Já viu “13 Assassinos”?
23/07/12 07:05
Que bom ver na tela grande um filme feito para a tela grande…
Falo de “13 Assassinos”, o filme de samurais que o japonês Takashi Miike lançou em 2010 e que finalmente aportou no Brasil (veja minha crítica na Folha aqui).
Miike é um dos cineastas mais extremos do cinema atual. Faz filmes ultraviolentos, cartunescos, exagerados, cheios de perversões sexuais bizarras, mutilações e todo tipo de barbarismo.
Ao mesmo tempo, é um cineasta criativo, capaz de inventar cenas impactantes e inesquecíveis.
“13 Assassinos” resgata o filme de samurai, gênero tornado popular nos anos 50 e 60 por Akira Kurosawa e outros diretores japoneses.
Kurosawa era fanático por faroestes, especialmente os de John Ford, por isso não é estranho notar como seus filmes parecem faroestes, com heróis existencialistas, grupos de mercenários enfrentando tropas numerosas e confrontos sangrentos em vilas poeirentas.
Assistir a “13 Assassinos” na tela grande de um cinema é uma experiência cada vez mais rara hoje em dia, quando o 3D, a ação frenética de filmes que mais parecem videogames e o assalto sensorial do barulho e efeitos sonoros tentam mascarar a péssima qualidade dos filmes de ação modernos.
Para quem gosta de filmes de samurai, aqui vai uma pequena lista de clássicos de Kurosawa – em ordem de preferência – que podem ser achados nas locadoras: “Trono Manchado de Sangue” (1957), “Os Sete Samurais” (1954), “Ran” (1985), “Yojimbo” (1961), “Sanjuro” (1962), “Kagemusha” (1980) e “Fortaleza Escondida” (1958). Não incluí “Rashomon” porque é mais um drama do que, propriamente, um filme de samurai.
E se alguém achar qualquer filme de Kihachi Okamoto, especialmente “A Espada da Maldição” (1966) ou “O Guerreiro Vermelho” (1969), pode alugar que valem muito a pena.
P.S.: Estarei com acesso limitado à Internet hoje e impossibilitado de moderar os comentários de forma ideal. Se o seu comentário demorar a ser publicado, não se chateie, que em algum momento do dia ele aparece. Obrigado.
nossa… chato é vc… nem te conhecia… não perderei mais meu tempo
Vi sexta, gostei muito e “intimei” os 2 filhos a ver.
Mas sofri com um problema que não sei se é só meu: em vários momentos achei que alguns samurais eram trigêmeos. A velha piada de que japonês é tudo igual fez muito sentido.
E sem dúvida o filme é mais legal para quem sabe o que é o bushidô, a diferenças entre um ronin e um samurai, a importância de morrer com honra.
Como Sete Samurais é um dos meus famosos 10 filmes, achei a estrutura igual – apresentação do problema/escolha dos samurais/batalha final. Inclusive com a estratégia de botar o inimigo pra dentro da cidade e fechar a saída.
Fiquei também com a impressão de que o atirador de pedras era o Kikushiyo/Mifune da vez, o “não samurai”, que gera as únicas risadas do filme e manda muito bem na hora da batalha.
Jim Jarmush fez “Ghost Dog – O caminho do samurai”. Só que o samurai é o Forest Whitaker, samurai negro e moderno… Lírico e melancólico.
Quanto ao Takashi Miike é o cineasta contemporâneo que mais me surpreendeu, quando nada mais me espantava no cinema. Pra quem fez uns cem filmes e episódios pra TV, o cara é muito bom. Principalmente porque não faz dessas “coisas bonitinhas” que estão na moda.
Barcinski, vi Tira Acima da Lei e não vi nada demais. Woody Harrelson parecia ainda estar em Zumbilândia. O filme até chegou a cansar. Gostei de Sigourney Weaver. Ficar longe de montros gosmentos tem feito bem a ela.
Assisti este fantástico filme ano passado quando estava em Dublin. Realmente vale a pena assistir!!! Não será dinheiro jogado!
André, tem um outro filme de “samurai” que gostei muito, mas não tem nada do estilo “John Ford” dos filmes do Kurosawa. Chama-se “O Samurai do Entardecer”, candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2004. Não sei se você viu…
Uma dica : Escreva menos sobre cinema e mais sobre musica!
Dica besta…como se o Barcinski não pudesse escrever sobre outra coisa. Estou lendo um livro fantástico, Mosquito Coast, que foi uma dica dada por ele…
Histórias de Samurais sempre é interessante. Por coincidência, esses dias assisti Ninja Scroll (apesar do nome, tem só Samurai e quase nada de Ninja), não é filme, é animação japonesa de boa qualidade de 1994, me chamou atenção pela história e a variedade de personagens interessantes e muita cenas de sexo e violência, os japas são mestres nisso. Vou assistir 13 assassinos com certeza.
abs
O filme Sete Homens e um Destino, foi inspirado em Os Sete Samurais, é isso ou tô falando bobagem.
Um filme de samurais muito bom e dificil de achar é a trilogia de Musashi, Toshiro Mifune faz Musashi o que ja faz o filme um classico.
Pena que o filme estreou em apenas duas salas do Espaço Itaú. A sessão em que eu fui estava lotada, sinal de que o filme poderia ter entrado em um circuito maior.
Vi uma meia-dúzia de filmes do Miike e é interessante como são diferentes entre si. Se não me engano, ele já dirigiu até musical. “The Audition”, que é meio predileto, é um combinação bizarra de comédia romântica com sadismo extremo – nunca vi nada igual. Mas o Miike é nada convencional. Li uma entrevista do sujeito há muito tempo em que ele afirmava que seu sonho era ter sido piloto de motocross e que, como era muito difícil, acabou indo trabalhar na TV e em seguida começou a dirigir filmes. Nessa mesma entrevista ele confirma a lenda de que aceita qualquer oferta pra filmar. De certa forma, ele “desglamouriza” a atividade do cineasta e se vê como um funcionário que pega um trabalho pra executar e, sendo artista, conta aquelas histórias de seu jeito peculiar. Acho interessante pensar que ele não vê problemas em aceitar um roteiro vagabundo e tenta transformar aquilo em algo que preste. E pela idade dele e o tamanho da filmografia, dá pra acreditar que tudo isso seja verdade.
sim, assisti e como fã do genero, achei ótimo!
me desculpem a comparação, mas achei uma mistura dos animês shigurui e samurai 7 que são ótimos!!
Faltou em sua lista “Zatoishi” (2003) de Takeshi Kitano, o famoso “Beat Takeshi”.
Ran é um dos melhores filmes que já assisti. Preciso rever.
Cara acabei de ler nesse fim de semana o livro ” Como a geração do sexo-drogas-e-rock ‘n’roll salvou hollywood”. Livro muito bom mesmo, quando vc termina de ler vc acaba entendo pq esses filmes que vc destacou no texto fazem tanto sucesso ” ção frenética de filmes que mais parecem videogames e o assalto sensorial do barulho e efeitos sonoros tentam mascarar a péssima qualidade dos filmes de ação modernos.”
É pq os produtores ganharam a guerra contra os diretores, e tomaram o poder que eles tinham perdido nos anos 70 para um cinema mais autoral e experimetal. E o culpado são dos desgraçados do Lucas e steven. E por causa disso a maioria das salas de cinema hojem estão repletos de filmes totalmente infantilizados.
Agora sentir no livro de o autor falar do cinema Blaxploitation que também ajudou hollywood num momento de crise, filmes como Shaft, Foxy Brown, Sweet Sweetback’s Badaaass Song entre outros são super importantes para a filmografia dos anos 70, e esse filmes tinham uma trilha sonora e tanto. E inclusive Tarantino chupa muito desse filmes, porém poucas pessoas sabem ( ou conhecem). Acho que o único defeito do livro foi esse.
Documentário legal sobre Blaxploitation é “Baadasssss Cinema”, recomendo.
Tive o prazer de ver esse filme ano passado na mostra do CCBB. E curioso você falar em 3D, pois o Miike fez um filme em 3D ano passado, estreou em Cannes, também um filme de Samurai inspirado em Seppuku do Masaki Kobayashi.
André, já viu 13 Assassinos, o original do Eiichi Kudo? Sensacional.
Será que o Tarantino gosta desse cara?
Se gosta? Até fez uma participação especial em um filme dele!
Gosta tanto que já atuou em um filme dele, Sukiyaki Western Django.
O Tarantino participou de um filme dele chamado Sukiyaki Western Django. Western oriental super alucinado e divertidissímo.
Trailer do filme com participação dele. Inclusive tem frases do próprio Tarantino e de caras como Eli Roth, Guillermo Del Toro babando ovo pro Miike.
http://www.youtube.com/watch?v=nluPs-nGngk
Gosta, sim. E o Eli Roth, que é amigo do Tarantino, também é fã. Tanto que convidou o Miike pra fazer uma ponta como ator no filme “O Albergue” (não me lembro se no primeiro ou no segundo).
Opa, o link para a crítica não está “linkado”.
Abraços!
Obrigado, veja se está ok agora.
Fala, Barcinski! Qual a sua opinião sobre aqueles filmes meio paradões do Yasujiro Ozu?
Outra pergunta, li em algum lugar (pode ter sido até mesmo por aqui, não me lembro) que o Kurosawa é mais conhecido fora do Japão que por lá. Confere isso?
Cara, os filmes do Ozu são meio “paradões” mesmo, mas são fantásticos. O ritmo dos filmes é uma característica do cinema do Ozu. Quanto ao Kurosawa ser mais famosos fora do Japão, sinceramente, não acho que seja verdade. Tudo que li sobre ele diz que os filmes fizeram sucesso no Japão sim.
Do pouco que conheço, Ozu, para mim, é o melhor cineasta japonês.
Kurosawa sempre foi perseguido pela mídia e pelas grandes produtoras, por ser considerado ocidental demais. Tanto é que foi à Rússia para dirigir Dersu Uzala por obter pouco apoio para fazer filmes no Japão.
Mesmo Kagemusha, filme posterior, só saiu do papel depois que Coppola e George Lucas botaram dinheiro no projeto.
Kurosawa obteve mais prestígio no exterior do que no Japão, isso é inegável. Mas não quer dizer que não tenha feito sucesso no Japão.
Esse corte moicano ao contrário ainda vai pegar. Uma vantagem estética para quem ainda está apenas rarefeito.
… aquilo nao é uma invenção da direção de arte. É historico. Pesquisa.
Tá todo mundo careca de saber que esse corte é histórico. O Neymar devia de tentar, enquanto ele ainda pode. Uma vantagem para quem não chegou na fase do cai-cai.
Do Takashi só assisti Ichi the Killer e Audition e achei divertido e só. até hj não entendi o hype em cima do cidadão. André, tem alguma sugestão que seja imperdível do Takashi além desse 13 assassinos?
Não acho o Miike o maior diretor do mundo, mas tem um etsilo próprio e faz filmes bem melhores que a média, concorda?
André, e onde você conseguiu assistir esse filme em tela grande? Ele estreou nos cinemas comerciais? Pergunto porque aqui em Campinas (uma cidade relativamente grande) não está passando em nenhum cinema… 🙁 bom dia!
Estreou sexta em SP.
Espero que comece por aqui então…
Barça, meio off, mas enfim. Ontem estava vendo uma entrevista de nosso “Coffin Joe” com o Kennedy Alencar onde ele te agradecia muito. Considera-se um responsável pela carreira internacional do Mojica? Estava vendo os depoimentos e vídeos que foram mostrando ao longo da entrevista – ele é realmente grande lá fora – um monte de gente reconhece, tira foto e pede autógrafo! Cara, o Mojica é louco! Ele dava as respostas e do nada levantava o tom da voz! Dá medo! Outro momento bacana foi quando ele fora questionado sobra sua opinião política, mais especificamente sobre nossos 3 últimos presidentes: Fernando Henrique, Lula e Dilma. Sobre o FHC disse que ele estimulou bastante, forneceu recursos. Sobre o Lula que saiu com o mesmo algumas vezes e sobre a Dilma quase não falou. Mas o bacana foi que o Mojica engatou uma 4ª e começou a falar do Kassab. “Kassab, incentive a cultura e não um bando de boióla que vai fazer protesto na rua!”. O Alencar engoliu seco esta hora. Eu rachei. Finalizou comentando sobre seu (dele) novo filme, onde umas pessoas são amaldiçoadas após comparecer a um funeral de uma velhinha. A maldição é uma espécie de boca faminta por carne logo abaixo do “imbigo”. Um dia o açougue fecha e uma das pessoas acaba devorando a mãe. Cara que bizarro!
O Mojica é genial. E te agradeceu bastante!
Un abrazo!
“Responsável”, de jeito nenhum. O Mojica é respeitado no exterior por causa dos filmes dele. Eu ajudei a divulgar os filmes, intermediando o contato pro Mojica lançar os filmes dele em VHS e DVD, e foi isso que impulsionou a fama dele lá fora. Não vi essa entrevita, será que tem na web?
Claro! Incontestável a qualidade e pioneirismo dos filmes do Mojica. Era exatamente isso que pensei, que ajudastes em algum contato. Eis a entrevista.
http://www.redetv.com.br/Video.aspx?52,15,279261,jornalismo,redetv-news,ze-do-caixao-diz-que-diabo-nao-existe
André, tem no site da Redetv!. É só procurar pelo programa “É Notícia”.
Tive a oportunidade de conferir esse filme na “tela grande” do CCBB em São Paulo durante a mostra do Miike. Antes passou “Izô”, filme quase lynchiano em que um samurai traído procura se vingar de tudo e todos procurando quebrar o ciclo de reencarnação para evitar perpetuar o sofrimento da vida, e logo depois “Harakiri”, a refilmagem do clássico da década de 1960, filmado e exibido em 3D. Fiquei impressionado com o estilo do diretor, vou procurar assistir mais coisas dele agora de tão curioso – e impressionado – que fiquei.
“a ação frenética de filmes que mais parecem videogames”. Concordo com tudo que você disse no texto, mas essa frase me leva a ficar curioso quanto a uma coisa: André, qual a sua opinião sobre videogames?
Acho um saco. O último que joguei foi o “Tênis” do Atari.
Também, com tanto jogo bom de Atari você foi jogar Tênis, por isso parou por aí! 🙂
Tem um “Tênis” grátis do Google (grátis) que baixa rápido. No começo você só perde. Demora alguns dias até você conseguir chegar aos jogos da terceira fase. Um saco, mas recomendo, parece tênis de verdade, com a vantagem que você não erra uma raquetada se acertar o tempo e a distância da bola com o mouse (argh).
De Jablonski para Barcinski : gosto muito de suas resenhas e acompanho seu com prazer blog faz tempo. Também estava curioso para saber sua opinião sobre video games e admito que fiquei um pouco decepcionado. Não porque eu goste especialmente (não jogo faz muitos anos), mas porque eles tem o seu mérito. É bem verdade que a “ação frenética” tomou conta dos video games a ponto de se tornarem quase sinônimos, mas como você mesmo disse, isso é um fenômeno bem maior. Assim são os filmes atuais, os gibis atuais, a literatura atual, e mesmo as campanhas políticas atuais. Logo, dizer que o video game é por definição ruim é o mesmo que concluir que o cinema é uma porcaria só porque as grandes distribuidoras privilegiam grandes porcarias. Assim como no cinema, há jogos comercialmente menos marcantes, mas de uma qualidade inegável – e não raro, influenciados pelo cinema de qualidade. Como te disse, estou por fora da safra atual de jogos, mas é bom lembrar que contra o frenesí do Sonic sempre houve o relativamente mais calmo Mario. Um abraço, e mais uma vez parabéns pelo blog.
Bem isso mesmo 🙂
Vi nesse final de semana. Li sua crítica na Folha e discordo um pouco do que você escreveu com relação ao número de personagens e o tempo dado para suas caracterizações. Afinal, são 13 assassinos… Também tenho a impressão de que os filmes hoje em dia estão em uma concorrência para ver qual é o mais “gore”, o que não me apetece muito. De qualquer jeito, o filme é milhões de anos luz melhor do que “Flores do Oriente”, último filme asiático que vi e o pior filme de todos os tempos.
po, e no fim nem falou nada do 13 Assassinos e do Takashi Miike hahah. Vi um filme dele, não lembro o nome. Era bom, mas esse cara é doente