A volta do livro mais engraçado de todos
06/07/12 07:05
Quem me deu a dica foi o leitor Felipe Harisson: “Uma Confraria de Tolos”, o grande livro de John Kennedy Toole que dá nome a este blog, acaba de ser republicado no Brasil.
A Record lançou o livro em formato de bolso, pelo selo Best Bolso, a um preço sugerido de apenas R$ 19,90. Sensacional.
“Uma Confraria de Tolos” estava fora de catálogo há um tempão. Depois que escrevi sobre o livro aqui, vários leitores relataram dificuldades para encontrá-lo em sebos.
Espero que o blog tenha incentivado a editora a republicar o livro, para mim um dos mais engraçados já escritos.
Repito aqui o que já escrevi sobre o livro aqui no blog:
Uma Confraria de Tolos é, junto com Don Quixote, o livro mais engraçado que conheço. Na primeira vez que li, tive ataques incontroláveis de riso.
As semelhanças com a obra-prima de Cervantes não param por aí.
O personagem do livro é uma espécie de Don Quixote do século 20, Ignatius J. Reilly, um nerd obeso, glutão, fedorento e desagradável. Reilly despreza a modernidade, ridiculariza a cultura pop e se acha o centro do Universo. Um delirante megalômano e fracassado.
A história se passa em New Orleans, nos anos 60. E a forma como Toole descreve a cidade, cheia de malandros, biscateiros, policiais desonestos e aposentados ridículos, é um primor. A cidade vira um personagem.
É difícil resumir a trama. A rigor, é só a história de Ignatius – que ainda mora com a mãe – procurando por um emprego. O que acontece com ele durante essa busca é o interessante.
Tão incrível quando a história de Ignatius é a saga de seu criador, John Kenedy Toole.
O talento de Toole nunca foi reconhecido – pelo menos enquanto ele estava vivo.
Depois de ter o livro rejeitado por inúmeras editoras, Toole, que sofria de depressão, cometeu suicídio, em 1969.
Sua mãe, Thelma, disposta a provar o talento do filho, passou os anos seguintes enviando cópias do livro para editoras. Nenhuma se interessou.
Até que, sete anos depois, o conhecido escritor Walker Percy, cansado da insistência de Thelma, aceitou ler o manuscrito. Ficou tão impressionado que convenceu uma editora a publicá-lo.
Uma Confraria de Tolos foi publicado em 1980. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Pulitzer de melhor romance.
Mesmo com o prêmio, o livro ainda é um “cult”. Nunca foi uma obra popular, apesar de ser citado como influência por gente bacana como o escritor chileno Roberto Bolaño.
Outra notícia animadora para os fãs do livro: uma adaptação para o cinema foi anunciada, com Zach Galifianakis (“Se Bebe, Não Case”) no papel de Ignatius.
É a terceira ou quarta vez que anunciam um filme inspirado no livro. Será que dessa vez vai?
Estou lendo este livro, mas até hoje os livros mais engraçados que já li foram o romance “O Coronel e o Lobisomem”, o de contos “Porque Lulu Bergantim não Atravessou o Rubicon” ambos de José Cândido de Carvalho. O Coronel e o Lobisomem considero uma obra-prima.
Outros engraçados são os de teatro do Ariano Suassuna e “As Pelejas de Ojuara” de Neil de Castro.
André, dê uma olhada nisso:
http://www.youtube.com/watch?v=C8arbCdYXaY
André,
Li sua recomendação e já arranjei um na Martins Fontes da Paulista.
Comecei a ler a pouco e estou me envolvendo.
Obrigado!
Oi André, não acompanhava este blog, mas pretendo, estou achando bem legal.
Dentre os livros engraçados que já li, recomendo “Meu tio Atahualpa” de Paulo de Carvalho Neto, escrito originalmente em espanhol, é muito engraçado, só cai um pouco no finzinho e o “Candido” de Voltaire, livrinhos pra se ler de uma tacada.
Gostaria de um comentário sobre o Meu tio Atahualpa, obra muito pouco comentada e que talvez tenha envelhecido, mas delicióoooosa.
ats
Se não estivesse meio velho para o papel, o cara que fazia o Newman no Seinfeld seria legal como Ignatius. Lendo o livro era o rosto que imaginava.
Por culpa do chapéu de caçador nas capas das duas edições, eu confundi sua referência ao escritor chileno Roberto Bolano com o Roberto “Chaves” Bolanos.
O livro esgotou nas livrarias Saraiva…
Comprei agora no site da Livraria Travessa.
Acabei comprando no site da Livraria Cultura.
Na livraria galileu pela internet está R$ 15,92 e ainda com frete grátis para RJ e SP (capitais).
Já recebi o meu ontem e vou começar a ler o segundo capítulo daqui a pouco, estou gostando bastante até agora. A descrição dos personagens e as manifestações do Ignatius são sensacionais.
Aliás, notei que esta edição nova tem notas do tradutor, para entender alguns termos que aparecem no livro, coisa que, se não me engano, não tinha na edição anterior (eu tinha baixado a edição escaneada).
PS: Acho que o Jack Black daria um bom Ignatius no cinema.
Daria mesmo, bem lembrado.
Não quero fazer propaganda, mas comprei no site da Travessa, por R$ 19,90, frete grátis para região metropolitana de Curitiba podendo pagar em três vezes sem juros.
Valeu, estava procurando e não achava, agora retornarei a busca desse livro tão bem recomendado pelo Barça.
Quando li o primeiro post sobre “Uma Confraria de Tolos” fiquei muito interessado em lê-lo. Não encontrei para comprá-lo em livrarias virtuais… Tempos depois, localizei um exemplar na rede de sebos ESTANTE VIRTUAL, a R$ 160,00 (usado!!!). Ótima notícia que uma nova edição esteja nas livrarias, a 20 mangos. Aproveito para parabenizar o André e Ivan Finotti pela biografia do Zé do Caixão. Encontrei um exemplar numa pequena biblioteca de bairro no interior do Paraná (feito que considero um milagre, dada a precariedade das bibliotecas públicas brasileiras). Li o livro de uma vez, sem conseguir largá-lo, tendo uns quatro ou cinco ataques de riso incontroláveis, daqueles que levam às lágrimas. Ademais, foi bonito saber sobre o amor extremado do Zé do Caixão pelo cinema, e de sua importância como cineasta. Coffin Joe RULES!!!
Ótima notícia que vc tenha achado o livro numa biblioteca públicA, legal demais. Abraço.
Olá André, licença se é óbvio, mas, diga se o seu twitter é realmente o @AndreBarcinski ou se é fake. Agora, que o blog teve “mão” no relançamento do livro, ah, teve sim. Lembro de ter procurado em uma livraria virtual e depois num sebo do Centro do RJ, assim que batizou o blog, e, naquele último, o atendente disse que eu era o terceiro naquele dia perguntando. Parabéns!
A editora podia aproveitar e lançar “The moviegoer”, do Walker Percy.
Vou procurar, mas engraçado mesmo é o Vonnegut.
Um dos livros mais engraçados que já li foi A GRAÇA DE DEUS do Bernard Malamud.
E sabe o que é mais engraçado? Hoje mesmo fui ao banco depositar cerca de 300 paus na conta de um dono de sebo da Estante Virtual, justamente para comprar este livro. Paguei tudo que tinha que pagar, deixando por último esta transferência para o sebo. Quando ia fazer, não fiz. Arreguei. Pensei comigo na hora – juro!: – “nem fodendo! Logo mais alguém lança essa porra”… De volta pra agência, a primeira coisa que faço: entrar no seu blog e me deparar com este texto místico… E ó: o fato é que só me dei o trabalho de escrever tudo isso porque a parada foi merecedora… Obrigado, Barça, obrigado, leitor de boa vontade que deu esse toque. Graças a vocês, um dinheiro que se tornaria reles poeira irá se tornar, como que por mágica, em sagrado pó. Gracias…
300 reais? Sério que tavam pedindo isso?
Excelente notícia!!
Na Estante Virtual tem alguns exemplares por
R$160,00 e R$199,00 é muito caro.
Tá maluco?!
A máfia dos sebos que apoiava Barcinski agora se virou contra ele. Essa história dos 300 reais é um escândalo sócio-cultural, pior que o do cantraventor Cachoeira e que o da Daslú, cadê a nota fiscal? Providencias enérgica tem que ser tomada, como não dá para apelar para o reeditadíssimo “Don Quixote” sugiro promover o “Lazarillo de Thormes”. Agora passando para o DVD sugiro o “Imperador do Norte” com Ernest Borgnine uma obra que tem tudo: socialismo, individualismo, sem teto, mecânica, religião, batizado e o Lee Marvin, o vagabundo que andava de trem grátis, faz o papel do bonzinho, e a briga é com o segurança Borgnine é daquelas de vale tudo, machado, cabo de aço, martelo, ferro amarrado no cabo de aço e etc… O último trabalho do Ernest , faleceu agora aos 95 anos, foi dublando um personagem do Bob Esponja… o cara era bom pra caramba, vai.
Gostaria de acrescentar também que “As viagens de Gulliver” é um dos livros mais hilarios que já li.
Conheci esse livro agora através do blog. Valeu pela dica! Assim que puder irei comprá-lo.
não li ainda (fiquei curiosíssimo) mas, pelo perfil do Ignatius, me lembrei do finado Dom DeLuise, que eu me amarrava demais. aquele sorrisinho cínico, bufão e sacana dava um molho às comédias do Mel Brooks, não?
Parece sim, De Luis seria ótimo no papel…
Barça, o livro mais engraçado que eu li nos últimos tempos foi “Foucault Em 90 Minutos”. Achei o livro junto com outros de filosofia e comecei a ler lenvando a sério mas depois das primeiras páginas eu já rolava de rir. Se eu não soubesse, juraria que era um livro do Wood Allen. Vale a pena ver a forma com enxugam a filosofia do cara e como tratam os fatos de sua vida.
Ótima dica, vou ler com certeza.
Vou comprar. Embora ache difícil superar ”Baudolino” como o mais engraçado.
Barça, tire uma dúvida minha por favor – é até muuuuito ridícula: os livros versão de bolso trazem a versão integral da obra, correto? É que nunca comprei/li um livro assim e a razão é que, na minha cabeça, não é a mesma coisa que um livro publicado de forma, digamos, tradicional. Aproveitando, existe uma outra diferença alem do preço entre um pocket book e um livro de brochura regular?
Sim, é a integral, sem dúvida.
Puxa, só agora li com atenção. Pensei que o nome do blog fosse “Uma Confraria de Todos”. hahaha
Obrigado pela dica, vou procurar hoje mesmo.
Quando li o post original fiquei com muita vontade de ler o livro. Agora quando vi esse texto de hoje, corri e comprei. 🙂
andré, vc já leu quantas vezes esse livro?
eu li uma só, mas dom quixote leio todo ano, pelo menos uma vez, há uns 10 anos. adoro
Li umas quatro. Dom Quixote já li duas, até porque é muito maior.
André, li seu post e no almoço já fui na Livraria Cultura aqui no Conjunto Nacional da Paulista comprar o meu.
O atendente falou que chegaram 20 exemplares no começo da semana e o que eu levei era o último.
Que ótima notícia!
Vou comprar, gosto das tuas dicas, só tem uma coisa: vc me deve R$ 35,00 do MEMORIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS que não consegui descobrir a graça. Antes que os críticos de plantão me detonem, provavelmente por culpa minha!!
Culpa sua, Oskar, com certeza. Este livro é uma obra-prima.
Se for assim, o Barça está me devendo uma boa grana pelos livros que comprei do Ellroy e do Tosches que comprei. Não são livros ruins, ruins mesmo, mas absolutamente não atendem a meu gosto. Vai me reembolsar, Barça?
Barça saudades do Garagem… manda um abraço para o Paulão!
Mando, claro. Valeu.
Li a versão em pdf que alguém disponibilizou aqui no blog (apesar de não curtir ler livros no PC). Vou encomendar hoje mesmo pra ler da maneira que mais curto e que estou mais acostumado pois vale muito a pena!
Sinceramente, comprei o original mas não consegui terminar de ler até hoje, e já li uns tres livros de entremeio. O sotaque de New Orleans é retratado de forma hilária e o personagem mais divertido é o Jones. Ignatius é um personagem chato e pe(i)dante e, a não ser que ocorra uma revolução no livro, poderia dar no máximo um bom conto. Mas, gosto é gosto.
Barça, já viu este vídeo? http://www.updateordie.com/2012/07/04/a-historia-do-rock-n-roll-em-100-riffs/
Claro que é um personagem chato e ranzinza, a graça – pelo menos pra mim – é essa.
O problema não está em ser ranzinza, mas em ser raso…
O que é a Lei de Murphy, hein? Hoje passei a manhã andando pelo centro, passei em várias livrarias, mas nem pensei em perguntar sobre esse livro, visto que nunca tinha achado nem nos mais obscuros sebos. Assim que liguei o computador, me deparo com essa notícia. Não acredito!
Caro André,
Possivelmente já é do seu conhecimento, mas soube hoje que Rampart (sua ‘super dica’ de filme) foi lançado em DVD no Brasil com o título Um Tira Acima da Lei.
Abraço.
Sergio
Sabia que ia sair, obrigado pelo toque. Vou fazer mais um post, agora que tem o DVD nacional.
Achei esse filme bem chato. Aliás, não consegui terminar de ver. Em compensação, voltando ao velho e bom cinema a gente nunca se decepciona. Eu nunca tinha visto CREPÚSCULO DOS DEUSES (Sunset Boulevard), vi e gostei bastante!