um feriado, já deixamos preparado nosso “Kit Ampla”, que consiste em velas (normais e de citronela, para espantar mosquitos), fósforos, lanternas, pilhas, cantil e bússola.
Só esse ano, já faltou luz aqui em casa pelo menos 19 vezes. Média de uma queda de energia a cada 5,3 dias.
Mas sou otimista, e tento sempre ver o lado bom das coisas.
Se não fosse pela Ampla, minha filha provavelmente nunca teria visto um vaga-lume em ação. Mas com o jardim eternamente mergulhado em trevas, ela se diverte vendo as luzinhas voando pelo ar.
E o brilho da Lua? Que criança, em cidade sem a presença da Ampla, teria a chance de conferir a surpreendente fosforescência lunar?
Agradeço também à Ampla pela aula de História que oferece aos clientes aqui da cidade.
Paraty é uma cidade colonial, fundada em 1667, e que preserva sua arquitetura. E a forma que a Ampla criou para homenagear as tradições locais é promover constantes blecautes, para dar aos paratienses um gostinho de como era viver por aqui no século 17. Uma beleza.
Nessa Semana Santa, a história se repetiu. Entre quinta e domingo, a luz caiu sete vezes.
Como sempre, ligamos para a Ampla. A primeira pergunta é a mais engraçada: “Você está sem luz”?
Se isso não te mata de rir, que tal a frase seguinte: “Então pegue uma caneta e anote seu número de protocolo…”?
Anotar como, se a casa está no breu? O pessoal aqui se escangalha de rir.
Mas o melhor são os prazos de atendimento: “A equipe de emergência estará em poucos minutos em sua residência”. Isso foi às 19h34 de quinta.
Às 3:45 da manhã de sexta, toca o telefone. É a Ampla, perguntando se a luz já tinha voltado. “Ué, por que você não pergunta pra equipe de emergência, que nunca apareceu aqui?”, respondi.
O curioso é que, quando a gente quer que a luz acabe, isso nunca acontece. Por exemplo: a festa EXPLOSÃO ELETRONEJA, que rolou sábado à noite numa chácara aqui perto e que deixou o bairro todo acordado até seis da manhã ouvindo “Ai Se Eu Te pego” em versão poperô, rolou numa boa, sem nenhuma queda de energia. Vai entender.
Barcinski, fiquei intrigado com o nome “EXPLOSAO ELETRONEJA”. Infelizmente ainda nao esta’ no wikipedia. Mas ja tem la’ o termo “pagode universitario”, reparem na qualidade do texto. O autor nao se resume a falar do estilo musical mas tambem se propoe a traçar um panorama da qualidade de educacao universitaria no Brasil. Impressionante. Onde tudo isto vai parar?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sertanejo_universit%C3%A1rio
Sertanejo universitario, nao pagode, perdao aos pagodeiros.
Não está na Wiki porque é a última tendência, coisa novíssima. Procure em “peste bubônica”, talvez tenha alguma menção ao Eletronejo.
Aí em Parati tem Juizado Especial de Pequenas Causas?? Não tem jeito, Barça, enquanto não levar essa empresa a pagar pelos erros, vocês irão continuar tendo dor de cabeça.
Não sei qual motivo te levou a morar em Paraty. Mas morar em cidade pequena, tô fora.
Conheçam Vitória-ES e vcs vão ver o que é cidade paradisíaca. O Brasil não conhece o ES e por isso aqui ainda não foi tomado por turistas.
cara cuidado com o que vc diz, porque aqui na minha cidade, a linda e paradisiaca Florianopolis, nos chamamos o turismo e por falta de ações publicas a cidade esta sendo tomada por construções irregulares e a mobilidade urbana é a pior do das capitais do Brasil e o trafico ja domina alguns bolsões da cidade. Florianopolis esta virando um favelão! E a segurança por aqui é ZERO!
dê um pulinho em Salvador. quando voltar, vai achar Floripa um paraíso.
Moro em brasilha, df, ao lado do dilmão, e garanto que a situação aqui não é muito melhor (dilmão também já ficou às escuras durante uma reunião de arto niver). A rede aqui é de açúcar, e se chuvisca, ela derrete. De resto, o investimento nas últimas décadas não houve (foi tudo para campanhas) e o kWh é a peso de ouro. Esqueça DIC, essas coisas, isso é só balela. Ou vc acha que a ANEEL é melhor que a ANATEL?
Caro André, sua ironia é de primeira, bons seus textos. Rapaz, Explosão Eletroneja…a sensação de ficar ouvindo isso deve ter equivalência em ter a vesícula biliar retirada pela boca com um alicate.
Foi duro mesmo. Misturou DJs com bandas ao vivo. Só o tal do “Kuduro”, tocaram umas três versões diferentes.
Dê uma olhada na sua conta de luz nos índices de interrupção do fornecimento (DIC, DEC, DMIC…), para saber se a empresa está sendo devidamente penalizada e por consequência, os descontos nas faturas estão sendo devidamente realizados.
Imagine o QI de ameba do sujeito que sai de casa pra uma festa chamada Explosão Eletroneja. Esse nome, achei que brincadeirinha sua de carioca, mas não é pelo jeito. Que coisa medonha, vc precisa criar um bunker subterrâneo com gerador a diesel. Ê país medonho de gente medonha.
Eu nunca seria capaz de criar um nome desses, Baia.
Deve ser ainda pior se mudar pra um lugar paradisíaco como esse e conviver com essas desgraças do que morar em SP. Pelo menos em SP sabemos que é uma desgraça. Em Paraty acho que as pessoas imaginavam que teriam uma vida mais tranquila, não? Abraço
Com certeza. Mas feriado em litoral é um pandemônio, não tem jeito.
Mas durante os dias de semana é tranquilo em Paraty? Eu visitei a cidade, permanecendo aí cerca de uma semana, pois gosto muito de fotografar e Paraty é um prato cheio. Achei a cidade sensacional, maravilhosa e tranquila em relação à violência. Mas realmente movimentada, mas esse é o preço por morar numa cidade com um centro histórico cinematográfico, né?
Só fica cheio em feriados, de resto é tranquilo demais.
Minha sugestão para aumentar ainda mais o alcance do já fabuloso Kit Ampla é uma bisnaga de gelol ou similar, de modo a coibir a indesejável rouxidão nas canelas por conta dos móveis que insistem em ficar na nossa frente quando estamos no escuro, tateando à procura do referido Kit.
André, explica pra que a bússola no kit, sua casa é tão grande assim?
Ué, o bairro fica no breu, a gente precisa saber pra onde anda…
Só seguir os Vaga-lumes…
Minha avó saiu de Spo e foi morar em Mongaguá.
A casa dela é bem longe do centro, pegada na mata fechada mesmo. Até ano passado, tudo ia muito bem, porém começaram a surgir novos vizinhos com seus super-carros e suas musicas de excelente gosto e altura elevada, independente do horário. Adeus paz.
Acho que 100% de tranquilidade você encontrará hoje em dia somente no pico do Everest.
A região aonde ela mora ainda não sofre de problemas elétricos, portanto nesse caso Barça, minha vó está mais no lucro que você. Quem sabe até quando.
Sugiro que, num esforço de reportagem, o blogueiro visite a próxima edição da festa Explosão Eletroneja para uma cobertura ampla (sem alusão à empresa) e profunda in loco. Jornalismo investigativo!!
Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.
Ideia genial 😀 .
Só não esqueçam de levar o kit “Eletroneja”: gasolina, fósforo (ou maçarico) e muito papel pra fogueira subir logo…
Me solidarizo à sugestão do leitor Rodrigo.
Creio que seja de fundamental importância uma reportagem e um (ou vários) posts da Explosão Eletroneja 2 – A Missão.
Me lembro até do texto do lançamento do teu livro BARULHO há muitos anos atrás: um reporter brasileiro no underground dos EUA etc, etc…
Agora poderia ser: o relato de um repórter brasileiro sobrevivendo no inferno do Sertanojo Universitário Eletrônico.
Para uma matéria assim, câmera escondida no copo de cerveja.
Meu “kit breu” é uma lanterna e um violão, não precisa muito mais!
Dica caipira: compre dois lampiões. A iluminação é muito boa e regulável. Você poderá até ler um livro daqueles antigos, de papel, sem risco de queimar.
Os caras da festa conhecendo tão bem a Ampla alugaram um gerador para abastecer o PA ….. Para o kit Ampla sugiro as lanternas de LED, com dínamos e capacitores invés de pilhas, vc nunca fica na mão, duas delas fazem parte do meu kit Light, junto com velas, lanterninhas de mesa a Led e uma grande Mag- Light daquele tipo “LAPD” ( boas para bater em minorias) caso seja necessário muito luz. Kit esse que vem sendo pouco usado, pois esse verão aqui no Rio não foi tão quente e meu bairro não tem mais rede aérea. Outro ponto fundamental, nunca quarde as pilhas dentro das lanternas, retire o papeão das embalagens e use as partes plásticas como organizador e prateleira de pilhas. Elas ficam isoladas, não perdem energia e não vazam
Êta “paisin” desgraçado esse nosso Brasil, hein?!!!
você verificou se a Eletroneja por acaso não tinha patrocínio da Ampla?
é curioso como essas concessionárias (luz e água), que não tem concorrente algum, investem pesadamente em publicidade e patrocínio em vez de melhoria dos serviços.
Jajá a Ampla muda o nome para “EletroneRJ(a)” e vai garantir uma “explosão” de energia para os Paratinenses,,,
podia faltar luz durante o lollapaloza
Cuidado que algum fã xiita de “Tofu Streetfightrers” vai retaliar…
Mas André, esses caras da EXPLOSÃO ELETRONEJA não deviam ter um gerador? Sacanagem você ficar culpando Ampla.
Se vc visse o naipe da produção da Explosão Eletroneja, saberia que não tinha gerador.
A festa da “Explosão Sertanojo” bombou ou explodiu? Quantos foram feridos?
Só fazendo piada mesmo pra não infartar.
Excelente o texto o Andre. O melhor de tudo eh o seu bom humor em lidar com o assunto.
Um abraco.
Meu post entrou no lugar errado. Foi mal José Bueno da Silva.
Geralmente quando falta luz aqui no bairro, podemos ver a luz da lua refletida na represa… a ilha de fundo… coisa mais linda.
cara, registra protocolo diretamente na http://www.agenersa.rj.gov.br/ ou aneel.gov.br. Se for como funciona a Anatel o que eu creio ser igual , o sr ampla vai vir na sua casa pessoalmente resolver o problema da falta de luz e vai ser multado a cada x dessas.
Risadaria é o que o 190 faz com o pessoal aqui da zona norte-sp, onde os bailes (de rua) funk, com som capaz de ser ouvido a kilometros, indo noite adentro com toda a sua sujeira e imoralidade. Minhas crianças são obrigadas a ouvir aquelas letras. Barça, SP tá largada às traças….. a PM nos abandonou.. estamos à mercê de um tal Funk da Loira aqui que eletronejo seria música clássica.
Imagino, rola aqui tb, é muito triste. Tem um gênio que liga o carro TODO DIA, rolando funk proibidão, ao lado de uma pracinha onde as crianças brincam. Parece que faz de propósito só pra criançada ouvir.
Chegamos ao cumulo da ostentação e falta de bom senso. Não adianta simplismente ter, temos que mostrar.
Comprou uma garrafa de Whisky? Legal. Beba no meio da rua ao lado do seu super carro pago em 60 prestações com o volume no talo.
Aqui na Zona Sul de Spo é a mesma coisa.
Dá vontade de mostrar tambem minhas coisas adquiridas. Uma delas seria um CD do Napalm Deth ou do Brujeria \o/ .
“explosão eletroneja” que isso? uma feira de ciências ?
Há aqueles que dizem que a privatização só veio pra melhorar o funcionamento das coisas e desburocratizar os serviços. Parece que o que ocorre é que os serviços não foram melhorados e o atendimento é tão burocrático e ineficiente quanto antes, com um sem número de protocolos, prazos e etc. e o pior: com preços abusivos.
Seria engracado senao fosse catastrófico. Pelo menos vc consegue manter (discursivamente) o bom humor. Tenho uma pergunta fora do tópico: O que afinal vc achou do novo do Leonard Cohen que despertara tantas expectativas ? Nao vale um post ? Saudacoes tricolores e berlinenses, Pedro.
Zé, por ser um serviço privado, devemos reclamar e cobrar melhorias, pq pelo preço que pagamos está tudo uma grande bosta.
Mas imagina como estariamos se as empresas fornecedoras não fossem privadas ? Para quem reclamariamos ?Imagine os mesmos preços altos, com burocracia em niveis cubanos, cabides de emprego e fontes de propina sangrando o erário e tecnologia digna de Coréia do Norte.
Concordo que devemos reclamar e cobrar por melhorias, mas não devemos cobrar e reclamar para os serviços públicos também?
Há ouvidorias e as Agências Reguladoras para isso, no plano privado também há os SACs da vida, mas quase nunca funcionam e somos obrigados recorrer ao Procom, que raramente funciona também.
Não caiu durante a Eletroneja por dois motivos básicos:
Geradores e toda a população que ouve eletronejo que foi ao show e deixou seu radio desligado.
Na verdade durante o show sobrou energia, nao notou o brilho mais intensos das luzes?
Mas agora falando sobre o post…outro dia faltou luz aqui em casa também e bateu o desespero nas minhas filhas pequenas…pois ficaram sem computador, sem internet, mp3 e sem Disney Channel (bleargh!) é impressionante como as novas gerações é dependente da tecnologia…se sentem pelados sem tecnologia…como tudo tem o lado positivo…eu aproveitei pra resgatar do armário uns jogos antigos de tabuleiro: Banco Imobiliário, Detetive, Totó (pebolim pros manos) e até hoje elas me pedem pra voltar a jogar…
errata…SÃO dependentes da tecnologia (meu corretor ortográfico do windows me alertou) rsss
Essa dependência veio do nada?
TEM O “JOGO DA VIDA” LEMBRA… ? VC PODIA ENCHER O CARRO DE FILHOS…. SADIO