Adeus, Pulitzer!
30/05/12 07:05
Continuando o tema de ontem, pedi a amigos jornalistas que enviassem casos curiosos de gafes cometidas por eles ou por colegas de trabalho.
O amigo Paulo Cesar Martin fez mais: mandou um link para uma seção da Folha Online chamada “Antologia do ‘Erramos’”. É sensacional.
Veja alguns dos “Erramos” memoráveis:
“Diferentemente do que foi publicado na edição de ontem, a rodovia que passa pela cidade de Praia Grande chama-se Pedro Taques, e não Pedro Táxi.”
“Está errada a idade do engenheiro mecânico Claudinei de Oliveira. O texto dizia que Oliveira tem 54 anos e sua mãe, Edna Cecconello de Oliveira, 52. A idade correta do engenheiro é 34.”
“Há um erro de tradução na tira Hagar publicada na Ilustrada no último dia 3. Hagar diz não confiar em conservantes, e não em preservativos, como saiu publicado.”
“Diferentemente do que foi publicado, a Segunda Guerra Mundial começou em 1939, os EUA entraram na guerra em 1941, a Guerra dos Seis Dias foi em 1967, o presidente Richard Nixon (EUA) renunciou em 1974, Margaret Thatcher assumiu o poder no Reino Unido em 1979, o Muro de Berlim caiu em 1989, e o Iraque invadiu o Kuait em 1990.”
“Em alguns exemplares da Ilustrada de hoje, saíram trocadas as fotos do ator Jack Palance e da ensaísta Leyla Perrone-Moisés no alto da pág.4-1.”
“A reunião do ministro Eliseu Resende com sua equipe durou quatro horas e não quatro anos, como foi publicado no caderno Brasil.”
Entre os casos relembrados por meus amigos, selecionei os melhores. Claro que alguns aconteceram há muito tempo e, por isso, estão sujeitos a lapsos de memória:
– Certa vez, um maluco foi preso envenenando barras de chocolate. Um jornal fez uma reportagem que trazia a foto de uma das barras envenenadas, com a legenda: “Cuidado ao comer essa gostosura”. Na hora de descer a página, a foto sumiu e foi substituída pela foto do diretor da empresa de chocolates. A legenda, claro, foi mantida.
– Em um caderno de imóveis, um anúncio saiu com o seguinte texto: “Apto. Vila Mariana – suíte, 2 quartos, vaga na garagem, área de lazer… O resto não dá pra ler porra nenhuma.”
– Em um caderno regional, havia duas fotos: uma vaca premiada numa matéria sobre pecuária e uma primeira-dama de algum município paulista em alguma cerimônia. Claro que as legendas estavam trocadas: a foto da vaca trazia o nome da mulher do prefeito e a foto da socialite descrevia o prêmio vencido pela vaca.
– No primeiro jornal em que trabalhei, no fim dos anos 80, as agências internacionais mandavam imagens por telefotos. Eram imagens de qualidade péssima, que chegavam num papel fino, semelhante a papel de fax. Na redação, tínhamos o hábito estúpido de pegar as fotos mais chinfrins e pintar chifres, bigodes, falos, essas coisas que idiotas como nós faziam. Havia um diagramador que sempre dizia: “Seus filhos da p…, não façam isso, que um dia uma foto dessas vai sair!” E não é que saiu? A vítima foi Carlos Menem, presidente da Argentina, que apareceu acenando para uma multidão, ostentando um par de chifres e um bigodinho de Hitler.
– Para finalizar, minha predileta: no fim dos anos 80, um festival de cinema no Rio exibiu um filme gay alemão chamado “Táxi para o Banheiro”. Foi uma comoção, com sessões lotadas e muitas reportagens na imprensa. O jornal em que eu trabalhava deu uma foto da fila na porta do cinema, com a legenda: “Mais de mil gays lotaram o cinema para ver a sessão”. E quem aparecia na foto senão o próprio autor da matéria, entrevistando um espectador?
a foto da vaca trazia o nome da mulher do prefeito e a foto da socialite descrevia o prêmio vencido pela vaca. kkkkkkkkkkk
Me lembro agora dos vários jornais que publicaram a foto do ator Daniel Dantas, de terninho e tudo, à epoca que o baqueiro Daniel Dantas foi preso.
Lembro de uma que vi na internet (desculpe mas não consegui achar a fonte para mostrar). Tinha acontecido um assassinato e acharam o cadáver. Aí falava mais ou menos assim, “segundo a vítima, dois homens cometeram o crime”. O cadáver solucionou o crime! hahaha
O problema é que muitas dessas acabam caindo no mesmo nível folclórico das declarações de jogador de futebol: são umas dez que ora atribuem a Jardel, ora a Nunes, ou Dadá Maravilha, e alguns garotos devem jurar de pé junto que quem disse foi o Neymar.
Transmissão de TV é outra categoria. O nível de bobagem que sai é altíssimo. Jornal, em tese, dá tempo de corrigir (e mesmo assim saem todas essas bobagens). Olimpíada é um Febeapá. Uma vez estava assistindo a uma transmissão de judô e o locutor, vendo a identificação BUR no quimono do judoca (negro, reparem), disse que ele era búlgaro. E foi a luta toda falando sobre o estilo búlgaro, e tal. Já quase no fim soltou um “hã, desculpem, o judoca não é da Bulgária, é do Burkina Faso”. Depois tinha uma luta com um lituano e ele não pestanejou: traduziu Latvia como “Latávia”. O comentarista (acho que era o Aurélio Miguel) foi na onda: “é, esse latávio é muito bom mesmo”.
Teve aquele GP do Rio, circa 83. Frank Williams tinha sofrido um acidente grave dias antes e estava hospitalizado. Piquet, já no cockpit da Williams, momentos antes do início da prova, levanta um cartaz com a frase “Wish you were here Frank”. Galvão Bueno (ou Luciano do Valle?) traduziu na hora: “O Frank gostaria de estar aqui”.
Talvez tenha rolado uma maldade na gafe da troca das legendas! Certeza que o prefeito deve ter no mínimo pensado em processar o jornal. Duas sobre música: um amigo tem uma Veja SP de 91 que tem uma chamada na capa sobre o show da banda “industrial” Cocteau Twins no projeto SP. E a Érika palomino uma vez escreveu na Folha sobre os “gêmeos” Aphex twin.
RIO – Uma tarde, no Império, enquanto passeava a cavalo, o imperador Dom Pedro II caiu do cavalo. O Rio se encheu de boatos. O imperador estava mal, seria internado e, quem sabe, talvez tivesse de ir tratar-se em Lisboa ou Paris. Ainda não havia Incor, Sírio-Libanês etc.
O Imperador Dom Pedro II caiu do cavalo e haviam boatos de que precisaria de internação ou tratamento na Europa, então resolveu aparecer na sacada do Paço Imperial apoiado em duas “muletas”. O jornal Aurora Fluminense, dirigido por Evaristo da Veiga, nome da rua onde está hoje o Sindicato dos Jornalistas do Rio, publicou que “o Imperador apareceu na sacada do Paço apoiado em duas maletas.
No dia seguinte, o Aurora consertou:
“Ontem, por lamentável equívoco, nosso jornal publicou que o imperador apareceu na sacada do Paço Imperial apoiado em duas “maletas”. Na verdade, o imperador estava apoiado em duas mulatas”.
A emenda ficou pior do que o soneto.
uma famosa aqui no Rio aconteceu no JB. no credito de uma foto, saiu publicado “Filho da p*ta” em vez do nome do fotografo.
Tem uma que eu não sei se é verdade ou lenda. Um locutor lendo uma notícia sobre o Gal. Ernesto Geisel, leu gal mesmo e foi advertido sobre a abreviação de general. Instantes depois, deu uma notícia sobre a cantora General Costa. Lenda, né? Mas é boa.
Um fato curioso: duas das gafes citadas aqui aparecem em “Jesus Negão” paródia dos Racionais MCs (principalmente “Capítulo 4, Versículo 3”) que acho que é do final dos anos 90. Uma no verso “Conheci um cara que se chama Jesus / Por expor suas idéias, enforcaram-no na cruz” e outra quando cita personalidades negras e aparece o Malcolm Dez: http://letras.terra.com.br/libera-o-badaro/111879/
Quando Chubby Cheker esteve no Brasil por volta de 1987 um apresentador de programas de videoclipes vespertino da Bandeirantes o entrevistou chamando-o de Chuck (Berry).
“Cuidado ao comer essa gostosura”……SENSACIONAL….rachei de rir.
Uma que não é da imprensa escrita mas é muito boa.
o Kléber machado mandou a seguinte pérola:”Todos concentrados esperando o apito inicial do arbitro, e o Odivan é o único de regata…Arnaldo, um jogador pode usar um uniforme diferente dos companheiros?” (Kléber percebe que a manga da camisa é preta e o jogador é negro, não estava de regata)……O que claramente não é o caso de hoje..pode?
Cleber mandou bem, rapido no gatilho e com bom humor.