A grita da "Granta"
17/07/12 07:05
Quase ninguém leu, mas a coletânea “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” (Ed. Alfaguara), feita pela importante revista literária inglesa “Granta”, já está dando o que falar.
“Dando o que falar” é exagero. Como tudo que envolve literatura no Brasil, o assunto tem sido debatido intensamente por 13 ou 14 pessoas, no Twitter e em alguma mesa do Baixo Leblon ou da Mercearia São Pedro.
Desde que a “Granta” publicou sua seleção dos 20 escritores brasileiros com menos de 40 anos, a Internet – essa “cloaca de ressentimentos”, como bem definiu Carlos Heitor Cony – tem se agitado (veja a matéria da “Folha” aqui).
De um lado, ficaram os selecionados e seus amigos. De outro, os “excluídos”. O primeiro grupo acusa o segundo de ressentimento. O segundo reclama de supostas “panelas”.
Nem os jurados da “Granta” escaparam. Seus passados e afinidades foram vasculhados pelos Sherlock Holmes da web, com um afinco que nem a CPI tem usado nas investigações de Carlinhos Cachoeira.
“Fulano trabalhou seis meses na editora tal, então É CLARO que iria votar em sicrano, que publica pela editora.”
Alguns dos selecionados rebateram. Um deles chegou a postar, nos comentários do blog de Raquel Cozer, minha colega da “Folha”, um link com comentários elogiosos a seus livros (veja aqui).
Criou-se um cabo de guerra: ou o livro é desancado sem piedade por cronistas do Twitter ou louvado por críticos que mais parecem diplomatas.
Li uma resenha que dizia que todos os 20 contos eram “excelentes”. Como assim? Quem é o autor? Borges? Poe? Trevisan?
É impressionante como qualquer discussão por aqui vira um Fla x Flu. Ou você é tucano ou é petista, ou é privatista ou nacionalista, ou é novidadeiro ou nostálgico. Só existe o preto e o branco, e ai de quem gostar de cinza.
Esse tipo de briguinha só serve para mascarar um fato que, sozinho, já desqualificaria toda a discussão: no mundo real, este que se passa fora das telas dos computadores, quase ninguém se importa com literatura brasileira. Especialmente com a NOVA literatura brasileira.
Estamos num país onde o Veríssimo – O VERÍSSIMO – diz que não vive da venda de livros.
A cena literária brasileira é minúscula. Se um caminhão desgovernado errar uma curva na Vila Madalena e entrar na Mercearia São Pedro, leva metade dessa nova geração de escritores – e uns 70% de seus leitores.
É claro que a iniciativa da “Granta” é ótima. Só alguém muito ignorante ou muito ressentido pode criticar uma coletânea que pretende juntar novos nomes da literatura brasileira.
Aí surgem outras questões: a seleção foi correta? Foi honesta? Privilegiou os amigos de fulano? Eliminou os inimigos de sicrano?
Na verdade, quem se importa?
A coletânea da “Granta” não vai transformar nenhum escritor em gênio. Tampouco vai deslanchar a carreira de ninguém. Essa turma vai precisar ralar.
Da mesma forma, quem não foi publicado também não está condenado ao ostracismo e não deve ver a rejeição como uma sentença de morte ou ficar destilando suas mágoas por aí.
No fundo, isso revela um grande comodismo da tal “cena literária”. Porque ter uma carreira de escritor num país que não lê deve dar um trabalho dos diabos. Bem mais que ficar o dia inteiro xingando no Twitter.
E só para esclarecer: não sou amigo e nem inimigo de nenhum dos 20 selecionados, desejo boa sorte a todos, não inscrevi nada no concurso da “Granta” – até porque, felizmente, já passei dos 40 – e gastei meu suado dinheirinho – trinta e quatro reais e noventa centavos – para comprar o livro. Podem poupar os xingamentos no Twitter.
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, não? Ontem mesmo eu estava passando por um lugar e pensei nisso mesmo e tudo isso e nada mais passou pela minha cabeça.
Acho que os atores desse livro podem surpreender não somente as pessoas, mas também as outras. O Barça tem razão: poderíamos mesmo, mas quem faz? Ninguém!
A literatura não é só importate para mim, mas para mim e para todos os outros na sociedade – modelo este esbelecido por nós mesmo.
Obrigado pela indicação, Andre. Antes de hoje nada mais, ok?
Um abraço!
“A coletânea da “Granta” não vai transformar nenhum escritor em gênio. Tampouco vai deslanchar a carreira de ninguém. Essa turma vai precisar ralar.
Da mesma forma, quem não foi publicado também não está condenado ao ostracismo e não deve ver a rejeição como uma sentença de morte ou ficar destilando suas mágoas por aí.”
Exatamente, tudo é só um recorte… e toda premiação é excludente, mas acredito que o gênio artístico deve estar acima de premiações e reconhecimentos. O verdadeiro artista escreverá exaltado ou condenado, essa é sua sina, assim nos esclareceu tão bem Antonin Artaud em “Van Gogh, um suicidado pela sociedade”.
Sempre que se fala em literatura brasileira, em especial literatura contemporânea, cedo ou tarde vem à tona a questão comercial, e com ela o diagnóstico resignado de que a literatura “dita séria” por aqui não vende, que o Brasil é um pais de ignorantes, porque afinal de contas não se investe em cultura, o Mano não é técnico, o mensalão taí, etc.
Daí se chega à segunda etapa do diagnóstico, que é quando alguém pergunta “Mas e a lista dos mais vendidos?”, e de novo a resposta vem de bate-pronto, afinal quem não sabe que elas estão repletas de títulos apelativos, comerciais, hollywoodianos, cheios de vampiros e criaturas mágicas. Obras cujo objetivo principal é vender (sou, mas quem não é?) e não expandir os limites da arte, inaugurar novas linguagens, reinventar a metaficção (ui).
Existem no país outros microcosmos cujo lógica social se parece bastante com a da cena literária brasileira. Quando um grupo social é grande o suficiente pra encher o ego de seus indivíduos mas não o suficiente para alcançar relevo entre a massa de fora do nicho que o produz, ele vai estar sempre mais propenso à insanidade coletiva e à retroalimentação estéril.
Não existem escritores ou livros sem leitores, logo, é natural que eles façam parte do jogo.
Se Stephanie Meyer escreve pensando em agradar ao paladar de uma massa de adolescentes amorfa intelectualmente, fazem o mesmo os escritores contemporâneos daqui. A diferença é que nossos adolescentes são esses três mil que vemos nas tiragens.
acho que é muito ressentimento mesmo. Qual critério é justo? mesmo que escondessem o nome do autor, os jurados, se acompanhassem a produção literária, saberiam identificar o autor pela forma do texto, ou seja, os jurados realmente não precisavam ler todos os textos.
é o mesmo se fossem fazer uma copilação da melhor da música nacional nos anos 2000…. e pedissem para cada banda que quisesse participar mandar uma música para fazer parte da coletanea… Andre, como possível jurado, você ouviria as 200 músicas que chegaram? ou já saberia, por alto, o que por na coletanea?
é isso, não era um concurso de contos, era a opinião da granta!
ps: mas fico contente com a presença do Antonio Prata!
Se eu ouviria todos os candidatos? Claro que sim.
Discordo por alto do que você falou.
Brilhante post, André. Troque literatura por música e cinema e dá exatamente no mesmo. É o brasileiro fazendo o que faz melhor – reclamar. Não li essa coletânea, mas dessa leva recomendo o Daniel Galera. “Mãos de Cavalo” é um dos melhores livros que li em muito tempo.
Tem razão, Elson. Se a cena de música é assim, imagina a de literatura. E moda então? Valeu pela dica, vou atrás do livro do Galera, depois de terminar os 3 ou 4 que estão aqui, inacabados.
Caro Barcinski, já que o tema é literatura brasileira contemporânea, tenho uma curiosidade. Você já leu algum livro da escritora Patrícia Melo? Pelos seus 50 anos, não é exatamente uma “jovem” escritora, mas por seu estilo e linguagem podemos classificá-la como tal. Ela escreveu “O Matador”, livro no qual foi baseado o filme “O Homem do Ano”. Achei legal. Mas aquele que me surpreendeu mesmo foi “Elogio da Mentira”, uma mistura de novela policial com uma crítica bem-humorada do mercado editorial que só se preocupa com as vendas. Inclua-se a própria autora, é claro. Vale a pena conhecer. Aliás, ela está na lista mencionada no post?
Não, a Patricia melo não entraria na lista, já é uma escritora conhecida.
André, eu acho essa mais uma faceta prática do nosso interminável “complexo de vira-latas”, quando precisamos de uma visão de fora, de preferência dos países do Norte para validar o que é bom ou não em, no caso, nossa “jovem literatura”…
Isso é o que mais me estressa no Brasil! Essa coletânea poderia estar sendo melhor divulgada; poderia estar sendo trabalhada nas escolas para divulgar o que anda acontecendo de novo na literatura brasileira; enfim, muita coisa muito interessante poderia ser feita com/a partir dela. Mas a turma prefere ficar no mimimi.
Você foi genial quando disse que “A cena literária brasileira é minúscula. Se um caminhão desgovernado errar uma curva na Vila Madalena e entrar na Mercearia São Pedro, leva metade dessa nova geração de escritores – e uns 70% de seus leitores”. E, pelo visto, a tendência é piorar… Triste!
O ponto é exatamente esse: o tempo gasto com “mimimi” – adorei a expressão – poderia estar sendo utilizado para algo bem mais produtivo.
Num país onde tão pouco se faz pela literatura (e nada se faz para que se forme leitores), qualquer iniciativa, envolva quem for, independente da abrangência desta iniciativa, realmente precisava ser melhor aproveitada e reconhecida.
Como você bem disse num dos comentários: “é muito barulho pra pouca coisa”.
Aliás, mais preocupante ainda é: porque que essa lista não sai em algum tipo de periódico brasileiro? É lógico que não sai em lugar nenhum: não tem público pra consumir, não é economicamente viável.
Uma das coisas que mais me irrita é quando um periódico de fora do país faz um “Raio-X” da “cena” atual do Brasil (qualquer “cena”) e isso vira uma espécie de “arauto da verdade absoluta”.
Não está na hora de evoluirmos não?
Sim, vivemos num eterno fla x flu, onde ou se é preto ou branco. E o pior: quem ousar ser cinza é metralhado. Vai um exemplo futebolístico?
Não sei se você tem acompanhado a bagunça nas séries C e D do campeonato brasileiro, causada por uma mutreta jurídica do Treze – PB. Pois bem, se você ousar falar mal do Treze nos fóruns de futebol, a resposta sempre virá na base do “Você é uma paulista safado que odeia os nordestinos!”. Claro que alguns nordestinos também estão revoltados contra a manobra no tapetão, e para esses a resposta é sempre “Você não passa de paga-pau desses paulistas nojentos”
Tô acostumado com isso. É a cultura do ressentimento.
E no texto abaixo, Neville d’Almeida se considerando gênio e dizendo que quando não ajudam ele, é panela. Claro que fazer um livro e um filme são coisas economicamente incomparáveis, mas né, esse argumento “coloquei 10 milhões de expectadores” o ‘E aí, comeu?’ também vai poder dar.
”I am middle-aged enough to remember when literature, especially the novel, played this role and when cultural gatekeepers were literary critics, or social critics, often from literary backgrounds. That world is gone. The novel has become a quaint, emotively life-changing, and utterly marginal phenomenon. The heroic critics of the past are no more” http://www.brooklynrail.org/2012/08/art/absolutely-too-much
Absolutely-Too-Much – The Brooklyn Rail
http://www.brooklynrail.org
André, sabe o que acho pior? Volta e meia saem matérias falando que o brasileiro está lendo mais, que a venda de livros está aumentando no país, mas, se vc for ver as listas dos mais vendidos, verá que a grande maioria é de livros descartáveis, romances “hollywoodianos”, por assim dizer, livros de auto-ajuda e biografias de grandes empresários.
Não acho isso de todo ruim; na verdade, é preferível ler esses livros do que não ler nada. Porém, a literatura de qualidade raramente encontra espaço no mercado. E que não conhece a situação, ao observar a FLIP e a cobertura dada à ela pela imprensa, pensará que o Brasil é um país de leitores…
Claro que não é um país de leitores. Um livro de ficção de um autor nacional, se vende 3 mil exemplares é considerado um sucesso.
Se o Brasil é um áís d eleitores não sei, mas que as livrarias vivem lotadas, isso vivem. Ao menos as novas, lindas, espaçosas, com ótimos cafés.
Só em Buenos Aires há quase o mesmo número de livrarias do que no Brasil inteiro. Não é factóide ou estatística furada – estive lá! As grandes livrarias podem até viver lotadas, mas adianta pouco para a literatura. Os ditos best-sellers aparecem para estes visitantes, até porque é conhecido no “mercado editorial” o “jabaculê” que se paga às grandes livrarias para que elas destaquem os lançamentos de certas editoras (que raramente publicam novos e promissores autores), os demais, são esquecidos nas prateleiras mais escondidas para servir à limpeza das livrarias como receptáculo de poeira.
André, acho o Ricardo Lísias excelente, um dos nossos grandes prosadores, e tem uma obra bem sólida já, com quatro ou cinco livros de prosa. Acabou de sair um romance seu pela Alfaguara, O céu dos suicidas, recomendado por Viveiros de Castro, que nem conhece o autor, como obra-prima. Não achei a seleção ruim, mas achei bem segura também. Panelinhas e preferência de alguns críticos por esse ou aquele escritor sempre existe. Curiosamente, muita gente boa também não se inscreveu, como a Veronica Stigger, que eu coloco ao lado do Ricardo Lísias em minhas preferências. Grande abraço, Victor
Li o conto do Lisias no livro, achei muito bom, apesar de não ser o estilo que mais me agrada. Mas isso é uma questão de gosto, não tem nada a ver com a qualidade do texto. Vou atrás do romance que vc recomenda, valeu pela dica.
Escrevi sobre o último livro de Ricardo Lísias em http://wp.me/p1YOKS-4C. Recomendo, muito bom! Infelizmente, escritores e certa ‘elite’ intelectual ainda vive em guetos!
O público tá cagando para tudo isso. Tá mais preocupado se o programa da Fátima Bernardes é legal ou não! Oh, Lord!
Escrevi 16 contos entre 2003 e 2005. Depois desencanei.
Relendo-os hoje em dia, alguns eu ainda gosto bastante, outros, nem tanto.
Mas é uma experiência bem divertida. Sempre pensei em publicá-los, mas acho que não é o momento (caso queira, posso até mandar alguns pra vc dar uma olhada).
Literatura e Brasil são duas palavras que parecem não combinar muito. E esse “mimimi” das redes sociais cansa a minha paciência.
A internet oferece um espaço interessante para quem quer mostrar trabalho. Basta usar o cérebro e ficar longe dessa disputa de Boi Garantido e Boi Caprichoso.
Mande uns aí para eu ler: matblad@gmail.com
Machado de Assis ficou em 41 na colocação dos 100 melhores brasileiros de todos os tempos do SBT.
Eu vi. É tema do blog na quinta!
Eu vi 10 minutos desse programa e achei sensacional. O “missionário” RR Soares entre os 100 brasileiros foi engraçado demais. Imagino qual deve ter sido a lista. Vou aguardar a coluna de quinta, promete.
E não só ele: a Joelma Calypso, a Cláudia Leite, a Lua Blanco, dos Rebeldes e a chatonilda cantora gospel Ana Paula valadão tb estão lá (descobri quem eram graças ao Google)
“Dedé do Vasco” (grafado assim mesmo) à frente de Ulissess Guimarães eu achei o máximo. hahahaha
A ignorância libertadora: nunca ouvi falar dessa lista.
Estou acompanhando de longe a discussão (não tenho nada a ver com isso, sou administrador e amante da literatura) e devo dizer que os argumentos dos “descontentes” me convence mais do que o dos selecionados e seus admiradores. Tudo bem, entendo que é uma antologia e não um concurso público (em que todos têm que ter condições iguais et cetera), mas fazer uma triagem de currículos antes de qualquer coisa? Receber 247 textos e ler “somente” 80 – só pela vida “pregressa” do escritor? Nunca acharei isto correto. Sem querer fazer qualquer tipo de ilação, mas isso explica (ou deve explicar) o número bastante considerável de pessoas ligadas de uma maneira ou de outra ao mercado editorial ou a “grupinhos específicos” que foram selecionadas. Será que não conseguimos realizar nem um concurso livre de controvérsias neste país?
PS: O mais bizarro (ou mais engraçado) é que um dos “20 melhores jovens escritores brasileiros”, o tal do Vinicius Jatobá, nunca lançou um livro. Mas mais engraçado ainda é que eu achei o conto dele muito bom – um dos melhores da antologia!
Abs
Concordo totalmente com vc. Mas acho que o problema é mais embaixo. É achar que a “Granta” é o paradigma da excelência literária e a única saída para toda uma leva de jovens escritores. É muito barulho por nada, na minha opinião.
Sim. Ser selecionado não é sinal de qualidade literária, mas a Granta é bastante tradicional e estar entre os “eleitos” muda o status do escritor – os valores dos futuros contratos serão mais interessantes, existe a possibilidade de ser publicado lá fora…
Acho que o grande “problema” é a revista se vender como uma seleção dos melhores escritores jovens brasileiros, como se o critério para a escolha fosse técnico – o que provavelmente é mentira, pois parece que amizades e nome forte no meio contaram bastante para a inclusão na lista.
Ps: Só para não parecer que eu só vejo coisas ruins na seleção, há muitos escritores talentosos e com carreira consolidada entre os escolhidos (Lísias,Laub, Saavedra, Galera…).
Como assim, “existe a possibilidade de ser publicado lá fora”? Quer dizer que ela só existe para quem é publicado pela “Granta”?
Claro que sair numa coletânea dessas AJUDA a carreira de um jovem escritor, mas estão tratando a coisa como se tivesse mais importância do que tem na verdade.
Não, até porque há nesta seleção autores que já foram traduzidos.
O que eu quis dizer é que isso é bem mais difícil para um autor que está começando e ainda não escreveu “O Livro”, ou um livro genial. A Granta é lançada em vários países e pode funcionar como um cartão de visitas para esses iniciantes…
Sem dúvida. Mas não pode ser tratado como a salvação da lavoura.
Cara, a dica para ler os comentários do post da Raquel foi ótima, estou me divertindo. Antonio Candido ficou no chinelo…
Impressionante, não?
Li dois romances do Ricardo Lísias e são ótimos. Se eu fosse fazer uma seleção dessas, com certeza incluiria ele.
Havia critérios de idade e o Lísias já estava velho demais pra coletânea.
Mil perdões pelo comentário, Gabriel. Acabei de ver que o Lísias foi contemplado. Não sei de onde tirei que ele não foi escolhido. Um abraço.
Sinceramente, não tenho um pingo de paciência com literatura brasileira contemporânea, prefiro ler os clássicos, diversão garantida para o resto da vida!
Mais do mesmo. Mediocridade reina….O maior barato é falar mal do Brasil, do povo brasileiro, do governo e tudo o mais. O crítico faz questão de se incluir na análise dizendo que: “isso é o que o brasileiro sem cultura merce” ou “é por isso que o Brasil não vai pra frente.” Normal idolatrar o que vem de fora do país. até hoje um grande argumento comercial é: “Tem esse preço, porque é importado…” Vai ver a qualidade dos importados da China, ou melhor ainda vá ao velho mundo comprar um relógio italiano….digo por experiencia própria, o dito relógio foram os piores 250 Euros que já gastei na vida…devia ter ido ao puteiro….
Sério? Onde vc viu “o crítico” dizendo isso?
mas os relógios de grifes italianas são de fato feitos na china ou com peças chinesas. 😉
Penso que quem esquenta demais com eventual favorecimento de alguns escritores aparenta precisar dessas coisas para divulgação de seu trabalho. Se o cara for bom mesmo alguém sempre vai reconhecer e se foi apenas favorecido e não prestar logo cairá no esquecimento. Então essas brigas não fazem o menor sentido.
Acho otimismo da sua parte. Se o cara for bom mesmo, ele daqui a algumas décadas poderá dar o nome do seu livro a um blog em outro país, graças ao empenho incansável da sua mamãe em publicá-lo. É um caso especial, é verdade, mas ilustra bem. Em toda área tem máfia, infelizmente, a “meritocracia” é um idealismo.
Ora, mas o público vai ler qualquer coisa só porque o cara ganhou fama e nem vai se importar com o conteúdo? O cara que não se importa com a qualidade real do escritor e lê qualquer coisa só porque está na mídia ou foi bem divulgada certamente deve ser leitor das maiores tranqueiras literárias do mundo. Mas que pode existir sacanagem não duvido, só acho que muito barulho por pouca coisa.
Estas coletâneas são ótimas para impulsionar a carreira de escritores “jovens” que como eu – gostem ou não do que escrevo, não ligo – precisam de alguma forma mostrar seu trabalho. Creio que grande parte da discussão deva ser sim, uma questão de ego – seja ele “centrismo” ou ferido – pois no Brasil realmente não se vive de escrever em 99,9% dos casos – salvo livros de auto-ajuda e de modismo. Pense então você, como um jovem escritor… está de fora do mercado! geralmente nestas coletâneas não é cobrado do escritor nenhum valor para publicar seu trabalho, porém o valor das vendas é somente da editora. Serve realmente como uma amostra do trabalho. Certo dia fiz o orçamento de um livro em formatinho, 100 páginas = R$ 1.200,00, 50 exemplares. Direito a participação em uma Bienal e só. A distribuição fica sob responsabilidade do “deusdará”. É complicado… como disse acabamos fazendo isso para “poder bater no peito” e dizer: sou escritor. Mais nada.
É Hobby. Mero Hobby.
18 escritores do RJ, SP ou RS. Que vergonha. No resto do país não há escritores então?
Olha, Francisco, não sou advogado de ninguém, mas foi um concurso e, que eu saiba, não tinha pretensão de ser um apanhado da nova literatura de todo o país, mas dos melhores autores. Gostaria de saber quantos autores fora do Sudeste mandaram textos.
“O maior mal-estar, no entanto, foi a admissão de Marcelo Ferroni, um dos editores da Alfaguara, de que nem todos os 247 textos inscritos foram lidos. Apenas cerca de 80 foram avaliados, na verdade”. Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2012/07/08/granta-anuncia-sua-selecao-de-melhores-autores-jovens-48269.php
“no mundo real, este que se passa fora das telas dos computadores, quase ninguém se importa com literatura brasileira. Especialmente com a NOVA literatura brasileira.” tem coisa boa rolando por aí, dizem colegas meus; mas ao mesmo tempo é muito JABÁ……vou continuar lendo e relendo clássicos e biografias ou coisas do gênero de gente que realmente contribuiu pelo amor à cultura e literatura..
Dessa nova geração, gosto muito dos livros do Daniel Galera. Já leu alguma obra dele, André?
Oi Fabio. Confesso minha total ignorância em relação à obra dessa nova geração. Só li alguns em textos de revistas e jornais. Por isso mesmo fiquei feliz de ver contos de alguns deles reunidos. Vou ler o livro e procurar conhecer mais o trabalho daqueles que me chamarem a atenção. Que livro vc recomenda do Galera? Esses dias mesmo, uma amiga elogiou um livro dele.
Se me permite, o último, “Cordilheira”, é muito bom. “Mãos de Cavalo” também é. Se bem que os livros do Joca Reiners Terron, dentre os chamados “autores da nova geração”, tem estilo mais arrejado e que me agrada mais. “Sonho Interrompido por Guilhotina” trata justamente da frustração dos novos autores quando percebem que a literatura não é nada daquilo com que eles sonharam.
Não é nenhum “Dostoievski”, os tempos são outros, mas são dois ótimos autores realmente.
Falar nisso: excelente post!
arejado*
Muito obrigado pelas dicas.
Conhecendo o apreço do Barcinski pelo Ellroy acho quer será muito engraçado ver a reação dele diante do Daniel Galera e o ‘estilo’ de dizer absolutamente nada em frases de 120 palavras. 🙂
Vamos ver!
Retribuição pequena perto das ótimas indicações que sempre colo daqui… Cormac Mccarthy, por exemplo, de quem estou lendo as obras – “Meridiano de Sangue” é excelente! Ellroy? Já tá na lista! Abraço!
Tá gostando de Meridiano? É impressionante, não?
andre
vamos dar a ideia para a Sight & Sound fazer o mesmo com os 5 mais promissores cineastas com menos de 70 anos?
Nunca tinha ouvido falar desse “periódico”, muito menos desses 20 filhinhos de papai aí.
Mas em se tratando de Literatura Brasileira aposto um picolé de limão do ano de 2042 que até lá um deles já terá uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
“A cena literária brasileira é minúscula. Se um caminhão desgovernado errar uma curva na Vila Madalena e entrar na Mercearia São Pedro, leva metade dessa nova geração de escritores – e uns 70% de seus leitores.”…….
Andre vc acaba de escrever a melhor frase de 2012 quando o assunto é literatura,como se diz aqui em Salvador…me dê uma garapa!
Foi exatamente o que eu pensei ao ler! Hilário…
ps: no gênero crônica o Prata filho dá de dez no pai
A pergunta mais importante não foi respondida, afinal. O livro merece ser lido?
Um abraço.
Só li 3 contos até agora e tenho gostado sim.