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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Cortar o cabelo é a maior diversão

Por Andre Barcinski
25/07/12 07:05

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A cada 15 dias, cumpro um ritual totalmente inútil: cortar o cabelo.

Por que alguém que não tem cabelo gasta dinheiro numa barbearia?

Se você conhecesse o Seu Valter, o barbeiro aqui do bairro, entenderia: cortar o cabelo com ele é uma terapia.

Em primeiro lugar, a barbearia é linda. Seu Valter diz que as cadeiras e os espelhos têm mais de cem anos. “Tem gringo que vem aqui só pra fotografar minha cadeira”.

O corte com máquina zero custa dez reais e não leva não de meia hora. Quer dizer, o corte leva cinco minutos, os outros 25 são dedicados às histórias do Seu Valter.

O sujeito tem o dom da palavra. Narra casos com a fluência de uma novela de rádio, entende a noção de pausa e tem um “timing” de comediante. É um verdadeiro artista.

Os temas giram sempre em torno dos vizinhos, que ele considera uns barnabés indignos de sua companhia.

Valter mora numa pequena vila de uma área rural, onde a luz só chegou há uns 10 anos.

Um dos últimos casos que ele contou envolvia uma vizinha que tinha comprado um laptop – “chinês”, segundo o Valter – e que “explodiu” depois que ela “usou um chip comprado num camelô”.

Outro caso estrambólico foi o de um conhecido que comprara um Fiat Palio muito bem conservado, “um chuchuzinho”, mas que não tinha dinheiro para fazer o seguro e, no primeiro passeio, atropelou um boi e deu perda total na caranga.

Semana passada, Seu Valter – que estava passando o diabo por causa de uma dor nas costas – relatou sua saga em busca de uma tomografia.

Disse que o atendente do SUS da cidade lhe deu duas opções: esperar oito meses por um exame num hospital da região ou pegar uma kombi da prefeitura e fazer o exame em Teresópolis, a 270 km de distância.

No dia seguinte, ele embarcou às 4 da manhã numa kombi lotada. Foi sentado ao lado de uma vizinha, que estava morrendo de medo de fazer a “tal da tomografia”.

Demoraram cinco horas para chegar a Teresópolis. A vizinha passou o tempo todo rezando e falando sozinha: “Ai, meu Deus, o que será essa tomografia? Dói?”

Segundo Valter, a vizinha estava tão nervosa que teve de ser carregada pelo pessoal da Kombi até a sala do exame.

A muito custo, conseguiram convencê-la a deitar na mesa do aparelho. Mas quando a mesa se moveu e a moça percebeu que ia ficar dentro do cilindro do tomógrafo, teve uma crise de nervos e começou a gritar. “Aí a máquina fez um barulhão e ela começou a chutar o aparelho por dentro”, disse Seu Valter, às gargalhadas.

“E o seu exame, Seu Valter, o que deu?”

“Eu tô f*dido. Tô com uma hérnia de disco do tamanho de uma manga. O médico disse que pode me operar, mas que só vai curar uns 40%. Eu disse pra ele que só aceitava 50% no mínimo, por 40% não vou entrar na faca nem f*dendo!”

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Comentários

  1. Tercio Testa comentou em 27/07/12 at 8:30

    SENSACIONAL!!!

  2. Thiago Peres comentou em 26/07/12 at 22:42

    Barcinski, o Seu Valter sabe das coisas. Vizinhos são barnabés indignos mesmo quando sensacionais. Falou.

  3. JovaneMaia comentou em 26/07/12 at 20:35

    É André Vão Se Os cabelos, Ficam As Estorias!!!!

  4. Lionel comentou em 26/07/12 at 15:33

    Barça, se estiver em sampa e quiser dar um tapa na peruca, recomendo o Seu Chiquinho na Vila Mariana (Rua França Pinto, +- nº 615). Segundo o próprio, tem 87 anos de profissão. Uma figura! Assim como é o Seu Valter para vc, cortar o cabelo com o Seu Chiquinho é uma terapia para mim.

  5. Matias Blades comentou em 26/07/12 at 13:46

    Isso me faz lembrar de um bar que conheci numa cidadezinha do sul de Minas. O dono pintou na parede a seguinte frase: “local formador de opinião”. Nunca conheci um sujeito com tamanha capacidade de falar merda! Pior é que ele é metido a falar difícil! Uma vez soltou que o problema do Brasil era o “neoliberalismo”, e posso afirmar que o cara não tinha a mais remota noção sobre o significado do termo…

  6. leonardo comentou em 26/07/12 at 9:27

    O seu Valter fica em que cidade?
    Tô muito afim que fazer umas férias “na estrada” pelo Rio no fim de ano.. e seria legal cortar o cabelo com um figuraça desses..

  7. André Machado comentou em 26/07/12 at 2:14

    Eu corto desde criança num barbeiro chamado Ambrósio, na Vila Ema.

    Casei, mudei pra Mooca mas ir até lá cortar o cabelo é uma questão de princípios.

    30 minutos que fico lá dou risada em 40, jogo sempre 1,00 no jogo do ***** (com um Sr. que faz isso a uns 199 anos) e fico sabendo as novas do bairro, ou seja, nenhuma, o lugar parou no tempo literalmente.

    Ele tem um esterilizador que deve ter pelo menos uns 20 anos, nem deve funcionar mais, é placebo pra nego não ficar com medo.

    Ele tem uma santinha no canto num canto do salão que é tão velha, mas tão velha que tá parecendo mais o cramulhão da garrafa.

    Aquele ex-jogador da Portuguesa, Palmeiras, Santos nos anos 80/90, o Edu Marangon, conhecido como “Boy da Mooca”, o pai dele morava na Vila Ema, já trombei ele algumas vezes dando um tapa no telhado por lá, gente boa.

    []’s

  8. dunha comentou em 25/07/12 at 20:22

    outro dia vi uma reportagem sobre um cara novo que abriu uma barbearia estilo old school em sp, mas pro pessoal modernete em geral. achei legal a ideia e tal, mas das barbearias antigas ele só copia o conceito, o público é esse pessoalzinho descolado, que não se importa em pagar uns 50 contos pra cortar o cabelo com um clone do morrissey-hipster. aí não… só que pra essas barbearias tradicionais não dou mais que 10 anos. aqui na minha cidade do interior de sp, nem existe mais…

    • Andre Barcinski comentou em 25/07/12 at 20:44

      Sério que tá rolando barbeiro hipster agora?

      • dunha comentou em 25/07/12 at 21:49

        achei um vídeo sobre:

        http://www.youtube.com/watch?v=88jqIlcMh1g

        e tem site!

        http://www.barbearia9.com.br/

        e onde poderia ser? ora, na augusta né…

    • Leandro comentou em 27/07/12 at 9:26

      O corte custa R$ 30, e não R$ 50. Os caras cortam bem, sério! E, apesar das matérias tratarem o lugar como para “hipster”, eu, que corto o cabelo lá há tempos, sempre me deparo com senhores de cabelo branco fazendo o mesmo. Abs, Dunha!

  9. jAH comentou em 25/07/12 at 18:09

    Lembro de Cataguases, zona da mata mineira, onde ia passar férias quando criança. Há alguns anos levei minha família lá e as cadeiras Ferrante lá estavam. Viagem no tempo. Sempre que viajo procuro as barbearias tradicionais com a desculpa de uma aparada, mas algumas são sensacionais.

  10. Marcelo Scanzani comentou em 25/07/12 at 17:00

    E ae Barcinski,blz? Off-topic, mas… nao vai comentar sobre o Glenn Branca e os dois shows dele em Sao Paulo?

    • Andre Barcinski comentou em 25/07/12 at 17:45

      Nm lembrava, já rolou? Não posso ir, mas se estivesse em SP não perderia.

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