Conheça o empresário do século
11/05/12 07:22
Há alguns dias, reencontrei um conhecido que não via há muito tempo.
Ele é dono de bares e restaurantes. Não vou dizer onde para não entregar o sujeito. Vamos chamá-lo de “M.”
M. me convidou para visitar um de seus bares, que estava completando 11 anos.
– Onze anos? E você já tirou o alvará? – brinquei com ele.
– Alvará? O que é isso?
Fiz a brincadeira porque o assunto “alvará” era recorrente em nossos papos. Há uns oito ou nove anos, eu estava com idéia de abrir uma casa noturna e fui pedir conselhos a ele. Perguntei sobre os procedimentos de alvará, regulamentação, etc. Nunca esqueci a resposta:
– Alvará é coisa de otário. Pega o dinheiro que você vai gastar em obras e alvará, deixa 20% num cofre e guarda pra pagar o fiscal quando ele aparecer. Você vai economizar uma fortuna.
Não segui o conselho. Escolhi o caminho “do otário”. Foi um processo longo, frustrante e muito, mas muito caro.
Apesar de discordar da postura de M., sempre gostei dele e me divertia com suas histórias. Sua cara de pau era impressionante: certa vez, a Prefeitura colocou um daqueles blocos de cimento em frente a um de seus bares. M. foi lá com uma marreta, destruiu os blocos e reabriu imediatamente. Sua filosofia era: “Fiscal feliz não enche o saco”.
Quando descobriu que havia um terreno baldio colado a uma de suas casas noturnas, M. abriu um buraco na parede e fez um “fumódromo” no terreno do vizinho.
M. é empresário da noite há quase 20 anos e se orgulha de nunca ter tirado um alvará, pago uma multa ou feito uma obra exigida pelas leis de segurança. Sobreviveu ao século 21 todo na ilegalidade. Também nunca passou uma noite na cadeia e, a julgar pelo carro que usa – um SUV de 140 mil reais – está bem de vida, obrigado.
Um dia, M. me convidou para visitar uma nova casa que ele tinha acabado de inaugurar. Cheguei lá e achei que estava no lugar errado: o lugar tinha o teto cheio de infiltrações, banheiros quebrados e fios expostos. Parecia um cativeiro.
M. me perguntou o que eu tinha achado. Fui sincero: disse que aquilo ali era podre até para os padrões dele. M. riu e disse que só ia usar o lugar por uns cinco ou seis meses, porque o dono estava vendendo o imóvel.
– Não vale a pena investir em obra se eu só vou ficar aqui um tempinho, né?
Você tem de admirar o sangue frio de um sujeito desses. Imagine passar a vida toda sem cumprir uma regra?
Mas as idéias dele, mesmo que absurdas, até fazem algum sentido, quando colocadas no contexto das leis kafkianas e regulamentações insanas que existem no Brasil.
O que aprendi com M.:
– Leis não existem para facilitar a vida de comerciantes e empresários, mas para dificultá-la e, assim, impulsionar a indústria da corrupção dos fiscais.
– Um real gasto com obras ou regulamentação significa um real jogado fora.
– Quando for abrir um negócio, abra de qualquer maneira e não se preocupe com papelada. Isso você resolve depois.
– Agradar o cliente é importante. Mas agradar o fiscal é muito mais.
Claro que não concordo com nada disso. Mas que é uma maneira interessante de ver o mundo, é.
Concordo com o ponto de vista expressado pelo Luciano Bitencourt. Na minha opinião acobertar bandido é ser igual a ele!
Será que ele não se deu conta a escrever o texto no Blog que ele forma opinião? Percepção horrível a respeito dele! Decepcionado.
com isso você quis dizer que em Brasília só tem bandidos?
Esse é um tema interessante. Há outros. Por exemplo: Para se tirar uma CNH (habilitação para dirigir) no Brasil, 90% delas são obtidas por meio do pagamento do “quebra”.
Se não tiver o “por fora” vc pode ser o melhor motorista do mundo, que não vai passar. Isso acontece há séculos e garantiu a fortuna de muitos delegados Brasil afora…
Todo mundo sabe disso, de vez em quando meia dúzia de pessoas são presas, mas o “sistema” permanece intocável.
IMPOSTO UNICO. E PRONTO. FATURA, TAXAS, CONTAS, ICMS, ISS TUDO 3% O PAÍS ARRECADARIA MUITO MAIS.
Cara, a verdade é que nos esforçamos mas ainda somos quase primatas em termos de educação e moral. Não precisa nem mexer em comida ou água, mas tire energia elétrica, internet ou gasolina por 48 horas e comportamentalmente voltamos à Idade Média, cada um querendo matar o outro. Aqui desviam donativos, decretam estado de emergência só para pegar uma verba extra, enquanto no Japão, pós tsunami, as pessoas esperavam na fila por água e alimento (ou seja, arroz), com a maior dignidade do mundo.
pior. os donativos em remédios e alimentos ficam apodrecendo em galpões (alugados!) até se deteriorarem completamente.
Depois ninguém sabe porque tudo aqui é o dobro dos EUA, tem que se tirar algum lucro depois da cadeia perversa do custo Brasil, caso se queira andar na lei.
André… Que desserviço!!!!
Gastar o seu tempo e o espaço do UOL, para dizer que “o mundo é dos espertos”?!?!?!? É um absurdo imenso!!!!! Se acha isso correto, eu sugiro uma pauta para a próxima semana: o traficante que vende cocaína na Vila Madalena… fazem 8 anos, nunca foi pego… e está super bem de vida!!!! Outro CASE de sucesso!!!!
Espero que o dia em que a “casa cair” para seu conhecido (porque, apesar de tudo, sempre um dia a casa cai!!!), você tenha a hombridade de publicar, com mesmo espaço dado a este imenso equivoco, que viver corretamente é o sucesso da vida, como pai e cidadão!
Um abraço, Fabio
Fábio, por favor, leia o texto. Em nenhum momento eu defendo o que ele faz. Só registro. É triste escrever uma coisa e perceber que você entendeu exatamente o oposto.
André… eu não tenho dúvida alguma que você não concorda!
Mas o problema é que muita gente vai dizer ou pensar: É por essas e outras que eu furo fila, sou mal-educado no trânsito, recebo um suborninho no meu trabalho….. o mundo é dos “expertos”.
Peço desculpas pelo meu desabafo!
Um abração! Fabio
Fábio, numa boa, se eu tiver de pensar que as pessoas NÃO vão entender um texto e desvirtuá-lo, não escrevo mais.
Pois é, mas mesmo sem concordar, por vias tortas, você acabou dando uma chancela ao “espertismo”, ao dizer tudo aquilo que muita gente fica esperando ouvir de um formador de opinião (queira ou não, você é). Sua opinião fica clara no texto, mas tenho certeza que quem precisa de uma desculpazinha para ser “esperto”, nem notou… Além disso, essas generalizações são de matar. Será que jornalista feliz enche o saco de político ?
Se “não notou” é porque não sabe ler, e o blog é feito para pessoas que sabem.
Tá certo. Escreve aí também um texto mostrando o quanto é imposível um jornalista sobreviver sem deixar algumas “fontes” felizes, o quanto um médico sofreria se pedisse exames e prescrevesse remédios estritamente dentro do necessário, como a profissão de advogado se inviabilizaria sem as usuais chicanas, enfim, milhares de pequenos furtos e fraudes (morais ou não) a que somos submetidos diariamente, não por todo mundo, mas por pessoas de todas as classes sociais e todas as áreas profissionais e, no final, arremate: “Claro que não concordo com nada disso. Mas que é uma maneira interessante de ver o mundo, é.”
Pior que alguém que não sabe ler é alguém que ACHA que sabe, mas não entende.
aliás, onde eu disse “nem notou”, quis dizer “faz questão de não notar”, por mais letrado que seja.
Formastes mais uma opinião neste momento André. Se fosse o “tuxedo” pensaria duas vezes antes de escrever. Ou melhor! “Lê-ia” duas vezes antes de escrever…
tuxedo, há uma diferença muito grande entre interpretár códigos e interpretar textos. Como letrado deve saber do que digo, certo?
Não Jacob, não faço ideia do que diz… Principalmente porque não vi ninguém aqui interpretar códigos (seja lá de que códigos você está falando). Eu entendi perfeitamente a mensagem que o André quis passar. Só ciritico o fato de que, o texto, na forma como foi colocado, está excelente para criar polêmica, logo, audiência, logo “page views”. Tudo bem, é o negócio dele. Mas, neste caso, trata-se de assunto que subliminarmente (não disse “intencionalmente”) incentiva pessoas que querem uma justificativa, um conforto “espiritual” para deixar de viver em sociedade. Garanto que a opinião de muita gente aqui no blog mudaria se trocássemos a “cidade” pelo seu condomínio. Aí eu quero ver quem defende o “espertismo”.
(e eu que ACHAVA que sabia ler… obrigado por abrirem meus olhos)
“Subliminarmente”? Deixa se ser paranóico. Só descrevi um caso real e que se repete todo dia. Não dá pra parar de escrever porque as pessoas “podem entender errado”. E pare com essa coisa de “defender o espertismo”. Ninguém aqui defendeu ninguém e vc sabe disso.
Código é a língua, no caso aqui do blog o português. Texto é uma dissertação. O texto dissertativo então é codificado e você, receptor sabe (até aqui notamos que sabe) decifrar este código, ou seja… ler. Aí vem parte da interpretação, que envolve o pensar/analisar o contexto – este processo é baseado um pouco também em nossa vivência e experiência com o o tema e correlatos. As pessoas que tem dificuldade com esta parte são denominadas “analfabetos funcionais”, que são os que decodificam as letras, mas não entendem o contexto. Seria mais ou menos isto.
Certo Jacob, valeu pela aula !
Independente de quem tenha escrito algum texto que seja, quem lê, precisa ter um mínimo de bom senso para julgar aquilo que está lendo. Mas se você acha que o texto do Barcinski está dando chancela para alguém agir de má fé por aí, então essa pessoa é mau caráter. A simples leitura de um texto não leva ninguém a agir de outra maneira completamente diferente do que costuma fazer.
André, numa coisa eu tenho que me solidarizar com você neste momento: realmente é muito chato quando algumas pessoas não entendem, ou pior, entendem o oposto daquilo que você escreve. Você realmente manda bem ao continuar escrevendo, apesar disso. No meu caso, é por isso que não me meto a escrever. É coisa para quem sabe fazer e sabe levar numa boa.
olha, Gustavo. levar, leva. (principalmente os sociopatas). mas eu quero crer que não seja o caso de nenhum dos leitores aqui presentes.
Duas coisas:
1ª – O texto, ou melhor, o contexto não é sobre apologia ao “espertismo” e sim um relato sobre…
2ª – Um cara como o André que trabalha(ou) na noite e com um monte de gente tem um monte de “conhecidos”… não se apeguem a detalhes, e sim ao todo!!!
graças às nossas belas leis e ao nosso STF, o traficante que for pego com 40 quilos de cocaína nem ficará mais preso em flagrante!
Desculpe fazer mais um tópico aqui, mas é o seguinte: Este “pseudo-moralismo” classe média as vezes me irrita também, sabe? Hoje no jornal do SBT vi o bandido falando o seguinte: “O playboy vem aqui comprar um laptop comigo, por preço bem mais barato, e quer levar um produto de qualidade? Prende ele por receptação!”. Os bandidos tinham acabado de ser presos por fabricação de laptops de madeira, vendidos como originais de fábrica. “Isso é uma obra de arte Sr. delegado”, ainda diziam. Outro exemplo é na minha família mesmo: Estes dias minha mãe ganhou uma TV de LED de um parente, e como ela gosta de falar demais já soltou: “Mas estas são daquelas que você “”encontra”” nos caminhões?”. O parente: “Tia (ele chama assim todas as senhoras) se eu não te der de presente, vou vender na loja, aí a Sra. pode comprar lá”. Aí que está… quem REALMENTE é o otário nesta história toda? Vale a pena um falso moralismo de uma nota fria de uma loja que recebeu mercadoria furtada? Dormiremos tranquilos com isso? Não concordo com estas coisas mas, procuro – na medida do possível – fazer minha parte de otário. E também nunca denunciaria um parente. Né companheiro Lula?
Não precisa se esforçar muito pra “fazer sua parte”, não é?
Cara, na boa? O blog aqui é (ou deveria ser) para comentários sobre os assuntos do dia, ou correlatos. Posso ser o “rei dos pífios”, “o pior comentarista de todos os tempos (da última semana)” e tal, mas tem gente que faz de comentários de comentaristas estilo de vida! Na boa Ian: “Sái do meu pé chulé!”. A “sorte” que você é en(des)graçado… depende da hora.
Fico contente que me ache en(des)graçado dependendo da hora. Tênispé é boa pedida pra resolver o problema do seu pé aí.
Note como ele já pegou até a maneira do dono do blog escrever, “na boa”, “o blog aqui é…”. Não tem jeito. A faixa é dele, assim como o cetro, a coroa e o sapatinho de miss. “Libera esse, Barça”, “Só mais esse”. Ui ui ui. Que desgraça.
Prezado Everton: antigamente usávamos “Na Moral”, mas já soa meio datado (muito “mano” dos anos 90 não?). Atualizamos para o “Na boa”. Sobre a frase “o blog aqui é” ainda não inventaram uma melhor maneira de citar além desta que usa “artigo+substantivo+advérbio+verbo” quando o assunto é… bem este blog. A faixa já passei, o sapatinho aqui é 43 forma larga, a coroa eu deixo para o seu velho progenitor e o cetro… ahh o cetro… se te falar onde posso usá-lo em vossa senhoria, certeza que arrancar-lhe-ia muitos”ui ui ui”‘s.
Acho que nem creolina resolve o problema do Chulezão de Interlagos!
Mais uma pra coleção do Chulezão de Interlagos… desgraçado não é o sujeito que não consegue ser engraçado, mas sim o desafortunado. Veja: “A sorte é que você é engraçado ou sem graça… depende da hora”. Esta seria a forma correta, mas daí você não teria a chance do desgraçado trocadilho, né? Ah!, pode usar o TênisPé! O Neymar garante a eficácia!
Folgazão, Bozo, Tarzan, Chulezão… raras vezes testemunhei tamanha variedade arquetípica compartilhando do mesmo espaço – ainda que virtual! Dava bom time na várzea ou espetacular trupe! Acredito que apenas o moderador não quereria pagar para assistir a tal mixórdia… rsrsrs.
Engraçado esse tema…ontem mesmo esperando uma mesa em uma bar na Santa cecilia, fiz uma pergunta para o garçon: Amigo cadê as mesas que ficavam ao lado do bar (na calçada do vizinho que funciona horário comercial) – Ahh amigo, não podemos botar mais mesas ali, os ficais nios deram multas e levaram as mesas…Pensei: poxa não adianata pensar que os fiscais não estão certos pq estou em uma fila esperando por uma mesa…afinal temos que concordar com as leis e tal…meu conforto não está acima da ilegalidade e blá blá blá…lendo seu texto, repenso: Será mesmo que eles estão certos…uma meia duzia de mesa a mais sem incomodar ninguém e fazer o comerciante ter mais gente no seu negócio?? estou na dúvida!!
Outro dia falei com a dona de um conhecido bar no Rio. O bar fica numa região antes degradada, que foi totalmente ressuscitado pelo sucesso do bar. Ela queria botar mesas na calçada. Não pôde, porque a calçada tinha SEIS CENTÍMETROS a menos que o previsto em lei.
E quem está errado ? O fiscal, no caso, infeliz ? A empresária, que não alegrou a vida do fiscal ? Ou a Lei, que não prevê um mínimo de margem percentual de tolerância ? Claro que a Lei ! Péssimo exemplo esse, em mostrar como errada uma situação em que todos agiram corretamente (do ponto de vista Legal).
Só pra vc ver como as frieza das leis não leva em consideração as circunstâncias. Se houvesse bom senso, seria liberado e seria melhor pra todos: estabelecimento, bairro, cidade…
esperar bom senso dos nossos parlamentares faz parte do “ser otário”. 😉
Sabe que o que mais me deixa triste?? as pessoas que não conseguem entender um raio de um texto muito simples. Juro que não gostaria de estar na sua pele…não tenho a sua educação. Mas enfim, as leis são boas, mas como você mesmo disse: ” elas são frias”…mas vale a discussão e a reflexão. Abs!!
O cara é o rei do pragmatismo!
Suspeito que esse cara já foi no Garagem algumas vezes… hehehe
Muito bom palpite, mas acredite, não é a mesma pessoa.
Hmmm
O cara tem razão, as leis só servem pra fomentar a corrupção. É duro ser honesto nesse país…
André,
Esse post me fez refletir bastante, não pela falcatrua do seu amigo, mas a respeito do grande embate existente no jornalismo – e por que não dizer, principalmente, o brasileiro. No entanto, antes de qualquer questionamento no âmbito profissional, queria destacar que hoje você é pai. E como pai, antes de tudo, um cidadão. Por isso, acredito que seu amigo, não passa de um bandido como qualquer outro que vemos todos os dias nos noticiários: de Cachoeira, Nem da Rocinha a Demosténes.
Sendo assim, não seria direito denunciá-lo? Com nome, endereço e CPF? Ora, é correto, ENQUANTO COMUNICADOR E FORMADOR DE OPINIÃO, vc contar com tamanha informação privilegiada e não repassá-la à sociedade? Imagine, André, se amanhã (daqui uns anos) a sua filha está dentro de uma casa dessas?
Gosto e admiro muito o seu trabalho, mas aqui considero que você falhou. Usar essa história do “seu amigo” para retratar um problema do país como sendo “dos outros” parece aquela história que tanto está presente na minha genealogia e tbm na sua: pior do que quem faz atrocidades é aquele que as vê e não denuncia. Com todo respeito, meu caro, neste caso, isso aqui é conivência, não é denúncia.
Entendo seu ponto de vista. Mas entenda o meu: em primeiro lugar, ele não é meu “amigo”, é meu conhecido. E o problema não é que ninguém saiba que ele faz o que faz, mas que ninguém o puna. Ou você acha que a fiscalização não o conhece? É CLARO que ele já foi denunciado muitas vezes – por vizinhos, por credores, etc. Mas nunca foi punido. E o problema é sempre a impunidade. Ingenuidade sua achar que ele faz isso “na moita”.
É como aconteceu comigo um dia: tava conversando com um conhecido que é policial militar e contei a ele que durante minha adolescência usei todas as drogas possíveis. Subi morros e conheci traficantes – os pequenos, claro – e ele chegou pra mim e perguntou: “Mas e aí, você não conhece uma boquinha pra gente derrubar não?”.
Olhei pra ele já sorrindo e disse: “Não, é claro que não. Eu te contei que JÁ USEI drogas, não sei mais quem é o quê. Muitas dessas pessoas já morreram ou estão presas”.
Conto uma coisa pessoal aqui também pra ilustrar que o policial foi inocente em me perguntar uma coisa dessa. Eu também fui inocente em relatar isso pra ele, mesmo mencionando que era passado. Fiquei de certa forma arrependido. Vou formar em Enfermagem e pretendo trabalhar com dependentes químicos.
Mas duvido que muitos policiais não saibam onde ficam bocas de fumo.
Ótimo tema proposto, Barça.
Meu pai tem uma loja de materiais de escritório. Pelo que eu já vi nesses quase 30 anos de vida e de existência da empresa, mesmo que você ande 100% na linha, aparecerá um fiscal na loja, ou um policial federal numa balança de barreira na estrada (empatando o transporte da carga), ou qualquer outro ator do estado tentando tirar o dinheiro do cafezinho. Tenho um amigo engenheiro que, para aprovar projetos na prefeitura, já acertou um “canal” para agilizar a aprovação, pois se, segundo ele, for por meios normais, pode demorar meses. Já conversei com outros engenheiros, que também afirmaram que pagam propina para agilizar os processos. Pelo o que ouço de várias pessoas, é praticamente impossível se livrar da corrupção, pois, se você não der o que eles querem, sua vida pode ficar um pouco mais complicada. Denúncia? Só se alguém filmar algo e depois mandar pro Fantástico. Mas cuidado para não sofrer retaliações depois.
André, pelo que já li no blog, você já teve uma empresa. Como você fazia quando algum espertinho tentava tirar vantagem do crachá que ele levava no peito?
Abraços!
É exatamente isso.
Juro que não estou querendo ofender o amigo Luciano Bittencourt, mas. não acha que denunciando um cara destes, você não seria como o “otário” citado no texto do André? Digo isto pois… é mesma sensação que temos de reclamar das autoridades para as autoridades. É de senso comum que na maioria daz vezes não funciona.
Como vai funcionar, se quem deveria fiscalizá-lo é praticamente empregado do cara?
Eu vo falar um coisa, tenho um filho de 10 meses, e sendo bastante sincero, estou em dúvida por qual lado eu irei encaminhá-lo, o do esperto ou o do otário.
O do otário é frustrante, mas é o correto.
Barça, leia Eclesiastes, conselho de ateu!!!
Os “espertos” não devem ter o poder de decidir como nós devemos nos comportar, muito menos de que nos denominemos “otários”. Mesmo que a única recompensa seja ter a consciência tranquila e a certeza de ter feito o que era correto, além de servir de exemplo para os pequenos, pelo menos para mim isto é mais do que suficiente.
Eu não disse que concordava com ele. Tanto que me incluo entre os “otários”.
Fala André.
Pior é vc fazer tudo certo, ver seu vizinho ao lado construindo de forma irregular, denunciar aos órgãos competentes e absolutamente nada acontecer. isso em Curitiba, que se diz de primeiro mundo.
hmmm… certamente nesses seis meses ele também não pretende recolher INSS, FGTS e sequer pagar salários aos empregados que vão ser pagos com o arrecadamento da gorjeta. depois ele fecha o estabelecimento, que está obviamente no nome de algum laranja. claro que não vai pagar a rescisão de ninguém. afinal, se não paga ao governo pra que pagar um reles trabalhador. quando os empregados forem reclamar na Justiça, azar. nem o imóvel é dele. realmente, é uma maneira interessante de ver o mundo… mas, como estamos no Brasil, o país da impunidade institucionalizada, então vale tudo, não é mesmo?
Lembro que meu pai me disse um dia, quando eu ainda era criança: “O mundo é dos espertos.”
Disse isso sem ser um desses “espertos”. Coitado, já foi até passado para trás uma vez e ficou muito chateado. Mas as palavras dele ficaram na minha cabeça.
Infelizmente no Brasil, os modos de M. não são apenas uma maneira interessante de ver o mundo, mas o modo mais eficaz.
Tirando a parte do humor (que é um dos pontos-chave no seu blog), isso me desanima bastante. O cara há 20 anos trabalha no popular “jeitinho brasileiro” e pelo jeito está numa boa com seu carro de 140 mil.
Enquanto você e outras pessoas que tentam “correr pelo certo”, sofrem pra cacete e muitas vezes se desanimam e desistem quando percebem que o sistema ao invés de ajudar, quer mesmo é sua adequação a ele, independente se é certo ou não.
Dá a impressão que a frase “o mundo é dos espertos” aqui no Brasil se torna a regra número 1 para quem quer viver numa boa diariamente.
E quem não é “esperto”, conte com a sorte.
Infelizmente esta é a nossa realidade.
Felizmente eu trabalho numa empresa que paga caro para fazer tudo corretamente.
Todas as operações respeitam as regras de segurança, fiscais e as ambientais.
Em contrapartida, a empresa tem lucro líquido de 10%.
Quando alguém me diz que não se pode lucrar fazendo tudo certo, posso provar que este conceito está errado.
Os fiscais não aparecem aqui na empresa, pois os corruptos sabem que terão de trabalhar e não vão levar um centavo.
Temos problemas, contas a pagar e tudo o que uma empresa normal tem, isso faz parte do jogo dos negócios, mas felizmente não fazemos o jogo sujo.
Abs e bom final de semana !
Sendo eu o maior Ze da Zica vou olhando logo extintor,saida de emergencia,firmeza do corrimao, largueza da escada,pe direito,inflamabilidade do deccor,um saco sou muito chato.
Já tive bar e restaurante pra nunca mais querer voltar a ter….muito melhor o lado do balcao que você paga e recebe a birita…..
Amém!
A mais pura verdade, nossas leis não são feitas para facilitar a vida de ninguém, o excesso de burocracia só facilita a corrupção. O emaranhado de normas é tão imenso que provavelmente todo cidadão já nasceu descumprindo alguma. Não sei se é teoria da conspiração, mas acho que é de propósito que os políticos mudam as normas toda hora, assim ninguém consegue acompanhar nada direito e fatalmente cairá em alguma fiscalização e ficará em uma encruzilhada: pagar propina ou arcar com as pesadas multas.
Triste, mas infelizmente é bem por ai mesmo. Já virou algo cultural, achar um “jeitinho” para tudo. No pais da impunidade onde todo mundo está burlando as leis de alguma forma, você vai querer ser o honesto que será depenado por todos ??
Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!!!
Cra, suspeito que seja o Oscar Maroni. Mas ele foi preso um tempo não? Estava olhando aqui a biografia do cara na Wikipédia: “Oscar Maroni Filho (Uberlândia, 1951) é um psicólogo e empresário brasileiro, atuando nas áreas de entretenimento adulto, pecuária, hotelaria, além de ser o editor das revistas Penthouse e Hustler, além de promoter de Showfight. Notório por ser dono da luxuosa casa de entretenimento adulto da cidade de São Paulo chamada Bahamas Night Club, bem como pelas recorrentes polêmicas.” Olha as coisas que o cara se mete!!! kkk. E pelo que li do texto tava achando que pudesse serele também pois, só um cara graduado em para tão bem entender a “psiqué” dos fiscais.
E em relação a regularidade das construções, agora acharam um “novo” meio de ganhar dinheiro com reformas e também para aumentar a burocracia: O engenheiro fornece um laudo, a prefeitura barra – alegando que não foi bem feito e ou o engenheiro é incapaz(por exemplo) – isso tem acontecido MUITO! Aí um segundo engenheiro faz o laudo, se tiver um conchavinho com o fiscal… ele passa. Aí o responsável pela reforma já pagou duas vezes pelo mesmo serviço… Brasil-sil-sil. O país do futuro (que nunca chega).
Não conheço o Maroni pessoalmente.
Eu também não… mas já utilizei os serviços das concumbinas dele.
Seriam “Concumbinas” as meretrizes de “Concun”???
Participaram do filme “cocoon”. Eu creio.
Nada a ver com o tópico. Mas me responde uma coisa, a ideia da Ana Maria Broca vem dessa capa de cd https://www.youtube.com/watch?v=qwL1qtXo5nc&feature=related.
Cara, não foi, mas saca a coincidência: quem produziu esse disco foi o saudoso Paulinho Albuquerque, meu tio.
O engraçado é que aqui no Brasil você se sente um completo otário se faz as coisas da forma correta.
Aliás, se sente não, é um um completo otário…
Quem abre um negócio sabe, independente dos sócios reais, que carrega consigo por toda a vida um sócio virtual (e ganancioso): o poder público.
Pagamos impostos a rodo e não usufruimos nada: arcamos com vários serviços particulares – educação, saúde e segurança. Se pudesse, sonegaria 100%.
O Brasil como todos nos sabemos e’ a terra da cambiarra. Quem quer fazer as coisas de acordo com as normas vai ficando para tras. E’ o pais da inversao de valores por excelencia. Em 2 anos vamos sediar uma copa do mundo, vi uma declaracao do ministro dos esportes Aldo Rebelo que dizia: “A Fifa nao precisa se preocupar com o andamento das obras, aqui temos varios campeonatos nacionais que ocorrem normalmente, sem nenhum problema”. O cara simplesmente comparou uma copa do mundo, onde o pais recebe centenas de milhares de turistas mais imprensa do mundo todo, ao Brasileirao. Se as autoridades pensam assim imagina a populacao em geral.
E’ o retrato do brasil: otarios seguem regras e os espertos fazem o q querem.
Mas o cara tem razao, a quantidade absurda de leis, burocracia etc e’ apenas uma forma de institucionalizar a corrupcao criando dificuldades para vender facilidades.
aehuauehueahuhaehuaeuhaeuhaeuheauhaeuhaehuauhaehuaeuhaehueahueauheauheauhaeuhaehuaeuhaeuhauehuheahehe…
Fiscal feliz não enche o saco, auhehueauhaeuhhuaeea… parece nome de livro de auto ajuda
Boa idéia. Vou falar com ele, quem sabe o cara não se empolga e lança? Outro bom título seria: “O cliente tem sempre razão, mas o fiscal tem mais”.
André … Sensacional esses títulos . Alguem vai se apropriar disso já já (rs)
O pior (ou melhor ) é que o seu amigo lançar um livro , nem vai precisar de revisor , vai escrever de prima e já mandar editar . Abraço e bom final de semana a todos .