Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Filme revela o gênio excêntrico do piano

Por Andre Barcinski
18/06/12 07:05


 

O Multishow HD está exibindo “Genius Within – The Inner Life of Glenn Gould”, um documentário sensacional sobre o pianista canadense Glenn Gould (1932-1982), uma das figures mais enigmáticas e geniais da música.

Gould foi uma espécie de James Dean do piano: um galã misterioso, excêntrico e carismático, que surgiu como um clarão e morreu cedo demais.

Gould fez seu primeiro recital solo aos 15 anos. Sua primeira gravação, das “Variações Goldberg”, de Bach, caiu como uma bomba na cena de música clássica.

O disco foi um sucesso inesperado de vendas e colocou Gould entre os grandes solistas da época, disputado pelas melhores orquestras e regentes.

O documentário traz imagens de arquivo impressionantes: Gould, ainda adolescente, tendo aulas com seu mestre, o chileno-canadense Alberto Guerrero;  Gould em seu primeiro dia de gravação das “Variações Goldberg” e em imagens de uma triunfal turnê pela União Soviética, em 1957.

É inacreditável que a carreira de um pianista tenha sido tão bem documentada, mesmo antes de seu sucesso. Compare isso com as imagens de arquivo da história do futebol brasileiro, por exemplo, e chore.

Há um trecho surreal, em que o condutor Leonard Bernstein, antes de um concerto de piano de Brahms com Gould de solista, se dirige à platéia e se exime da responsabilidade pelo que o público estava prestes a ouvir. “Num concerto, quem é o chefe, o condutor ou o solista?” pergunta Bernstein, para risos do público.

O gesto de Bernstein foi uma reação à exigência de Gould de que o primeiro movimento da obra fosse tocado na metade de seu andamento normal.

O filme relata as idiossincrasias e esquisitices de Gould: ele insistia em usar luvas para proteger as mãos, cantava as notas enquanto tocava – o que irritava técnicos de estúdio, que muitas vezes não conseguiam eliminar a voz de Gould das gravações  – e tinha um estilo esquisito de tocar piano.

Gould usava um banco muito baixo, construído pelo pai. A altura do banco o obrigava a levantar os braços para alcançar o teclado e lhe dava, segundo especialistas, uma maior autonomia dos dedos em relação ao braço. Isso conferia a Gould um som próprio e um estilo particular.

Mas as esquisitices de Gould não conseguiram eclipsar o grande artista que foi. Um artista que sempre preferiu o estúdio de gravação ao palco – onde, dizia, a arte era substituída pela competição – e que abandonou os concertos aos 31 anos.

Ao explicar sua decisão, disse uma das frases mais bonitas que já ouvi sobre o significado da arte:

“O sentido da arte é a combustão interna que provoca nos corações dos homens e não suas manifestações públicas, vazias e externas. O propósito da arte não é uma momentânea ejeção de adrenalina, mas a construção gradual e perene de um estado de deslumbramento e serenidade.”

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. Carlos Campos comentou em 18/06/12 at 15:19

    Este documentário já passou na TV Cultura várias vezes. São fantásticos, Glenn e o filme.

  2. Fábio Cavalcante comentou em 18/06/12 at 15:13

    Quem não viu, pode baixar aqui: http://thepiratebay.se/torrent/6214827/Genius.Within.The.Inner.Life.Of.Glenn.Gould.2009.DVDRip.XviD-LPD

  3. Bia comentou em 18/06/12 at 14:47

    Fora do tópico do post, mas não do blog…
    Recebi convite para uma festa junina tradicional na minha cidade e levei um susto, tava lá em letras garrafais: “festa SERTANEJA”. Mudaram o nome da festa!!!
    Tô com um pressentimento ruim, André. A do ano passado já não tinha canjica nem maria-mole, mas tinha esfiha e mini-pizza. Meu medo nem é de topar com Yakissoba, mas de terem dispensado os violeiros caipiras em prol de, hum, universitários, se é que você me entende. E aí em Paraty, as festas melhoraram ou pioraram? Beijos.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 14:53

      Vai ter yakissoba, com certeza.

  4. Decio comentou em 18/06/12 at 14:37

    Demais o documentario, quem tiver NOW da net ele está la. Pode ver sem medo, a história do cara é bonita e suas execuções lindas demais, principalmente quando toca Bach

    • Orlando [BH] comentou em 18/06/12 at 20:37

      Caro Decio, não encontrei esse documentário no NOW…

  5. Renato comentou em 18/06/12 at 14:14

    Barcinski, e o doc Uma Noite em 67, você gostou? Gostei pra caramba, incrível como a música popular já despertou paixões por aqui, não?

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 14:14

      Gostei muito, ótimos depoimentos sobre um evento marcante.

  6. pabloREM comentou em 18/06/12 at 14:06

    André, não sou um profundo conhecedor de música clássica e do Glenn Gould, mas já que o assunto é música, você já ouviu a primeira música solo do Peter Buck?
    http://soundcloud.com/slicingupeyeballs/peter-buck-10-million-bc-rem

    • roberts comentou em 18/06/12 at 16:41

      Caramba bem diferente do R.e.m.! Lembra um pouco o que eles fizeram no disco Monster, mesmo assim bem de leve…gostei vamos ver o restante do disco!

  7. David Marques Oliveira comentou em 18/06/12 at 13:33

    Vale um pedido? Que tal falar sobre esses documentários antes de transmitirem? Conferi a programação e não consta uma retransmissão nos próximos 7 dias. Doido pra ver.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 13:45

      Bom, mas eu não tinha visto o filme.

  8. Luiz comentou em 18/06/12 at 13:15

    Gould era um iconoclasta com beethoven e bach, interpretando-os de modo a chocar ouvintes mais conservadores. Seu beethoven era leve, seu bach era romântico.
    Hoje, fas de bandinhas cover tem um chilique quando… o batera “erra” o chimbau de uma música do arctic monkeys.

  9. fernanda comentou em 18/06/12 at 12:59

    sábado passado a tv cultura exibiu o filme Milly & Moscowitz, do John Cassavetes. lembrei q. v. tinha indicado esse filme há uns tempos. muito maneiro! valeu!

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 13:13

      Vc viu? É fantástico, Seymour Cassell e Gena Rowlands, sensacionais.

      • fernanda comentou em 18/06/12 at 19:49

        sim, claro – imperdível! nunca imaginei que a Gena R. fosse tão linda! e o Seymour é tão espontâneo que nem parece ficção!

        • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 21:13

          Acho um dos romances mais bonitos já filmados.

          • fernanda comentou em 20/06/12 at 20:32

            com um final totalmente surpreendente!

  10. João Gilberto Monteiro comentou em 18/06/12 at 11:53

    André, eu como um completo ignorante do piano clássico, faço a seguinte questão: é possível fazer uma comparação do Glenn Gould com o João Carlos Martins ou são coisas totalmente diferentes????

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 12:01

      Olha, também não sou expert e não sou pianista, mas não acho que os dois estejam no mesmo nível de importância.

    • Alex comentou em 18/06/12 at 12:46

      Eu sou curioso no assunto e o unico brasileiro que eu vi receber elogios rasgados de um expert internacional foi uma mulher: Guiomar Novaes, paulista de Sao Joao da Boa Vista, num disco bem antigo com repertorio de Chopin.

      • Miguel comentou em 18/06/12 at 13:25

        Ué, e o Nelson Freire?

    • Luiz comentou em 18/06/12 at 13:30

      Na altura de Gould, brazuca e vivo: NELSON FREIRE.

      • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 13:46

        E o doc sobre ele, dirigido pelo João Moreira Salles, é lindo.

        • Rodrigo Goulart comentou em 18/06/12 at 17:48

          Tive o prazer de ver Nelson Freire, anteontem, ao vivo, no Theatro Municipal aqui do Rio. Espetacular e inesquecível.

          • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 17:54

            Sorte sua. Qual era o programa?

      • Carlos comentou em 20/06/12 at 15:11

        Nelson Freire é um grande musico, mas bem abaixo de Gould, que foi um gênio, inovador absoluto. A comparação não procede.

    • Sam comentou em 18/06/12 at 15:17

      João.

      O João Carlos antes de ser a figurinha de mídia que é hoje e antes de todas as suas complicações de saúde, é uma das grandes referências do seculo XX na gravação e interpretação das Obras de Bach. Justametne o mesmo compositor o qual Gould também era especialista.
      Mas enquanto o gould era mais cerebral no sentido de destrinchar a estrutura polifonica das obras de Bach para teclado e usar andamentos e ornamentos (e até as vezes ligeiras modificações de harmonia por conta própria) de forma muito diferente da tradição, o João Carlos fazia uma leitura mais passional e romântica dessas obras.
      Ambos merecem ser apreciados em suas lelituras tão diferentes e distintas sobre esse monumento universal que é a obra de bach.

  11. Preto comentou em 18/06/12 at 11:24

    outro filme muito bom sobre ele é “32 short films about glenn gould”, já exibido na tv cultura.

  12. Paulo Urbonas Neto comentou em 18/06/12 at 11:01

    Esse documentário também pode ser visto através do menu “NOW” da Net HD.

    É interessante notar que ele gravou o mesmo álbum de estreia dele, o Goldberg Variations, novamente em 1981, com uma visão bem diferente da que tinha em 1955.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 11:16

      Verdade, tenho as duas versões, são muito diferentes.

  13. Pedro Reis Lima Mendes da Silva III comentou em 18/06/12 at 10:51

    Aconselho a ficcao “O Náufrago” do austríaco Thomas Bernhard. Conta a história de três amigos que estudam piano entre eles Glenn Gould. Um belíssimo livro. Vale muito a pena. Abracao.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 11:17

      Não conheço, valeu pela dica.

  14. paulo comentou em 18/06/12 at 10:51

    Essa definição de arte dele bate com o que penso. Por isso gosto de bandas meio ruins de palco, como o Pixies. Aqueles mega-shows são coisa de igreja evangélica, o que conta é a música, que vc carrega para onde quer, e não a lambeção de traseiros de estrelas “carismáticas” que só tem valor pelas músicas que fazem e não pela “atitude no palco”, que pra mim é pura bullshit mesmo. Não entendo porque uma pessoa se humilha, gastando muito dinheiro, implorando por “aquela” música, sofrendo desconforto só para ver o artista “ao vivo”.

  15. Marcel Augusto Molinari comentou em 18/06/12 at 10:49

    Barça, isso que é legal demais no seu blog… eu jamais tinha ouvido falar de Glenn Gould. Agora que você deu a dica, fiquei curioso demais sobre o documentário….aproveitando que eu tenho o canal citado, assistirei!

  16. Anderson Nascimento comentou em 18/06/12 at 10:26

    Essa frase dele é muito marcante!!! Eu que prefiro os discos aos shows, e enquanto guitarrista preferia o estúdio aos palcos, me identifiquei bastante com ela.

  17. Silvia Reis comentou em 18/06/12 at 10:05

    Barça, Glenn Gould ou Liberace? Dois genios dos pianos e das esquisitices.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 11:18

      Acho que, em termos de talento, não tem comparação. Mas Liberace bate Gould em esquisitice.

      • Preto comentou em 18/06/12 at 11:29

        Liberace pagou um cirurgião plástico para transformar o amante num sósia seu. Segundo o amante, durante as cirurgias, o médico consumia vodca e cocaína.

        • Alixvaldo comentou em 19/06/12 at 11:11

          Wow! Freak total! Liberace queria transar com ele mesmo e pagou um cirurgião drogado para fazer o serviço?

  18. Kin Cordeiro comentou em 18/06/12 at 9:48

    Aê Barça, uma dica pra vc que é tricolor e gosta de um boteco: estou terminando um projeto de um bar temático no Rio (acho que no centro) que terá como tema o futebol. O dono do bar deve ser tricolor pois me pediu que colocasse vários quadros e camisas do flu em destaque. Quando estiver pronto te passo o endereço.

    • Andre Barcinski comentou em 18/06/12 at 11:18

      Boa! Só coisa fina!

  19. neder comentou em 18/06/12 at 9:48

    A definição citada do significado da arte é muito adequada para sua forma de expressão artística. Ou para as artes plásticas, talvez. São aquelas que, junto com a literatura e o teatro, os eruditos chamam de verdadeira arte. Como passo a maior parte do tempo consumindo subprodutos da arte, como cinema e música pop, tenho dificuldades para apreciar a grande arte. Não saberia distinguir os pianos de Glenn Goud e Arthur Rubinstein, por exemplo. Como são os estilos de cada um, porque se diferenciam da maioria etc. Acho todos bons sem saber o motivo. Talvez porque pareçam distantes da simplicidade das expressões artísticas que curto, que são mais rasteiras e quase sempre repletas de ejeção de adrenalina e emoções acessíveis.

  20. Valter comentou em 18/06/12 at 9:47

    Valeu por trazer essa bela história!

    Abraços

  21. jAH comentou em 18/06/12 at 9:45

    Tem razão, Barça. Este finde fiquei procurando um vídeo qualquer que fosse do Monsueto de Menezes, e só achei um com a Elza Soares, o resto só imagem parada e som na caixa. E olhe que é anos 60.

  22. Guilherme Braga comentou em 18/06/12 at 9:34

    “O sentido da arte é a combustão interna que provoca nos corações dos homens e não suas manifestações públicas, vazias e externas. O propósito da arte não é uma momentânea ejeção de adrenalina, mas a construção gradual e perene de um estado de deslumbramento e serenidade.” -> Pega essa, U2.

  23. Miguel comentou em 18/06/12 at 9:31

    Esses caras habitam outras esferas. Caras como Keith Jarrett, João Gilberto, Michelangeli. Vejam que viagem, o adagio (a partir de 12:06) é de chorar. É viajar de cara limpa rs: http://www.youtube.com/watch?v=LDBD–BMemY&feature=related

    • Luiz comentou em 18/06/12 at 14:31

      Ravel é viagem pura. Tanto esse concerto quanto o da mão esquerda. Outra bela versão é a de Bernstein (regendo ao piano) Alias, o pessoal do rock, com um pouco de paciência, ia descobrir o que é viagem de verdade com a música erudita.

  24. F de I comentou em 18/06/12 at 8:40

    Aproveito, além de escutar as dicas de “novidades” que não conheço, para ler sobre as biografias dos indicados aqui pelo blog. O cara morreu em consequência de complicações de um ataque… trágico.

  25. Alex comentou em 18/06/12 at 8:25

    Acho que Glenn Gould e’ o tipo de personagem que transcende a musica. Tem um filme/documentario sobre ele chamads “32 curtas sobre Glenn Gould” que e’ um show de criatividade. Tem tambem um livro. “O Naufrago” do Thomas Bernhard, outra obra-prima.

    • Sávio comentou em 18/06/12 at 9:38

      Realmente fantástico o livro do Thomas Bernhard, foi lá que li sobre Glenn Gould pela 1ª vez. Há alguns anos saiu por aqui uma biografia escrita por Otto Friedrich. E saiu em CD uma edição que contém as 2 gravações das Variações Goldberg, a de 1955 e a de 1981.

  26. Adriano comentou em 18/06/12 at 8:12

    Essa frase do Gould é bastante significativa e me evoca a letra da canção “PODER DA CRIAÇÃO (João Nogueira / Paulo César Pinheiro) sobre a inspiração do artista: ” (…) ela é uma luz que chega de repente. Com a rapidez de uma estrela cadente. Que acende a mente e o coração. É faz pensar que existe uma força maior que nos guia. Que está no ar
    Bem no meio da noite ou no claro do dia
    Chega a nos angustiar (…)”. Abs.

  27. Rodrigo Barreto comentou em 18/06/12 at 8:11

    Barça, parabéns pelo texto! De fato, o cara é muito impressionante! Escutar as “Variações Goldberg” na íntegra e de uma vez só dá a exata percepção da genialidade do sujeito, ainda mais considerando a época em que foram gravadas! Abs!

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailandrebarcinski.folha@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts André Barcinski
  1. 1

    Até breve!

  2. 2

    Há meio século, um filme levou nossas almas

  3. 3

    O dia em que o Mudhoney trocou de nome

  4. 4

    Por que não implodir a rodoviária?

  5. 5

    O melhor filme do fim de semana

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 04/07/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).