O Alborghetti dos gringos

Por Andre Barcinski

13/08/12 07:05

Foi o produtor musical Dudu Marote, meu amigo, que deu a dica: “Já viu ‘Cante Se Puder’?”.

Segui o conselho do Dudu e não me arrependi. O programa é daquelas bizarrices que honram a tradição do Sistema Bozo de Televisão.

Sempre gostei de programas “diferentes”. No fim dos anos 80, não perdia um “Camisa 9”, mesa-redonda apresentada por Luiz Orlando, um poeta parnasiano do futebol que fazia “merchan” das águas minerais Damil e bebedouros Everest e premiava os craques da rodada com uma lata de cinco quilos de impermeabilizante de paredes.

Gostava muito também do “Clube dos Esportistas”, com Silvio Luiz, e do programa de entrevistas “Celeste Maria Recebe” (aliás, fiquei feliz ao descobrir que Celeste continua firme e forte na TV, vejam aí).

A dica do Dudu me lembrou o programa de TV mais divertido que já vi, e que tive a satisfação de acompanhar ao vivo quando morei em Los Angeles: “Hot Seat”, apresentado por Wally George.

Wally era um desses Republicanos reacionários fanáticos. Usava uma peruca ridícula e ternos que haviam saído de moda nos anos 70. O cenário do programa tinha cartazes de John Wayne e mensagens patrióticas do Tio Sam.

Mas Wally era uma figura tão patética que sempre desconfiei que ele fosse, na verdade, um liberal de esquerda ironizando os Republicanos.

No programa, Wally recebia todo tipo de malucos para debates que sempre terminavam com o convidado expulso do sofá por um policial e a platéia gritando “USA! USA!”.

Eu tinha um amigo chamado Mike, que trabalhava na emissora e conseguia ingressos. Fui várias vezes com Mike assistir ao programa. O público era encorajado a levar cartazes de apoio a Wally e até a se fantasiar. Numa vez, fomos de máscara do Rambo; em outra, com cartolas do Tio Sam.

Além de apresentar o programa de TV mais absurdo do mundo, Wally George tinha outro motivo para ser admirado: era pai da gostosíssima atriz Rebecca De Mornay.

Fazia anos que não pensava em Wally George. Dei uma olhada na Internet e descobri que ele morreu em 2003. Em tributo a este grande homem da comunicação, separei dois vídeos sensacionais, em que ele recebe as bandas Offspring e Gwar. Aproveite…

Comentários

Gabriel comentou em 15/08/12 at 21:41

Pai da Rebecca De Mornay? Pô, então o bicho foi sogrão do Leonard Cohen, mundo pequeno.
Michel Aleixo comentou em 15/08/12 at 14:22

Também sou fã. Meu episódio favorito é quando ele chama o El Duce – o cara que matou Kurt Cobain – e sua banda The Mentors.
- Michel Almeida comentou em 16/08/12 at 22:06
  
  Matou quem? Acho que vc está confundindo as coisas, amigo…
Gui Romano comentou em 15/08/12 at 1:18

Sensacional o Wally George. Nunca tinha lido, escutado ou visto nada a respeito dele. Aqui, nesse lugar cada vez mais chato, se aparece um Wally George, primeiro que não ia ter emissora com culhão suficiente para bancá-lo, se houvesse, ele não teria quem entrevistar em meio a essa corja de artistas sem culhões. Um negócio desses por aqui seria o prenúncio do mais mortal dos cataclismos já presenciados pela humanidade. Seria lindo!
rogerio comentou em 14/08/12 at 23:30

Flavio Cavalcanti tambem rasgou um disco do camisa de venus e era do mesmo jeito ,por fora reácionario e debaixo dos panos vagabundo libertino.
carlos lopes comentou em 14/08/12 at 9:24

Parece que a figura do filme Max Headroom foi inspirada nele….até que se parecem.Programas bizarros na tv são os mais divertidos.Eu me lembro de um que ate o ano passado ainda eu assistia,não sei se existe mais.”Mesa Oval,Futebol e Quebra Pau”Não podemos esquecer da figura do Petrucio Melo com seus termos proprios como especizê
Thomaz comentou em 14/08/12 at 5:17

Infelizmente o nosso comediante involuntário, Paulão, faleceu em abril desse ano… o programa dele era engraçadíssimo. Seus bordões mais famosos eram: “mentiu pro tio, contou pro vô, a casa caiu, a cobra fumou”, “agora vai fazer cursinho de canário”, “lugar de chinelo é na cadeia”. Nesse video ele entrevista o traficante chorão… http://www.youtube.com/watch?v=ZTd8MLP8Xq8
neder comentou em 13/08/12 at 22:57

É muito bom mesmo!! Bem melhor que os barraqueiros nacionais. Não tem aquele rancor do Alborghetti. Dá para ver que é pura comédia, que Wally George é um personagem. Vi na internet que ele participou de alguns filmes.
daniel comentou em 13/08/12 at 21:25

Esse Wally George é demais. De longe é um ótimo comediante e pelo jeito muitos sabiam disso, tanto que há um cara com a camiseta do Bad Religion na platéia quando o Offspring foi convidado.

Recomendação de programas “B”:

A primeira: O programa do Jacaré. Só pra ter uma ideia, o apresentador (Jacaré, cópia mal feita do Ratinho), morreu há uns 2 anos e eles mantém o mesmo nome e cenário. Acho que por preguiça ou economia de orçamento.

A segunda: Sexo a 3 do Doctor Rey. O cara é um gênio. Sem mais.
Silk comentou em 13/08/12 at 21:14

Tinha um programa na Band chamado ¨Gente que brilha que nem purpurina¨apresentado por um traveco de meia-idade que era sensacional!!!
Soul Didihreitah comentou em 13/08/12 at 18:25

André, o cara do Killing Joke apareceu?
- Andre Barcinski comentou em 14/08/12 at 0:28
  
  Apareceu, disse que estava isolado numa ilha, sei lá. Foi um truque só pra não tocar com o The Cult, tenho certeza.
  - neder comentou em 14/08/12 at 10:43
    
    Estava no deserto do Saara. O Killing Joke ia tocar com o Mission e o Cult. Foi justamente depois de difamar as duas bandas que ele desapareceu….
Rodrigo Goulart comentou em 13/08/12 at 17:48

hahah
e o offspring entra no clima da brincadeira! claro q é uma sátira! o cara é genial! adorei!
Marcus comentou em 13/08/12 at 17:43

Barça, a resposta para as suas dúvidas sobre Jaz Coleman:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1136440-apos-sumico-vocalista-do-killing-joke-e-encontrado-no-deserto.shtml

Melhor do que qualquer um poderia imaginar…
Rafael Bonvenuto comentou em 13/08/12 at 17:25

Off Topic – Acharam no SAARA o jaz Coleman.

http://rollingstone.com.br/noticia/vocalista-do-killing-joke-e-encontrado-vivo-no-saara/
José Horta comentou em 13/08/12 at 17:19

André, aqui em Minas Gerais o Dirceu Pereira marcou época. Nos anos 80 ele tinha um programa diário na TV Alterosa, afiliada do SBT. O programa era patrocinado pelo Fubá Sinhá. Tinha show de calouros onde os candidatos eram acompanhados pelo Maestro Flávio e o Conjunto Dedalus. O Dirceu gostava do som ou tinha parentes na banda Overdose, que sempre fazia playback no seu programa. Os links são estes: http://www.youtube.com/watch?v=PiOqzPU9mvM, http://www.youtube.com/watch?v=hV3-Uy9dzv8&feature=relmfu.
Depois o Dirceu passou a ser político e se afastou na TV. Nos anos 90 ele deu ar da graça e entrevistou o travesti Marilu Barraginha. http://www.youtube.com/watch?v=-TdtB9K1i8s.
Bruno de Souza comentou em 13/08/12 at 17:17

Oi Barcinski, um Off Topic: você foi até a Disco Baby? eu fui, levei meu pequeno. Foi interessante, mas tem muito o que melhorar ainda (até disseram isso na festa). Somente rolando as próximas para saber se o projeto vale a pena ou não.
- Andre Barcinski comentou em 14/08/12 at 0:29
  
  Não deu pra ir, infelizmente, vamos ver se vamos na próxima.
Pdr Rms comentou em 13/08/12 at 17:16

Barça,

Acharam o Jaz Coleman no meio do deserto do Saara.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1136440-apos-sumico-vocalista-do-killing-joke-e-encontrado-no-deserto.shtml
Fernando comentou em 13/08/12 at 16:33

Barça, encontraram Jaz Coleman! Você viu? 🙂 O caboco estava vivendo uma vida nômade no deserto. Um dia eu faço isso também.
Cornélio comentou em 13/08/12 at 16:20

Se você assiste ‘Cante Se Puder’ ou qualquer outra idiotice, seja por que motivo for, o objetivo deles foi alcançado. Como disse oscar wilde, falem mal de mim, mas falem!!
PEDRO comentou em 13/08/12 at 14:32

Liberal de esquerda? Isso existe. Achava que nos EUA quem era liberal eram os repúblicanos (menos estado mais cidadão) e não dos democratas.
Cristiano Vieira comentou em 13/08/12 at 14:25

Pena que você não vê série. Queria muito ler sua opinião sobre The Newsroom da HBO que é sobre o seu ofício. Jornalismo.
- Andre Barcinski comentou em 14/08/12 at 0:30
  
  Vc deve ser a décima pessoa que me recomenda, vou ter de assistir…
Valmir comentou em 13/08/12 at 14:18

Viu lá que apareceu o Jaz Coleman? Pô, não precisava ninguém se preocupar, o cara tava só dando um tempo no… deserto! rsrs
fabio comentou em 13/08/12 at 14:03

Jaz Coleman foi achado.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1136440-apos-sumico-vocalista-do-killing-joke-e-encontrado-no-deserto.shtml
Marcel Augusto comentou em 13/08/12 at 13:56

Nunca tinha ouvido falar de Wally George…. mas vendo os vídeos acima, fiquei com a nítida impressão de que a Ana Maria Broca poderia ter nascido no programa dele!!!
Janim comentou em 13/08/12 at 13:56

Uma coisa muito interessante no Clube dos Esportistas era o domínio de cena do Sílvio Luiz, que lembrava, guardadas as devidas proporções, o Ronaldo Golias em programas antigos, trazendo pra si, com maestria, o comando das situações com muito humor.
Marcelo comentou em 13/08/12 at 13:52

O programa mais bizarro na tv brasileira atualmente é o do Silvio Santos de domingo à noite.
Banana Joe comentou em 13/08/12 at 13:51

Pra quem é do paraná lembra da “lendária” dupla Alborghetti e Ratinho (então repórter de delegacia) apresentando o programa CADEIA depois do almoço com cadáver no meio da rua, nego que matou a mãe, corno que traído enfiou a faca na b*** da mulher e outras matérias light do gênero.

Mas lembro também mais antigamente do Programa Flávio Cavalcanti, outro reacionário que descia o pau em todo mundo de quem ele não gostava. Detalhe: já quebrava discos e jogava no lixo ( um latão escrito LIXO no meio do palco hahaha ) desde a década de 70.
Ribeiro comentou em 13/08/12 at 13:41

Maravilhoso o Wally George. Pena que o Alborghetti já bateu as botas também, seria maravilhoso fazer uma edição nacional dessa maravilha, com o Dalborga trocando ofensas com todo tipo de subversivo.

Aliás, o Alborghetti é meu guilty pleasure. Sou paranaense e adoro o cara. E olha que sou de esquerda e já colaborei até com ONG de Direitos Humanos (ou seja, era diariamente xingado pelo cara), mas o cara era o máximo. RIP, Wally George e Dalborga!

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