Brasil é ouro em intolerância
15/08/12 07:05
Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro.
O mesmo aconteceu sábado passado, quando a seleção feminina de vôlei conquistou espetacularmente o bicampeonato olímpico em cima da seleção norte-americana, que era favorita.
O Brasil é oficialmente laico desde 1891 e a Constituição prevê a liberdade de religião.
Será mesmo?
O que aconteceria se alguma jogadora da seleção de vôlei fosse budista? Ou mórmon? Ou umbandista? Ou agnóstica? Ou islâmica?
Alguém perguntou a todas as atletas e aos membros da comissão técnica se gostariam de rezar o “Pai Nosso”?
Ou será que alguns se sentiram compelidos a participar para não destoar da festa?
Será que essas manifestações públicas e encenadas, em vez de propagar o caráter multirreligioso do país, não o estão atrapalhando?
Claro que ninguém questiona a boa intenção das atletas. Mas o gesto da reza coletiva está tão arraigado, que ninguém pensa em seu real simbolismo e significado.
A questão não é opção religiosa, mas a liberdade de escolha. Qualquer pessoa pode acreditar no que quiser, contanto que deixe a outra livre para fazer o mesmo. Sem constrangimentos. E não é o que está acontecendo.
Liberdade religiosa só existe quando não se mistura religião a nada. Nem à política, nem à educação, nem à ciência e nem ao esporte.
Em 2010, a Fifa acertou ao proibir manifestações religiosas na Copa da África do Sul. A decisão foi tomada depois de a seleção brasileira ter rezado fervorosamente em campo depois da vitória na Copa das Confederações, um ano antes, o que provocou protestos de países como a Dinamarca.
Em 2014 e 2016, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A CBF e o COL precisam tomar providências para que os eventos não se tornem festivais públicos de intolerância.
Atletas precisam entender que estão representando um país de religiosidade livre. Eles têm todo o direito de manifestar sua crença, mas não enquanto vestem uma camisa laica.
Claro que atitudes assim serão impopulares e gerarão protestos. Muita gente confunde a garantia da liberdade de opção religiosa com censura.
Quem disse que é fácil viver numa democracia?
André, sinceramente você acha que alguém vai pensar nisso quando obtiver alguma grande vitória?? Somos um povo ignorante, com atletas ignorantes…desculpe o ceticismo!! Abs!
Sinceramente, acho que está na hora de pensarmos nisso sim.
Rapaz, eu acho que essa civilização laica que está desabrochando no Brasil ainda vai acabar se arrependendo de enxotar o cristianismo. Quem viver, verá!
Depois vai ser só descascar a laranja mecânica que está vindo por aí.
Touché, Antonio! Mas querer que essa galera rockeira entenda? Sai antes de ser linchado!
Enxotar o cristianismo? Você está certo disso? Quantas leis não são aprovadas no congresso, por exemplo, por oposição da bancada evangélica? E quanto aos cristãos invadindo terreiros e umbanda para agredir os espíritas? O cristianismo é que, infelizmente, está tornando complicada a vida de quem não é cristão.
Além da liberdade, rezar pra agradecer a vitória mostra que Deus preferiu ajudar o time vencedor e esqueceu de abençoar os derrotados, pelo menos vejo assim. Só um fato engraçado, jogo futebol de campo todo domingo, e antes de todo jogo, rezamos um pai nosso e uma ave maria, porém jogador de futebol reza gritando (nunca entendi porque) e toda vez no fim da reza um amigo meu diz: “Gente, não precisa gritar não, Jesus não é surdo” kkk
Excelente post, André.
Quando um dos presidentes do TJ do Rio mandou tirar os cruxifixos das paredes do Forum (acho que foi o Fux, atual ministro do STJ), o cidadão quase foi “cruxificado”.
Não tenho nada contra a todo e qualquer tipo de manifestação religiosa, desde que ela seja feita no correspondente templo e não viole direitos de outras pessoas ou seres vivos.
“Liberdade religiosa só existe quando não se mistura religião a nada” – eu incluiria “a trabalho”, porque, apesar de não ser comum a empresas, em serviço público é claro. É pior quando a questão é no trabalho, porque é praticamente uma chantagem contra o funcionário.
Em Fortaleza isso beira o absurdo. Certa vez um amigo me disse que no mês de Maria (maio) em pleno INSS, em Fortaleza, o expediente foi interrompido para que os funcionários pudessem receber a imagem de maria. E não aconteceu só uma vez. Isso sem falar que nas praças e outras repartições públicas existem “santuários” com a dita imagem.
O fato é que o catolicismo tem marca profundamente arraigado em nossa cultura.
Acho que é coisa que começou com a vinda da Família Real Portuguesa. Hoje, até no preâmbulo da nossa atual Constituição está escrito “…promulgamos, sob a proteção de Deus…”.
Portanto, aos olhos da maioria dos brasileiros, e para os atletas, a prática da reza coletiva na frente das câmeras não é um problema, é sim uma coisa natural. Tirando os fanáticos, talvez para grande parte deles falta apenas despertar a reflexão sobre o assunto.
Mas há uma tendência de diminuir, pelos menos em competições internacionais, já que sempre que a prática acontece os outros países, jornalistas (ex.: Juca Kfouri) e instituições (ex.: Fifa) levantam a discussão do tema.
A coisa é tão forçada que essas meninas na comemoração estavam mandando “calar a boca” e chegando inclusive a desrespeitar a equipe perdedora na entrega das medalhas. No meio de tudo isso uma reza….
Nem na vitória os brasileiros sabem comemorar…
Ótimo!!! As pessoas precisam entender que o que está em questão não é a liberdade de escolha do que quer que seja, mas sim o proselitismo tão arraigado em alguns seres que se acham superiores a outros tão somente por acreditar que sua religião é melhor do que a do outro ou do que a não-religião.
Concordo em gênero, número e grau contigo. E acho ainda mais danoso quando políticos – de todos os partidos -, vão para igrejas pedir votos. É um safanão e tanto no Estado laico. Qualquer candidato é eleito para governar um estado que não tem religião oficial e, por tabela, garante a liberdade religiosa de todos. Essa mistura de fé com política é sempre horrível.
e o pastor brunelli, deputado distrital, que rezou para agradecer a graça recebida?
http://www.youtube.com/watch?v=WK0dzsV9YWU
Barça, e a parafernalha Nazista? Não acha que o Estado deveria ser tolerante também? Se fundarem uma religião, será que pode?
Não sou a favor de antisemitismo, porém acho que não há problemas em portar uma suástica, visto que o símbolo é “zilhões” de anos mais antigo do que os usados na segunda guerra.
Olha, Felipe, pra mim o cara pode acreditar no que quiser e se vestir da maneira que quiser, contanto que não demonstre preconceito contra outro.
Certeza! 🙂
André, o estado é laico só no papel. Ou você vê as empresas e repartições públicas dispensando (e incentivando) empregados para feriados religiosos judaicos ou mulçumanos? No entanto, páscoa, natal e NSra Aparecida estão lá, firme e forte no calendário oficial. É a República do Faz de Conta.
Abraço
PS.: Concordo e muito com tudo o que disse no post!
Então tá na hora de sair do papel, concorda?
O governo tem parceria com o fabricante de crucifixos INRI, distribuído para as repartiçoes públicas afixá-los em local visível.
Ao entrar na sala dos professores em escolas públicas é muito comum vermos um cristo na parede… aquilo sempre me ofendeu muito, não só por ser ateu, mas por acreditar que o Estado tem que ser laico.
Eu já passei por essa discriminação. Campeonato de futebol de salão escolar. Não quis participar da reza antes do jogo. Disseram que se o time perdesse seria por causa da minha falta de fé. Ganhamos, fiz 2 gols e aí o “líder dos religiosos” do meu time me sai com essa “Sorte sua que o outro time tinha menos fé que vc”.
O problema é que se ficar de fora do grupo de reza será chamado de desagregador e etc.
Sempre achei bizarro essa reza depois de algum jogo. Eles rezam gritando bem alto, com força, parece banda de death metal. Muito escroto…
Parabéns, André!
Nem sempre concordo com tudo o que você escreve, mas nesse artigo você acertou na mosca! 🙂
Quero só ver a reação dos outros leitores…
Pelo amor dos meus filhinhos… essa história de “estado laico” é a coisa mais sem noção. Estado é uma palavra, o que importa são as pessoas. Se eles querem rezar ou dar cambalhotas para comemorar, que seja. “Eles têm todo o direito de manifestar sua crença, mas não enquanto vestem uma camisa laica”. Misericordia!. Por exemplo, eu sou Católico; agora imagina se um atleta rezasse ao Deus Sol após a competição. Eu não ficaria ofendido. Quem está rezando é ele, a pessoa. Com todo respeito, mas esse tópico não tem pé nem cabeça, não faz o menor sentido.
“Estado laico” é coisa “sem noção”? Então vai morar num país fundamentalista pra ver o que é bom.
O país não é fundamentalista, as pessoas são.
O país/Estado não é fundamentalista? O que aconteceu na primavera árabe? Como vivem os Iranianos? Cada uma por aqui….
Vai para o Irã, ou Arábia Saudita, recomendo fortemente vc pegar na mão de alguma mulher ou abrir uma cervejinha
Seja como for (apesar de discordar de algumas opiniões que você colocou não no post, mas nessa sequência de comentários), deve dar os parabéns por sua coragem. Há tempos me preocupa bastante esse crescimento exponencial de um padrão que querem nos descer pela goela – crescimento que é realmente preocupante, e ninguém toca diretamente na ferida, como você o fez, mesmo ciente, creio, da quantidade de comentários estapafúrdios que precisaria moderar. O debate já é um avanço! Abraço!
E se o artilheiro da seleção fizesse um gol e agradecesse à Satã pela conquista, seria normal para você católico ? Ou um atleta umbandista exaltasse Exu nas suas comemorações ?
Qual seria a sua reação meu caro ?
Eu rezaria por ele, pois minha pessoa (o individuo EU: é católico). O que é não faz sentido é o chamado Estado querer proibir por lei que uma pessoa seja ou não seja satanista; que faça isso publicamente ou não.
Amigo, “sem noção” é dizer que estado laico é a “coisa mais sem noção”. Estado é uma palavra sim, que justamente define uma instituição formada por essas pessoas. Você poderia não ficar ofendido se alguém rezasse ao Deus do Sol, mas certamente muitos outros ficariam. Isso é democracia: respeitar inclusive a crença religiosa. E, se respeitamos as diversas crenças, portanto, fazemos um Estado laico.
Uai, só é possível conhecer e definir a espécie pelo individuo. Então como você próprio disse, a “espécie estado” é o conjunto dos individuos, e eles que fazem o estado, não o contrário. Pois assim, se alguns se ofedem e outros nao, qual a lógica de proibir a manifestação dessas pessoas?! Por esse raciocinio absolutamente tudo fica proibido a priori.
Pela sua lógica, se a maioria da população for favorável à pena de morte ou à condenação do homossexualismo, o Estado também tem de ser?
Peraí… As leis são escritas por pessoas ou por entidades abstratas? O Estado NÃO TEM QUE SER a favor de condenar a cadeia um homosexual; mas se a maioria da população ao longo do tempo entender assim, é evidente que a lei acabará sendo escrita assim. Não? Se a maioria da população fosse a favor de fechar este blog, o estado deveria fechá-lo? Não. Mas fecharia? Provavelmente. Quem faz o estado são as pessoas, sô.
Não, RIC. Se isso ocorrer, teremos pena de morte no Brasil.
No fim das contas o Estado é o conjunto, Andre. Se fosse a sério esse papo de que os governantes representam a totalidade do Povo, tanto um quanto o outro já estariam aprovados. E não, não concordo com uma posição dessas. Contudo, se elas rezam e ninguém ali do grupo fala nada, seja por concordar, seja por sentir-se coagida – o que, convenhamos, é uma demonstração de covardia ao não colocar a boca no trombone -, ninguém tem de se meter nisso. O estado é laico mas a criação e o estilo de vida da maioria dos brasileiros segue de perto algum tipo de religião monoteísta e/ou sincretista, daí ser natural que a maioria se sinta “bem” para orar/rezar para um Ser em comum em que todos acreditam.
P.S.: Sou agnóstico e também sou contra demonstrações religiosas em eventos esportivos. Quer fazer isso no vestiário? Beleza. O problema é que muitas vezes sua opinião/ideologia ofende outrem.
Bruce, numa boa: quem é que vai se rebelar e não aceitar rezar numa hora dessas, transmitida pro mundo todo pela TV? Isso é coação, e cabe ao Estado garantir que isso não ocorra.
Na verdade, André, desde que ganhe medalha ninguém dá a mínima. Você está certo em cobrar uma ação do Estado, concordo plenamente – aliás, como não houve intervenção na quadra nesse momento? Contudo, por que ninguém da seleção se manifestou depois sobre esse assunto? Pode ter sido aceito por todas as partes ali, não é algo difícil de acontecer. Mas sim, precisamos evitar que isso se repita no futuro.
Claro que não houve e nem haverá intervenção. Ninguém quer ser chamado de “estraga prazeres”.
“Não, RIC. Se isso ocorrer, teremos pena de morte no Brasil” — Eu disse diferente?!
E você acha isso certo? Se levarmos o que vc defende ao pé da letra, o Brasil só terá uma religião. As outras serão proibidas.
“E você acha isso certo? Se levarmos o que vc defende ao pé da letra, o Brasil só terá uma religião. As outras serão proibidas” — André, com todo o respeito do mundo, ou você não está lendo o que eu falei ou tem uma idéia pré-concebida do que eu acho; porque não é possível ler o que eu escrevi e concluir isso aí que você disse, quando estou dizendo o contrário.
Pra encerrar, leia o que vc escreveu: “mas se a maioria da população ao longo do tempo entender assim, é evidente que a lei acabará sendo escrita assim”.
Pra encerrar, leia o que vc escreveu: “mas se a maioria da população ao longo do tempo entender assim, é evidente que a lei acabará sendo escrita assim”. — mas porque está falando como se fosse diferente disso?!? Eu votei nulo na maioria das eleições, e ainda assim não estou submetido –como os demais– a governantes que foram escolhidos pela maioria? Com os tramites de confecção de leis o funcionamente é similar. Tanto que já não posso mais fumar.
Concordo com o seu post e que o Estado, em teoria, não deve ser o reflexo do que pensa a maioria. O exemplo da pena de morte é perfeito.
Mas não é o que acontece na prática.
Não sei se sabe disso, mas há tempos há proposta de plebiscito, por exemplo, para que a maioria decida precisamente se o Brasil devia adotar a pena de morte. E se o plebiscito sai do papel e a pena de morte seja votada pela maioria? Quem é contra acaba tendo de se sujeitar à nova lei ou mudar de país (o que eu sinceramente faria).
Quantos projetos de lei, alguns deles realmente visavam o bem geral, não foram engavetados por terem sido vetados por determinada bancada no Congresso? Infelizmente acabo tendo que concordar que o pensamento vigente, por fim e quase sempre, acaba sujeitando a vida daqueles que com ele não concordam.
O ideal seria o que a Beatriz tão bem colocou, e está na Constituição, mas acontece na prática?
RIC, justamente como eu disse, quem faz o estado são as pessoas. E justamente por isso bato na tecla da democracia: cada um pode ter a sua crença e não deve ser coagido a participar da crença dos outros. E não é questão de proibir tudo. Talvez nem fosse questão de proibir, mas criar uma recomendação no sentido de não fazer manifestações do tipo em eventos esportivos.
Com certeza, qualquer pessoa coagida a fazer algo que não quer deve se manifestar. Assumindo que isso tenha acontecido no caso dos atletas e tal. Mas eu apenas digo que as leis do Estado são frutos dos pensamentos dos individuos e de-repente isso é extrapolado dando a entender que tal pensamento irá gerar uma religião única! Tem cabimento?
Ric, o Estado é uma entidade sobre humana que representa o coletivo. Ele não pode refletir só a opinião da maioria, senão ele oprime as minorias. Essa é uma distorção que muita gente ainda insiste em colocar na democracia: governo da “maioria”. Isso pode funcionar no papel, mas vai viver num lugar que empregue essa filosofia ao pé da letra pra vc ver a merda que é, se vc não se enquadra no esquema. Não é justo. Você não pode relegar a todo um grupo social o status de cidadão de segunda classe por causa de uma estatística.
O Estado tem q ser sobre humano por isso. Não pode ser emocional. Ele fica neutro justamente para proteger o cidadão das distorções que o emocional de cada um pode criar, como crença, orientação sexual, o q for. E vamos colocar em perspectiva: não é uma agressão não poder rezar em público. Vc não está sendo impedido de rezar: vc pode fazer isso no vestiário. Eu sou bailarina e católica, rezo antes de todas as minhas apresentações no camarim, no meu cantinho, sem obrigar meu grupo a me acompanhar. Agora é uma agressão o contrário: vc ser obrigado a rezar sem querer. Imagina para alguém de uma religião africana então, que são obrigadas a aturar os maiores insultos e absurdos de algumas correntes cristãs: beira a humilhação fazer essas pessoas entrarem numa manifestação religiosa de uma crença que as despreza.
E na boa, não entendo pq as pessoas tem essa necessidade de ostentar a própria crença. Se me lembro bem da Bíblia, não é nem muito cristão esse tipo de coisa. É que nem declaração pública de amor, que eu tb detesto: essa necessidade de ficar expondo coisas íntimas para se afirmar, pra mostrar o qto é bonzinho e merecedor das coisas. Me parece mais manifestação de insegurança do q de algum sentimento verdadeiro.
Obrigado.
Imagina André. Importantíssimo esse texto. Sou uma grande defensora do Estado laico justamente por ser religiosa: acredito que só o Estado laico garante a verdadeira liberdade de crença para cada um.
É fácil ser contra as liberdades individuais qdo se é maioria né? Cômodo. Respeito ao próximo passa longe aí. Aí fica aquele monte de gente desinformada com preguiça de pensar reclamando que mimimi, esse negócio de direito das minorias me oprime. Preguiça e pena desse pessoal.
É exatamente isso. Impossível ter liberdade religiosa em Estado religioso.
Se estado é uma palavra, e… como definiu Renato Russo: “palavras são erros, e os erros são teus”… caro amigo… você é o Estado! E se o Esatado é você, assim como os outros (vocês) e o que importa, segundo definistes, são as “pessoas”, o que dissestes cai por terra. Pois as pessoas são o Estado… que por sua vez são palavras… que são erradas… e o erro é teu…
No final você concordou com ele, percebeu? Apesar do sarcasmo empregado, ele é o Estado. Você é o Estado. Eu sou o Estado. A totalidade é o Estado. E se o Estado está errado, adivinha de quem é a culpa?
Ia falar do Estado… mas como a discussão é na Folha… vou com a segunda.
Perfeito o texto de hoje, concordo com toda vírgula.
Espero que chegue aos olhos dos organizadores da copa e olimpíadas.
Cara, pensei o mesmo, se uma jogadora ou membro da comissão técnica fosse judeu, protestante ou simplesmente ateu ???
Mas deve ter sido engraçado as manobras da rede do Bispo ( outro absurdo) deve ter feito para tapear a oração católica. Nisso me lembro de um programa da Record, acho que era o Datena, sei lá, que quando a camera começa a filmar o Convento de Santo Antônio do Centro do Rio e o apresentador começa a elogiar a beleza dos prédios, parece que imediatamente hoje uma “chamada” o cara engasgou, o camera virou para o céu e rapidamente começaram a falar sobre o por do sol….
Rezar na tv é fichinha… e a bancada dos evangélicos na câmara ???
O problema não é o político ser religioso, mas ele misturar sua fé com política.
Falou tudo, André.
Rapaz, hoje você comprou uma briga feia. Prepare-se… =)
O pior é confusão (intencional?) que se faz. O Estado é laico justamente para dar a liberdade de crenças (e não-crenças). Mas aí vem os espertalhões representantes das mitologias majoritárias e fazem a cabeça do povo dizendo que isso é repressão. E para colocar mais tempero à confusão estabelecida, colocam o laicismo como se fosse ateísmo. E não para por aí, pois o ateísmo é ainda confundido com algum tipo de seita satânica. Quer mais? E seitas satânicas atéias são coisas de homossexual. Tem só mais uma: e como todos sabem homossexuais são pedófilos.
E todos queimarão no inferno.
E com tudo isso eles revertem a situação e fazem o discurso que são as vítimas perseguidas pela intolerância.
HAHAHA! Resumiu tudo com poucas palavras. E a gente tem um povo que acredita nisso.
Hoje em dia nego tem a manha de espiritualizar dinheiro, que a bíblia diz ser a raiz de todo mal, imagina se não fariam com esporte, política, arte…
Não faz o menor sentido, como cristão, vc rezar por ter passado por cima do próximo… Não sei se me faço entender, mas pq Deus deveria ser agradecido? Quer dizer que o Brasil ganha da Argentina pq até mesmo Deus não vai com a cara dos hermanos? Que Deus é esse?
O esporte, como outras tantas coisas na vida, é uma atividade estritamente humana e essa mania que a maioria dos cristãos tem em querer espiritualizar tudo é uma roubada.
E se a judoca da Arábia Saudita tivesse feito uma manifestação na beira do tatame sobre a opressão contra as mulheres? Pode?
Não. Política também não deve se misturar a esporte. E isso é proibido nas Olimpíadas, veja o exemplo dos atletas americanos que perderam as medalhas ao fazer o gesto dos Panteras Negras no pódio.
O texto é perfeito, concordo com tudo e também fico muito constrangido com essas correntes de reza em público (li um artigo uma vez sobre como os Atletas de Cristo brasileiros estavam criando rachas e inimizades nos times da Alemanha). Porém, acho que manifestação política é diferente. Podem até tomar as medalhas do sujeito, mas aí não trata-se de uma imposição de grupo e, sim, de liberdade individual. Mil vezes mais o gesto dos Panteras Negras, que entrou para a história, do que perder a chance de mandar um recado para o planeta porque um órgão como o COI determina. Se a judoca saudita tivesse protestado contra a falta de liberdades civis ou desrespeito às mulheres na sociedade dela, poderia abrir os olhos do mundo para um debate importante. Entendo que é proibido, mas acho que quebrar regras às vezes é necessário.
Eu também achei demais o gesto dos Panteras Negras, mas acho errado fazer isso numa competição esportiva.
Sou ateu e já passei por uma situação dessas no meu trabalho. Rolou uma “corrente de oração”. Fiquei constrangido. Como tenho formação católica acabei “rezando”. Na segunda vez, sentei e fiquei esperando o fim da coisa. Nunca mais participei deste tipo de “comunhão”.
Agora imagina essa situação transmitida ao vivo pela TV pro mundo todo…
Um amigo no trabalho passou pela mesma situação. Ele afastou-se dois passos para trás, disse que era agnóstico e o resto do povo rezou.
Dinamarca e uma meia dúzia de países são sociedade quase perfeitas. Não se pode impor o padrão de tolerância deles à todo mundo e achar que isso é o bom.
“Padrão de tolerância”? O que é isso? E tolerância lá tem padrão? Quer dizer que existe “meia tolerância”?
Existe padrão pra tudo no mundo, você sabe disso. Ser tolerante na Dinamarca é diferente do que em São Paulo.
Não é não, David, me desculpe. É que nem “meia honestidade”. Ou você é tolerante, ou não é.
E meio pecado Barça? A tia da escola dominical disse que também não tem.
A tolerância é uma construção cultural, e varia de acordo com o tempo e o lugar. Há 30 anos, Didi chamava Mussum de fumaça e urubu; hoje não pode. Mudou. Na Dinamarca, eles não gostam de ver gente rezando em público, para os jogadores brasileiros isso não é problema.
Você está confundindo leis com tolerância. Há 150 anos, a escravidão era legal no Brasil. O ponto é: só existe liberdade religiosa em países laicos.
ser honesto na Dinamarca também é diferente do que em São Paulo? ah, agora está tudo explicado…
Proibir o sujeito de rezar depois de uma vitória é um pouco demais, não? Se for assim, aos atletas seria proibido manifestar qualquer preferência pessoal, inclusive marcas de patrocinadores em uniformes? Liberdade para escolher o que consumir?
Leia o que está escrito. O que está errado são as manifestações públicas. Quer rezar no vestiário? Ótimo.
Tô falando é de rezar na quadra mesmo. Ser tolerante é não permitir o atleta rezar na frente do público?
David, o que não pode é essa ostentação da fé em uma representação do Estado. Assim como atletas rezando em público, dinheiro imprimido pelo Estado com qualquer frase religiosa (olhe sua nova de dois reais agora) e até mesmo na política. Lembro que o Alckmin (cristão da Opus Dei) disse mais ou menos assim: “Vou construir 100 creches, se deus quiser…” Um mitológico para alguns não tem que querer ou permitir nada… Tem que fazer porque é preciso fazer. E assim por diante. Ser tolerante é não fazer ostentação do que você acha que é certo pra sua vida. Deixem os outros decidirem por si só.
Atletas não representam o estado. O povo se alegra ou fica puto com o desempenho deles e políticos malacas associa sua imagem a deles para tirar algum benefício, mas isso não quer dizer que eles sejam representantes do estado brasileiro.
Barça, é só ver a repercussão da entrevista da ex-mulher do Collor, que disse que ele participava de cerimônias de umbanda (se não me engano). O que se seguiu a isso foi uma torrente de preconceito e intolerância contra “os macumbeiros”, como se diz por aí…
Por ai mesmo, imagino se alguma atleta fosse Umbandista e por acaso resolvesse expressar isso. Também fico pensando o que diriam se fosse uma seleção como o Irã que ganhasse e as atletas resolvessem rezar, considerando que já acham absurdo elas jogarem de Hidjab…
Na mosca andre, esse negocio de rezar, camisa do deus e fiel e chato pacas.esses dias até no futebol da Várzea queriam que fizesse o mesmo pra jogar uma pelada. Não sou ateu mas essas demonstrações são ridículas.