Por que banda nova é tão ruim de palco?
12/04/12 07:10
Você já viu esse filme antes.
A banda sobre ao palco de um festivalzão, tipo Lollapalooza ou Planeta Terra. Os músicos parecem meio assustados.
O vocalista, com cabelo cuidadosamente caindo na frente da cara para esconder a timidez, balbucia alguma coisa ao microfone.
Quase sempre é alguma frase engraçadinha ou uma piada interna, só compreensível para os outros integrantes. O público, mesmo sem entender, aplaude. Afinal, é início do show, tem aquele frenesi da expectativa…
Daí começa o show. Na frente do palco tem os 15 indies de sempre, que conhecem todas as músicas e pulam como se estivessem presenciando a volta dos Smiths. Os outros 20 mil mortais ficam parados.
A banda toca todo seu repertório de dez músicas. No intervalo entre as canções, o vocalista balbucia mais algumas gracinhas ininteligíveis. Os 15 indies sorriem e fazem o gesto do coraçãozinho.
O show acaba. Os 15 indies vibram e ficam comparando com outros shows de bandas igualmente desimportantes, que só eles conseguem lembrar. Os outros 20 mil mortais esquecem tudo depois de dois minutos.
Casos assim rolam direto. O Planeta Terra, então, é o paraíso desses shows esquecíveis, geralmente realizados por bandas novas e sem grande experiência de palco.
O que leva à pergunta: por que toda banda nova é tão ruim de palco?
OK, “toda” é exagero. Deve existir alguma banda nova e boa de palco, embora eu não consiga lembrar nenhuma, nesse momento.
Mas a grande maioria faz shows péssimos. Estão aí Bombay Bicycle Club, Gang Gang Dance, White Lies, Foster the People e tantos outros que não me deixam mentir.
Quando o assunto é banda indie-hipster-dance, então, é batata: nenhuma faz um show que preste. Nem as mais “antigas”: Rapture, Friendly Fires, Klaxons, Two Door Cinema Club, etc. Tudo enganação.
Acho que isso tem a ver, principalmente, com a rapidez com que as bandas saem do anonimato para os grandes festivais.
Antes da geração Myspace, um grupo tinha de penar em clubinhos para divulgar sua música. Isso lhe dava uma certa cancha, uma maturidade de palco.
Mas depois que o Arctic Monkeys saiu diretamente da garagem de casa para o palco principal de Reading, esse período de experiência acabou. Hoje, o que mais se vê são “headliners” totalmente despreparados para encarar um público grande.
Nos anos 90, eu tinha a teoria – e acredito até hoje – que a maioria das bandas britânicas era ruim de palco, e que isso seria culpa, em boa parte, da mídia musical inglesa, com seus semanários obcecados em descobrir a próxima novidade para alimentar os festivais.
Em outros lugares do mundo, sem o suporte do “NME” e da “Melody Maker”, bandas tinham de ralar em espeluncas por um bom tempo para fazer sua fama. Isso explicaria também o fato de tantas bandas inglesas só fazerem sucesso em casa.
Com a Internet, esse fenômeno da “ajudinha” às bandas se tornou global e instantâneo. Um grupo põe duas músicas no Soundcloud (Myspace já era, né?) e em dois minutos é chamado pro Coachella. O resultado, quase sempre, é desastroso.
E tome banda sem carisma, sem empatia com o público, sem noção de espetáculo e sem humor. Ou o vocalista se joga na platéia – saída mais fácil para simular emoção – ou pega uma bandeira do Brasil e sai dando uma de Galvão.
Isso não é show, é missa.
Barça tem razão. Sem exagero: até Restart e NxZero têm (muito mais) mais noção de palco do que todas as bandas citadas. Tremei, indies: Festival de Verão de Salvador dá muito mais currículo do que Coachella ou All Tomorrow Parties.
Melhor banda ao vivo que NÃO existe em estúdio : NINE INCH NAILS !!!
Quem assistiu o DVD/Blu-ray “Beside you in time” sabe do que estou falando.
Um verdadeiro TERREMOTO sonoro e visual!!!
Eu vi eles no Rio em 2005 e foi no máximo legalzinho.
Que alívio ler esse texto! Assistindo o Lollapalooza tive exatamente a mesma sensação, e até refleti se o problema não era eu que podia estar ficando retrógrado.
Seja lá qual for a explicação, o fato é que está difícil curtir qualquer banda de rock com menos de 5 anos de história. Principalmente essa nova onda Indie, que toca para uma multidão, porém como se estivesse manipulando um controle de video game dentro de um quarto com os amigos da escola!
Você tem um amigo hipster criado a leite com pera? Quer salvá-lo dessa vida fútil?
Mande este vídeo para o infeliz: http://www.youtube.com/watch?v=jPPvu3WmQqg&feature=related
Eu tenho medo do vocalista do Melvins!!!
Carisma. Taí a palavra chave. Fiquei pensando aqui em bandas/músicos dignos de grandes shows, mas que tinham 0 de carisma. Não consegui lembrar de nenhum até o momento.
Cara, tem um que conheço! O ex-vocalista do Accept, o UDO. Saca só: http://www.youtube.com/watch?v=B_3TlrZLpQ0&ob=av2e Showzasso sem carisma algum! kkk
barça como sempre genial. saudades amigo!
Fala, Marcelo, beleza? Quanto tempo, não?
Sério. Os comentários de hoje são SEM DÚVIDA uns dos melhores que já li! Só perdem creio que para o dia das “placas bizzarras”. Demais!!!
Concordo.
A última banda boa da história foram os Everly Brothers. Depois, com os Beatles, o rock degringolou.
Rsrsrs…
André, não sei se leu o que o Inácio escreveu ali sobre o “Xingu”. Achei muito bacana.
Concordo plenamente e fico tentando pensar se será e como possível mudar esse senário que está acabando com o rock.
Se for para avaliar performance de banda, fico em casa vendo DVD das apresentações.
Vou para o festival para curtir, ver a banda, conhecer novas pessoas, ficar e conhecer a vibe do festival, viajar na maionese, ir pra roda punk e etc.
Isso para mim é relato de um frustrado!
Quando a banda é boa ela toca bem para 10 pessoas na espelunca da esquina quanto no estádio para 200 mil cabeças.
O problema é quando a performance é ruim de qualquer maneira, seja para dez pessoas, seja para 200 mil.
Acho que você não leu direito o comentário.
Com certeza!
André, falou tudo. Banda sem tempo de estrada não tem como ser boa. talvez quem curta os shows dessas bandas também não tenha experiência de ter visto músicos de verdade apresentarem-se.
Lembro até hoje do show espetacular que vi no Sesc Belém do TRAIL OF DEAD. Simplesmente um dos cinco melhores que já vi (e olha que já fui em muitos…)
Concordo, mas melhor o excesso dos ingleses que a nossa mediocridade acomodada. Maria Gadu, Maria Rita, Tulipa Ruiz, Seu Jorge? É isso que nós temos de NOVO?
Perfeito. Não aguento mais esse pessoal que tem em todo bar que o pessoal “eclético” vai e nos tentam enfiar goela abaixo como cantores. Ou os enlatados norte americanos com berros constantes e batidas de programas baixados na internet, ou pessoas dois por dois cantando feito meninas com tampa de bueiro no pescoço. Fico com os ingleses honestos e não esses de festival.
Concordo contigo, Barcinkski, mas acredito que o problema não é a relação da banda com o público e sim entre as pessoas. Quando a coisa vai para fora do computador, aí o bicho pega porque acaba o relacionamento virtual. Fora isso, há uma invasão de pessoas que enxergam a arte como um emprego qualquer e para manter o “cargo” evitam a ousadia a qualquer preço. Portanto, erro mínimo sobre o palco.
SIMLPLES,SÃO BANDAS RUINS,SÓ ISSO.
Aguardo ansiosamente pelo “Manual Barcinski de Ser Fodão no Palco”, depois do “Manual Barcinski de Pasteurizar Personalidades”.
Sim, porque legal mesmo seria se Arctic Monkeys fosse igual a Wilco nos shows.
É isso aí.
Olha, Lili, isso seria impossível. Arctic Monkeys não serve nem pra afinar os instrumentos do Wilco.
…porque são bandas diferentes, com propostas diferentes para gostos diferentes.
Mas é sério, lança o manual –meaning: um post sobre o que, na sua opinião, faz as bandas boas de palco tão boas. Gostaria de entender.
Não tem fórmula. Tem banda que não fala com a platéia, fica parada, e o show é fodão. Tem banda que se joga de cabeça dos refletores, e é péssima. Resumindo: tem banda que funciona ao vivo e outras não. Depende muito do tipo de som, do lugar, etc. Mas uma coisa toda banda boa tem: carisma, independentemente de como a banda se comporta no palco.
Carlinhos Brown ao vivo é bem melhor do que o Wilco!!!!
Hahahahahaha Roberts… rs
Boa Lili,
Caro Andre,
Você realmente acha que as bandas novas são ruins de palco? Então, concordando com o que a Lili falou, monta um manual de como ser uma boa banda no palco, e então eles podem ler e aprender com você….
Aff!
Quem é Wilco?
É o pai do Foster, do the People.
Alice in Chais – O Layne Staley nem se movia no palco e eram duca ao vivo.
Iron Maiden – Se houve algum show deles que foi a meio pau, me avisem
Franz Ferdinand no Espaço das Américas – Nunca tinha visto tamanha interação de banda e publico (todo ele) num show.
Vai entender!? Tem gente que no palco detona e gente que faz boas musicas mas não domina o palco. Não há fórmula.
HAHAHAHAHAHAH! Cara… eu ri MUITO com a Lili!!!
Nossa, não tenho saco para esse tipo de comentario “quero ser amigo do blogueiro”.
Lili, mandou benzaço! Rsssss.
As meninas de condomínio fechado estão enraivecidas com as críticas de suas bandas favoritas.
Lili,
Se o crítico soubesse como fazer um espetáculo “fodão” não seria crítico, mas produtor, diretor, ator, músico ou poeta de sucesso.
Toda crítica deve ser lida sob essa perspectiva.
A crítica de arte tenta fazer uma análise racional de algo que escapa à razão.
Fico com os comentário do Bruno (16:52) e do Sergio Andreandre (16:20): Se a banda é ruim, ela é ruim. Creio que é muita presunção um jornalista crer que é a mídia de um país que determina a qualidade das bandas que ali surgem.
Os jornais, revistas e blogs não governam o mundo.
Governam sim. Quase 300 comentários hoje e 500 segunda, sendo que 80% são de fãs magoadinhos.
Smiths é uma bosta. The Cure deixa eles no chinelo.
E o Kiko?
Toca guitarra no Angra.
Tá no chaves
Dentre essas bandas novas, eu prefiro Echo and the Bunnymen no palco.
Isto é verdade, vi um show deles em 2002 e foi sensacional, tava vazio fiquei colado no palco!
Barça,
juro por deus que se conheço um decimo destas bandas é muito e no geral acho tudo muito ruim. Foda é pagar 160 conto pra ver o Mark Lanegan to louco pra ir mas o preço é de fude.
Abraço Eden
Mas isso não é só na música né? Diretores hoje chegam ao posto direto, entram como trainee, sem nunca terem feito nada na empresa.
A performance é nível Klaxons, péssima
Concordo plenamente. Alias, e talvez pelos motivos muito bem expostos, constatamos que o mundo nunca viu tamanha proliferaçao de bandas merdas como nos dias de hoje. Trocamos o Belo pelo Novo. Tambem vale lembrar que os Beatles ralaram durante dois anos em Hamburgo para se tornarem um grande sucesso. No pain, no gain. Abraço.
O Datsuns quebra tudo ao vivo. Vi o pequeno show deles em SP, às 4 da manhã, na frente de 100 privilegiados, e achei do balacobaco. Na época, a banda tinha 7 anos de existência e 2 discos. Não sei se isso fazia uma banda nova, mas foi o melhor exemplo que lembrei e conferi “in loco”.
Já vi Datsuns ao vivo e é muito bom mesmo. Mas imagine os buracos onde esses caras não tocaram na Nova Zelândia. E quanto show bom já não viram passando por lá.
Com certeza. Aliás, muito da razão de termos bandas novas ruins de palco é a própria maneira como elas surgem. A dificuldade de arrumar lugares pra tocar, a experiência de se apresentar em buracos, etc, legitimava os mais persistentes até que uns poucos chegavam no estágio máximo que era entrar em estúdio pra gravar um disco. Hoje, o processo se inverteu. São tantas facilidades, músicos que gravam em casa e fazem sucesso virtual, que o palco revela a falta de experiência real. Se pudessem, algumas dessas bandas novas fariam shows via webcam.
acho que é pura falta de cancha sim. Falo porque jah passei por isso. Tinhamos uma banda razoavel de garagem que tocava em botecos, ateh o dia que arranjaram um espaço para tocarmos por 25min em um festival para 8000 pessoas… como lider/vocalista/guitarrista da banda, nao sabia mesmo o que fazer entre as musicas, o que falar, etc alem de “valeu!!” haha… vale lembrar dos Beatles em Hamburgo, fazendo show dia apos dia durante varios meses… soh a pratica leva à perfeicao. E tem mais, acho que essas bandinhas de hoje com o cabelo na cara e suas cancoes têm esse tom de pretenso indie seil la o quê “nao posso me passar por muito empolgado”… e o resultado sao esses shows em geral sem graca.
Fala, Barça!
Concordo com o seu post, e digo mais: as bandas de hoje são ruins de palco muito porque as plateia de hoje são ruins de plateia também. Fui no Lollapalooza no primeiro dia. Tava um saco, filas, cansaço e a plateia do caldeirão do hulk em peso. O show do Foo Fighters foi bom, visto que ele é o Paul McCartney do século XXI (gente boa, joga o jogo, e tem um Lennon morto em seu passado – Cobain).
Com relação as bandas britânicas dos anos 90, acho que nem todas eram tão ruins de palco. O estilão “blasé” inglês 90 sempre foi contraponto comercial ao “tudo ou nada” americanóide. Era o jogo.
Sem mais,
Abraço!
Experiência de palco se adquire com estrada, com diversos shows parecendo que está travado em frente ao público. Tão simples como 1+1 é 2.
Agora, me dizer que basta “soltar umas músicas no MySpace” para subir ao palco de grandes festivais atenta contra todo e qualquer argumento apresentado no texto, mostra que falta experiência prática ao referido crítico.
Soltar músicas no myspace/soundcloud não te garante palco nem no boteco da esquina, que dirá num palco de um festival.
Imagino que sua crítica deve ser direcionada aos organizadores e aos articuladores dos festivais (ou Q.I., como preferir), não às bandas.
Myspace, Soundcloud, ReverbNation e afins só pulveriza a informação, não garante nada a ninguém.
Finalmente alguém com cérebro por aqui. O resto está chupando o ovo desse crítico meia tigela.
Lara, o fato é que pelo visto o cara nunca encarou um grande público de frente, se é que já subiu num palco um dia na vida.
Eu já tive essa oportunidade e posso dizer que é BEM DIFÍCIL!
Muito fácil ficar apontando o dedo, onde está a construtividade?
E aproveito pra mostrar como esse papo de myspace é furado, temos 11 anos de banda, um trabalho sólido e até hoje não chegamos perto de um palco patamar Planeta Terra, por exemplo! Aos interessados: soundcloud.com/ventoterral
Está frase está correta? “A banda sobre ao palco de um festivalzão, tipo Lollapalooza ou Planeta Terra. Os músicos parecem meio assustados”.
Me refiro ao “sobre”
E a sua pergunta também está errada. Não é Está e sim Esta, sem acento, viu querida!
Para corrigir alguém precisamos ao menos saber fazê-lo.
HHAHAHAHAHAHA!
Era melhor ter ficado quieta Ana..estÁ passando vergonha!
Está errada mesmo. Seria:
a) “A banda sobe ao palco de um festivalzão, tipo Lollapalooza ou Planeta Terra. Os músicos parecem meio assustados”.
ou
b) “A banda sobre o palco de um festivalzão, tipo Lollapalooza ou Planeta Terra. Os músicos parecem meio assustados”.
A primeira opção dá um tom narrativo. A segunda, um tom descritivo (um quadro que se pinta).
Prefiro a primeira.
Vanilla Ice?
Quero só ver o que você vai dizer o que do shoegaze então… rsrs
Haters gonna hate…
Eu acho o Friendly Fires e o Rapture bons de palco. Gostei muito dos shows que vi deles. E pode crer que não faço parte desses 15 indies que citou no texto.
Concordo com um monte de coisa que vc escreveu, como o fato de a geração Myspace não ralar o suficiente para chegar até o palco grande e acabar fazendo show xoxo.
Por outro lado, o show do Jane’s Addiction no Lolla foi uma bela porcaria. É uma banda “velha”, e eu esperava muito mais dos caras.
Sei lá. Acho que não dá pra generalizar. É uma questão de ter talento pro palco ou não.
Barcinski, off topic: conhece o documentário “Zé Ramalho – O Herdeiro do Avohai”? Vale a pena?
Não, mas o tema é ótimo.
Sou curioso pra saber sua opinião sobre Zé Ramalho. Que considero um dos maiores artistas vivos do país, senão o maior.
Gosto muito do trabalho dele e acho que ele tem uma história de vida incrível.
Hugo, tô contigo nessa aí. Pelo menos os 3 primeiros trabalhos do cara são fora de série, embora eu goste de vários dos outros discos. Na cultura pop ninguém abordou mitologia através de um simbolismo alucinado como esse sujeito, isto é único no mundo todo, salvo melhor juízo.
On topic: vi Zé Ramalho ao vivo numa festa Crochê Malhas em Inconfidentes (MG). Só lembro que tava frio pra burro!