Cada macaco no seu galho
05/07/12 07:05
Eu já tinha lido sobre o documentário “Project Nim”, mas não tinha visto, até que um leitor o recomendou. Agradeço ao leitor: o filme é sensacional.
“Project Nim” conta a história de um experimento iniciado em 1973 por um professor americano, Herb Terrace.
Ele queria ver se um bebê chimpanzé, chamado Nim, conseguiria se adaptar à vida de uma família de humanos e aprender a se comunicar por sinais.
Lembre-se, era 1973, o mundo ainda vivia os delírios da contracultura e do hippismo. A comunicação com animais era um assunto em voga nos restaurantes macrobióticos de São Francisco e em reuniões boêmias em Nova York. Mutcho loco, bicho.
Herb Terrace levou isso a sério. Convenceu a Universidade Columbia, em Nova York, a financiar o projeto. E convenceu uma ex-namorada, na época casada com um hippie milionário (sim, eles existem), a levar Nim para sua casa e a cuidar dele como se fosse um bebê de verdade.
Não vou estragar a surpresa, mas as conseqüências são devastadoras. Não só para Nim, mas para todos os humanos envolvidos.
O filme, dirigido por James Marsh (de “O Equlibrista”), acompanha mais de 20 anos da saga de Nim, por várias casas e com várias “famílias”. É um dos documentários mais tristes que já vi.
Não consegui achar nenhuma informação sobre o lançamento do filme no Brasil, nem em DVD e muito menos nos cinemas. Como foi produzido pela HBO, acredito que possa pintar na TV por aqui.
E já que estamos falando de documentários sobre animais, por que diabos ainda não saiu no Brasil o assustador “The Cove”, vencedor do Oscar em 2010, sobre a matança de golfinhos no Japão? Veja o trailer:
Tem que mudar o país no alto da página para Brasil para ver a programação correta.
Valeu pela dica.
Aqui os horários:
http://www.hbomax.tv/sinopsis.aspx?prog=ICE089846
Rapaiz, esta semana eu irei me preparar para o seguinte experimento científico: “Qual o nível de depressão dominical que o ser humano aguenta”. Domingo que vem eu irei sentar na frente da televisão e começarei assisir o domingo legal, engatar na sequencia Faustão e Fantástico, dar uma zapeada no fala que eu te escuto, assistir este documentário e finalizar ouvindo imagine versão narrada pela Yoko Ono.
Posto os resultado na segunda que vem, ou em caso de suicídio peço para minha esposa efetuar o relato.
Simplesmente não suporto ver animais sendo maltratados, sinto uma angústia terrível. Agora de gente não tenho a menor pena, a não ser que me seja pessoa querida.
GOSTARIA DE TE DAR UMA DICA EMBORA EU TENHA QUASE CERTEZA DE QUE VOÇE JA PODE ASSITIR AO DOCUMENTARIO “THE BRIDGE” DIREÇÃO ERIC STEEL.EU TENHO RECOMENDADO A TODOS MEUS AMIGOS E CONHECIDOS VALE VER E REVER.
EM UM PAIS ONDE BEBES SÃO ACHADOS NO LIXO OU CAÇAMBAS DE RUA ,MASSACRE DA CANDELARIA , MASSACRE DO CARANDIRU,RACISMO , UMA MULHER VITIMA DE VIOLENCIA SEXUA A CADA TRES HORAS É MUITA HIPOCRISIA AS PESSOAS TEREM DIFICULDADES PARA ATROCIDADES SEJAM CONTRA ANIMAIS OU SERES HUMANO…..
Eu tô virado numa bicha velha. Falou que é triste e é com bicho ou criança já pulo fora. Tô pra ver esse doc faz tempo. Depois que vi Pele, o Conquistador uma vez, sempre fico com o pé atrás. E The Cove é muito pesado, baita filme.
Ontem a noite, no Fox Sports, passou o melhor documentário que já vi na vida, “Project Chelsea”, sobre a invicta campanha do meu TIMMMMÃÃÃOOOO, EH OHHHH, TIMMMMÃÃÃOOOO, EH OHHHH, TIMMMMÃÃÃOOOO, EH OHHHH
É muito triste este, termina com a extinção da espécie.
André, saindo bem do assunto, como você costuma fazer posts sobre alguns fatos que chamam a atenção (p.ex. tributo ao Legião), que tal aproveitar essa explosão que houve em SP em torno do Corinthians (pró e contra) e escrever alguma coisa sobre esse acontecimento? Sem querer ser torcedor chato, eu realmente me interessaria em saber o que você pensa a respeito…
A idéia é ótima, mas eu não estava em SP no dia do jogo, só soube o que li na web e nos jornais…
Para o Álvaro Pereira Jr., na sua coluna de hoje na Folha, o foguetório dos corintianos é prova de que Deus não existe….
Tem um livro, “O parente mais próximo” (“Next to kin”, no original”), do pesquisador Roger Fouts, que conta experiência semelhante. É muito bom. Mostra como nos EUA houve uma febre de criação de chimpanzés em determinada época e como esses animais, quando chegavam à adolescência, lá pelos 2, 3 anos, se tornavam altamente destrutivos e eram abandonados pelas famílias. Houve caso de chimpanzé que simplesmente morreu, por não conseguir viver fora daquele núcleo familiar conhecido. Esse é um lado da história. Um outro é que a experiência de ensinar a linguagem dos sinais aos chimpanzés se mostrou bastante bem-sucedida com um determinado grupo de animais. Vale a pena ler o livro. E vou ver se encontro esse vídeo do seu post. abs
Ah esses ecochatos…
Muito interessante o trailer. E me fez lembrar o Planeta dos Macacos mais recente. Vc chegou a ver, Barça? Tem um pouco a ver com o q os cientistas tentaram fazer no Projeto Nim…
Acho tudo isso tão ridículo e criminoso quanto enjaular pássaros em gaiolas minúsculas só pra ouvir “o bicho cantá”. O ser humano é um sacana mesmo, não tem jeito com essa raça.
Uma busca no site da HBO mostra que eles vão passar esse documentário em agosto. Para quem tem os canais, é bom ir se programando.
Demais, avisa quando souber..
Respondendo ao Evandro.
Não! É apenas crueldade travestida de “cultura”.
Ex – Touradas.
O que não deixa de ser algo interpretável. O que é crueldade para algumas culturas pode não ser para outras.
como a excisão feminina.
Sim. E rodeios.
Planeta dos Macacos da vida real?
Não duvido nada que esse povo tenha tido influência do filme, pois o original é de 1968 e suas continuações de 1970, 71,72 e 73. O que tornaria a história mais surreal ainda.
Tamanho o grau de atrocidades cometidos pela humanidade, que começo a questionar se realmente somos inteligentes. Que chocante esse trailer do The Cove. Realmente depois das suas listas fiquei viciado em documentários, já assisti muitos, esses dois vão entrar na fila.
The Cove foi apresentado numa palestra que assisti na faculdade (UVA-RJ) no ano passado. Era uma cópia legendada levada por um dos palestrantes.
André, um total OT: Você se lembra o que estava fazendo, e depois o que sentiu, num 5 de julho, só que há 30 anos atrás?????
Claro, foi muito triste. Acho que foi a última vez que torci pra seleção.
Sarriá, não foi? Cara, até hoje eu fico impressionado com aquele gol do Falcão, com uma puxada de bola ele matou a zaga italiana e meteu no ângulo de canhota. Pena que o maldito Paolo Rossi…
Só para complementar, essa estória fantastica de Elza esta tb num excelente documentario lançado em 2010: “O Legado de Elza”, que mostra como sua história com os Adamson foi de importancia absoluta para as politicas e praticas preservacionistas na África, ditando diretrizes e motivações. Ele esta na grade do Animal Planet, e acrescento de novo: essa experiencia luminosa de relação entre animais, o homem e no caso uma leoa, foi destruido pelo sentimentalismo idiota de Hollywood, com aquela imbecilidade que foi o filme (e argh!! a música, Cristo, que horror!!!). “Born Free”, de Joy Adamson, é um livro fabuloso, recomendo.
André, me impressiona a necessidade do ser humano de tentar alçar os outros animais em sua dimensão linguistica, ja que o homem se afirma incapaz de tentar a mais minima compreensão dos sistemas de comunicação das outras espécies, apenas nosso “falar” e “expressar” é valido no cosmos, o que me faz lembrar a gorila Koko, que em 1971 começou um longo treinamento para “absorver” a linguagem humana por meio de sinais, esse experimento foi realizado por Francine Patterson, da Universidade de Stanford, e até hoje não se chegou a uma conclusão: Koko domina mais de 1.000 sinais, conseguindo “conversar” com os colegas primatas humanos, mas a pergunta que fica é: é necessário? Na verdade essas experiencias todas tem como pano de fundo uma questão de consciencia coletiva humana: afinal, esses animais que torturamos e matamos tem uma alminha? Ja que se a resposta for afirmativa, que canalhas sanguinarios somos nós, os humanos, némesmo? Curioso que uma experiencia no caminho inverso ja havia sido feita no final dos anos 50, e se tornou historia nos anais da compreensão e preservação dos animais, que é a incrivel relação de uma leoa com um casal de preservacionistas: Elza e os Adamson. Joy e George Adamson encontraram uma ninhada de filhotes de leão abandonados, dois foram para zoos e uma delas ficou com o casal, que a criou e em determinado momento compreendeu que o lugar dela era a savana, com os seus. A história da tentativa, afinal bem sucedida, de retorno de Elza ao seu ambiente é fantastica, e demonstrou ao mundo qual era o lugar de cada um. O mais comovente e incrivel nessa estória é que mesmo depois de readaptada elza procurou os Adamson em 2 momentos: para mostrar-lhes sua prole, que Joy descreve em seu livro “Born Free” (infelizmenten destruido pelo cinema em 1966) de maneira magnifica, e para morrer, qdo procurou o acampamento, ja muito doente, com tuberculose felina, e morreu nos braços de George Adamson, e aí?
Meu Deus..O grito dos golfinhos quando os caras estão matando parece criança berrando…
Os japoneses matam golfinhos para e alimentarem? Se for o caso, não vejo diferença nenhuma do que fazemos com gado.
Talvez o problema não esteja em fazer, mas em como fazer.
Evandro, não é tão simples assim. Não dá para contar o filme, mas vamos dizer que a carne de golfinho não é a mais recomendada para consumo e as autoridades simplesmente omitem essa informação para a população. Além disso o filme denuncia a captura dos animais para fomentar a bizarra indústria de entretenimento dos parques aquáticos espalhados pelo mundo. Não deve ser muito saudável para um animal, que chega a nadar 40 km de distância por dia, ficar confinado dentro de uma piscina o resto da vida.
Esse filme passou na mostra de SP do ano passado mas depois caiu no esqucimento. Difícil ser lançado por aqui…
Muitos dos melhores filmes que eu vi (pelo menos em termos de impacto) foram documentários. Infelizmente não existe uma cultura no país de apreciar esse tipo de filme. Uma enorme perda! Aliás, o mais chocante documentário que eu vi sobre mau-tratos e exploração dos animais foi “Earthlings”. Esse eu não tenho coragem de ver de novo. Não sei se foi distribuído no Brasil.
Cara, estava lendo aqui e pelo que entendi, havia um projeto anterior com chimpanzés que mostrara melhor resultados do que o Nim. Algo de 125 diferentes palavras (e combinações de) e o Nim atingira somente 25. Até aí beleza… o caso não ser bem sucedido e tal. Pensei eu, será que, assim como humanos – cujos testes buscavam a interação e aprendizagem – os cimpanzés têm variação de QI? Poderia ser o Nim meramente, digamos… burro?
http://en.wikipedia.org/wiki/Nim_Chimpsky Para quem de interesse for.
Juro que é a última: http://en.wikipedia.org/wiki/Washoe_(chimpanzee)
Leiam, recomendo muito! Eis um “projeto” bem sucedido!
Agora o legal disto tudo – terminei de ler o texto aqui – é saber justamente também que os resultados obtidos com o Nim foram piores do que os de Washoe – o projeto anterior – devido ao fato dele ter sido criado com várias pessoas. No texto cita que até com seres humanos, quando não há a criação por parte de uma família com amor, o processo de aprendizagem torna-se moroso ou quase ineficiente. Outra: A frase do semiótico Thomas Sebeok sobre experimento similares: “… Os experimentos com macacos dividem-se em tres grupos: as fraudes descaradas, os de auto decepção e os conduzidos como o do Nim”. Demais! Must see aqui já!
Grato pelos spoilers.
André, seu blog, para mim, é guia. Guru documentário cinematográfico, mesmo. Não tenho palavras para agradecer seu post no qual menciona “Grey Gardens “, de 1975. Filme fundamental. Por este “Project Nim”, não descanso até encontrar.
Abraços.
Gostou de Grey Gardens? Que legal, é realmente uma experiência inesquecível. Depois me diz o que achou de Project Nim, acho que vc vai gostar.
Daquela sua lista eu vi: “A Tênue Linha da Morte”, “Grey Gardens”, “Marjoe”, “Dear Zachary”, ‘The King of Kong”, “Na Captura dos Friedmans”. Já tinha visto “Hoop Dreams” e “Santiago”. Todos fantásticos!
Aliás, dica boa é o que a gente mais tem aqui nesse blog.
Puxei o Project Nim no torrent faz muito tempo, mas não achei um arquivo de legendas em português… 🙁 como quero assistir com a esposa, preciso das legendas. Se alguém souber onde consigo e puder me indicar, agradeço!!
Passei pelo mesmo (minha esposa não fala inglês) e achei legendas em espanhol. Melhor que nada. Se procurar no Google vc encontra.
Gostei do que li. Vi que passou na mostra de SP de 2011. Há esperança.
Tenho uma dificuldade enorme em ver quaisquer animais sendo maltratados. Hoje, não vou clicar nos vídeos do post, coisa que costumo fazer sempre. Abçs.
Também não tenho estômago para assistir cenas assim.
Também evito ver. Fico dias pensando. Mas é evidente que a divulgação das práticas cruéis possibilita que elas sejam combatidas.