Sexo, drogas e mentiras: a saga de J.T. Leroy
24/04/12 07:05
E o “verdadeiro” J.T. Leroy finalmente chegou ao Brasil.
Nesse fim de semana, Laura Albert, a autora dos livros assinados com o pseudônimo J.T. Leroy e que por anos enganou meio mundo, incluindo celebridades como Madonna e Lou Reed, esteve em Brasília para a Bienal do Livro. Albert irá também ao Rio, onde verá uma peça inspirada em seu personagem (veja matéria que publiquei na Folha aqui).
Para quem não conhece a história de J.T. Leroy, aqui vai um resumo de um dos maiores escândalos literários dos últimos tempos:
Por dez anos, J.T. Leroy, um adolescente travestido e viciado em drogas, cuja mãe o forçara a se prostituir em paradas de caminhoneiros, fez sucesso com relatos crus e pesados sobre sua vida.
Seu primeiro romance, “Sarah” (1999), recebeu ótimas críticas e caiu no gosto de celebridades. Courtney Love declarou seu amor pelo livro. Shirley Manson, da banda Garbage, fez uma música para J.T., “Cherry Lips”. Wynona Ryder e Mattew Modine participaram de leituras públicas do livro. Gus Van Sant encomendou a J.T. um roteiro, “Elefante”.
O segundo livro de J.T., “The Heart is Deceitful Above all Things” (no Brasil, “Maldito Coração”), virou um filme, dirigido por Asia Argento e com participações de Peter Fonda, Ben Foster e Wynona Ryder.
Em 2006, a bomba: J.T. Leroy não existia. Ou melhor: existia só como obra de ficção, saída da cabeça de Laura Albert, uma operadora de telessexo, cantora de punk rock e escritora de pouco sucesso, que não só inventou o personagem como passou a “interpretá-lo” em conversas telefônicas, mantidas com várias pessoas ao longo de anos.
Quando a demanda por aparições públicas de J.T. cresceu, Albert convenceu a jovem Savannah Knoop, irmã de seu namorado, a usar uma peruca e encarnar o adolescente escritor. O autor-fantasma ganhou um rosto. A própria Laura costumava acompanhar Savannah a eventos, fingindo-se de uma “assessora” de J.T..
Depois que jornais descobriram que J.T. Leroy era uma farsa, a vida de Laura Albert entrou em parafuso. Ela brigou com Savannah e se separou do companheiro de muitos anos, Geoffrey Knoop, um músico com quem tinha um filho e que também teve participação ativa na criação de J.T. Leroy.
Agora, Laura Albert está relançando no Brasil, pela Geração Editorial, seus dois primeiros livros, “Sarah” e “Maldito Coração”, pela primeira vez com seu próprio nome.
Falei com Laura Albert pelo telefone. Aqui vai o papo:
– Como você se sente finalmente lançando os livros sob seu nome, e não de J.T. Leroy?
– Estou muito ansiosa. O Brasil é o primeiro lugar onde vou falar sobre os livros. Espero que as pessoas vejam os livros pelo que eles são, e não pelo que a mídia os tornou. Recebo muitas cartas do Brasil, de pessoas que se emocionaram e foram tocadas por meus livros. Minha maior esperança é que as pessoas agora avaliem os livros pela qualidade do texto, e não pelo escândalo que eles causaram.
– Sim, mas foi você mesma que causou o escândalo, ao inventar o personagem e fingir que ele existia de verdade.
– Mas eu sempre disse que os livros eram obras de ficção. J.T. foi só uma voz que eu inventei.
– Claro, muita gente já escreveu com pseudônimos, isso é normal. Mas o que você fez foi diferente, não?
– J.T. não foi uma farsa. Prefiro vê-lo como um véu, um disfarce que usei para poder falar de coisas que me atormentavam e que eu não conseguia pôr no papel enquanto Laura Albert. É como dizia Oscar Wilde: “Dê ao homem uma máscara, e ele lhe dirá a verdade”.
– Por anos, você falou ao telefone como se fosse J.T., inclusive mantendo amizades longas com muitas pessoas que admiravam os livros. Você acha que sofre de dupla personalidade?
– Acho que meu caso transcende a dupla personalidade. Foi um novo tipo de desordem, que não consigo definir. Desde pequena eu uso a mentira como um escudo, uma defesa. Era uma maneira de eu me proteger contra as coisas que me magoavam. Eu costumava ligar para serviços de apoio psiquiátrico e inventava personagens, dizia ser um rapaz do sul (dos Estados Unidos), ou uma junkie…
– E você inventava vozes para cada um desses personagens?
– Sim, sempre tive facilidade para isso. Mas uma coisa que preciso deixar bem claro é que as histórias que coloquei nos livros de J.T. são verdadeiras, são coisas que presenciei ou que ouvi falar durante minhas internações (Laura diz ter sido internada incontáveis vezes, desde a adolescência, em clínicas psiquiátricas).
– J.T. já veio ao Brasil (em 2005). Você não veio?
– Não. J.T. (ela quer dizer Savannah Knoop) foi. Eu fiquei arrasada, queria muito ter ido.
– Você não sentia que estava enganando as pessoas quando falava com elas ao telefone, interpretando J.T.?
– Nunca. Eu realmente era J.T. Era como se eu falasse por ele.
– É verdade que algumas pessoas já sabiam que você era J.T. bem antes do caso ser descoberto?
– Sim. Billy Corgan sabia, por exemplo. Ele mantinha amizade tanto comigo, enquanto assessora de J.T., quanto com o próprio J.T…
– Você está dizendo que conversava pessoalmente com Corgan, no papel da “assessora”, e por telefone, interpretando J.T.?
– Sim. Mas eu logo contei a Billy a verdade. Ele foi a pessoa mais doce e compreensiva que já conheci. Um anjo. Ele entendeu a situação de cara e não se magoou. Pelo contrário. Ele também vem de uma situação familiar complicada e disse que me entendia perfeitamente. É um dos meus melhores amigos e me deu muita força.
– Como está seu relacionamento com Savannah?
– Nós éramos muito próximas, mas a situação toda nos separou. Sabe, foi muito difícil para Savannah. Num dia ela estava no tapete vermelho em Cannes, ao lado de Angelina Jolie, e no outro estava trabalhando de garçonete. Não é qualquer um que suporta isso. Ela pirou. Savannah realmente se ligou ao perasonagem. Ela até mudou fisicamente, parou de menstruar, seus seios diminuíram…
– Você foi muito ligada à cena punk californiana, não?
– Sim, muito. Tive várias bandas, conheço todo mundo. (no dia seguinte, Laura me manda esta foto, em que aparece, à direita, ao lado de Jello Biafra, Henry Rollins e Penelope Houston, da banda The Avengers):
– Quais seus planos para o futuro? Pretende sepultar de vez J.T. Leroy?
– Estou trabalhando com Jeff Feurzeig (diretor de um ótimo filme sobre o perturbado músico Daniel Johnston) em um documentário sobre J.T.. Quero contar tudo: minha infância, as muitas internações por que passei em clínicas, minha história no punk rock. Quero passar essa história a limpo.
Essa história me lembrou muito a de Alan Conway, que se passava por Stanley Kubrick, inclusive retratado em ‘Totalmente Kubrick’. Deu pra entender que o cara estava além da personificação. Era uma coisa mais de corpo e alma.
Lembro quando a notícia sobre JT Leroy saiu no caderno “Mais” da folha . Para temperar o drama ele tinha o vírus da AIDS.
Olha, li que isso sobre a Aids era boato.
Excelente historia Andre,
Engraçado como algumas pessoas tem dificuldade em aproveitar da fama,entra em parafuso acha que não merece , esquisito não???se fosse eu me jogava na esbornia.Deus na da asa a cobra.
Fala André! Leio seu blog diariamente, mas ando sem tempo para comentar porque estou morando e estudando na Universidade de Massachusetts. Mas hoje aconteceu um fato muito interessante aqui que gostaria de lhe contar. O Werner Herzog esteve aqui para uma conversa com os alunos e foi sensacional. No final da conversa, ele mostrou a cena “His Soul Is Still Dancing”, do filme “Vício Frenético” e disse que a frase “Shoot him again” não estava no script original e que ele fazia cinema pra mostrar coisas ainda não vistas. Mas o mais engraçado foi que ele esqueceu o nome do ator e alguém da plateia lembrou: Nicolas Cage. Todo mundo riu, principalmente ele.
Fala, Herbert, beleza? Pô, demais, UMass? Herzog conversando com os alunos? Isso que é universidade, não?
Sim, na UMass. Aqui acontecem coisas incríveis quase toda semana. E na USP eu tinha que ouvir que Beto Brant é gênio, pode?
Fica por aí que vc está melhor…
Fica por aí, vc tá melhor que a gente…
Aliás, André. Falando em Beto Brant, eu assisti à pré-estreia de “Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios”, o último filme dele, recentemente.
Se vc tiver tempo, claro, eu gostaria de ver o que vc, como bom crítico de cinema, achou do filme.
Se não for colocar no blog, me indique uma crítica bacana dele.
Herbert, se vc tiver visto também e puder indicar, agradeço.
Abraços.
Não vi, vou tentar assistir.
Alguém sabe dizer, do ponto de vista jurídico, como fica a questão dos direitos autorais no caso de um pseudônimo? O verdadeiro autor tem que “registrar” o pseudônimo para gozar dos direitos autorais? Eu sei que isso é uma prática comum entre autores, mas por que isso não dá nenhum problema de falsidade ideológica?
Essa história do hype via babação de ovo dos famosos que só querem tirar uma casquinha me faz lembrar do ‘Mr. Brainwash’ no ótimo “Exit through the gift shop” do Banksy.
andré, dá uma lida neste texto. foi um episódio muito emblemático – e constrangedor -, mais ainda pelos desdobramentos, que aconteceu em Fortaleza, acho que em 2006. escancarou o deslumbramento, a fragilidade e a falta de autocritica de boa parte da imprensa. http://yurifirmeza.multiply.com/journal/item/20
Muito interessante a história, não conhecia. Com o jornalismo cada vez mais “virtual” – entrevistas por e-mail, pesquisas no Google, etc. – a tendência é que coisas assim aconteçam cada vez mais.
Essa história me lembrou um caso clássico, ocorrido em 2000 ou 2001, de um canastrão que se dizia vencedor do Prêmio Nobel e o “homem mais culto do mundo”. Ele deu uma entrevista no programa do Jô que teve uma repercussão tão grande que precisou voltar na semana seguinte (!). Várias faculdades do país o convidaram para palestrar. Tempos depois, descobriu-se que o simpático velhinho -que usava pseudônimo emprestado do poeta persa Omar Khayan- era um tremendo 171. A Veja publicou uma nota ridicularizando o sêo Omar, e o Jô teve a pachorra de entrevistar um delegado aposentando que o tinha pego no pulo outras vezes antes. Nem um nem outro tiveram a mesma preocupação antes de cair na lorota e tampouco fizeram uma investigação óbvia: checar se o sujeito tinha mesmo recebido um Nobel. Perto disso, o personagem do Yuri Firmeza nem me espanta.
Não sabia dessa história, demais. É verdade, ou vc inventou? (brincadeira…)
Chá com porrada, se não me falha a memória, era um livrete de poemas escrito, mimeografado e distribuído pelo Nicholas Behr, poeta alternativo dos tempos do projeto Cabeças, que era um happening musical-sativo-poético-performático que rolava nos gramados do plano piloto, nos anos 80 aqui em Bsb. Só para registro, porque o nome marcou época.
esse doc sobre a vida dela vai ser incrível! não bastasse a história de vida interessantíssima, mas o diretor de um dos documentários mais legais que vi nos últimos tempos vai assinar. demais.
Pelo menos ela se saiu melhou que o autor de “Um milhão de pedacinhos”, o cara foi esculhambado em rede nacional pela Oprah.
pois é, lembrei dele, James Frey. pior é que o livro é bom, sabia? vc já leu? é excelente. a oprah foi bem criticada por ter humilhado o cara em rede nacional. foi bem patética a forma como ela lidou com a situação, como se fosse deus e ninguém pudesse engana-lá jamais.
Na França teve um cara que fez parecido: Romain Gary. Já tinha até ganhado o maior prêmio do país, o Goncourt. E aí veio o papo que ele estava decadente, coisa e tal. Inventou um pseudônimo, Emil Ajar -que aliás, na biografia fake, era brasileiro -, escreveu livros, e ganhou o prêmio de volta.
Revelou a sacanagem num livro que escreveu antes de se suicidar: “Vie et Mort d’Émile Ajar”, em que denuncia a falta de critério dos críticos da época além de dizer na última frase do livro que se divertiu muito.
Demais essa história, não sabia.
André, falando em gente dodói, acaba de sair um material (soundtrack de Space Ducks) do citado Daniel Johston, disponivel em stream aqui: http://www.prefixmag.com/news/stream-daniel-johnstons-space-ducks-soundtrack-in-/64604/
Boa!
Porque a fixação no autor e não na obra?
Que importa o autor?
Grande história, expõe o circo em que se tornou a crítica.
“Crítica” só não, a sociedade toda. J.T. Leroy foi um hype internacional, um fenômeno que ouriçou “descolados” em todo o mundo.
Isso é que é o melhor da história toda, ver essa ânsia dos descoladexes em querer consumir tudo que é freak, estranho, bizarro… “ai, é tão legal, vambora todo mundo ser amigo do prostituto-infantil-forçado-pela-mãe-que-deu-a-volta-por-cima…” só que não.
Obviamente não estou debochando nem menosprezando histórias de vida, nem exemplos de superação, aqui. O que critico, de fato, é essa “modinha do bizarro decadente”, que, particularmente, abomino. E olha que nem estou começando a discutir as prováveis motivações egoístas por trás da aproximação dessas celebridades com o “JT Leroy” – será que todos estavam interessados realmente em apoiá-lo, em receber grandes lições de vida? Ou só em aproveitar um pouquinho dos flashes? Mas, como sempre costumo lembrar quando comento, essa é só a minha opinião.
Por fim: concordo que obra é uma coisa e autor é outra. Já que o post cita Billy Corgan, vou puxar daí o exemplo: acho o cara meio sei lá, mas o Mellon Collie and the Infinite Sadness é um dos 50 melhores albuns da história pra mim… posso dar outros tantos exemplos de artistas cuja obra admiro, mas cuja personalide ou história de vida não me agradam ou não sinto identificação… e no final das contas, toda essa discussão me deu foi vontade de ler a obra do Leroy/Laura, que ainda não conheço.
É isso mesmo, a história é ótima porque mostra, independentemente da qualidade literária da moça, como surge o hype em torno de uma figura, e como tudo isso é falso e ridículo. Mas eu entendo o lado da Laura. Quando vc está no meio de um furacão desses, ganhando rios de dinheiro e, basicamente, nadando em hype, é difícil manter a perspectiva e jogar tudo pro alto.
Os descolados seguem a critica. A fraqueza é universal; a “descolância” é grande refúgio para a fraqueza moral.
Faria o mesmo: aproveitaria o momento, o dinheiro.
Pam: eu abominaria modinhas.
A decadência é material muito bom pra arte, na década de 1920 por exemplo
O bizarro também, mas é muito fácil o bizarro pelo bizarro.
Acho que, sem perceber, agente faz isso com certa frequência (ficar mais fissurado no autor do que na obra).
Não conhecia essa história. Muito bacana. Adoro quando não dá pra saber o que é verdade, quando a artista se confunde com personagem.
E ainda teve um leitor do blog que ficou bravíssimo porque o Jotabê Medeiros deu uma xavecada no Bob Dylan para conseguir bater um papo (rapidinho) com ele…
juro que tentei, mas não consegui ligar uma notícia com a outra. na minha visão, um agiu de má-fé para se dar bem e ter seu nominho publicado num jornalzinho, a outra usou um recurso comum em literatura (pseudônimo) e escreveu bons livros e fez sucesso.
No caso, o nominho é nomão e é publicado com frequencia num jornalzão… Sabe quando o artista finge que vai sair pela frente, mas sai por uma porta desconhecida deixando fãs e jornalistas plantados como idiotas? Foi um episódio ao contrário, só que no caso o expediente foi voltado para o encontro e não para a fuga. Além de dar certo, rolou um breve papo (e bem amistoso). A mentira foi a seguinte: a foto é para meu facebook, quando devia ser a foto é para meu blog. Grave, não…?
E acrescentando: este caso no post não é de simples pseudônimo, tão comum na literatura (usado por Nelson Rodrigues, Agatha Christie, Pagu etc.). É bem diferente. Mas para mim não é má-fé, não me importo, e continuo achando que os livros da Dna. Mentira são bons.
A parte “literária” do caso é de uso de pseudônimo sim. A outra parte, digamos, a do “hype”, é que extrapolou…
Exatamente por causa do que provocou o “hype” que ela não deve ser comparada com os outros casos de pseudônimo da literatura. Não há registros de que o Nelson Rodrigues se vestia de mulher e comparecia a entrevistas dizendo que era a Suzana Flag; ou que pedia para seu amigo Otto Lara Resende ser a Suzana e ele o assessor. Quero dizer que o pseudônimo, neste caso do post ficou em segundo plano, é menos relevante. Não acho que a farsa deva ser minimizada sob a alegação de ser uma prática normal na literatura.
Sim, mas o hype rolou por causa do sucesso do pseudônimo. Talvez, se o livro não fizesse tanto sucesso e não atraísse tantas celebridades, a tal farsa não teria acontecido, sacou?
O universo da literatura, de modo geral, tem mais credibilidade do que o mundo do cinema, música pop, astros, estrelas, etc.
Mas, pelo visto, ganhar dinheiro e fama por qualquer meio é a a tendência que vai predominar também por lá.
Conhecia a história do JTLeroy mas nunca li os livros – e me interessei mais ainda depois de ter visto Elefante.
Achei Elefante um grande filme, dos melhores da década passada. Apesar de achar que o Van Sant tem a maior parte dos méritos, ela/ele/sei lá fez o roteiro…
É um ótimo filme sim. E essa fase mais recente do Van Sant é espetacular. Paranoid Park tb é ótimo.
Gosto muito de Elefante também. Vou correr para ver Paranoid Park. Uma baita pisada de bola do Van Sant foi o remake de Psicose…
Pela que lí, parece mesmo que ela sofre de dupla personalidade… agora precisa saber se isso é real ou se é criado propositalmente para ser utilizado como marketing e aumentar o número dos seus fãs….. afinal quem não adora os famosos clichês de escritor maluco, ou de roqueiro drogado, ou de jogador de futebol baladeiro…
Picaretagem da moça ou não, o fato é que já tô loco pra ler esses livros!
Mas se era pra usar peruca, ela mesma não poderia ter feito isso, precisava usar outra pessoa? Olha, tô achando que ela na verdade é a Savannah e engana todo mundo com essa história de Laura.
Não, porque o JT era um cara de 18, 20 anos, e ela já tinha 40. Por isso ela chamou a Savannah, que era mais nova.
Pô, seria sensacional isso aí, a farsante na verdade sendo a autora (na verdade “o” autor, com a peruca para jogar a dúvida) e a Laura sendo a amiga que se passa pelo autor hahaa
A moça deve ter algum disturbio… Essa parte do Billy Corgan é realmente bizarra, dupla personalidade clássica.
Um não tão relacionado mas enfim: O Jello deve ser o cara que tem a maior coleção de camisas em homenagem a família Bush: Só em fotos já vi “Bush Sells Crack”, “Bush hates Me”… e aí vai.
Eu vi essa picaretagem de perto. Em 2005, rolou uma exibição do filme da Asia Argento aproveitando a presença do suposto J.T. Leroy no Brasil. Acho que veio para participar da FLIP. Enfim, fiquei sentado na segunda fileira e, após o filme, JT apareceu para responder perguntas do público. Te garanto que muita gente não acreditou na encenação. Uma pessoa da plateia até perguntou: “Ué, mas você é uma mulher, não?”. E tal da Savannah tremia mais que não sei o quê. Fiquei até com dó, porque, ainda sob efeito do filme, e tão perto dela, acreditei que o personagem da história tivesse virado um tipo de transsexual, sei lá. Tempos depois veio a revelação. Confesso que não me incomodei em ter sido um dos que foi tapeado ao vivo. É como se tivesse sido vítima de uma armação do Andy Kauffman… Os livros, nunca li; mas o filme da Asia é bacana. PS: Fiquei com a impressão que até a explicação da autora é meio inventada, essas histórias sobre internação em clínicas psiquiátricas e tal.
Vc tem razão, depois dessa, fica difícil acreditar em qualquer coisa que a mulher diz, não é mesmo?
“Ele (Billy Corgan) foi a pessoa mais doce e compreensiva que já conheci. Um anjo”. Tem que ver isso ai…
Eu quero “ibagens”!!! Põe na tela!!!
Será que a “marra” do Billy Corgan é dirigida somente a jornalista? Já li muitos dizendo que nunca antes entrevistaram figura tão intragável. Particularmente gosto do som do Smashing, mas sempre li sobre a dificuldade de se lidar com o citado.
jornalistas*
Ele é intragável. Já o entrevistei umas três vezes, e sempre saí me perguntando porque ele topa dar entrevistas, se o faz com tanta má vontade.
Se a talentosíssima (e é mesmo) Dna. Mentira aí não estiver no exercício de sua atividade favorita (mentir), e Billy Corgan for um doce de pessoa, fica confirmado aquilo que comentei no post do Abel Ferrara: não dá para saber como é um artista pessoalmente considerando o modo como ele trata os jornalistas.
Mesmo sendo difícil acreditar no que diz a Dna. Mentira (rsrsrs), fico imaginando o que pensam estes artistas que se mostram intragáveis durante as entrevistas, antes de se encontrarem com o jornalista. Pode ser que ele tope com um cara como o André, que faz perguntas interessantes, relevantes, sempre bem informado a respeito da história da figura entrevistada, mas o mais provável é que a maioria das perguntas a que eles respondem sejam feitas por repórteres como os que cobrem shows para o Multishow. Então a “marra” do artista intragável bem que poderia se resumir a defesa contra possível atentados à sua inteligência, não? Digo isso por que muita gente que conhece o Billy Corgan já disse publicamente que ele é a simpatia em pessoa, contrastando com a figura que se apresenta aos jornalistas.
corrigindo: possíveis atentados.
Concordo plenamente com você, Silas. Vá dizer ao Tom Petty que o Bob Dylan não é um cara legal (ou veja depoimentos dos saudosos George Harrison e Johnny Cash sobre o amigo – mesmo tendo brigas ). Defeitos todos temos (inclusive os jornalistas). Pelo que tenho visto e lido durante minha vida, uma coisa que incomoda muito o entrevistado, além da mediocridade e idiotice de muitas perguntas, é responder sempre as mesmas perguntas. Dá para conferir no youtube e no google. Pegue um artista e confira num ano sabático. São sempre as mesmas perguntas. Nem o Buda teria disposição para enfrentar entrevistas. Quando cruzam com um jornalista diferente e original geralmente “dá liga” e às vezes até saem livros contando coisas legais dos encontros. Jornalista falou que determinado artista é intragável? Pé atrás, meu nego. E vice-versa.
Seguinte: o cara tem todo o direito de não querer dar entrevista. E não tem obrigação nenhuma de falar com jornalista. Mas, se aceita, que se comporte de maneira civilizada.
Comportar-se de maneira civilizada eu concordo. Mas não precisa ser necessariamente simpático e legal naquele momento.
Ninguém põe uma arma na cabeça de ninguém pra dar entrevista. Se o cara não quer, pode muito bem se recusar.
De maneira civilizada sim, claro. E tem cara que não dá entrevista mesmo, você tem razão. Fico até imaginando o maluco dizendo pro seu agente que não vai divulgar porra nenhuma.
Acontece. O Leonard Cohen não deu entrevista pra esse último disco. Ótimo, direito dele.
Desculpe o “Anônimo” aí, não é pseudônimo, não (desculpa porque não curto anônimos). Uma pergunta para encerrar o tema “entrevistas”, André. Você já leu alguma entrevista do Salinger?
Não lembro de ter lido nenhuma entrevista dele. Deu pouquíssimas, não? O Cormac McCarthy também disse que não dava, e um dia desses foi ao programa da Oprah.
Se não me engano, Salinger deu apenas uma entrevista, nos anos 1970, pois era amigo do editor da New Yorker.
Há alguns anos, quando o Smashing veio ao Brasil apresentar o cd “Adore”, vi de relance a banda no Programa Livre. O Billy Corgan não só foi intragável com o apresentador, mas igualmente insuportável a ponto de não responder às perguntas das enlouquecidas fãs, a não ser com monossílabos. Não sei quando a Laura Albert o conheceu, talvez tenha dado sorte, mas que é estranho ela ter afirmado que ele é um “doce e compreensivo”, isso é!
O B0lly é completamente pinel e o santo dele deve ter batido com a senhora mitomania aí…
Quanto ao programa livre 2 coisas que jamais esquecerei – O Ronaldo Fenomeno saindo mais perdido que entrou (com um Adore na mão) e a guria que perguntou se era ele mesmo que compunha as músicas e levou um “Sim, claro, mas quando eu estou muito cansado o macaquinho do Michael Jackson faz o trabalho”
Não sei se consigo admirar essas picaretagens. Diferentemente do que você falou de escritores que utilizavam pseudônimos, como o Bokowski escrevendo como Henry Chinaski, mesmo falando de sua vida pessoal em boa parte dos textos. Isso me parece simplesmente malandragem mesmo, inclusive porque ela incorporava outras pessoas ao telefone com fãs, bem esquisito mesmo. Sua pergunta sobre ela ter dupla personalidade foi ótima.
Olha, mas ela de fato escreveu os livros, que foram muito elogiados. Ou seja: a picaretagem começou depois, concorda?
Sim, concordo, acho que ela não precisava ter feito isso, poderia simplesmente ter assumido a utilização do pseudônimo quando perguntado pela primeira vez.
Acho que ela não se conteve. A história de vida dela mostra ter sido, sempre, uma pessoa manipuladora e que precisava de atenção. Acho que ela não segurou a onda com a adulação, e inventou essa história toda. O que não deixa de ser muito interessante.
Como disse a Pam é mais interessante ver os descolados ficando de queixo caído.
Ela é bonitona né?
Vc está falando da Laura ou da Savannah? Ou do JT?
Eu ia nas duas, e revezava… para não enjoar.
Nas três… corrigindo. Manage a Trois com duas pessoas! Viva a Matemágica!
Cara, você tem problemas!!!
Barça “[..] parou de menstruar, seus seis […]” seriam seios, não?
Valeu, vou mudar, erro de digitação…
Falando em farsa, acho demais a história da origem da música Serra da Boa Esperança, do Lamartine Babo. Lalá se correspondia com uma moça chamada Nair, que escreveu pedindo uma foto autografada. Só que a correspondência engrenou e ficaram apaixonados. Nair tentou terminar a relação, mas Lalá não se conformou e foi até a cidade da moça, Dores da Boa Esperança/MG. Ao chegar lá, descobriu que na verdade era um homem. Só restou ao Lalá compor uma das suas obras-primas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Boa_Esperan%C3%A7a_(can%C3%A7%C3%A3o)
o que ela fez foi genial. não sei como não acontece mais nestes tempos.
pena que os estadunidenses tenham a cintura dura.
Maldito Coração é muito bom !!!!
eu tb gostei do livro e do filme. achei que a asia argento está muito bem no papel de mãe maluca.
Os livros dela sao tao legais quanto os leitores que ela tem ? Eu nunca tive vontade de lê-los mas diga lá Barcinski, valem mesmo a pena ? Um abraco.
Só li “Sarah”. Não é exatamente o tipo de livro que mais gosto, mas entendo por que fez tanto sucesso. Vale a pena.