Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

Perfil completo

Ruy Castro: "Só escrevo sobre um morto depois que o cadáver vira pó"

Por Andre Barcinski
12/07/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

O melhor momento da FLIP de 2012, para mim, foi o debate com Ruy Castro na Casa Folha, que tive a sorte de mediar.

Achei as histórias do Ruy fantásticas. Gostei também de saber mais sobre o processo de pesquisa para seus livros e o rigor com que faz suas entrevistas.

Ruy Castro escreve livros de não-ficção de maneira simples, direta e agradável, sem o didatismo que caracteriza muitas obras biográficas.

Mesmo que você não se interesse pelas carreiras de Garrincha, Carmen Miranda ou Nelson Rodrigues – e acho que até um molusco se interessaria por eles – é possível apreciar os livros pelo drama de seus personagens.

O tema do debate era “jornalismo literário”. E Ruy já começou dizendo que não gosta muito da expressão: “Acho que existe jornalismo bem escrito e jornalismo mal escrito”.

Depois, deu várias cutucadas em Gay Talese, que considera mais “poseur” que jornalista, e lembrou cronistas como Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, que abrilhantavam as páginas dos jornais com textos que uniam informação e talento literário.

Ruy destrinchou seu método de pesquisa para livros: explicou por que se recusa a gravar entrevistas (“inibe o entrevistador”), falou da necessidade de se preparar muito bem para cada entrevista, pesquisando tudo sobre o entrevistado, e contou casos curiosos sobre como a sorte sempre lhe ajudou.

Lembrou um caso sobre a biografia de Garrincha, quando descobriu, depois de estudar as migrações indígenas brasileiras, que o craque era descendente dos índios fulniô, etnia que habitava Pernambuco e Alagoas.

Comentando o caso com um amigo, Ruy quase caiu para trás quando este disse: “Fulniô? Sou amigo do cacique!”

Gosto dos livros de Ruy Castro porque tratam os biografados como pessoas de carne e osso, falíveis e imperfeitas.  Não são livros “chapa branca”, como muitos por aí.

Ele contou que recusa vários convites para fazer biografias, quando sente que não terá liberdade para escrever a verdade ou quando o “timing” não é dos melhores.

Citou convites que recusou para fazer livros sobre Tom Jobim e Millôr Fernandes: “Quando alguém morre, imediatamente passa a não ter defeitos, vira uma pessoa perfeita”, disse Ruy. “É preciso esperar não só o cadáver esfriar, mas virar pó, antes de escrever sobre ele.”

No fim da conversa, Ruy disse que estava preparando um livro sobre como escrever biografias. Vou encomendar o meu.

P.S.: Quarta e quinta, estarei com acesso limitado à Internet. Por isso, a moderação dos comentários pode demorar. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço desculpas antecipadamente.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. daniel comentou em 16/07/12 at 20:44

    O problema é que, quando as pessoas lêem biografias, elas pensam estar lendo boas reportagens, não romances mal-escritos. O problema de um guia escrito pelo Ruy Castro para biografias é que ele confunde uma coisa com outra e confunde mitificação com relato. Afinal, segundo ele o Garrincha tinha um pau de 25 cm e o João Gilberto parou de fumar maconha na década de 50. Se isso é bom jornalismo, então danou-se a nêga do doce…

  2. Michel comentou em 16/07/12 at 9:42

    O Chega de Saudade é um livro mais ou menos, de estilo capenga.
    Ele se achou mesmo foi no Anjo Pornográfico.

  3. Mino Rasta comentou em 14/07/12 at 3:39

    Uma biografia de Senna contando na boa o lado humano seria demais. Ayrton era evangélico da igreja da Renascer. Tem uma aqui perto aberta numa casa comum. Outro dia havia uma placa. “Entre e seja abençoado” o que poder ser traduzido como, “Se você não entrar pode ira para a…” Seria interessante conhecer esse divino lado humano do esportista mais transcendental que o Brasil já teve.

  4. Cassiano comentou em 13/07/12 at 13:33

    É, mas no caso da Nara Leão, ele não esperou nada para detonar ela no Chega de Saudade. Entendo a devoção dele à bossa nova, é isso que torna o livro interessante. Mas ele mandou a imparcialidade para a pqp no livro. Nem o punk mais sectário faria melhor.

← Comentários anteriores
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailandrebarcinski.folha@uol.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts André Barcinski
  1. 1

    Até breve!

  2. 2

    Há meio século, um filme levou nossas almas

  3. 3

    O dia em que o Mudhoney trocou de nome

  4. 4

    Por que não implodir a rodoviária?

  5. 5

    O melhor filme do fim de semana

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 04/07/2010 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).