Hüsker Dü: 25 anos sem a banda que mudou o punk
14/08/12 07:05
Bem antes do Nirvana, uma banda já tentava juntar à aspereza do punk uma sensibilidade pop: o Hüsker Dü.
Formado em Minnesota em 1979, era um trio composto por Bob Mould (guitarra e vocais), Grant Hart (bateria e vocais) e Greg Norton (baixo).
O Hüsker Dü começou fazendo hardcore, mas logo passou a incorporar influências mais melódicas em seu som. Em seis anos, lançou nove discos e fez a ponte entre o punk americano e o indie rock.
O meio dos anos 80 foi uma fase muito inspirada para o rock alternativo dos Estados Unidos. Antes de ser cooptada pelas grandes gravadoras com o estouro do Nirvana, a cena do país tinha bandas que faziam sua versão do punk, seja com influências de power pop e country (R.E.M., Replacements), de industrial (Big Black), do noise (Sonic Youth) ou do pós-punk (Mission of Burma).
O Hüsker Dü mostrou que era possível fazer música rápida e barulhenta sem apelar somente a trogloditas de moicano.
Em 1984, o grupo chocou a ortodoxia punk ao lançar um disco duplo e conceitual, “Zen Arcade”, sobre um menino que foge de casa. O LP foi inspirado pelas experiências de Bob Mould, que na época ainda não tivera a coragem de sair do armário.
O Hüsker Dü também foi uma das primeiras bandas alternativas a assinar com uma grande gravadora, a Warner Brothers. E fez isso sem sacrificar o radicalismo de seu estilo ou fazer concessões.
Mas a banda era pequena demais para dois egos gigantes como os de Mould e Hart, que brigaram em 1987 e acabaram com o Hüsker Dü.
Dos dois, Mould teve a carreira solo de mais visibilidade. Com o Sugar, outro power trio, obteve o sucesso comercial que o Hüsker Dü nunca experimentou.
O CD “Copper Blue”, de 1992, inspirado pelo Pixies, foi a culminação de anos aperfeiçoando sua explosiva mistura de punk e pop. Um disco perfeito – e que acaba de ser relançado, com faixas-bônus.
Faz 25 anos que o Hüsker Dü acabou. E pelo menos 15 que muita gente pede a Mould e Hart que esqueçam sua briga e ressuscitem a banda. Mas isso não parece que vai acontecer (veja o vídeo abaixo, em que Hart diz que a única reunião possível da banda será num tribunal.
Enquanto a reunião não acontece, só resta ouvir de novo os melhores discos do HD: “New Day Rising” (1985), “Flip Your Wig” (1985), “Candy Apple Grey” (1986) e “Zen Arcade” (1984).
P.S.: Hoje estarei com acesso limitado à Internet. Caso o seu comentário demore a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.
Acho que até hoje ouvi mais Sugar do que Husker Du, mas na verdade foi pouco dos dois. Preciso recuperar esse tempo perdido.
Barça, Por falar nisso, Você já assistiu ao Documentário “American Hardcore” escrito por Steven Blunch? Porque além do Documentário ser muito bom, uma coisa que me chamou a atenção, não sei se por algum motivo e$$pecial, mas ele não contém; D.K.( Jello Biafra ) Misftis ( Glen Danzig ) e justamente o Husker Du…
Vc sabe ou imagina algo a respeito?
Vi sim, mas não lembrava que o Biafra não estava. Tem certeza?
Não estava mesmo… Eu gosto muito do documentário, mas acho que falha um pouco em explorar a pluralidade do hardcore americano, como por exemplo o Hüsker Dü, o Descendents, o Minutemen (tudo bem que o D. Boon morreu mas os outros caras não), entre outras que, apesar de diferentes, eram hardcore e estavam na mesma cena.
Concordo plenamente Bruno, por essas bandas q voce citou serem tão emblemáticas, acho que pode ter acontecido alguma situação contratual $$$$.
André, que mal lhe pergunte, mas por que o “Warehouse” não está entre seus preferidos? Claro, é uma questão de gosto, mas eu sinto que ali naquele disco, a comunhão entre melodia e barulho ficou no ponto exato – e ainda tinha um tantão de psicodelia da boa.
Não sei, gosto mais dos outros, mas é questão pessoal, de gosto mesmo. A banda nunca fez um disco ruim.
Lembro quando ouvi “Changes” a primeira vez …Fiquei puto! Achava q até o mala do Phil Collins estava “atualizando” o seu som.
André, acho o Hüsker Dü uma das bandas mais seminais que já existiu. “Candy Apple Grey” é meu álbum preferido deles. Ao contrário de muitos, sempre gostei mais das composições de Grant Hart e as acho as mais representativas da banda, caso de “Don’t Want to Know if You Are Lonely” e “Sorry Somehow”. Gosto do Sugar de “Copper Blue”, mas meu disco preferido de um Hüsker Dü, digamos, solo é “Good News for Modern Man” (1999), onde Hart praticamente toca todos os instrumentos. Apesar do nome otimista, considero este um trabalho bem sombrio. A faixa “In a Cold House” é a minha favorita. http://www.youtube.com/watch?v=u46uvpIVUEA
É impressionante o número de bandas que afirmam terem se inspirado no Pixies. Nirvana e Radiohead são os casos mais famosos.
Paul Westerberg foi vítima dessa rivalidade entre Mould e Hart. Nos anos 90, anos após o fim do Hüsker Dü e dos Replacements, rolou um show em Minneapolis para arrecadar fundos para o baixista do Soul Asylum, que estava doente. Westerberg estava lá para tocar uma musiquinha, assim como Mould e Hart. Como sempre houve uma rixa velada entre Replacements e Hüskers na cidade, Westerberg achou muito estranho o comportamento supersimpático e a aproximação que recebera de Hart e Mould durante o evento. Até Paul perceber que ambos Hüskers estavam se aproximavam dele para causar ciúmes um ao outro.
a galera d’a Fresno presta uma homenagem legal aos Bad Seeds, ops, Husker Du, nesse vídeo aqui:
http://mais.uol.com.br/view/92db81ral8qx/desafio-musical–fresno-0402193060D88983A6?types=A&
Simplesmente ridículo! Mas o que esperar dos caras dessa banda né?
baita banda, achava o baixista de bigodão uma figuraça saltitante, o baixista do Nirvana pegou os maneirismos dele, incrível que a postura do Nirvana e nos clips tinha muito do Husker, outra coisa se você pudesse confirmar o Greg Norton virou chef de cozinha?
Sim, virou.
E o Jaz Coleman, Barça, tu viu? Tava lá no deserto do Saara tomando um sol, numa boa! http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/2012-08-13/apos-duas-semanas-desaparecido-cantor-aparece-no-deserto-do-saara.html
O Husker Dü era uma super banda, realmente, mas acho “Copper Blue” melhor do que qualquer disco deles. Gosto pessoal. Aliás, falando das bandas dessa época, Barcinski, você viu o documentário sobre o Replacements, “Color me Obsessed”? Você vai curtir.
Como você conseguiu assistir? Estou atrás dele desde que foi lançado ano passado.
Baixei o torrent sem muita dificuldade, na verdade.
Lembras onde? Sempre procuro e não acho esse torrent.
Grande lembranca. Mega power-trio. Os caras fizeram parte da trilha sonora da minha adolescencia que continua ate’ hoje. “Could You the One” foi executada ao vivo ate’ no David Letterman.
Também gosto muito de “Good News For Modern Man”, do Hart.
Vc já chegou a vê-los ao vivo, ou o Sugar ou mesmo o Bob Mould? Ele sempre está na minha lista dos “tomara que venha para o Brasil”.
Vi o Sugar umas dez vezes, era fodástico. Nunca vi o Husker Du. Vou preparar um post sobre os 20 anos do Copper Blue, que foi relançado com faixas-bônus.
Barça, sei que as drogas também atrapalharam demais a banda… Se não me engano, foi o motivo da separação em 87. Sobre o comentário do Felipe de Interlagos criticando o Sonic Youth, eu fui um felizardo… assisti ao último show da banda no SWU ano passado… E a Kim Gordon é uma das mulheres mais style do Rock…. E era um tesão na década de 80… precisa mais que isso??
Ver SY ao vivo ano passado valeu todo o perrengue que foi o festival. É uma banda muito importante, mas que a maioria não dá a mínima. Uma pena.
Respeito muito o SY, mas o show deles no SWU foi de longe o pior daquele dia. Gostaria de te-los visto em outras oportunidades, pois sei que ao vivo são muito melhores do que foram naquele dia.
Em nenhum momento disse que o show do SY foi um showzaço…particularmente eu achei muito bom… agora, pior que 2 horas de Mike Patton vestido de macumbeiro cantando com violinos eu garanto que não foi….
Isso não foi no SWU meu caro…
M.Patton engoliu o festival. Melhor show …. de longe. E otimos shows rolaram naquele dia : BRMC, Primus e o ja citado SY).
Violinos ? WTF … muita chuva te deixou aguado , amigo
Como disse o amigo Pdr Rms acima. Foi de longe o pior show do SWU. Eu também estava lá.
André, mas se for pra ser uma reunião caça-níquel, que decepcione os fãs que tanto esperam um retorno da banda, já que o nível do trabalho deles é realmente bem alto, é melhor que essa volta não aconteça…
Só tenho o “Warehouse”, André. Gosto muito… Com exceção do som de bateria do álbum!
Off-topic, Barça:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1136816-incendio-no-rio-destroi-apartamento-com-colecao-de-arte-valiosa.shtml
#luto
Eu soube ontem à noite, uma tragédia.
Parece brincadeira, mas desde ontem escuto Husker Du sem parar e hoje vem um post sobre eles.
É impressionante a qualidade musical dos caras e a mudança de um álbum para o outro. Land Speed Record é um dos trabalhos mais pesados que já ouvi.
A chance de eles voltarem é impossível. Mould disse em uma entrevista a mesma coisa que o Grent sobre uma nova reunião.
O Greg sempre me pareceu o cara que levava a banda como Hobby, então não quer dor de cabeça agora tentando dar uma de pacificador.
Um conselho pra quem não conhece: Procurem Husker Du live in London no Youtube e percebam a energia desses caras.
O Warehouse é o melhor. O Candy Apple Grey é muito ruim
Não existe disco ruim do Hüsker Dü : )
Discordo. Todos são bons, exceto o Candy Apple Grey.
Rock Alternativo. Meu Deus! Isso me dá asco.
Também não curto muito essas “bandinhas cabeça” do cenário alternativo dos anos 80, 90 não. R.E.M., Pavement, até acho Pixies bacana, mas nada grandioso como os fãs de roupa xadrez costumam pregar. O que eles chamam de distorção, pra mim é “barulho pretensioso”.
olha, tô para dizer que o sugar é ainda melhor, pelo menos pra mim. o “copper blue” é maravilhoso, no mesmo nível de outros discos perfeitos do indie rock, como o “grand prix”, o “automatic for the people”, o “doolittle”, o primeiro dos stone roses… a deluxe version do copper blue tá 12 libras na amazon uk. são 2 cd e 1 dvd, ótimo custo benefício. é só comer uma pizza a menos no mês pra ter essa belezinha na estante.
Bom dos posts de música é q lembro de alguns grupos q nem lembrava mais q existiam e conheço outros q nunca ouvi falar, e vou atrás pra conhecer… bom post…
Seria o Grant Hart o “Dave Grohl” dos pobres?
“Dos pobres” por quê? Husker Du é uma megabanda, não fica nada a dever a ninguém.
Ironia. Estava vendo aqui… o que aconteceu com o cara foi meio o que rolou com o Nirvana/Dave. Dado claro a diferença de sucesso comercial – não de qualidade, isso nem se discute – entre as bandas e artistas. Ambos bateras que sairam das bandas e pegaram uma guitarra e cantarolaram por aí.
Gosto das bandas citadas, tenho os discos, mas acho-as um tanto irregulares. Exemplo: acho excelente o “surfer rosa”, do Pixies, mas muito ruim o “Doolittle”. Eu achava que era o único no planeta quando li uma crítica detonando o disco. Não me lembro se foi na Bizz e quem escreveu, mas me marcou muito, pois o cara teve a coragem de ir contra uma unanimidade (não que isso por si só justifique uma crítica negativa, mas me pareceu honesta, fora o fato de coincidir com o que eu acho do “Doolittle”)? Barcinski, por curiosidade, você se lembra do autor dessa crítica?
Obs: Barcinski, aproveitando que você retornou à música, confesso que há um mês não sai do meu cd-player uma dica sua, o “Gentle Spirit”, do Jonathan Wilson. Que coisa linda! Animei até a comprar o vinil também. E fui atrás do primeiro, “Frankie Ray”, muito bom (sem alcançar o nível de exelência do “Gentle Spirit”) e dificíli
Continuando após um toque errado no teclado do iPad: primeiro corrigindo,”excelência”, aí em cima, não saiu o “c”.
… dificílimo de achar, um vendedor isolado no ebay salvou a pátria.
Também não gosto do Doolittle, meu disco predileto do Pixies é o Bossanova, que ninguém gosta. E legal que vc curtiu o Jonathan Wilson, o disco é demais mesmo…
PS – o Dave Grohl sempre deixou claro “No Husker Dü, no Foo Fighters”.
Meu disco favorito do Pixies é de longe o Bossanova, e conheço um monte gente com a nossa mesma opinião. Hüsker Dü é lindo! Mas a banda não acabou apenas por batalha de egos. O vício do Hart em heroína e do Mould em álcool, pioraram bastante a situação.
Tem mais alguém aqui que não gosta de Sonic Youth? Ao vivo eles conseguem ser piores ainda! Graças a dEUS a banda jazz… Hüsker Dü é massa! O bigode do tiozinho do baixo mais ainda… kkk
é mano, Sonic Youth é terrível! ao vivo eles são piores ainda! e vc manja tudo de rock!
E tu é o cara que contratou a banda na SST e toca “as vezes” com a banda Black Flag, certo?
eu nunca gostei de sonic youth.
Fim do mistério:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1136440-apos-sumico-vocalista-do-killing-joke-e-encontrado-no-deserto.shtml
Muito legal o post, André, curti muito. Uma das minhas bandas favoritas. Vale lembrar que a tensão entre Mould e Hart se acentou mais ainda quando David Savoy, empresário da banda, se suicidou. Hart falou que se julga um dos responsáveis pelo suicídio de Savoy, já que ele acredita que isso aconteceu por causa da pressão louca de trabalhar com os dois egos malucos. Já Mould falou que a morte do empresário foi o “começo do fim”. Eu acho que a reunião nunca vai acontecer mesmo, infelizmente.
Verdade, esqueci de contar a história do empresário, valeu pela lembrança.
Candy Apple Grey e Warehouse: Songs and Stories foram os primeiros que conheci da banda e mudaram a minha vida mas, recomendo todos os outros Everything Falls Apart, Zen Arcade, New Day Rising, Flip Your Wig e o Epzinho Metal Circus alem do super ao vivo Land Speed Record.
André, o Husker Du foi a banda perfeita, ouço muito até hoje, só acho que Warhouse tem que estar na lista dos melhores albuns e não Candy Apple Grey.
Abraços
Zen Arcade, Candy Apple Grey e Flip Your Wig. Precisa de mais alguma coisa? Acho que poucas bandas mudaram tanto a percepção geral dentro do Punk, acho que o Hüsker Dü, o Sonic Youth e o Minutemen são as principais nesse quesito (e nessa época, claro).