O último - e melhor - concerto de rock
28/06/12 07:05
Dia desses, o Telecine Cult exibiu “O Último Concerto de Rock” (“The Last Waltz”), o documentário de Martin Scorsese sobre o show de despedida da The Band. Se não é o melhor filme-concerto já feito, é um dos melhores.
No show, gravado em novembro de 1976, em São Francisco, o grupo recebeu amigos e artistas com quem havia tocado nos 18 anos anteriores: Bob Dylan, Neil Young, Joni Mitchell, Muddy Waters, Dr. John, Neil Diamond, Van Morrison, Eric Clapton, Ronnie Hawkins e outros.
Difícil escolher o melhor momento do filme, tantos são os destaques: Neil Young (“Helpless”), Joni Mitchell (“Coyote”), Muddy Waters (“Mannish Boy”), Bob Dylan (“Forever Young”).
O encerramento, com todo mundo junto – e ainda Ringo Starr e Ron Wood – cantando “I Shall Be Released”, é de chorar.
The Band foi um supergrupo que fez fama como banda de apoio de artistas famosos, mas que depois gravou dois extraordinários álbuns de músicas próprias, “Music from Big Pink” (1968) e “The Band” (1969).
Era formado por cinco instrumentistas virtuosos: Robbie Robertson, Levon Helm, Rick Danko, Richard Manuel e Garth Hudson. Todos tocavam vários instrumentos e, com exceção de Hudson, todos cantavam.
Quem assiste a “O Último Concerto de Rock” pode ver uma das bandas mais afiadas que já existiu. Anos e anos tocando em bares deu aos cinco uma cancha de palco e uma capacidade de improvisação fora do normal.
Dos cinco membros originais da banda, apenas dois – Robertson e Hudson –estão vivos. Manuel cometeu suicídio em 1986, Danko morreu do coração em 1999 e Helm morreu há apenas dois meses, de câncer.
Garth Hudson é um disputado músico de estúdio, enquanto Robbie Robertson passou a trabalhar em cinema, compondo música e atuando em vários filmes de Scorsese.
O Telecine Cult promete uma reprise do filme dia 17 de julho, à meia-noite. Não perca.
Conforme foi comentado sobre a regularidade da discografia da banda, os dois primeiros álbuns são, realmente, os melhores. Difícil saber qual seria superior, embora ache que, pelo menos, o “Stage Fright” e o “Northern Lights-Southern Cross” devam também ser mencionados. Quanto ao filme, tenho de cobrir esta lacuna. Só conheço o álbum por download, com a previsível perda de qualidade sonora.
São justamente estes dois discos que considero tão bons quanto os dois primeiros. O “Stage Fright” tem uma certa reputação, mas o “Northern Ligths…” neguinho nem sabe que existe. O filme você encontra em DVD barato.
No site da Amazon o Blu-ray está por $ 14.43 !!!!!
Por aqui deve estar em torno de uns R$ 80,00 …
Obs: DVD já morreu gente !!!!
Se não me engano já tem em Blu-ray lá nos USA.
André, e falando em Scorsese, vc assistiu o Hugo Cabret, gostou, não gostou??????
Sinceramente, não é muito a minha praia. Achei muito bonitinho pro Scorsese.
Também vi no cinema. Da época em que o Scorsese era doidão e excelente cineasta. Concordo com o que foi comentado sobre a ótima montagem desse filme. É outro tempo, outro ritmo, não aquela coisa velha de tão moderninha que ele dirigiu pros Stones, recentemente. Aliás, foi Scorsese quem montou “Woodstock”.
E Helm cantando e tocando bateria é demais.
Demais, esse aí é demais mesmo! Tinha um problema com a participação do Dylan porque este estava com um filme prestes a estrear, então naquele filma-não filma parece que um assecla do Dylan tentou impedir a filmagem, no que o delicado Bill Graham teria dito: “Sai fora senão eu te mato, cara! Continua filmando!”.
i think they’ve got it now Robbie…
Não me canso de assistir o Last Waltz. Aquela biografia maravilhosa do Bill Graham fala como foi a organização do show. Era Dia de Ações de Graças…
Dizem que Eric Clapton pediu uma vaguinha na The Band e foi educadamente barrado, pra verem o nível dos caras.
Pusta filme…as apresentações são execelentes mas o que sempre curto rever são as declarações dos caras da banda relatando com naturalidade alguns episódios vividos e suas impressões sobre a música e a vida nas estradas.
Infelizmente o Levon Helm tinha ressalvas bem sérias ao filme (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Last_Waltz), acho que era uma das poucas pessoas (e a mais autorizada, certamente) a não gostar. Richard Manuel, que cara, que voz! Tenho um cd dele chamado “Whispering Pines”, ao vivo para meia dúzia de gatos pingados e sortudos, ele com a voz já bem detonada mas ainda cantando muito e com aquele piano incomparável, o cara tinha um swing sensacional.
Tem toda razão, é um show lindo. Dentre os vários momentos grandiosos, o destaque para mim é sem dúvida Muddy Waters cantando acompanhado pelos membros do The Band, todos “babando” para o mestre numa versão sensacional de “Mannish Boy”. Sempre me chamou a atenção a qualidade da imagem desse filme, que ficou ainda melhor na versão em B-Ray, já lançada.
Além da música e do elenco estelar, chamou minha atenção o despojamento dos caras. Nas entrevistas, Robertson, Danko, Helm, Hudson & Manuel se vestem como aqueles policiais-de-submundo de filme dos 70, algo como Serpico ou Dirty Harry. Totalmente o oposto do visual, por exemplo, dos caras do Yes, Queen, Moot the Hoople ou Led Zeppelin. Ademais, tenho em destaque o dueto entre Helm e o finado Paul Buttefield detonando “Mistery Train” e o improviso entre Eric Clapton e Robertson, quando a alça da guitarra do Clapton parte no meio de um solo e Robertson continua no lugar onde o Slowhand se perdeu. Quem ouve o disco nem percebe…
ótimo post barça. esse com certeza é o melhor filme sobre rock roll ja feito! Eu terminei de ler esses dias “como a geração sexo drogas & rock roll salvou hollywodd” e deu pra sacar que na época a produção do filme fez jus a trindade do título do livro. scorsese pirando nas drogas chegando quase ao limite!
Dá pra comparar o Last Waltz com o Shining Light? Ambos do Scorcese e tal. Dá pra ver bem como as coisas mudaram nos anos que separam os dois filmes.
Andre eu tinha 15 anos e morava no centro de São Paulo na Rua Frei Caneca,uma epoca que não tinha internet,dvd,mp3,downloads e o caralho a quatro sobrava para um moleque louco por informaçoes,sebos de livros,lojas de discos e o bom e velho cinema,assiti esse fime no Cine Bijoux umas dez vezes,chegava a assitir tres sessões seguidas….bons tempos….lembro como suspirava ao ver Joni Mitchell cantando Coyote…tenho o album duplo em vinil…..classico!
Você disse tudo, André: “é de chorar”. As entrevistas entre as canções mais aquele clima melencólico, de despedida, é de cortar coração. O show é de uma simplicidade que não existe mais. Nada de pirotecnia. Apenas músicos geniais, dos melhores de todos os tempos, cantando e tocando num palco. E um diretor igualmente genial na direção. Precisa mais?
Neil Young hiper doidão é um caso a parte. Numa biografia do Dylan pelo Sounes, se não me engano, ele conta que apagaram digitalmente os vestígios de cocaína que ele tinha no nariz. Dá prá ver claramente que ele está “num outro plano”.
Mas tudo funciona no show. Também era muita gente boa e talentosa reunida, não?
Não é filme para se ver em Telecine, é para se comprar o DVD. Tem a venda por um preço bastante acessível nas boas famárcias e drogarias do ramo eheheheh
Sem dúvida! Aliás, os comentários do Robbie Robertson são imperdíveis. Já o box com 4 cds tem algumas raridades, igualmente imperdíveis, como duas jams com Stills, Carl Radle, Clapton, Ringão, Dr John, Ronnie Wood, Paul Butterfield…
André, sei que não tem muita coisa a ver com seu post, mas queria saber quem você considera melhor: Led Zeppelin ou Black Sabbath?
Como banda, Led Zeppelin, sem dúvida. Mas eu gosto mais de ouvir o Sabbath.
Mas a melhor mesmo é o Deep Purple, de 1969 até 1972, com o “Machine Head”…
Last Waltz é bom mesmo, mas a tradução do titulo é lamentável. Se fosse literal seria melhor.
Oi André. Vc curte discos ao vivo? Eu acho legal mas gosto mais dos piratas, que tem as apresentações mais cruas, acho que fica mais legal.
Fiz um post sobre discos ao vivo, há coisa de um mês, procura que vc acha…
Devo ter ouvido Music from Big Pink mil vezes no mínimo e esse concerto belissimamente filmado é meu preferido, pelo menos até hoje não assisti nada gostasse mais. Heima do Sigur Ros é fantástico, mas a voz do cara é bem intragável, se não fosse isso seria perfeito.
Concordo plenamente. Acrescento que acho The Band uma das bandas mais subestimadas que já existiram, com discografia enxuta e de excelente qualidade musical. E Robbie Robertson, na minha opinião, é um dos maiores compositores da história da música pop.
desculpe discordar. não acho The Band uma banda subestimada. o filme em questão é a maior prova disto.
nada obstante, bom ainda lembrar que dois dos melhores discos de Bob Dylan foram feitos em conjunto com The Band, inclusive o melhor disco ao vivo dele: Before The Flood.
Não entendi o “filme em questão é a maior prova”. Entre músicos nunca foi uma banda subestimada e Scorsese foi convidado para dirigir o filme, então de modo geral acho que subestimados sim. Foram populares com Dylan, depois ali pelo primeiro e segundo discos e só. 30 comentários por aqui é a maior prova disso rs.
descuple mais uma vez, mas para mim, popular não é sinônimo de estimado.
os 30 comentários aqui são a maior prova.
Claro que não são sinônimos. Mas então, subestimados por quem? Pela crítica nem pelos músicos nunca foram, só pode ser pelo público em geral.
Nem tem que pedir desculpas por descordar, andrews. Assim nasce o debate que enriquece a discussão. Eu acho que a banda é subestimada pela mídia, que, ao contrário do público, não pode alegar desconhecimento. Com raríssimas exceções, como os Greil Marcus da vida (vide “Mystery Train – Images of America in Rock’n’Roll Music”), poucos jornalistas falam (ou conhecem) da qualidade do repertório da banda. Geralmente repetem informações como “acompanhou Dylan”, “excelentes instrumentistas”, “filme Last Waltz”, “dois primeiros discos”… E a banda é muito maior que isso, em discografia, repertório e importância. Mas os outros músicos realmente sabem disso.
Oops..!! “Discordar” (descordar é uma crueldade praticada pelos toureiros…).
Neil Young tava bem alegrinho…rs
Na mesma praia/safra, gostaria de comentar algo que sempre penso quando ouço o pessoal das antigas: “Caralho como o Roy Orbison foi injustiçado!”. Vale um post do cara Barça?
Injustiçado não sei, eu diria azarado. A vida do cara foi uma tortura. Vale um post sim, boa idéia.
Tenho um DVD “Roy Orbison” Black & White Night, excelente!!!!!
Boa! Um post já é uma maneira de fazer justiça. Agora azarado… risos… o cara tocou com os melhores! O Traveling Wilburys… sensacional! No aguardo do post!
Ele sofreu várias tragédias pessoais.
Chegou a passar em cinemas por aquí.Meninos,eu ví… Telona é outra coisa,só perde para show ao vivo. Ganha no conforto.
o filme é realmente excelente. dá pra encontrar o DVD bem barato em alguns sites.
quanto ao Robbie Robertson, lançou também 4 discos solo. muito bons. especialmente o primeiro, de 1987, e o último, que saiu no ano passado.
barza… o que eu mais curto neste last waltz é a montagem. reparou? ela tem a ver com cinema, com fluência, com cadência musical. é uma montagem pré-mtv que tem tudo a ver com os filmes do scorsese naquele período. a montagem dá tempo para a música respirar. me dá uma pena notar que neste seu recente filme dos stones – shine a light – até mesmo martin scorsese parece ter se rendido à dinâmica aceleradinha do corte.
Eu não aguento show editado como videoclipe, desses que vc não consegue nem entender o que está acontecendo.
Alguns dias atrás passou tbem o documentário do Neil Young feito pelo Jim Jarmusch, mas esse vc já deve ter visto tbem. E o Cult é de longe o melhor canal telecine.
Concordo demais. De vez em quando eles dão umas derrapadas, mas é de longe o melhor canal de filmes da TV.
Denis tem o canal I sat que passa filmes bem legais tb.de uma conferida!
À procura, corrigindo.
Estou a procura destes discos que vc citou!!!