E o vento levou...
10/08/12 07:05
A energia eólica é uma bênção, certo? Uma energia limpa e barata, que vai acabar com o aquecimento global e salvar o planeta.
Muita gente pensa assim. E eu também. Pelo menos até ver “Windfall”, um documentário lançado nos Estados Unidos. Agora tenho minhas dúvidas.
Dirigido por Laura Israel, o filme conta a história de Meredith, uma pequena comunidade rural do Estado de Nova York, que está prestes a assinar um contrato com uma grande empresa do setor eólico para a construção de dezenas de turbinas de vento.
A princípio, a maioria dos moradores é a favor. Parece a coisa certa a fazer.
O problema é que ninguém viu uma dessas turbinas de perto e não tem a menor idéia das conseqüências de morar próximo a uma delas.
Quando os moradores vêem as turbinas em ação, a coisa muda de figura.
Para começar, existe a questão do tamanho: as turbinas chegam a quase 120 metros de altura. As três hélices medem 40 metros cada e giram a uma velocidade de 240 km por hora, 24 horas por dia.
A rotação acelerada do monstrengo emite um barulho de baixa freqüência, sentido a quilômetros de distância. Moradores reclamam de insônia e distúrbios nervosos.
As turbinas são tão altas que, ao cair da tarde, projetam sombras imensas. E pior: devido à rotação das hélices, as casas dos moradores se transformam em verdadeiras discotecas de luzes estroboscópicas. Morar ali deve ser enlouquecedor.
O filme mostra que a colocação das turbinas destrói a qualidade de vida da comunidade e aniquila o mercado imobiliário da região.
Tudo em nome de uma suposta ajuda ao meio ambiente que, no fim das contas, mostra-se irreal: no filme, especialistas dão depoimentos sobre a ineficácia das turbinas, que não produzem energia suficiente para justificar o investimento.
Outro aspecto interessante do documentário é a briga das empresas energéticas, que disputam os polpudos incentivos fiscais do governo americano e entram em leilões para assinar contratos com pequenas comunidades, se aproveitando da falta de uma regulamentação para o setor.
As empresas oferecem dinheiro para os moradores – ironicamente, dinheiro que as empresas receberam do governo – pelo direito de colocar as turbinas em suas propriedades. E muitos moradores, especialmente em áreas mais afetadas pela crise econômica norte-americana, se vêem obrigados a aceitar.
“Windfall” não é contra a energia eólica ou a busca de soluções alternativas. Também não faz apologia de nenhuma outra fonte de energia. Mas levanta uma questão importante: nem tudo que parece “verde” é, necessariamente, bom.
Nem tudo que parece “verde” e bom p/ o meio ambiente realmente é….a energia eólica é uma delas….se alguém quiser completar as informações lançadas pelo documentário, leiam as obras de James Lovelock, Médico e bioquímico da NASA, famoso por ter formulado a “Hipótese Gaia”…no auge dos seus 92 anos ele dá uma aula sobre tudo que há de errado na “onda verde”, e quebra vários mitos…vale a pena.
Sem entrar no mérito da questão (sempre desconfiei de quem tenta me convencer sobre as maravilhas do “verde”, assim como de quem tenta também me convencer do contrário), este é um post para ser analisado pelo Marcelo Soares. Obviamente não faz muito sentido em falar em velocidade linear (240 km/h) para um movimento circular. Essa, provavelmente, é a velocidade da ponta da hélice, considerando a distância percorrida pela mesma, que evidentemente é diferente da distância percorrida pelos demais pontos da hélice. Assim ,considerando a tal velocidade e o tamanho da ´hélice conforme noticiado, temos que a “velocidade” de rotação da hélice é de aproximadamente 15 a 16 rpm. Longe, muito longe, de ser a tal “rotação acelerada” do mostrengo. O que de fato não quer dizer nada se provoca esse monte de inconvenientes para quem está por perto.
Outro documentario bem legal e o Into Eternity. Sobre um buraco que esta sendo construido na Finlandia para abrigar o lixo nuclear.
Confesso que nunca ouvi o tal ruído, talvez o modelo americano seja diferente. Mas no NE existe outro problema, eles só constroem as usinas em área de praia, aterram dunas na maior cara dura e degradam uma vegetação que fixa as dunas e são transição para o mangue.
Na praia é sacanagem…
A indústria do ambientalmente correto é uma das maiores engana trouxas que existe com esse papinho de salvar o mundo. O que existe por trás é um lobby poderoso e bilionário que atua principalmente no comércio de patentes. Toda hora que uma patente de algum produto usado na indústria começa a vencer ou se tornar barata, inicia-se um processo midiático para torná-la ambientalmente incorreta, e logo “aparece” uma alternativa ambientalmente correta para substituí-la, que obviamente é muito mais cara. São Paulo por exemplo está sob ataque dos lobistas do bem. Transformaram as sacolinhas plásticas dos supermercados em vilãs. Justamente a alternativa menos nociva que a população usa para substituir os sacos de lixo. Existe uma substância chamada Levedura Negra, que são bactérias que se alimentam de derivados de petróleo. Porque não se usa elas para resolver o problema das sacolinhas, garrafas pets e outras embalagens plásticas? Ora, é pq não não dá lucro para os “Amigos da Terra”.
Ótimo texto André. Sobre energia eólica, sempre quando aparece uma notícia, vem acompanhada de uma mensagem de renovação e esperança de um mundo mais “verde”, acompanhado de imagens com cataventos gigantes rodando bem devagar, o que passa até uma “simpatia e bem estar ao vê-los”, comparando com os monstros das usinas hidrelétricas e nucleares.
Essa idéia de energia é bonita em um vilarejo de pescadores, entretanto para grandes cidades é inviável e uma grande roubada. A energia solar, conforme foi dito nos comentários, me parece ser uma boa idéia aqui no Brasil.
O estranho é que eu nunca havia pensado nisso. É sempre bom adquirir uma visão tanto positiva quanto negativa dos assuntos e o seu blog faz isso muito bem.
Valeu a dica mais uma vez.
Há estudos que vem comprovando que as turbinas causam danos a fauna como a morte de aves e principalmente morcegos a noite pela confusão em seus radares e os danos não são nada desprezíveis. Na realidade ao produzir energia não há forma limpa, a solar produz ao descartar os paineis um derrame de terras raras e metais pesados, a hidro-elétrica causa severos danos ambientais para ser implantada, a de combuistíveis fósseis nem se fala. Se a energia nuclear fosse mais segura quando acidentes acontecem seria a melhor, mas o problema está nas consequências dos acidentes que estão sempre atrelados ao homem, Chernobil era um absurdo total, Fukushima era um reator velho que deveria estar já desativado, e Tree Mile Island foi um erro humano que só não causou maiores consequências porque os sistemas de proteção funcionaram relativamente bem
Citam os morcegos no filme, uma ambientalista diz que é comum encontrar muitos morcegos mortos próximos às turbinas.
Além dos morcegos, Um fato também que vem sendo pesquisado nos últimos 3 anos é o da ausência de insetos no raio próximo às turbinas eólicas, o que também espanta os pássaros.
Pelo que você conta, o filme não é um caso de má-fé ou de porta voz de empresas que faturam com o modo convencional de fornecimento de energia elétrica. Parece tratar-se mesmo da discussão de um tema (que pode levar ao aperfeiçoamento do objeto discutido). Mas já notou que estamos presenciando um momento de ridicularização do que você chamou de “busca de soluções alternativas”..? Quem busca ou defende tais soluções é tido como politicamente correto (oh!) e desqualificado como uma espécie de professor Van Driessen, do Beavis e Butt-head. Está difícil de atingir o equilíbrio neste tema.
legal deve ser morar em Angra dos Reis esperando a inevitável “bomba” explodir” ou ter sua terra inundada por uma enorme represa, melhor ainda, trabalhar em um mina de carvão…..o negócio e derrubar as torres
André,
Já leste o livro “Solar” do Ian MacEwan? Sem adentrar muito no aspecto técnico das dificuldades de gerar energia elétrica pelo vento, o livro fala, como pano de fundo da história, do uso político da energia renovável como moeda política, mostrando que o interesse dos governantes em ganhar um “selo verde” serve para se manter no poder, ainda que a tal forma de geração não seja solução para o problema.
Já sim, não gostei tanto quanto Atonement, mas é bem legal.
putz, todas as vezes que eu ouvi alguém falar sobre energia eólica eu ficava pensando quais seriam os contras dessa parada. Porque se fosse bom, sem contra-indicação, já estaria rolando de verdade faz muito tempo, né? Temos muito pouca informação clara a nosso alcance. A questão de Belo Monte é um bom exemplo disso. Até hoje eu não sei direito o que pensar sobre o assunto, apesar de imaginar que deve ter um monte de trapalhadas e trambiques no meio do processo, mas na real, na real mesmo, eu não tenho a menor idéia se é fundamental ou não. Talvez seja muito mais fundamental do que eu imagino, talvez não. Sei lá. A sensação que dá é que parece que todas as formas de geração de energia em grande escala vão ter algum tipo de custo ambiental e social. Vai que daqui a 15 anos descubram que na placa de captação de energia solar tem um componente cancerígeno que ataca as amídalas?
É assim em outros países. Na Suiça deu o mesmo problema pois as pessoas têm seus terrenos invadidos por estes monstrengos que só são viáveis na cabeça de politicos espertalhões que querem fazer média com os ecologistas – desde que os trouxas (povo em geral) pague pela energia cara!!
O mais problemático da eólica é a materia prima da turbina. Composta por dois metais bem raros, ainda por cima estão altamente concentrados na China (95%). E seja eólica ou solar, se for para atender a uma demanda de real substituição dos fósseis na matriz mundial, haja mineração, haja buracos… E disputas silenciosas no campo político-econômico.
Vide materia abaixo
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=3189
é dificil saber o que é de fato verdade ou não. Eu também sempre achei que energia eólica fosse bom, mas pelo visto não pensei nesse tipo de impacto.
Outro dia vi uma reportagem que desmistificava um pouco a energia eólica. O aço gasto com essas torres gera um imenso impacto ambiental.
Concordo, André. O movimento anbientalista, como muitas causas necessárias, estão sendo utilizadas para fins escusos e tão nefastos quanto a usual prática de geração de energia e econômia. Troca-se os anéis, mas os dedos são os mesmos ainda…
Eis aí uma verdade que poucos querem enxergar: essa energia “verde” gera externalidades negativas muito sérias, além de ser muito cara. Motor elétrico é legal? Claro que é, mas de onde tirar os metais raros para as baterias? Como gerar a energia para carregá-las? Energia nuclear é perigosa para o ambiente, mas essa turbina eólica também não é um monstro quixotesco? Falar mal do petróleo é muito fácil, mas quero ver substituí-lo, viver sem plásticos, fertilizantes, explosivos e combustível…
Muito interessante. Sei que já existem muitas empresas estão instalando estas turbinas em auto mar. Não sei o impacto disso, mas pode ser uma alternativa.
Obvio que eu quis dizer “alto” mar.
Mas é claro…
Há muito tempo desconfio da “limpeza” desse tipo de energia. Entre as descantagens já citadas, acrescento outras: esses monstrengos alteram o curso natural e o fluxo dos ventos, provocam aquecimento ambiental. Para a instalação é necessário cortar árvores. Além disso, transformam a paisagem numa coisa horrível. Na Rep Checa e Hungria há milhares espalhadas ao longo das rodovias, provocando um efeito visual deprimente.
Queira, ou não queira (como já diria o racional Tim Maia ) a única solução atualmente possível para escassez de energia é a energia atômica.
Existem muitas propostas como matriz hidroelétrica, eólica, solar, marés, geodésica e mais um monte dessas, mas tudo inviável, caro demais ou insuficiente.
Só para ilustrar, aqui em SC tem um parque de energia eólica no alto da serra do Rio Do Rastro, próximo a São Joaquim ,mas felizmente se situa em área desabitada. Virou inclusive atração turística.
Para uma visão um pouco mais otimista, fica a dica do documentário Catadora de Sonhos (2012):
“O quanto de grandeza pode caber numa só pessoa?
No panorama social paulistano – onde impera a mentalidade higienista de políticos poderosos da cidade, onde sem-tetos, dependentes químicos e menores abandonados são tratados como escória social e varridos da cidade – iniciativas como a cooperativa de catadores de recicláveis da Granja Julieta, mostram como é possível dar aos excluídos uma vida digna e que a inserção social não é complicada, basta oportunidade.
Conheça Mara, presidente da cooperativa e suas grande lições de cidadania, tolerância, solidariedade, amor, num meio em que muitos chamam de lixo, mas que na verdade é essencial para muitas pessoas e para o meio-ambiente.”
Muito interessante. Em alguns casos, a “onda verde” é somente um Tsunami de $$ para poucos.
“E o vento levou…”… mas será que não dá para levar o Caê não?
Parece ser bem legal esse documentário. Aliás, parece que só os documentários andam salvando a pátria. Barcinski, você já viu um chamado “The Imposter”? Ainda não consegui ver, mas parece ser interessante. Um que recomendo é “We Live in Public”. Se você não viu, veja, tenho certeza que vai gostar. É da mesma diretora do “Dig!”. Abraço.
Não vi nenhum dos dois, obrigado pelas dicas.
“It s not green energy, it s greed”
O Brasil é o país da energia solar, essa sim deveria ser melhor aproveitada. Hoje não é tão complicado instalar placas solares em casa, onheço diversas residências que são quase auto-sustentáveis, e olha que estou falando do sul. Imagine o potencial no NE, com sol o ano inteiro!!!
Nós temos em casa e funciona muito bem.
Oi, André. A revista da Unesp traz essa matéria, achei bem interessante: A Eletricidade Subiu no Telhado –
http://www2.unesp.br/revista/?p=5477 e http://unesp.br/noticia.php?artigo=8885
Valeu por ter apresentado esse documentário, o assunto me interessa bastante. Vou encaminhar pra alguns amigos .
barcinski, se for possível comente mais detalhadamente sobre a energia solar do ponto de vista de usuário. quando for construir meu barraco, pretendo pesquisar isso aí. em dias de sol, ela supre 100% da demanda da casa?
Olha, posso dizer pelo sistema que temos em casa, que é apenas para aquecimento de água. Funciona muitíssimo bem, fez a conta de energia cair pelo menos 50%, e basta estar um dia claro, não precisa ter sol, para funcionar. Só precisamos ligar o boiler quando rolam pelo menos 24 horas de chuva.
Mas essas placas realmente produzem energia elétrica ou apenas aquecem a água?
As de casa são só pra aquecer água. Mas a conta de energia caiu muito.
Placas para sustentar 100% a casa, não rolam. Você precisaria transformar toda superfície da casa em placas e ainda assim haveria consumo de fontes externas. Para haver real economia é necessário combinar um projeto de arquitetura inteligente com sistemas de reaproveitamento de água, equipamentos eficientes, entre outros. O resultado pratico (ao menos no Brasil) é um custo monumental que inviabiliza a aplicação.
Tem outro efeito maléfico também: as hélices causam a morte de pássaros.
Realmente, num tudo que é “verde” é bom…
Acho que tem lobby aí de empresas fornecedoras de equipamentos para outros tipos de usinas. Não faz sentido. Usinas eólicas devem ficar em regiões afastadas, ou ao menos, sem a presença de moradores por perto.
Evidente que qualquer tipo de usina perto de casa não vai ser uma coisa muito boa, se os moradores toparam a construção desses gigantes no quintal de casa, no mínimo eles pensaram em um retorno financeiro….
Foi a primeira coisa que me veio à cabeça: quase todos os argumentos do documentário são derrubados no caso de se instalar o sistema em uma região afastada.
Não mesmo. O fato de cada turbina gerar pouca eletricidade independe do lugar.
“QUASE”, foi o que eu disse.
Bom…
Quando se instala uma usina em um local ermo, existe toda a questão do transporte da energia.
Perde-se muito na distribuição quando a geração fica em locais afastados
Andre,fora do assunto, rola um post sobre filmes latinos?uma vez vi um filme cubano sobre o racionamento de petróleo na ilha que era muito engraçado .
Acabei de ler refilmagem de Lola o cinema realmente esta sem assunto.
Grandes “especialistas” em energia – como o ator e dublê de Renato Russo, Wagner Moura – deviam ler isso.