O que aconteceu com o Dandy Warhols?
01/05/12 07:08
Em 2000, o Dandy Warhols era uma das boas promessas do rock americano.
O grupo havia lançado três ótimos discos – o terceiro, “Thirteen Tales from Urban Bohemia” foi um dos meus lançamentos prediletos de 2000 – e explodiu depois que uma marca de celulares inglesa escolheu a música “Bohemian Like You” para um comercial de TV.
A banda começou a tocar em grandes festivais e teve várias músicas incluídas em trilhas de filmes e programas de TV. David Bowie e Madonna eram fãs. O DW parecia invencível.
Quem quiser conhecer mais sobre a história do Dandy Warhols e de sua “banda irmã”, o sensacional Brian Jonestown Massacre, não deve perder o documentário “Dig”.
O filme é centrado na figura do instável e genial Anton Newcombe, líder do BJM, e sua relação conflituosa com outro egocêntrico talentoso, Courtney Taylor-Taylor, líder do Dandy Warhols.
Em 2003, o Dandy Warhols lançou “Welcome to the Monkey House”. Produzido por Nick Rhodes, do Duran Duran, o disco apontava novas direções para o som do grupo, com sintetizadores, um clima “new romantic” e um pé na fase “Let’s Dance” de Bowie. Um discaço. Achei, na época, que eles estavam prestes a virar uma banda gigante.
Mas aí tudo mudou: as grandes gravadoras acabaram, o mercado mudou, e Taylor-Taylor, com o ego inflado, não percebeu.
Os caras compraram um galpão em Portland, que transformaram em estúdio e “sede” da banda, e lançaram um disco fraco, pretensioso e auto-indulgente, “Odditorium”, que não vendeu nada.
O grupo foi despedido da gravadora, a Capitol, fundou seu próprio selo, e desde então só lançou um disco de inéditas, “Earth to the Dandy Warhols” (2008), que também não deu em nada.
Há uma semana, saiu “This Machine”, mais recente disco do grupo. Já ouvi duas ou três vezes e achei muito bom, mais inspirado que os dois últimos.
Tomara que o disco recoloque o Dandy Warhols numa posição de destaque na cena indie. É uma ótima banda, que passou os últimos anos meio perdida.
Tenho um carinho especial pelos caras, porque participaram de um dos shows mais divertidos e inusitados que já vi.
Em 2001, eu estava no festival de cinema de Sundance, nos Estados Unidos, andando com uns amigos na rua, quando vi o baterista do DW, Brent De Boer, entrando num clubinho em plena tarde. Perguntei a um segurança o que estava rolando. Ele disse que a banda estava passando o som para um show-surpresa que fariam à noite.
O show foi sensacional. Não só por ver o Dandy Warhols num lugar de 200 pessoas, mas principalmente pela atração de abertura: um show pesadão e raivoso da gatíssima Nikka Costa – ela mesma, a cantora infantil de “On My Own” – que, na época, tentava uma carreira na linha Alanis Morrissette. Obrigado, Dandy Warhols…
Engraçada essa relação das duas bandas, que você chamou de “irmãs”. O Newcombe é largadão, lambido, cheio de figuraças na banda; o Taylor é todo fresquinho, afetado, cheio de modelitos clichês do tal indie. Vai ver que não é nada disso, né… Mas o som denuncia: o BJM é rock na veia entupida, o DW é uma gracinha, bem fofinho mesmo. Preciso ver este filme para saber onde eles se encontram. Para ouvir, prefiro o BJM porcão mesmo (sem deixar de ouvir os certinhos do DW, claro).
O Taylor-Taylor lançou uma graphic novel, que ele escreveu e um amigo desenhou, de chorar de tão ruim. Comprei em Londres e larguei no hotel mesmo, pra não fazer peso na mala.
Nem sabia dessa.
É, a ideia até que era legal. História de uma banda de eletrônico, tipo Kraftwerk, na Alemanha durante a década de 70. Mas a trama é confusa, cheia de buracos e os desenhos dos personagens masculinos são quase idênticos. Só sabia quem era quem quando os nomes eram mencionados em um diálogo. Não gostei. Ou vai ver que sou eu, que tô ficando velha e chata, rs.
http://www.comicbookresources.com/?page=article&id=36714
Muito bom esse som. Timbre de baixo gordo sujo e estrutura pop redondinha. Tomara que o disco seja inteiro nessa pegada, vou atrás.
Baixei o Thirteen Tales from Urban Bohemia esse final de semana e até agora não consegui parar de ouvir. Vicia.
O Broken Social Scene me dá esta mesma impressão. E o curioso é que os projetos paralelos dos caras muitas vezes são mais interessantes, como o ótimo Apostles of Hustle e a Feist.
Nikka Costa, essa é das antigas, da minha infância. Tinha duas músicas bobinhas mas deliciosas: “On my own” e “I believe in love”. Então, ela estava cantando rock pesado!? Que inusitado…
Sempre achei Dandy Warhols uma banda superestimada. Mas o documentário “Dig” é excelente! O cara do Brian Jonestown Massacre (que é bem mais legal) chegou a mandar balas com o nome dos integrantes do Dandy Warhols… Hilário!
Adoro os caras, 13 tales foi o disco que me pegou graças ao Garagem. BJM tinha pretensões mais artísticas e o DW tinha talento para o pop, eu acho. Foda nunca terem tocado por aqui. Eu queria entender por que bandas como eles, Garbage e Suede nunca tocaram por aqui. Falta de coragem de empresários daqui ou falta de vontade desses artistas?
Abraço
O Dandy Warhols cheguei a tentar, era caro demais e seria preju na certa.
Questão de gosto e veja só, conheci a banda pelo Garagem – sempre que escutava pensava : “Sério que estão endeusando esta merda??”.
Achava que uma hora vocês comentariam que era piada, algo assim.
Banda óbvia com músicas risíveis.
Que fique claro, meu gosto, mundo democrático e tal. Pra equilibrar a balança.
Mas que é ruim e com um vocalista risível (vide a apresentação dele no programa do Jools Holland, facilmente você acha no youtube) isto EU acho que é.
Só gostaria de saber por onde anda a gatíssima vocalista do Boss hog.
Sou mais o Brian Jonestown Massacre.
E o DW também cometeu uma façanha ali no Sumarezinho. Em 2003, a Brasil 2000 nao era indie, não era do som independente, mas era comandada pelo Kid Vinil. Ele presenteou a dona da Rádio com um disco do DW, e ela quis saber se era essa linha de som que rolaria na rádio se fosse indie. Kid disse que sim, esse era o som, e a dona topou na hora mudar a programação. Foi uma fase boa alí da brasil 2000, até 2005.
O duro é o estilo hipster deles.
Eles são pré-hipster, com certeza.
Não são hipsters. São de Portland mesmo.
Portland é ultrahipster, não sabia?
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
A costa noroeste americana é ultrahipster (Portland, Olympia, Tacoma, Seattle, etc)
Não sei o wagner moura como felini ou substituindo renato russo nesse especial da MTV
Sensacional esse post André. Lembro até hoje como conheci a banda.
Vc e Paulão apresentando “You were The Last High” no Garagem.
André, e por onde anda a gatíssima Nikka Costa????
Andou cantando com o Supertramp.
Vocês tocavam a banda bastante no Garagem. Vou pesquisar.
Esse Dandy não é muito legal. Bom mesmo é o velho Krisiun, energia sonora demolidora.
Entrevista novinha com o Alex.
http://www.youtube.com/watch?v=pgodcXHi45U&feature=relmfu
A resposta é simples: mais um hype que tentaram nos forçar goela abaixo que não emplacou.
Cara, numa boa, o Dandy Warhols fez vários discos excelentes. Não era hype não.
Será que os Dandy Warhols ficaram um bom tempo sem lançar disco bom porque eles se afastaram do Brian Jonestown Massacre? Esta é a impressão que o Dig! pode passar. Aliás, o BJM está com disco novo também, você viu? Preciso ouvir. Achei bem fraco o último deles.
Barcinski, fugindo um pouco da discussão indie, soube do show do Snoop Dogg com o Tupac Shakur esses dias atrás (acho que no Coachella)? Mas, na verdade, era um holograma do Tupac, que morreu assassinado na década de 90! Imagina o quanto esses rappers (Snoop e o Dr. Dre) faturam com essas presepadas.
O que me assusta é se essa coisa de colocar artista morto pra ”tocar” no palco virar moda… Eu pelo menos não gostaria de ver um Kurt Cobain ou um Jim Morrison ”cantando” num show, mesmo sabendo que são imagens projetadas deles…
Ah, mas isso já rola há tempos. Tem um show do Elvis em que ele canta no telão, pode procurar. É assustador.
Virar moda? Bem provável.
http://www.rollingstone.com.br/noticia/holograma-de-michael-jackson-pode-sair-em-turne-com-irmaos-do-rei-do-pop/
O Queen pelo menos já descartou a ideia (será mesmo?). Preferem tocar com “substitutos” do Freddie Mercury em carne e osso vindos do American Idol e fazer projetos dando apoio a bandas cover (Queen Extravaganza, ridículo ao extremo) ao invés de hologramas.
Já vi a Celine Dion (!) cantando uma música do Elvis Presley com uma imagem dele…
Barça, tava lendo aqui que o Wagner Moura (ótimo ator) vai ser Felili ema PRODUÇÃO INDIE. Vc poderia, por gentileza, me explicar que porra seria uma produção indie?
Deve ser um filme sem apoio de um grande estúdio… Mas é sério? O Wagner Moura vai interpretar o Fellini? É isso, ou li errado?
Sim, é isso. O filme vai retratar (como se imagina) o que foram as duas horas em que ele desapareceu antes da entrega do oscar. O filme se chamará Felini in Black & White.
Perdão. Ele desapareceu por 48 horas.
Acudam.
veja a nota da Rolling Stone, André:
http://rollingstone.com.br/noticia/wagner-moura-vai-interpretar-fellini-em-filme/
Pelo jeito, é sério mesmo, pelo menos, é o que ele ou a assessoria dele está espalhando por aí!!!!!
A notícia saiu no site da Variety.
Isso me lembra o que ouvi uma vez do Harrisson Ford falar da vontade de trabalhar em um filme indie e perguntam o porquê dele nunca trabalhar em um. Ele responde que assim que ele estivesse no elenco o filme deixava de ser indie.
Mas ele fez 4 filmes indies sim, Indie Ana Jones…
Na época, achava que ou eles ou o Killers (Hot Fuss) iriam ser os maiores…
Nunca prestei muita atenção no Dandy Warhols, mas o BJM eu gosto! e além do mais tem um dos melhores nomes de bandas do mundo.
E André, já escutou o último album do Spiritualized?
Acho que X da questão é mais simples, creio que perderam a inspiração. Acontece. Vamos ver se deu liga dessa vez.
Nikka Costa tinha um cd que quando não ficava nessa de Alanis, tinha uns funks sensacionais…
Com todas as considerações ao DW, mas o grande achado da notícia é a outrora agudíssima e pequenina Nikka Costa. Na boa, André, tenho 37, e caso encontrasse tal ícone pop não perderia a chance de pelo menos, como diz a minha vó, tirar uma “fota”.
Parece que teremos de sair do Brasil para assistir à um show da banda. Eles disseram no Twitter que “não podem” fazer shows no Brasil.
André, falando em cena indie mais ou menos dessa época, o que você achava do “Eels”?
Acho o Eels fantástico, ponto fora da curva. Tenho todos os discos, acho o Mark Everett um gênio.
André, a banda não mereceria um post seu, de preferência com um best of pessoal? Aquela coletânea Meet the Eels é muito boa, mas obviamente, dada a qualidade de tudo o que o E lançou, muita música sensacional ficou de fora.
Welcome to the monkey house não é um conto do Vonnegut Jr?