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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Morre Chris Marker, um dos grandes criadores do cinema

Por Andre Barcinski
31/07/12 07:05


 

Todo mundo lembra a primeira vez que viu “La Jetée”.  É um daqueles filmes inesquecíveis.

“La Jetée” foi feito em 1962, tem 28 minutos, é em preto e branco e construído quase que exclusivamente por fotografias. Não tem diálogos, apenas uma narração monocórdia.

Trata de sobreviventes da Terceira Guerra Mundial que vivem nos subterrâneos de Paris e são submetidos a experimentos com viagens no tempo. É uma das grandes obras-primas do cinema e inspirou “12 Macacos”, de Terry Gilliam.

O diretor de “La Jetée” é o francês Chris Marker. Marker morreu domingo, em Paris, no dia em que completava 91 anos.

Chris Marker foi um personagem tão estranho e fascinante quanto seus filmes. Nunca falava sobre seu passado, não dava entrevistas e não se deixava fotografar. Em 60 anos, fez mais de 70 filmes e escreveu mais de dez livros.

Costuma-se associar o nome de Marker ao cinema documental, mas a verdade é que mesmo seus filmes “temáticos” – sejam sobre a revolução cubana, Yves Montand, os movimentos de esquerda em 1968 ou a vida de Simone Signoret – superam o simples relato factual e enveredam por grandes ensaios poéticos.

Marker usa o documentário como ponto de partida para suas divagações. Talvez considerá-lo um “ensaísta” ou um “multimídia”, como fez seu amigo e admirador Alain Resnais, seja mais coerente.

“La Jetée” é lindo, mas meu filme predileto de Marker é “A.K.” (1985), sobre as filmagens de “Ran, de Akira Kurosawa.

É um documentário, mas não tem entrevistas de Kurosawa ou depoimentos de ninguém sobre o cineasta. Marker se posiciona como um mero observador, filmando Kurosawa , seus assistentes e técnicos trabalhando por trás das câmeras.

“A.K.” é um dos filmes mais bonitos já feitos sobre a arte de filmar. É um tributo de um grande diretor, Chris Marker, a outro, Akira Kurosawa. Vale por muitas aulas de cinema.

 


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Comentários

  1. Luiz Carvalho comentou em 01/08/12 at 3:19

    Totalmente fora do assunto, Barcinski, mas você viu o novo clipe do Social Distortion, “Gimme the Sweet and Lowdown”? http://www.youtube.com/watch?v=yauKLcdpNrM. Lembrei de você porque começa com uma referência ao Joey Ramone.

  2. Marshall comentou em 31/07/12 at 18:48

    Não conhecia o autor/cineasta mas pela descrição do La Jetée fiquei curiosíssimo e acabei de assistir. Fantástico mesmo! Acho que só fiquei espantado da mesma maneira quando vi “Um cão andaluz”. Valeu pela dica, vou atrás de outros deste francês maluco.

  3. Jair Fonseca comentou em 31/07/12 at 17:24

    Tive a sorte de participar de uma boa mostra de filmes de Marker. Um cineasta originalíssimo e discreto. Além de ser o provável criador do cinema de ensaio, um gênero que desafia os gêneros tradicionais, também foi um cineasta militante. Nessa seara indico, por exemplo, “Grin Without a Cat”, cuja sequência magistral segue aqui:
    http://www.youtube.com/watch?v=zP1AoocnoXM
    Aliás, todo filme de Marker tem gatos, bichos de que ele gostava muito.

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 17:56

      Será que ele criou o cinema de ensaio? Pode ser, mas acho que Dziga Vertov e alguns surrealistas fizeram isso antes do Marker. O que não tira o brilhantismo dele.

      • Pedro comentou em 31/07/12 at 20:48

        http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ECAP-829FGH/1/disserta__o_para_ser_entregue_pra_biblioteca.pdf

        A idéia de
        fazer um ensaio, tendo como suporte o cinema, ou simplesmente um filme-ensaio, surgiu na Alemanha com Rans Richter. A idéia de Richter era de que:
        Diferente do filme documentário, que apresenta fatos e informação, o filme ensaio, (…) produz pensamentos complexos que não são mais necessariamente fundados na realidade. O cineasta é, dessa forma, não mais amarrado a regras e parâmetros da prática do documentário tradicional e são dadas rédeas livres para usar a
        imaginação com todo seu potencial artístico.
        Richter situa o filme-ensaio entre o documentário e o filme experimental, definindo assim a “novidade” e a originalidade desse novo estilo de filme.
        Marker segue o legado das idéias de Richter, visto que participou do grupo Groupe de Trent, em que Ritcher teve importância crucial e o termo essai cinémathographique era bastante discutido. Marker chegou a ser chamado na França de “1:33 Montaigne”. Neste
        país, a idéia de ensaio é fortemente ligada ao nome de Montaigne. O pensador francês do século XVI entendia por ensaio a seleção de uma idéia para saber como o eu e a sociedade se relacionam com essa idéia – sendo a frase que-sais-je (o que eu sei?) o mote revelador de que toda investigação sobre a sociedade é também uma investigação sobre como o eu se
        relaciona com essa sociedade. O filme-ensaio partiria de tal idéia.
        Alter afirma que o filme-ensaio combina:
        Autobiografia, biografia, história, comentário social, e formas de exegese crítica, filmes ensaio, também, adotam vários esquemas formais. Por conseguinte, é incomum encontrar tensões internas interiores em filmes-ensaio porque sua própria natureza como um filme é arrastada em direções diferentes por seus elementos constitutivos

        • Andre Barcinski comentou em 01/08/12 at 8:11

          Sim, mas vc não acha O Homem com a Câmera, de certa forma, um filme-ensaio?

          • Pedro comentou em 01/08/12 at 12:45

            acho que é um filme e um ensaio, mas não um filme-ensaio. Se você ler os textos do Vertov como o We, você vai ver que ele quer é fazer o cinema mais puro possível, enfim, quer é a essência do cinema e não fazer um filme-ensaio. Enfim, ele não queria uma mistura de gênero, mas achar o particular. Nesse sentido, as vezes acho que Berlin, sinfonia de uma cidade, deve ser mais próximo disso. Mas não é bem ensaio, ainda assim, é denotativo demais pra isso.

  4. F de I comentou em 31/07/12 at 16:29

    Viu isso?

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1129061-banda-killing-joke-diz-que-vocalista-esta-desaparecido.shtml

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 16:33

      Já, é meu post de amanhã.

      • F de I comentou em 31/07/12 at 16:35

        Can’t wait!

      • roberts comentou em 31/07/12 at 21:02

        Tomara que não tenha acontecido nada de ruim com ele…grande banda!

  5. luciano comentou em 31/07/12 at 15:16

    pauta do Dangerous Mind …

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 15:24

      Como assim? Ele morreu domingo, todo mundo deu ontem, eu inclusive tuitei de manhã sobre a morte dele e escrevi ontem mesmo pro Folha Online.

  6. bruno capu comentou em 31/07/12 at 14:03

    este filme parece fantástico ,vou procurar. A propósito, estou querendo ver um bom filme de máfia , yazuka, cosa nostra ,essas coisas , tipo “black rain” , algum mais “cult”. Já vi “o funeral” e os óbvios “godfather” , “casino” , “goodfellas”. Por acaso você, André ,me indicaria algum ? Ou alguém que leia este comentário…

    • bruno capu comentou em 31/07/12 at 14:12

      desculpem o off-topic

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 14:24

      O Pagamento Final (Brian De Palma), O Rei de Nova York (Abel Ferrara)… fiz um post sobre filmes de gângster, procura que vc acha…

      • bruno capu comentou em 31/07/12 at 14:35

        Valeu,André ! O Pagamento final “carlito’s way” já vi também ,Sean Penn irreconhecível em ,na minha modestíssima opinião, sua melhor atuação. Este filme é espetacular. Vou caçar o Rei de NY ,muito obrigado. Se o pessoal quiser indicar mais, agradeço imensamente 🙂

        • bruno capu comentou em 31/07/12 at 14:39

          achei seu post ! http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/arch2011-08-14_2011-08-20.html#2011_08-18_01_38_46-147808734-0

  7. Yasmin Muller comentou em 31/07/12 at 10:51

    AK é lindo mesmo. Mas o meu preferido é Sans Soleil, filme que mudou minha vida. Tem completo no Youtube também.

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 12:07

      Sans Soleil é bonito demais também.

  8. Mauro comentou em 31/07/12 at 10:40

    Tenta , tenta , tenta , tenta,
    Se concentra e tenta se concentra e tenta
    Se concentra e tenta se concentra e tenta
    Tenta , tenta , tenta , tenta,
    Se concentra e tenta se concentra e tenta
    Se concentra e tenta se concentra e tenta
    Tenta , tenta , tenta, tenta

  9. Guilherme Braga comentou em 31/07/12 at 10:00

    Você leu algum livro dele, Barça?

    • Andre Barcinski comentou em 31/07/12 at 10:13

      Não, só entrevistas e artigos.

  10. paulo r. siqueira comentou em 31/07/12 at 9:09

    La Jetée é belíssimo. Não assisti mais nada dele, mas certamente é uma das coisas mais criativas que já vi e é um filme bem fácil de assistir pelo Youtube. Lá tem muitos outros dele. Vale a pena conhecer para quem nunca viu nada.

  11. F de I comentou em 31/07/12 at 9:04

    Se eu morresse no dia do meu aniversário de nascimento… eu juro que reencarnava na hora!

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