O filme que George Harrison merecia
12/06/12 07:05
Semana passada, entrevistei para a Folha Olivia Harrison, 64, viúva do Beatle George Harrison (1943-2001) e co-produtora do documentário “George Harrison – Living in the Material World”, dirigido por Martin Scorsese.
Como a entrevista rolou de última hora, não tivemos muito espaço para o texto no jornal. Por isso, resolvi postar aqui a íntegra. Aproveite…
– Depois que George morreu imagino que a família deva ter recebido muitos convites para fazer um filme sobre ele…
– Sim, muitas. Até fiquei com medo de que outra pessoa fizesse um filme antes de nós.
– E como surgiu a idéia de fazer o filme com Scorsese?
– Bom, eu vi “No Direction Home” (documentário de Scorsese sobre Bob Dylan), e achei sensacional. Mas nunca imaginei que ele se interessaria por contar a história de George. Mas temos um amigo em comum que mencionou a idéia do filme para Marty e ele ficou muito empolgado. Depois, percebi que fazia todo sentido Marty se identificar com George. Eram pessoas muito parecidas…
– Em que sentido?
– São pessoas muito espirituais, grandes artistas que sempre buscaram objetivos maiores em suas vidas, um sentido mais amplo e profundo para suas vidas. Ambos tiveram sucesso e não se iludiram com isso. E ambos perderam muitos amigos, vítimas do sucesso.
– É impressionante a quantidade de cenas raras e inéditas no filme. Vieram de arquivos pessoais?
– A maioria, sim. O que pouca gente sabe é que George estava fazendo um filme autobiográfico quando morreu (em 2001, de câncer). George dizia que o filme seria o primeiro documentário sobre uma pessoa que não apareceria no filme, porque estava atrás das câmeras (risos). Por isso George estava filmando tudo que acontecia com ele: queria usar as imagens em seu próprio filme.
– Scorsese usou todas as imagens inéditas, ou restaram algumas?
– Sobrou muita coisa. Algumas cenas que eu julgava importantíssimas e muito raras, Marty não quis usar. Havia imagens de George e John, por exemplo, que eu achava lindas, mas ele disse que só usaria imagens que adicionassem alguma coisa à história. Marty foi absolutamente honesto. Ele é um autor, e nós respeitamos isso.
– George sempre teve uma relação estreita com o cinema, não? Ele financiou filmes do Monty Python…
– Muita gente acha que George era um aficionado por cinema, mas isso não é verdade. Ele gostava muito, mas não era um cinéfilo, como Marty, por exemplo.
– Mas os Beatles sempre tiveram um senso estético apurado e os filmes da banda foram muito influentes…
– Sim, isso é verdade. Coisas que eles filmaram nos anos 60 são copiadas até hoje…
– Quanto disso era influência de George? Ele opinava muito nos filmes da banda?
– Naquela época, não. Os Beatles sempre se cercaram de pessoas muito talentosas e criativas. Acho que, na época dos Beatles, a banda confiava muito nas pessoas com quem trabalhava.
– O que você achou do resultado final do filme?
– Tenho muito orgulho desse filme e tenho certeza que George também teria. Não é um desses filmes açucarados e que só elogiam o biografado, mas um retrato honesto e profundo sobre vida de um homem. Acho que é o filme que George merece.
P.S.: Amanhã, publico uma homenagem ao boxeador cubano Teofilo Stevenson, que morreu segunda-feira…
André, o Scorsese é o cara ideal para fazer este tipo de documentário. Ele e o Coppola sãos os diretores que melhor utilizam o rock como trilha sonora de seus filmes. O documentário é ótimo porque não tenta endeusar o George Harrison.
Putz…não sabia que o Teofilo Stevenson tinha morrido. Acho que foi um dos maiores, se não o maior atleta que Cuba já teve. A propósito, tremenda marmelada a decisão da luta Pacquiao vs. Bradley…o boxe acabou mesmo.
Achei: http://www.youtube.com/watch?v=4z8EK8UgxAQ
No finalzinho do documentário tem uma passagem com Ringo falando da última vez que esteve com George…. Olha…. eu chorei, chorei e chorei….
“Os Beatles salvaram o mundo do tédio” – George Harrison
Olha o disco aí, André. Legal no texto da wikipedia são os comentários da “Q Magazine”: “The show seems like a riot but the sound itself is terrible – like one hell of a great party going on next door.” E George Harrison acrescenta: “The Star-Club recording was the crummiest recording ever made in our name!”
http://en.wikipedia.org/wiki/Live!_at_the_Star-Club_in_Hamburg,_Germany;_1962
Boa!
cara, eu vi esse grupo nascer, morava em olimpia-sp, aquilo mudou tudo o que ja havia sido mudado com a bossa-nova, mais so vim descobrir george quando o grupo se separou, ai sim, pude conhecer sua guitarra e sua voz maravilhosa, esse cara era bom; Certa vez vi um documentario na tv. cultura sobre uma fã sua, uma menina lindissima que amava george e morreu na travessia do mar da inglaterra, foi de arrepiar, VIVA GEORGE FOREVER.
Muito bem ressaltado pelo Carlos Campos o fato de não haver ainda uma biografia sobre Ringo (tadinho). Ele é um cara mt talentoso, mas infelizmente seu brilho sempre foi ofuscado pelo seu jeito aparentemente mais tímido e recalcado que os demais beatles. Claro que seria difícil se comparar com a audácia típica de John ou o jeito travesso e inquietante de Paul, bem como o jeito irrelevante de George, mas ele também foi um Beatle! E merece tal destaque. Dou ponto pra ele, pois é um dos melhores profissionais da música, em especial como baterista que já vi.
Há previsão de estréia no Brasil?
Excelente documentário: já existe na amazont
Consegui, via um amigo, uma cópia desse filme do George. Sem legendas, mas dá pra levar. Vou conferir.
E fora do tópico: uma entrevista sensacional pra tv Brasil, gravada em Londres, com o Ivan Lessa (2001). Quase uma hora de um show do entrevistado. Lessa era mesmo um monstro:
http://youtu.be/ZytCCW79CjI
frases como All things must pass, embora dita por um religioso com George, é perfeita pra um ateu como eu. TODAS COISAS HÃO DE PASSAR. vivendo num mundo material.
Gostei do episódio com os Hells Angels …