Fui à Rio+20 e tudo que ganhei foi este apito
25/06/12 07:05
“Ê ê ê ê ê… Índio quer apito, se não der, pau vai comer.”
Nenhuma frase resume tão bem o Brasil. Mais de 512 anos depois de Cabral pintar por aqui, o Brasilzão continua dando apito para índio. E os índios, claro, somos nós.
Nada aqui é feito para resolver. É tudo cosmética. “Tudo perfumaria”, como diz um amigo.
Este país só funciona quando tem alguém de fora olhando. E a Rio +20 foi mais uma prova.
O trânsito está péssimo? Fácil: suspendam-se as aulas.
O Edward Norton não consegue chegar do hotel à praia do Leblon? É só dar folga para o funcionalismo público.
Aqui perto de casa, o posto da Polícia Rodoviária em Mambucaba (RJ), fechado há dois anos por falta de efetivo, foi reaberto – mas só para a Rio+20. Depois que a Hillary for embora, fecha de novo. E os bananas dos moradores que se danem.
Um amigo, velejador, navega com a família há anos pela costa do Rio de Janeiro e raramente vê um barco da Marinha patrulhando os mares. Durante a Rio+20, seu veleiro foi parado QUATRO VEZES em dois dias, incluindo uma inspeção com direito a oficiais armados entrando na embarcação.
Dá para levar a sério uma conferência que teve palestra de Luciano Huck, multado pela Justiça por crime ambiental, ao cercar uma praia com bóias para impedir a entrada de “indesejáveis”?
“Ah, mas o que importa na Rio+20 é o documento final”, dirão alguns.
Discordo. Não interessa o documento. Porque o Brasil não vai cumprir nada. Não existe vontade política de fiscalizar nada. É só blablabá. Só perfumaria.
Veja só: uma conhecida, que trabalhou na montagem do stand de um órgão público na Rio+20, disse que o custo do stand, cujo objetivo era “divulgar as ações sociais e sustentáveis” do tal órgão, equivale a três vezes o orçamento anual de uma APA (Área de Preservação Ambiental) daqui da região, que protege uma área de 33 mil hectares.
Esta APA não tem verba, não tem apoio, não tem nada. Uma de suas funções é fiscalizar obras irregulares na costa, mas nem barco ela tem. Só falta o governo mandar os fiscais saírem a nado por aí.
Curiosamente, alguns dos muitos crimes ambientais na costeira – e que deveriam ser fiscalizados por esta APA – são cometidos por bilionários que construíram mansões em áreas de preservação. E alguns destes ricaços estavam na Rio+20, divulgando suas ações em prol da natureza e da humanidade. Não é lindo?
Dá para acreditar em sustentabilidade num país que diminui o IPI de carros para satisfazer às montadoras, enquanto sucateia o transporte coletivo?
Já me conformei. Não acredito em mais nada. Quando alguém vier falar em sustentabilidade, vou soprar meu apito até que o chato vá embora.
Fazer a coisa certa é chato para caramba neste país, o legal é fazer tudo errado, acreditar que o errado é certo e fazer tudo mundo acreditar no mesmo.
Gostaria de um apito desses para apitar na cara de muita gente!!…rsrs
Andre, me lembrei do Luciano Hulk quando assisti ao ‘The Rum Diary’ e o personagem do Aaron Eckhart expulsa os porto riquenhos os de ‘sua’ praia.
É bem por aí mesmo.
Cara, meus parabéns. É mais um post que mereceria ir pro editorial da Folha. Fico pensando naquela reunião em Copenhagen, que também não deu em nada: governantes e “ecosustentáveis” se encontraram em uma cidade fria pra cacete para falar sobre mudanças climáticas!! Porque não fizeram nas Ilhas Tuvalu, cujo arquipélago periga ser engolido pelo oceano? Ou melhor ainda, não fizeram um debate on-line, para evitar o acúmulo de poluição de todos os aviões viajando em um só local?
E depois ficam os participantes da Rio +20 tentando se convencer de que o evento valeu a pena.
Debate online? Tá louco? Como é que o pessoal vai fazer compras e passear?
Fazer compras, passear, beber muito, comer uma nativa carioca e fumar maconha. Esse foi o objetivo do Rio +20.
É. O Luciano Huck quer mesmo ser presidente do Brasil. Alguém vai de táxi para a posse no Planalto.
ehehehehe…Boa. Até imagino o bordão da primeira dama: “Você pintam com a minha pinta?”
Chega a ser triste, mas com 33 anos, apesar da pouca vivência, desisti do Brasil… Seu tivesse a oportunidade, iria embora daqui sem nenhum remorso… Só sentiria saudades do Morumbi e do meu tricolor…
eu fui. fico pulando de um canto pro outro. até semana passada estava morando em milão, agora estou em madri. não é caro, sabia? gasto menos do que quando morava em sp. e quando esbanjo mesmo (saio pra comer direto, ver shows com maior frequência), gasto o mesmo ou pouco mais que antes. só morro de saudade da minha família e dos meus cachorros. de resto, caguei pro brasil. deixa ele pro luciano huck.
Fernanda, eu trabalho com TI, tenho certeza que existe mercado pra essa área em muitos lugares do mundo. Tenho pensado muito nisso nos últimos tempos… 🙂
André, o pior é a cobertura extremamente “amigável” da mídia nativa com esse evento, dizendo que iria mudar o mundo, o começo de uma nova era, etc. e relutou em assumir um fracasso que até um filhotinho de mico-leão-dourado sabia que ia acontecer, ainda mais com má vontade dos emergentes e primeiro-mundistas, crise europeia, golpe no Paraguai, eleição norte-americana e semifinal da Libertadores e da Copa do Brasil!!!!!
Essa Rio+20 é só o primeiro dos grandes eventos mundiais que o Brasil vai sediar nos próximos anos, culminando com as Olimpíadas em 2016. Será que o país sobrevive até lá? E o que vai sobrar depois? sobre a Rio+20 em si você disse bem, é só perfumaria, mesmo porque não é só o Brasil que não vai cumprir nada, mas os demais países também não querem ter nenhuma responsabilidade nisso…
Eu sou outro que está gradativamente perdendo a esperança de mudança nesse País.
Esses pilantras gastam nosso dinheiro nesses eventos pra não chegar a lugar nenhum. O pior é quando jogam a responsabilidade pra cima da gente dizendo que temos que diminuir o tempo do banho, usar menos água pra lavar roupa e louça, blá blá, blá…
Se fosse seu amigo velejador acho que reagiria como o Michael Douglas.
Só uma dúvida, André, você concorda que há um certo exagero por parte desses ecologistas quando fazem suas previsões catastrófica? Ok, o aquecimento global é uma realidade. Mas mesmo assim. Você não acha que eles fazem um estardalhaço que pende até para o senso comum?
Acho que não há exagero.
Concordo plenamente quando você diz que a única coisa que faz mover mais ou menos bem esse país é a opinião pública internacional. Essa tal ”comissão da verdade”, por exemplo, só passou a existir depois que a corte interamericana de justiça nos condenou por sermos o único país da América latina a nunca ter feito qualquer tipo de investigação sobre o período.
Bem lembrado.
Que a Rio+20 foi uma palhaçada gigantesca, nós sabemos (não sabia dessa do Luciano Huck.. rimos? choramos?). Somos achincalhados o tempo todo; só resta nos rebelarmos. Há poucos meses trabalhei num evento com temática semelhante à da Rio+20, que contou com ex-presidente e prefeito de sp, entre outros. Foi feita toda uma propaganda sobre a ‘sustentabilidade e acessibilidade’ desse evento. Mas lá, nenhum material foi reciclado e nada foi feito pra facilitar o acesso de deficientes (eu auxiliei uma cadeirante durante os dias do evento pois ela não conseguia transitar pelo local, não havia rampas, não havia sinalização alguma; ela esperou por horas para que abrissem o banheiro para deficientes etc etc).. Só nos resta a rebelião.
Rio+20 serviu pra empresas aprenderem mais termos bonitos (como ‘sustentabilidade’) que serão utilizados pra legitimar a exploração do ambiente e incentivar o aumento das vendas.
Ou a gente aprende, de vez, que nossos recursos já estão escassos e que precisamos mudar hábitos excessivamente consumistas ou seremos extintos (tomara!). A natureza, em pouco tempo, irá se recompor e tudo voltará ao normal.
Um cadeirante circular pelas calçadas de SP é um feito extraordinário, precisa ser um atleta.
Mas pera lá! Todos os países envolvidos no circo não resolveram absolutamente nada, ninguém sugeriu nada, ninguém assinou nada e o problema está somente aqui?
Por favor, mostre o trecho em que eu digo que o problema é exclusivamente nosso.
Desde que você mostre o trecho em que eu digo que foi você o autor da ideia de nossa exclusividade. O texto é sobre os comentários dos leitores que adoram chamar o país de bananão e afins, mas que não fazem nada além de reclamar na internet.
Você está comentando o texto que eu fiz. Se vc quiser se referir aos comentários de leitores, sugiro vc explicar isso antes, ou vai dar a impressão errada.
Esta do Luciano Hulk foi boa! Hehe…
Você ainda ganhou um apito.
Nós, nem isso.
O blá-blá-blá neste país é mesmo sem fim, mas palestra do Luciano Huck? Ninguém merece, cara!
Quem comprou a ideia que o estávamos discutindo o futuro do planeta, liderados pelo Brasil? A imprensa estrangeira fez uma cobertura discretíssima diante de assuntos mais importantes, como a eleição presidencial americana, a crise na Europa, a Eurocopa… Apesar disso foram mais críticos ao apontar as contradições do país sede, e supostamente líder da reunião. Um exemplo: o título do artigo do “Le Monde” se lê “Deixe-os limpar a sua porta da frente antes de falar sobre o Planeta!” -> http://tiny.cc/lclggw
Até hoje não entendi para quê serviram esses eventos, Eca 92, Ri+20…
Nada nesse país é sério…
Senhor, eu quero meu apito , por favor!
Abraço
Palestra do Luciano Huck?????????
Teve isso mesmo?????
Caro André,
Entendo sua revolta,sou formado em Gestão Ambiental,e no meu curso entendi que o que fala mais alto é o dinheiro e eventos como esse só servem para expor a ambição mascarada de boa intenção.
Um país de contradições, um país de passividade, um país de comodismo. O que não falta é oportunidade para adjetivar o Brasil da pior forma. Eu sou outro que já perdeu as esperanças em reais melhorias no Brasil. Para a grande maioria que nunca teve nada, todo pequeno ganho já é melhoria. Sou frequentador assíduo de Parques nacionais, onde faço caminhadas, travessias ou somente curto as cachoeiras com meu filho de 2 anos. Na ultima vez que fui à Serra dos Orgãos em Petrópolis, fiquei sabendo que finalmente, depois de anos, foi construído um refugio no topo da Serra para abrigar os visitantes e o guarda parques. Conversei com um dos guarda parques do local e fiquei sabendo que já não era mais o governo que cuidava do parque, era uma empresa terceirizada, e ainda assim, para o cara ter gás no topo da Serra, para cozinhar, ele era obrigado, ele mesmo, a carregar um botijão de 20 quilos, mais a alimentação dele até o topo da montanha, sozinho. 8km de subida íngreme, a pé, carregando uns 20 a 40 kgs nas costas. Mais uma melhoria que não se mantém, não se sustenta Qual o custo para equipar e dar boas condições às pessoas que trabalham nestes locais para poderem fazer aquilo que se discute num evento que gasta fortunas do contribuinte?
confesso que essa rio + 20, o lance contra o presidente do paraguai e a voadora que o cara do santos deu num gandula na quarta feira estao todas na categoria do ” não entendi!”. das duas uma, ou eu to ficando cada x mais burro, ou isso tudo realmente nao tem importancia alguma.
Quem manda são os poderosos. E estes são movidos a ganância e hipocrisia. Depois tem o gado, que é a imensa maioria da população, que aceita tudo e vive de esperança. Mas tem também uma minoria, que entende alguma coisa dessa sopa escrota toda. Entende o que acontece e não se deixa enganar. Essa minoria pode fazer muita coisa, mas não pode mudar as coisas. De modo que a vida vai ser sempre esse absurdo. Podia ser diferente, mas não é.
Acho que as coisas só começarão a mudar quando a minoria a que você se refere se interessar em seguir carreira política; quando os políticos passarem a efetivamente representar as pessoas de bem (porque por enquanto os políticos representam a parcela da população que é igualzinha a eles, por isso que não reagem – por ignorância ou por senso de cumplicidade), aí sim as coisas começarão a mudar. Mas veja entre seus contatos, que certamente tem gente de bem, quantos seguirião carreira política. Ninguém quer, porque sabe que tem que sujar as mãos. Você topa seguir carreira política, Barcinski? rs
É exatamente isso. Um círculo vicioso dificílimo de ser rompido. A maioria atua, ativa ou passivamente, de forma errada, insustentável. As coisas estão fortemente estruturadas desta forma. E o fato é que para ser político “do bem” é preciso mais do que vontade, boa intenção, competência. É preciso vocação para herói, mártir. Poucos tem esse perfil. Eu não sou um deles. Uma minoria vivendo consciente e honestamente não basta. Não é uma questão de se conformar, mas é preciso tentar abrir espaço, mesmo sabendo que provavelmente não vai adiantar nada. É a vontade da maioria que faz a vida como ela é. O resto é exceção.
E como se já não bastasse os tais círculos viciosos no globo todo, nós somos especialistas em fazer esta “circunferência” do nosso jeito, não saimos do lugar.
Aguarde! Breve em um mercado próximo de você: “A volta da sacolinha!”. Porquê sera que isso vai acontecer depois da Rio + 20 hein?
A Eco 92 pelo menos teve o Jello Biafra chamando o Bush de traficante, foi mais interessante…
Off topic Andre, já viu a banda nova do Thurston Moore? Eu achei legal, mas é aquilo, se me dissessem que era um novo do SY eu nem sentiria a diferença. Fico na dúvida se isso é bom ou ruim. Se não tiver visto ainda tem uma música neste link aí embaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=EnL1-9ilYuo&feature=plcp
É por essas e outras que entendo a radicalidade da atitude do Ivan Lessa em nunca mais ter pisado no Brasil. Se nao existe reciclagem de nada em Sao Paulo, entao é mais fácil por decreto extinguir as sacolas de supermercado. Mais sensato, mas muito trabalhoso, seria ir até um país como a Alemanha, que recicla praticamente todo seu lixo e há pelo menos uns 40 anos e trazer para o Brasil os métodos lá utilizados. Nao sei quanto custaria, que tecnologia está envolvida, mas fazer a coisa direito dá trabalho e tudo que nossos políticos querem é resolver os problemas numa canetada.
Aqui no “Brasil brasileiro” nem se imagina o que seria efetivamente reciclagem de lixo, o que dirá transporte público decente, respeito ao cidadao, dinheiro de impostos revertidos em melhoria da vida na cidade etc, etc, etc. É muito triste.
Bom dia “amigo”, recentemente li uma entrevista de um climatologista (me perdoe se não está correto) brasileiro, infelizmente não me lembro o nome, dizendo que esse negócio de camada de ozônio é tudo estorinha pra boi dormir, que essa tal “bolsa” de emissão de poluentes, ou de carbono, sei lá, o dono é o Al Gore, e ele está ficando bilionário com isso, vc sabe algo a respeito?
Claro que existe o problema da destruição da camada de ozônio, o ponto não é esse.
Eu conheço está história do Al Gore inventando as coisas! É no Southpark, o famoso “homem-urso-porco”. metade homem, metade urso e metade porco.
Felipe, eu não sou comentarista dos seus comentários, mas hoje não dá pra evitar. Quer dizer que o sujeito tem três metades?!!! Eis um feito matematicamente insólito, pois não?!
Insólito para reles mortais, não para o Nicolas Cage do blog!
Não costumo a comentar os comentários dos outros, mas só para dar um help.
O cientista que você está se referindo chama-se Luiz Carlos Morion. E ele não está sozinho, o MIT (Massachusetts Institute of Technology) é partidário da mesma opinião.
Mas vão dizer: ah, mas o mundo está mais quente. Isso são ciclos (ciclos nem é a palavra certa já que dependeria de uma regularidade), são fases que acontecem desde de sempre no nosso planeta. E há também o fator do microclima urbano, nas cidades urbanas é cada dia mais quente sim, mas não por causa do efeito estufa e sim pela falta de biodiversidade.
O aquecimento global não pode ser considerado uma ciência, já que não é feito por dados observáveis e sim por hipóteses não comprovadas.
Um importante “aquecimentista”deu para trás a umas semanas atrás, James Lovelock emitiu uma carta dizendo que nada do que previra estava acontecendo. Outro importante nome no meio, Phil Johnes, foi pego em flagrante fraudando trabalhos acadêmicos para validar suas conclusões.
Enfim, tem muito o que se estudar ainda em matéria de aquecimento global. Ao meu ver o que acontece hoje em dia é um terrorismo alarmista puramente com interesses ecônomicos (vide o que aconteceu em Genebra).
Este papo de gases de efeito estufa é ainda como uma religião, há de se ter fé para acreditar, por enquanto fico a com ciência. No dia que provarem algo serei o primeiro a ajudar a fazer as vacas pararem de peidar.
Oseas, o sobrenome dele e Felicio, vi uma entrevista dele no programa do Jô, bem interessante, mas devemos duvidar de tudo, ainda mais quando se tem interesses e R$, envolvido nessas questões.
Acho que você se refere ao professor Ricardo Augusto Felício, que deu entrvista no Jô.
Esse cara é o Luis Carlos Melion. A tese é mais ou menos a de que o lance do aquecimento global não passa de balela dos países ricos pra manter a hegemonia econômica sobre os países em desenvolvimento.
somos uma REPÚBLIQUETA BANANEIRA, perdi á fé neste país a muito tempo, este assunto de SUSTENTABILIDADE, e conversa pra idiotas, TUDO QUE VC FALOU E PURAMENTE VERDADE e está ai pra todos verem, mas se recusam.
não tiro fora a importância da “sustentabilidade”.. mas que essa palavra me dá nojo… me dá…. essa e “sustentável”… que dá na mesma… Palestra de Luciano Huck?? Foi um evento da Globo então? Me dá meu apito, por favor……