Metal Open Air foi um caos, mas não culpem o Nordeste
23/04/12 07:11
Nesse fim de semana, o Brasil recebeu shows de Paul McCartney e Bob Dylan.
Mas o concerto mais memorável, aquele que será lembrado até o fim dos tempos, foi o Metal Open Air, o festival de heavy metal em São Luís do Maranhão.
O evento foi um caos: a estrutura era ridícula, quase todas as bandas cancelaram, e o terceiro dia de shows – domingo – nem rolou.
Juro que não lembro ter visto imagens tão degradantes quanto os headbangers acampando dentro de um estábulo ou tomando banho em um bebedouro de gado. Ninguém merece passar por uma humilhação dessas.
Não estava no Maranhão e não sei dizer exatamente que problemas aconteceram com a produção. Mas só o fato de os produtores não oferecerem a devolução de ingressos já pressupõe má-fé.
Num evento problemático e cheio de cancelamentos de artistas, a primeira coisa que um produtor sério faz é devolver o dinheiro dos ingressos. E não li em nenhum lugar os produtores se prontificando a isso. Uma vergonha.
Tão chato quanto isso é ler, nas redes sociais, coisas do tipo “Isso que dá fazer evento no Nordeste” ou “Por que não fizeram em São Paulo?”.
Isso demonstra não só preconceito, mas burrice.
Todos os Estados do Nordeste organizam festas para milhões de pessoas, como Carnaval, São João, etc. Fazer festival de metal é fichinha perto disso.
Para refrescar a memória de alguns, gostaria de lembrar dois eventos aqui no “Sul Maravilha” que foram tão ruins ou piores que o Metal Open Air.
Alguém lembra do Madame Satã Fest, em 2009?
O evento, batizado em homenagem à famosa casa noturna paulistana, prometeu trazer Nitzer Ebb, Christian Death, New Model Army e trocentos outros artistas.
Os promotores venderam um monte de ingressos, depois cancelaram o show e não deram a menor satisfação para ninguém. Tenho amigos que ainda guardam os ingressos em casa.
Mas a melhor história é a da festa de música eletrônica Delírio, que rolava no Rio de Janeiro.
Há uns seis ou sete anos, um produtor israelense chamado Shai chegou matando na cena eletrônica carioca, com festas bem produzidas e grandes atrações internacionais. O cara não saía das colunas sociais.
Um dia, a Delírio programou uma megafesta no Pão de Açúcar.
No meio da festa, Shai passou nos caixas, pegou o dinheiro e se pirulitou. Ninguém mais viu o sujeito. Escafedeu-se. Deixou todos os sócios e funcionários chupando o dedo e tendo de lidar com incontáveis fornecedores enfurecidos.
O curioso é que o público nem soube disso. Para quem estava lá, a festa rolou normalmente.
Não foi o caso do Metal Open Air. O público que foi ao Maranhão sentiu na pele a incompetência dos produtores. Mas a má-fé foi a mesma.
não faltou espaço não amigo. O seu nome aparece em primeiro lugar: C-É-S-A-R. E VOCÊ ESQUECEU QUE TEU NOME TEM ACENTO?