Locadoras têm filmaços; o difícil é achá-los
13/07/12 07:05
Há cinco meses, fiz um texto sobre “Rampart”, um filme policial com Woody Harrelson, que o Oscar havia ignorado (leia o texto aqui).
Dia desses, um leitor me avisou que o filme tinha sido lançado no Brasil em DVD, com o titulo de “Um Tira Acima da Lei”. Aparentemente, os cinemas brasileiros também o ignoraram.
Não é o primeiro e nem será o último bom filme condenado a mofar nas prateleiras.
Assim como os lançamentos em salas de cinema, muitos filmes que saem em DVD não recebem a divulgação que mereciam. As distribuidoras concentram seus esforços nos “grandes” lançamentos, e esses filmes “menores” acabam passando batido.
“Rampart” é um desses títulos que só vai ser alugado se a locadora tiver funcionários espertos e que recomende o filme aos clientes.
As prateleiras estão cheias de jóias que tiveram pouca ou nenhuma vida nos cinemas.
Um caso recente é “O Abrigo”, outro filmaço sobre o qual escrevi (leia aqui) e que saiu direto em DVD.
Ou “A Promessa”, de Sean Penn, um dos melhores filmes norte-americanos dos últimos anos, com a mais corajosa atuação de Jack Nicholson em muito tempo.
Ou “Rio Congelado”, um drama assombroso sobre uma mulher (Melissa Leo, fantástica) que ganha a vida ajudando índios a cruzar ilegalmente a fronteira do estado de Nova York com o Canadá.
Ou, para finalizar, “O General”, de John Boorman, filmaço sobre um dos gângsteres mais conhecidos e carismáticos da Irlanda, com uma atuação sensacional de Brendan Gleeson.
Por isso, da próxima vez que você disser que não tem nada de bom para ver nas locadoras, sugiro procurar com um pouco mais de paciência. Você pode se surpreender.
Valeu,gente boa.
Semana passada estava na locadora e passei o olho no DVD “Um Tira Acima da Lei” e me corrijam se estou enganado nao há o titulo original na capa…
Que titulozinho em português, hein? Só os tradutores de títulos de filmes usam essa palavra “tira”, ninguém mais.
Rodrigo, eu e o meu irmão falamos isso todo dia. O que é “tira”? Essa palavra não é mais usada faz uns 200 anos. Queria saber se tem um curso pra formar quem “traduz” os títulos para o português? As legendas então, nem vamos entrar nesse mérito.
André, acho que merecia um post só com as traduções de títulos mais bizarras da história.
Acho que muitos policiais ainda usam o termo no dia-a-dia. Mas, realmente, isso não justifica que ele acabe na tradução do título de um filme.
usa-se “tira” pq na dublagem é o que melhor substitui a curta palavra “cop”
Duas semanas atrás a revista Veja pelo menos vez uma análise do filme “O Abrigo” de uma página e meia elogiando a atuação de Michael Shannon, melhor que nada. Pode ser que DVD seja o mais vendido do ano e quem sabe, como aconteceu com o o filme “Guerra ao terror”, “O Abrigo” se dê bem no oscar, (uma indicação de Shannon talvez) do ano que vem e resolvem passar no cinema…Difícil mas já aconteceu.
Acho que não, porque o Abrigo já passou nos cinemas americanos em 2011, acho, e teria de ter concorrido ao Oscar em 2012. Já era.
Putz..2011, esqueci deste detalhe, já era mesmo.
Não que um seja um tiranossauro, mas cresci vendo vhs, depois dvd e agora BDs. Sexta-feira era ritualístico – ir à locadora de bairro para alugar bons filmes. Hoje, difícil é achar alguma locadora remanescente, quanto mais bons filmes em suas prateleiras. Não sou saudosista, pois tudo evolui; até mesmo o mercado do entretenimento. Também não concordo muito com a fato de ter que baixar filmes via torrents, mas muitas vezes é a única opção que nos resta, mesmo com tv por assinatura. E também muito de nós apreciamos ter um material para ver, rever e guardar para futura referência, nisso o mercado brasileiro também é muito ruim, títulos ruins em edições mal cuidadas e caras ainda em dvds.
Fala André,
Assisti o ‘tira’ Rampart semana passada e só aluguei pq consumo cinema mesmo. Daqui a pouco ele sai da prateleira de lançamentos e vai pro limbo do estoque de filmes policiais. Ainda bem que vc deu mídia pra esse petardo do ellroy! Anotei as dicas do ‘abrigo’ e ‘general’ e esse ‘a promessa’ ainda tem aquela atuação curta e fueda do Del Toro, hein…
Abraços!
E Mickey Rourke e Harry Dean Stanton e Aaron Eckhart e Robin Wright… o elenco é um absurdo.
Oi André! Pra vc ver a diferença que faz um funcionário de locadora “brother”: vi todos os filmes q vc citou por recomendação do Edson, que trabalha na locadora perto de casa. O cara assiste tudo e só dá dica certeira. “Rio congelado” mesmo foi um que ele me indicou logo que chegou. É uma pena pensar q, se não fosse ele, provavelmente nem saberia desses filmes.
Parabéns ao Edson. Funcionários assim são cada vez mais raros…
Barça, só por curiosidade, você gosta do livro On The Road do Kerouac?
O filme do Walter Salles estréia hoje e até agora só li criticas negativas, você vai escrever sobre o filme?
Gostei demais do livro, mas preciso reler, acho que tinha uns 17 anos quando li. Só vou conseguir ver o filme semana que vem. Escrevo sim, com certeza.
Barça, você não acha que este post (e outros recentes) contradiz suas reflexões sobre a decadência do cinema norte-americano? Eu concordo que algo se perdeu com a chegada do home video, e é lógico que os atuais blockbusters sufocam a criatividade por monopolizarem um grande número de salas. Ainda assim grandes filmes continuam sendo feitos, ainda que em menor número, e alguns cineastas “autorais” conseguem muita projeção (é o caso de Paul Thomas Anderson, mencionado recentemente no blog, dos irmãos Coen, de Duncan Jones, etc). Isto sem contar a possibilidade de fazer cinema cerebrado *dentro* do esquema blockbuster, no caso de Christopher Nolan (gosto muito) e de Neill Blomkamp (estreou com um excente filme – Distrito 9 – e já ganhou a oportunidade de dirigir uma superprodução).
Em tempo: A Promessa volta e meia passa no Telecine
Acho que não, porque esses filmes são exceções das exceções. O cinema já passou por fases péssimas – os anos 80 foram especialmente ruins – mas sempre existiram filmes ótimos no meio da mediocridade.
Barça, talvez você não concorde, mas o modelo de locadora está com os dias contados, mesmo para os amantes de filmes. Eu mesmo, que assisto muitos filmes, alterno minhas fontes entre cinema, torrent e netflix. Sei que a parte do torrent é errada e destroi toda a cadeia. Mas, quais as opções hoje se eu quiser ver o Rampart? Ficar caçando em locadoras empoeiradas (com chance de não encontrar – basta esse título sessão da tarde que o filme ganhou…) ou baixar em Full HD, em 1 horinha e assistir via Apple TV na sala com todo o conforto? A melhor saída para todos é a ampliação da oferta de filmes em serviços de streaming como o Netflix. Esse filme inclusive tem alto potencial de entrar no catálogo. Já percebi que quanto maior a oferta do Netflix, menos filmes eu baixo. O conforto é maior, os filmes estão organizados, catálogados e com legenda. Acho o modelo do Netflix uma grande ameaça até para os canais de filme de TV a cabo. Quando as pessoas perceberem que gastam R$ 50 ou mais por mês para ter um canal de filme que pouco assistem, vão repensar o modelo. Abs
Concordo 100%, é um modelo ultrapassado sim.
Rafael, o Netflix brasileiro está mesmo com legendas?
Assim que o serviço foi lançado o testei por um mês (aquele grátis), desisti de continuar exatamente pelo fato da maioria dos filmes que queria assistir estavam dublados ou com o aúdio original sem legenda.
Achei o serviço fantástico, mas melhorou a coisa?
Eu queria, ou não queria, saber quem é o gênio q dá esses nomes para os filmes no Brasil.
“Um tira acima da lei” é brega demais, é anos 80 demais. Se eu não conheço nada sobre o filme, vejo esse nome e tento me esquecer rapidamente que vi.
Eu também acho. O nome é péssimo.
A Promessa é um filmaço. Aquela cena final de Nicholson (sua atuação é mesmo poderosa) completamente pirado, solitário e abandonado num lugar ermo é de cortar o coração.
Comprei o filme em DVD, revejo sempre. A sequência em que o Nicholson vai àquela granja dos pais da menina morta é uma das coisas mais arrasadoras e fortes que já vi. Fora que o elenco todo é de primeira. E o Benicio Del Toro de índio mendigo?
Na base da brodagem o Sean Penn conseguiu juntar um elenco de primeiríssima. Patricia Clarkson (a mãe da garotinha) e Helen Mirren como uma psiquiatra também estão ótimas.
Gosto muito de Into the Wild, acho um filmaço.
A ideia de ir na locadora na sexta a noite, ta morrendo, conheço pessoas que nunca estiverão em uma, em geral são as velhas desculpas, as mesmas do pessoal que não compra livro.
As boas locadoras não sabem trabalhar o preço, vc vai em uma 2mil e alguma coisa e paga 10 reais pra ficar 1 dia com o filme. Isso dificulta tb.
Mesmo com tantos pontos negativos, continuo buscando a locadora…Vc podia fazer um post sobre as melhores locadoras
Só para agradecer de novo pelo Rampart. Ainda considero a falta de um terceiro ato sensacional, ainda mais nos dias de hoje. Muito coragem.
Eu indiquei a um amigo e a resposta foi: porra! como acaba o filme? tem continuação? é algum tipo de trilogia?
E esse amigo tem um certo conhecimento de cinema, não é só Hollywood não.
É triste, muito triste…
Já vi o filme umas quatro vezes e cada vez gosto mais. A cena do Harrelson com o Ice Cube é sensacional.
Parece que esses filmes são legais porque todos os envolvidos sabem que não conseguirão lucrar, por serem experientes e saberem que atualmente filmes de “sucesso” envolvem heróis, bichos de outro mundo e artistas velhos dos anos 90 dando golpes de karatê.
Sendo assim, eles pensam: “Tenho uma verba sobrando, então vou fazer uma produção que eu gosto com gente que eu quero. Se fizer sucesso, ótimo”.
Se distanciar um pouco do lucro. Esse é o fator principal.
Obs: “Um Tira Acima da Lei”. Desde os anos 80 colocar nome em filmes internacionais não é o nosso forte.
Rio Congelado estreou em 20 de Fevereiro de 2009.
Anonimo, uma história fictícia sobre Shakespeare, é um filme bacana também e vai direto para as locadoras.
Sim, A Promessa também passou em cinemas, mas não tiveram sucesso algum.
André, o difícil hoje é encontrar locadoras, ou mesmo as que existem investir em comprar este tipo de filme. Baixei “Rampart” quando você indicou e busco/ pesquiso também em sites especializados neste tipo de pérolas. Enfim, o caminho é este mesmo.
Pô Barça, vai deixar o dia do Rock, em plena sexta 13, passar em branco? Estes dias estava lendo a história do Hutchence, da mulher e da filha dele… o lance do Bob Geldof se considerar um deus… não vale a pena uns comentários? Abraços e muito Rock pra gente!
OBS: O “Confraria…” está a venda no site da Folha. Vou comprar!
O problema é que as locadoras estão acabando, onde eu moro acabaram e olha que não é um lugar ruim, muito pelo contrário, é apenas na zona norte, tem as lojas americanas que comprou aquela antiga rede, mas tem não nada diferente. O jeito é apelar para o torrent. Aí se o filme não passa no cinema, o cara não tem esses pacotes mega das operadoras e não sabe baixar filmes, ele tá pego. Haja filme de bicho falante!
Assisti a “Rampart” recentemente por causa da sua recomendação, André, e não me decepcionei.
Quanto ao assunto “locadoras”, prevejo hordas de leitores esbravejando aos céus que isso é coisa do século passado e não existe mais.
Dia desses descobri isso na locadora aqui perto de casa, que é até muito boa, procurava por alguns filmes pouco divulgados e não achava nos locais mais indicados, pois a locadora divide por gêneros , países etc., ou seja, é até fácil de achar. Então recebi a informação do funcionário de que quando um filme não é alugado há mais de um ano ele é arquivado no acervo e só vê a luz do dia novamente quando um cliente pede especificamente aquele filme. Triste, pois percebo que o espaço maior e de mais destaque é sempre para os filmes mais comerciais. Pode ser até que filmes assim nem fiquem expostos por muito tempo.
Muito triste mesmo.
Cara, conheço quem só olha a parte de lançamentos e entre estes só escolhe os bem comerciais. Tenho certeza de que a maioria faz o mesmo. Bem triste. De certa forma voltamos à época em que tínhamos que fuçar em sebos, encomendar etc, só que agora com mais facilidade graças ao desenvolvimento tecnológico. Neste sentido, trabalhos como o do Barça tornam-se cada vez mais necessários como filtro rumo aos bons trabalhos, senão somos soterrados diante de tanta informação inútil.
Se deixam arquivado, tudo bem. E quando tiram o filme de acervo e colocam a venda?
Peguei sem querer o General e gostei bastante. (atenção para quem alugar – a versão oficial desse filme está em PB nos extras – não sei porque a distribuidora faz isso)
Um tira acima da lei peguei no mesmo dia. Woody Harrelson, pra mim, é um dos melhores atores que existe.
A promessa tenho em dvd, fantástico. benicio del toro monstrão também.
faltam o abrigo e rio congelado.
abraço
Outro problema é essa idiotice de batizar o filme com um nome imbecil.
Não me conformo com “O Poderoso Chefão”, que mesmo traduzido (“O Padrinho”) ficaria muito mais bacana.
Pô…”não sei o que lá Acima da Lei”. Isso já tá manjado demais!!
Cara, aqui no meu bairro não tem mais nenhuma locadora. Uma pena. Ficava no mínimo uma hora só p/ escolher o que eu ia levar. Bons tempos.
Semana passada encontrei Cova Rasa, Picnic Na Montanha Misteriosa, Crime Passional (Loved) e Os Chefões (The Funeral). Tudo baratinho nas Americanas.
Sem duvida tem muita coisa boa, mas o problema é que locadora hoje em dia também está muito desprestigiada, não existe mais aquela cultura de passar em uma pra alugar um filme de final de semana ou algo assim. Hoje o povo não quer saber de pesquisar nem na locadora…
Uma vez pedi “O ovo da serpente” e o amigão da locadora me enviou “Olhos de serpente”, aquele com o Nicolas Cage. Como a locadora fornece apenas a capa plástica preta, só percebi em casa. Voltei lá e quando falei que queria “O ovo da serpente” fui obrigado a ouvir “Tudo bem, mas ó, esse é um filme de arte…”.
Pedir Bergman e levar Nicolas Cage é de deprimir qualquer um.
Barcinski, fuçando no youtube, achei duas versões do clássico “A General”, do Buster Keaton. Uma tem 75 min. de duração e a outra 105 min. Vc, que já postou há pouco tempo sobre as comédias geniais dele, saberia me dizer qual a versão mais conhecida. E se alguma delas já foi lançada em DVD/ Blu-ray no Brasil? Abraço.
Olha, tenho a caixa da Kino com todos os longas do Keaton e “A General” tem 75 minutos. Nunca vi versão maior que essa.
as locadoras estão em extinção, tem uma perto de casa vendendo os filmes…. andré já ouviu koti & the immigrants? som nacional de primeira…
É, tão difícil quanto achar bons filmes em locadoras é achar uma locadora hoje em dia… Mais fácil achar na banquinha da esquina…
“Rio Congelado” passou no cinema (pelo menos aqui em SP).
Sim, alguns dos filmes passaram, mas tão rápido que quase ninguém viu.