Anthony Bourdain em busca do prato perfeito
19/06/12 07:05
Anthony Bourdain é uma celebridade da TV. Esse ex-junkie, fã de punk rock e chef de talento é conhecido mundialmente por seu programa “No Reservations”.
O restaurante onde Bourdain trabalhou – e onde ainda é “chef executivo” – o Les Halles, é uma instituição nova-iorquina, caso raro de lugar hypado pelos turistas e que serve comida de primeira.
Bourdain surgiu para o mundo com um livro, “Cozinha Confidencial”, lançado em 2000, onde contava os bastidores do mundo da gastronomia.
O livro desmistificava a imagem de chefs como pessoas tranqüilas e sérias, trazendo relatos de sexo, drogas e disputas de ego. Uma espécie de “Medo e Delírio” entre as paredes de uma cozinha.
De Bourdain, eu só havia lido “Cozinha Confidencial”. Mas acabei de ler “A Cook’s Tour”, lançado em 2001 (no Brasil, “Em Busca do Prato Perfeito”), e gostei ainda mais.
O livro é uma espécie de guia de viagens em que Bourdain visita diversos países em busca de experiências gastronômicas únicas.
Ele vai ao Vietnã e bebe sangue de cobra, come caviar com mafiosos russos, acompanha o abate e preparo de um porco gigante no norte de Portugal, se junta a uma tribo de nômades no deserto do Marrocos para assar um carneiro, explora uma cidade do Camboja ainda dominada pelo Khmer Vermelho e visita alguns dos melhores restaurantes do mundo, como o French Laundry, na Califórnia.
Além de ter histórias ótimas, o livro é muito bem escrito, num estilo gonzo/punk sem frescura e cheio de ironia.
O relato de uma manhã no mercado de peixes Tsukiji, em Tóquio, acompanhado do mestre sushiman Kiminari Togawa, e do banquete preparado depois por Togawa, é inesquecível. Dá vontade de pegar o primeiro vôo para o Japão.
Bourdain descreve como Togawa usa uma faca e um arame fino para deixar um peixe vivo paralisado, basicamente num estado comatoso, para que fique fresco até o momento de ser servido. É demais.
Bourdain é um baita escritor. Gosto não só do seu estilo, mas de suas opiniões e visão de mundo.
Ele é um tradicionalista que abomina frescura na cozinha, adora comida popular, despreza o “hype” tão comum ao mundo gastronômico, mete o pau no xiitismo vegetariano, na correção política e na destruição de velhas tradições culinárias em prol de uma suposta “modernização” da indústria alimentícia.
No caminho, ofende bastante gente. Desce o cacete em Jamie Oliver e em Ferran Adrià, é só elogios para Gordon Ramsay.
Leio que Bourdain lançou, ano passado, o livro “Ao Ponto” (Cia. das Letras), a continuação de “Cozinha Confidencial”. Vou pedir o meu.
Posso comentar aqui ou terei que pagar? É uma pena, pois muitos irão migrar para outros sites, o UOL insiste em querer cobrar por serviços que são gratuitos em outros sites que mercenários… quanto ao Anthony Bourdain sou fã de carteirinha, só acho que ele teve uma péssima impressão de SP, só levaram o cara nos piores buracos pra experimentar comida de rua… ele odiou a cidade é claro…
André, e o Andrew Zimmern, do “comidas exóticas”, vc curte? Acho divertidíssimo como ele encara comidas bizarras e sempre acaba “gemendo” de prazer. E uma coisa sensacional nesse episódio do Tony em SP é que ele capta a essência da cidade: a feiura, o stress, mas ressalta o que a cidade tem de legal: pessoas, a mistura de culturas e a culinária popular (comida de padoca, de rua). A parte da feijoada tem alguns dos elogios mais bonitos que eu já vi a sp e ao Brasil. Eu já vi umas 3 vezes e não canso de rever. abs
Não conheço esse programa, vou procurar.
André, passa no Travel and living, o mesmo canal que passa o “Sem reservas” do Tony. Vc vai gostar: o cara viaja o mundo em busca de comidas exóticas – e muitas vezes bizarras. O gordinho encara todas e sempre de um jeito ogro simpático. Pode ser “miolo de macaco” (exemplo absurdo), mas ele come e curte. Vc curtir. abs
Fala André ! Estou estagiando no D.O.M. e mes passado Tony Bourdain foi gravar lá, foi muito simpático com todos os cozinheiros e fikei muito feiz de conhecê-lo…aqui está a fotinho com o grande chef…abraço !
http://www.facebook.com/photo.php?fbid=492666377417604&set=a.195411770476401.61415.100000227384631&type=1&theater
Muito legal, Mauricio, parabéns pelo estágio e pela foto.
Fala André, nas últimas férias, seguindo uma dica do ‘No reservations’ eu levei minha namorada num rest japones em NY (HAGI na 49). Experiência gastronômica fueda!!! O cara é ponta firme demais!!! Vou atrás de um livro desses com certeza. Abraços e continua escrevendo que eu continuo lendo!!
Não conheço esse Hagi, vale? Vou pra NY em novembro…
Nós gostamos muito! Lugar underground, c/ mesas bem juntas e um cardápio de saquê vasto. Gostamos tanto que voltamos lá por conta de um frango com molho que eu vou ficar te devendo o nome. Segue link do programa do Bourdain de onde tirei o endereço:
http://www.travelchannel.com/tv-shows/anthony-bourdain/episodes/new-york-city
Demais, vou anotar, valeu a dica.
Também gosto dos livros, mas o cara é arrogante e chatonildo. Daqueles lisos, que não dá entrevista pra ninguém. Pena.
Estou lendo “Sangue, ossos e manteiga” de Gabrielle Hamilton, que também é dona de restaurante badalado em NYC. Muito bom, ela é bem “na lata” e nem um pouco condescendente, mistura reminiscências pessoais, confissões meio chocantes e estórias culinárias deliciosas, contrastando o trampo “linha de montagem” com a devoção ao trabalho feito com respeito à comida e a quem come. Escreve muito bem também. Recomendo.
Boa, não conheço.
Barça,falando em gastronomia,quando sairá seu guia da gastronomia ogra?
Já entreguei, deve sair em setembro. Aviso, pode deixar…
O Bourdain odeia karaoke e eu também. Acho que o karaoke foi criado com o intuito de as pessoas aprenderem a tolerar umas às outras.
Ou não…
O que o Bourdain diz a respeito do Carlos Arguinano? Eu adoro ele…
Eu li o “Medium Raw” que em portugues me parece que é “ao ponto” pelo o que eu li nos comentários.
Ele não é tão bom quanto o Kitchen Confidential, mas tem grandes momentos. Um capítulo do livro é justamente sobre o que você comentou sobre as comidas perfeitas – que ele chama de “Food porn”.
No “ao ponto”, ele também um capítulo que ele desanca certas celebridades ou redime outras do mundo da culinária. Inclusive muda de opinião sobre certas pessoas (o que eu achei excelente da parte dele – afinal todo ser inteligente muda de opinião com o passar do tempo)
Gosto do Larica Total no Canal Brasil, com o Paulo de Oliveira, figuraça. Até adotei “chablau” ao meu vocabulário. =)
Sou suspeito pra falar porque dirijo dois programas pro Canal Brasil, mas tb sou fã do Larica.
Esse precisa comer muito “feijão” pra chegar nos pés do Tiefenthaler!
Bom, se Quinta-feira o blog vai mesmo para o conteúdo pago só posso, na condição atual de não-assinante, agradecer ao André pelo conteúdo do espaço neste período de acesso livre. Muitas pautas e dicas de qualidade. E poucas vezes vi o leitor ter tanta atenção e oportunidade de apresentar sua opinião. Parabéns. Espero que o muro de pagamento seja bastante poroso mesmo, para uns papos eventuais.
Bando de mão-de-vaca
Lembrando que sem acompanhar o blog gastarei menos, deixando de comprar muitos livros (os do Bourdain serão os últimos)…
O cara escreveu até quadrinhos, a Graphic Novel “Get Jiro”, editada pela DC Comics. Segue a sinopse:
In a not-too-distant future L.A. where master chefs rule the town like crime lords and people literally kill for a seat at the best restaurants, a bloody culinary war is raging. On one side, the Internationalists, who blend foods from all over the world into exotic delights. On the other, the ‘Vertical Farm’, who prepare nothing but organic, vegetarian, macrobiotic dishes. Into this maelstrom steps Jiro, a renegade and ruthless sushi chef, known to decapitate patrons who dare request a California Roll, or who stir wasabi into their soy sauce. Both sides want Jiro to join their factions. Jiro, however has bigger ideas, and no chef may be left alive.
Barça…
Quanto tempo.
Leio sempre tua coluna e ainda estou aguardando uma visita de vocês ao restaurante quando estiverem por aqui.
Saudades tuas!
beijocas.
Helena, tudo bom? Que bom te ver por aqui. Claro que vamos, será um prazer. Devemos ir a SP em julho. Te aviso, tá? Beijo.
Pela seu relato,os livros do Bourdain tem a mesma pegada do “No Reservations” :muito sarcasmo e bom humor.Acho que ele iria gostar da Culinárioa Ogra,pois no programa o cara se amarra em comida de botequim.
Eu li que ele se mudou pra CNN e vai fazer um novo programa lá. Li também que há uma possibilidade de ele fazer um programa com a Nigella,que se não me engano tem uns programas sobre culinária na Inglaterra.Quero ver o que diabos vai sair da reunião desses dois.
Alem de ser otimo escritor seu programa na minha opinião é o melhor sobre culinaria que existe,pau a pau com Bizarre Foods e Man´s X Food,Gordon Ransay se leva muito a serio,Jamie Oliver tem receitas otimas,porem o cara é um mala, aqui em terras brazucas ter de aguentar Anquier Olivier e Claude qualquer coisa é o fim.
Tony Bordain é um dos unicos motivos pelo qual ainda assisto televisão.
Adoro o tom sarcástico e bem humorado dos episodios, é um cara inteligente e de bem com a vida. Quem mais tem um trabalho onde pode conhecer o mundo inteiro, todas as culturas, e ainda se alimentar bem?
Antony Bordain e Andrew Zimmer são dois feras da gastronomia sem frescura.
Pena que o brasileiro só tenham gosto pros bolinhos de chuva da Palmirinha.
Bolinho de chuva é mó gostoso! Combina com SP…
Pode encomendar Ao Ponto. É melhor do que o Cozinha Confidencial. Boa leitura.
Oi, André, tudo bem? Ótimo post. Lembro de ter dado muitas gargalhadas quando li Cozinha Confidencial. O mais legal do cara é, como você citou, o desprezo pela hipocrisia.
Dá pra notar um certo ar de superioridade, vamos dizer assim, quando ele se refere aos cozinheiros e auxiliares que, invariavelmente, vêm de lugares pobres das américas do Sul e Central. Tudo que ele espera desses caras é que eles não façam perguntas e trabalhem 18 horas por dia – sem atraso.
Outra dele imperdível é quando diz não dar a mínima aos agrotóxicos: afinal, o que importa é a alface estar crespa e crocantinha, hehe.
Demais!
Não sei se concordo tanto com o que vc diz que o Bourdain acha dos ajudantes. Ele vive elogiando os assistentes mexicanos e, no livro, até vai ao México visitar o lugar de onde a maioria deles vêm.
O porco é em Portugal cara
Tem razão, o capítulo sobre Santander é outro, vou mudar. Valeu.
André, terá algum outro endereço para não perdermos a oportunidade de ler os seus artigos, depois de a Folha passar a cobrar pelo conteúdo? Tava indo tudo tão bem…
Como disse, não tenho a menor idéia de como ficarão os blogs…
Pelo que entendi do link que o Felipe deixou (veja no quadro “As várias maneiras de ler a Folha”), o blog entrará no conteúdo que será pago.
Parece que é isto mesmo. Liberados só a capa e os textos do “Folha Transparência”. Trágico…
Pelo visto será a última vez que lerei o blog, pois não vou assinar o jornal para acessar um único conteúdo. Acredito que a Folha já é rica o suficiente e ganha muito com publicidade para cobrar até a leitura dos blogs. É muita ganância e interesse em lucro irrestrito pro meu gosto.
Olha, Paulo, eu discordo. Informação custa, o trabalho de jornalistas custa, é caro fazer um trabalho jornalístico. Os jornais e revistas de que eu gosto – NY Times, New Yorker – eu assino, porque acho que o valor gasto vale a pena, pelo tanto que aproveito. Mas isso é minha opinião, nem todo mundo precisa concordar.
Entendo perfeitamente André, só que para mim o custo benefício é péssimo, pois vejo algumas notícias por sites diversos, tv e revistas, e na Folha só leio seu Blog e você sabe muito bem que só uma parte muito pequena dos lucros de uma grande corporação como a Folha é destinado ao pagamento de seus colaboradores. Tudo custa, mas no Brasil se lucra demais, a margem de lucro empresarial é imensa e os salários são os piores do mundo.
Eu pagaria para acessar os conteúdos deste blog.
O que eu não entendi foi o seguinte: com chamada na Uol, a quantidade de acessos não tem uma importância específica como parâmetro? Respeito que cobre quem queira cobrar, mas achei tiro no pé. Eu até assinaria, mas se fosse apenas o blog, porque visito muito pouco a Folha.
Exato. Poderia ser feita sim uma assinatura, com o conteúdo que escolhermos. Assim nosso login só teria acesso a estes locais escolhidos.
Não entendi uma coisa: vc respondeu a vc mesmo?
Eu também pagaria só para acessar o Blog, desde que proporcionalmente, mas não o valor cheio da assinatura do Jornal, pois não leio o restante.
a Folha realmente acredita na própria importância ao espelhar-se em jornais como Guardian e NYT. Duvido que a adesão será grande – é impossível encontrar mais de 20 textos relevantes por mês nesse jornalzinho.
Se é um conteúdo legal, informativo e que agrega, por que não pagar? O valor cobrado não é tão abusivo ao meu ver, mas ai é de cada um.
Pois é. Será uma pena se o acesso ao blog for restringido aos assinantes do jornal. Eu até assinaria a Folha, pois acho justo cobrar por conteúdo de qualidade. M também acho que R$ 30, o equivalente aos Us$ 15 do NYT, um pouco caro se compararmos as realidades brasileira e americana.
bah!!! que noticiazinha, ainda mais eu que moro no interiorzão do RS, claro que eu compraria a folha aqui na minha cidade se ela estivesse disponível nas bancas o que não e o caso, e quanto a assinatura, com certeza faria pois todos devem ser remunerados e a informação e um bem precioso, infelizmente estou falido, e não tenho condições, o único acesso a net que eu tenho e no meu trabalho
Lembrei também do Frugal Gourmet (passava na tv a cabo), com o finado Jeff Smith. Acho que foi ele quem começou com esta onda de usar fantoches para dar pitacos nas receitas. Se não me engano o bichinho era viciado em alho, e sempre elogiava quando o cara colocava. Estava lendo agora na wikipedia e o cara parece que teve uma vida meio doida também… teve até abuso de crianças no meio da coisa toda.
http://en.wikipedia.org/wiki/Jeff_Smith_(TV_personality)
Ele aparece no clipe do Cake, Love You Madly… deve ter sido uma das últimas dele.
André,
então não deixe de ler “Sangue, Ossos e Manteiga”, de Gabrielle Hamilton, com apresentação do próprio Bourdain, que diz que o livro foi sua principal inspiração para começar a escrever e o considera insuperável como literatura gastronômica.
Não conheço, ótima dica.
Se o Bourdain odeia tanto São Paulo, pq ele continua vindo pra cá então? Sinceramente, André Barcinski, eu tb acho que ele é um baita escritor e o programa é muito bom, mas não faz sentido pra mim. Existem 200 países no globo, todos cheios de iguarias para o chefe nova iorquino se esbaldar, mas ele prefere vir, pela terceira vez, a uma cidade que ele sempre faz questão de dizer que detesta. E, sim, isso é recalque de um paullistano meio de saco cheio das porradas que a cidade vive levando.
Vc viu o programa? Ele disse que odiou SP da primeira vez que veio, mas depois mudou de idéia. Mas mesmo quem mora em SP não pode negar que a cidade é feia.
Sao paulo e horrivel…
Jota C. é você? Lá nos cafundós do Grajaú é horrivel mesmo meu querido!
só aceito quem nasceu em SP falando se é bonita ou feia. quem nasceu em outro lugar que olhe pro próprio umbigo.
Deixa de ser racista, Fernanda. Qualquer um pode falar o que quiser de quem quiser.
hahaha isso me lembrou um paulista que falou uma vez: “sou paulista e não tenho preconceito nenhum com pessoas de estados inferiores”
Pois é. Como alguém pode morar numa cidade que é formada por pessoas de outros lugares e diz uma besteira dessas?
Pô, Rafael, no trecho do programa apresentado aí no post ele faz um dos maiores elogios que uma cidade pode receber – diz que em São Paulo vive o tipo de gente que ele gosta…. (a partir de 2:30).
Ahhh… faltou eu escrever que gosto bastante também dos programas do Gordon, principalmente Kitchen Nightmares e o Masterchef.
Assisto o programa dele ás vezes, não li os livros. É divertido.
Aliás existem bons programas gastronômicos hoje em dia sem serem afetados. O melhor para mim é o Man Vs Food. Dá vontade de comer todas aquelas porcarias. Você já assistiu André?
Barça, vc leu o “Calor”, do Bill Buford? O próprio Bourdain o elogiou muito. Eu gostei demais dos relatos do cara.
Não conheço, do que se trata?
O cara era editor do New York Review of Books ou da New Yorker, e tirou uma licença de um ano pra se meter na cozinha do Mario Batalli; depois acabou na Toscana, pra aprender sobre carnes com um mestre maluco.
É pauleira o tempo todo, muito bem escrito e desglamourizando as grandes cozinhas.
A Propósito, os programas de Gordom Ramsey são puro UFC gastronômico. Escreveu não leu o pau come solto.
O Bourdain elogia muito ele como chef, diz que o cara é demais e importante pacas.
Agora que eu descobri esse blog interessante com homens comentando sobre chefs, como o Anthony Bourdain, que eu adoro, e ainda citando livros, terei que pagar para continuar lendo? Lamentável, heim Folha de S.Paulo!
E sabia que tem “mulé” que paga pra “hómi” mostrar como se recheia um salsichão? É nas Alemanha, claro!