Brasil é ouro em intolerância
15/08/12 07:05
Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro.
O mesmo aconteceu sábado passado, quando a seleção feminina de vôlei conquistou espetacularmente o bicampeonato olímpico em cima da seleção norte-americana, que era favorita.
O Brasil é oficialmente laico desde 1891 e a Constituição prevê a liberdade de religião.
Será mesmo?
O que aconteceria se alguma jogadora da seleção de vôlei fosse budista? Ou mórmon? Ou umbandista? Ou agnóstica? Ou islâmica?
Alguém perguntou a todas as atletas e aos membros da comissão técnica se gostariam de rezar o “Pai Nosso”?
Ou será que alguns se sentiram compelidos a participar para não destoar da festa?
Será que essas manifestações públicas e encenadas, em vez de propagar o caráter multirreligioso do país, não o estão atrapalhando?
Claro que ninguém questiona a boa intenção das atletas. Mas o gesto da reza coletiva está tão arraigado, que ninguém pensa em seu real simbolismo e significado.
A questão não é opção religiosa, mas a liberdade de escolha. Qualquer pessoa pode acreditar no que quiser, contanto que deixe a outra livre para fazer o mesmo. Sem constrangimentos. E não é o que está acontecendo.
Liberdade religiosa só existe quando não se mistura religião a nada. Nem à política, nem à educação, nem à ciência e nem ao esporte.
Em 2010, a Fifa acertou ao proibir manifestações religiosas na Copa da África do Sul. A decisão foi tomada depois de a seleção brasileira ter rezado fervorosamente em campo depois da vitória na Copa das Confederações, um ano antes, o que provocou protestos de países como a Dinamarca.
Em 2014 e 2016, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A CBF e o COL precisam tomar providências para que os eventos não se tornem festivais públicos de intolerância.
Atletas precisam entender que estão representando um país de religiosidade livre. Eles têm todo o direito de manifestar sua crença, mas não enquanto vestem uma camisa laica.
Claro que atitudes assim serão impopulares e gerarão protestos. Muita gente confunde a garantia da liberdade de opção religiosa com censura.
Quem disse que é fácil viver numa democracia?
É um ponto a ser refletido. No entanto, entendo isso de forma totalmente contrária a descrita por você. Todos os seus argumentos só me fazem crer que o Brasil é medalha de Ouro em Tolerância Religiosa. Tolerante é o país q mesmo laico permite q esse tipo de expressão possa ser realizada e mais tolerantes aindas são as jogadoras que se permitem participar de um momento de vibração positiva e agradecimento, sem questionar o dogma daquele que iniciou tal ação. Além de tolerância, isso demonstra respeito. Parabéns pelas reflexões q vc nos provoca!
Tá bom, Bruno. Então vamos ver o que aconteceria se uma atleta resolvesse fazer uma missa negra pra celebrar a vitória.
Cara, eu nunca vi tamanha repercussão por causa de uma oração… volto a repetir o que já falei em um post lá atrás: o que essas moças pretendiam ao rezar em público, senão, justamente, fazer uma oração de agradecimento? E qual é o problema nisso? Aonde está a mercantilização ou o espetáculo nisso?
Concordo totalmente com o comentário do Bruno. Além do que, nessa rodinha, nada impedia que uma das atletas rezasse para a religião dela, ou não rezasse.
Haja patrulhamento de idéias e de comportamentos!
Às vezes não consigo acompanhar seu raciocício, Barcinski, então explique, por favor. Você é contra o pai-nosso coletivo porque em tese não haveria a mesma tolerância para uma manifestação religiosa diferente? É contra porque deveria haver alguma jogadora ali que não gostaria de ter participado da roda de reza? Não é suposição demais para um artigo só?
Eu sou contra QUALQUER manifestação religiosa misturada a qualquer coisa que não seja religião: sou contra na escola, nas competições esportivas, no Congresso. Entendeu?
Entendi. Não vai ser preciso desenhar. Você marcou sua posição: é contra! Eu não. Só acho bobagem essas rezas coletivas, uma coisa sentimentalóide e artificial. Mas não acho que haja nisso substrato suficiente para, a contrario sensu, falar em “intolerância religiosa”. Nada que justifique intervenção estatal (como sugeriram nos comentários) e regras da cartolagem futebolística. Uma coisa é o crucifixo na parede da repartição pública, que ofende a laicidade, outra é a reza rápida e inofensiva, uma breguice talvez anacrônica, mas de todo escusável.
Aposto R$ 100,00 como no naquela rodinha para rezar o pai-nosso havia pelo menos duas satanistas…
O Brasil é tão tolerante que evangélicos invadem terreiros para agredir macumbeiros e o fanatismo religioso resulta em vídeos como esse aqui: http://m.youtube.com/?reload=3&rdm=m8hynf6bw#/watch?v=c8oHt83AJTQ
Concordo com o Bruno, se o título da postagem fosse “Brasil é ouro em TOLERÃNCIA”, faria mais sentido. Se a oração tivesse sido obrigatória eu talvez estivesse de acordo com o Barcinski, mas é óbvio que não foi. Foi apenas uma manifestação que eu considero inadequada, mas não me ocorreu e nunca me ocorreria considerá-la intolerante. O assunto é complexo e, provavelmente, todos que estão opinando têm um pouco de razão, dependendo do referencial, do critério adotado para a análise.
Claro que foi obrigatória. Só não admite quem quer tapar o sol com a peneira.
Você já usou argumentos mais consistentes do que esse, hein, Barcinski? A participação na reza foi compulsória porque não admitir isso é “tapar o sol com a peneira”. Você esbraveja contra uma suposta intolerância religiosa. Já eu sofro de forte intolerância à falta de lógica.
Faz o seguinte: pegue um grupo de 20 ou 30 pessoas quaisquer, na rua, e veja se todas têm a mesma religião. Se tiverem, te dou razão.
Barcinski, é claro que não foi obrigatória. Se formos ser rigorosos, nem como manifestação religiosa deve ser considerada. É mais superstição em forma de agradecimento. Mais uma maneira (boboca, reconheço), de comemorar o título.
E pra ser “obrigatória” precisa o quê? Registrar em cartório? O que faz uma atleta umbandista na hora em que a TV está transmitindo a vitória épica da seleção e suas companheiras fazem uma roda de oração? Sai fora? Você acha que isso vai acontecer?
Comentei este seu artigo com um amigo. Ele disse que, mesmo sendo agnóstico, ele não se importa de entrar nessas rodas de reza que de vez em quando pintam no ambiente de trabalho. Esse é o ponto: não necessariamente é um constrangimento participar de uma reza. As pessoas simplesmente não se importam com isso! Volto a dizer: há pouco estofo nesse assunto para classificá-lo dentre os exemplos de intolerância religiosa. Desafio você a achar num grupo de 30 pessoas quem realmente se ofenda e se sinta constrangido com uma rezadinha coletiva…
Pode não ser pra ele, mas pra outras pessoas, sim. Já pensou nisso?
Entre os comentaristas não-cristãos que dizem não se importar com uma roda de oração, noto que se declaram agnósticos. Agnóstico significa que não se importa com religião. E se entre os atletas há um umbandista, muçulmano ou judeu? Quero ver um comentarista judeu aqui no blog dizendo que não se importa!!!
É uma hipótese. As conseqüências disso poderiam ser diversas. Mas ainda assim é uma hipótese. Como em sua reflexão você apresenta fatos, baseados naquilo que é real no nosso momento cultural, continuo acreditando que tudo não passou de um momento de tolerância e respeito por parte de atletas e instituição. No momento em que essa hipótese se converter numa realidade, aí, talvez, às reflexões possam ser diferentes. Abs
Ótimo post. Fico imaginando um atleta ateu na Seleção de 2010 com o pastor Jorginho… Será que foi convocado algum ateu ou este só foi porque ficou calado? Uma pena que isso está presente em todos os níveis da sociedade. Não tenho como dar certeza, mas até hoje Desconfio dos profissionais da escola do meu filho quando me chamaram para uma reunião porque ele disse em sala de aula: “Eu e meu pai não acreditamos em Deus”. Depois das palavras mágicas de processo e lei, tudo não passou de um “mau entendido”. Você pode rezar para todo mundo ver e ouvir. E eu? Não tenho liberdade de dizer que NÃO acredito?
Lembro de uma entrevista do Vampeta após a copa de 2002 em que ele falou sobre aquela roda p/ orar que foi formada após o título. Lembrou que ele falou mais ou menos assim: “Hora de comemorar e os caras inventam de rezar. Quer rezar vai p/ igreja, po”
Perfeito! Você conseguiu descrever o que senti ao ver a cena. Eu, ateu, me senti constrangido ao ver aquilo. E, se você assistir de novo, verá que na roda tinha um monte deles que nem sabia o Pai-Nosso!
O pior foi a dancinha na hora da entrega das medalhas um verdadeiro desrespeito com as outras seleções.
Muito bem observado. Mas além da intolerância religiosa nas comemorações, também devemos destacar a falta de educação nas comemorações exageradas. Essas mesmas meninas da seleção de vôlei (que ganharam o ouro merecidamente) não tiveram o menor respeito com as seleções japonesa e norte-americana durante a premiação da prata e do bronze: ficaram fazendo aviõezinhos, tirando fotos com o celular, presepadas mil… senti vergonha alheia ao assistir pela TV. É claro que toda conquista deve ser comemorada, mas isto não tem nada a ver com falta de educação.
concordo ! bem lembrado !
Que gente estúpida! Não entenderam nada! A questão é que boa parte das pessoas resolve fazer o que bem entende, mas ai do outro se fizer diferente.
Eu sou católico de batismo, budista por opção e admirador do candomblé. Imagino se resolvo jogar flores, acender um incenso e orar minha sutra ao ganhar uma medalha. Viro piada nacional!
Texto ótimo, André, como sempre.
Acredito que esse comportamentos dos atletas é o espelho do nosso país, que, tal como a viuva Porcina, finge que é sem nunca ter sido: finge que é laico, mas não separa Estado e Igreja; finge que é moderno, mas ainda tem coisas do arco da velha; finge que é democrático, mas obriga as pessoas a votarem – e por aí vai.
O Brasil pode ter até algumas qualidades mas, positivamente, coerência não é uma delas!
Concordo que nada deve ser obrigatório, mas esse grupo se conhece bem e duvido que alguém seria forçado a rezar. Elas mesmo se criticariam, como fazem sob outros aspectos, basta ver as entrevistas que elas já deram. Criticar a reza das meninas sim é intolerante, pois é o mesmo que criticar o véu das atletas islâmicas. Obrigar as atletas a rezarem escondido porque representam uma Nação laica também fere a liberdade de expressão.
Bom, nada os impede de orarem no vestiário, o que talvez seria mais adequado mesmo.
Claro.
Nossa… que matéria mais imbecil!!! A coisa mais importante que existe é ter e demonstrar sua religião. O Brasil é o pais mais Católico do mundo. Logo a maioria vai rezar o pai nosso pois ja é um costume de fazer isso antes das partidas, tanto de futebol, voley, basquete, etc… Ou seja um costume dos atletas. se não sabe o que escrever, não escreva!!!
Mais importante para você. Para outras pessoas, pode ser outra coisa. Isso se chama democracia.
…”a coisa mais importante que existe é ter e demonstrar sua religião”…? Isso me faz lembrar fogueiras, açoites, cavaletes, roda de despedaçamento…
“A coisa mais importante que existe é ter e demonstrar sua religião”?????
Na *TUA* opinião, cara-pálida.
Sem mencionar que essa *necessidade* de ir rezar na frente da câmera levanta grandes suspeitas de simples sensacionalismo. Lamentável. Infelizmente no Brasil é comum a associação automática de ter religião com ser bondoso e, especialmente, ser mais merecedor que outros. Como disse a Priscila, vá praticar sua religião na privacidade do vestiário.
Mais um medalhista. Já puseram uma cruz em chamas em frente à sua casa, André?
Quanta bobagem num comentário só…a coisa mais importante da vida é ter religião? Isso vale para os satanistas também?
Régis Debray tem uma frase muito apropriada para esses tipos de comportamentos das jogadoras de volei (rezar e dançar no pódio): “A Democracia é o que resta da República quando se apagam as Luzes”.
Eu não entendo a lógica dessas pessoas…se ganhou, nunca é por méritos própios, e sim por uma “vontade divina”, e se perde é o quê? interferência do demo? Ele ajudou a equipe feminina a vencer e abandonou a masculina no match point?
É verdade. Se houvesse alguma coerência, deveriam rezar em público com aquele fervor todo após a derrota também, o que eu nunca vi.
se ganha “foi Deus que quis assim”… se perde “foi também Deus que quis assim”.
Hahahaha. Pra que se esforçar tanto numa partida, se o resultado depende de uma divindade???
Acredito em Deus, mas sempre tive uma imensa dificuldade em aceitar cegamente que Ele interfere em cada aspecto da vida de cada ser vivo. Se existe essa interferência tão onipresente, o que somos, então? Meros bonecos, animais adestrados? Entã não existe livre arbítrio. Acho que Deus criou o universo e depois foi cuidar de outras coisas mais importantes.
Falou e disse, seo André. Concordo plenamente. Tenho o maior orgulho da seleção feminina de vôlei, mas certamente teve algum coitado ali que foi compelido a participar da oração televisiva para não estragar a festa. E o pior é que esse povo que faz alarde da fé não sabe que o coitado do Jesus ensinou que oração deve ser feita com discrição: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. (…) Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; (Mateus, 6)”. Esse povo precisa ler mais o evangelho e deixar de constranger ateus e pessoas que professam outra fé….rsrs
André, afinal alguem comentando sobre esse vexame que foi a atitude igrejeira da seleção ao final do jogo, senti vergonha daquele grupo em verdadeiro festim totemico, credo (mas era visivel que algumas jogadoras, “comemorando”, estavam completamente desequilibradas emocionalmente, histéricas mesmo!!). Mas essa religiosidade toda no Brasil do século XXI é preocupante, sintoma de uma conjuntura doente, um sistema de ensino academico aleijado que culmina numa compreensão tosca da vida e do mundo, necessidades desses amuletos todos (em viagens aereas observo a quantidade de sinais da cruz e outros salamaleques misticos, identificando facil um brasileiro). Mas vc não acha que a vitória, talvez por conta da lendaria baixa estima nacional, é sempre um desafio para a elegancia e educação do brasileiro?
Sem dúvida. Ai de um vencedor que não chore no pódio, é logo tachado de insensível e antipatriota.
Schumacher sempre sorria e ainda regia o hino italiano.
Schumacher não representava nem a Alemanha e nem a Itália, representava a si próprio e à escuderia que é empresa privada.
Automobilismo não é esporte olímpico.
Não tenho medo de armagedom ou ragnarok, mas algo que me deixa com a pulga atrás da orelha é a presença cada vez maior da bancada evangélica e de outros setores religiosos no congresso. Vem reacionarismo por aí.
Já chegou,e forte.
Concordo totalmente com seu texto André. Sabe o que acho mais interessante: é que mesmo que todas as jogadoras sejam “cristãs” o “Pai Nosso” é diferente entre as Igrejas, a dos católicos tem palavras diferentes de algumas evangélicas.
Outro detalhe: elas rezaram antes ou depois de algumas virarem para as câmeras e soltarem um monte de palavrões porque não gostaram de algumas críticas?
Verdade, será que Deus vai perdoar essas pecadoras blasfemas hehehehe
Tá certíssimo. Até deu vergonha alhei nessa hora. Totalmente dispensável.
André, às vezes penso que nós vivemos uma teocracia. Neste 15 de agosto é feriado em boa parte das cidades mineiras. Sabe por quê? Os católicos comemoram a Assunção de Nossa Senhora.
Pois é. E os feriados islâmicos, também serão respeitados?
Aqui no trabalho só folgam os donos da empresa nestes feriados. E tem um deles que não costuma folgar tanto assim. Fato é que, tinha uma senhora que trabalhava conosco que também folgava… a maioria aqui reclamava pois, ela também folgava nos feriados cristãos. Quando é “para o nosso bem, que problema cultuar outra religião tem”, certo?
Tenho quase certeza de que os feriados citados pelo José Horta são ilegais pelo simples fato de que a legislação limita a criação de feriados em todas as esferas de governo, e me parece que Assunção de Nossa Senhoar não figura entre as datas elencáveis.
Ilegal ou não, estou eu aqui curtindo o tempo livre em Fortaleza (padroeira).
Opa, correção: a Assunção de Nossa Senhora é data elencável, porém o múnicípio só pode decretar 4 feriados religiosos ao ano, sendo que um deles é a 6a.feira da Paixão e o outro é finados (sim, se essas datas não forem declaradas em Lei Orgânica, não são feriados oficiais).
Você tem razão Andrè. Jogava em um time de futebol de salão e toda vez que a gente ganhava os caras se metiam a rezar o Pai Nosso. Acontece que nem sei rezar e não entrava na reza. Me chamavam de desagregador de grupo. Escutava frases do tipo “Nossa time não esta unido, tem gente que nem se junta na hora da reza!!!”
Barcinski, penso o mesmo. Principalmente quanto ao ponto em que você pergunta se alguma atleta foi compelida a participar da reza braba.
Quando o pessoal ajoelhou pra rezar, passou pela minha cabeça: “e se eu estivesse ali? Ia fazer o que?”. A única opção nao polemica seria juntar-me ao grupo.
Se a pessoa quer rezar sozinha, mesmo com a camisa da seleção, eu até acho que tudo bem. Mas juntar todo mundo é errado. Meio que impõe uma fé sobre as demais (ou sobre o direito de nao ter religião alguma).
De laico o Estado brasileiro nao tem nada. Qualquer repartição publica é cravejada de cruzes. A opinião da igreja é solicitada em muitos casos de votações publicas. Os deputados levam em conta doutrinações religiosas para votarem leis. A situação é feia. Mas ninguém pode falar nada em nome tal caráter multirreligioso…
Dureza.
Boa postagem. Isto sempre me incomoda, é algo que ofende, porém, nosso país vive uma liberdade religiosa falseada, pois se alguém revela sua verdadeira opção religiosa (e isto também vale para a opção sexual) imediatamente é discriminada pois o padrão socialmente aceito neste país é – infelizmente – o de heterossexualidade + catolicismo + machismo exacerbado. Em todo e qualquer campo, seja na academia, no jornalismo, no esporte ou na política.
Cara, numa boa, exemplo de intolerância é vc quem está dando. Sério, qual é o problema em as atletas rezarem ao final do jogo, se elas se sentem bem ao fazer isso? É algo tão insuportável assim de ver? Outra, Estado laico é Estado neutro! Não tem que interferir na vida das pessoas, a ponto de proibi-las de fazer uma oração. Quem disse que alguém foi compelido a rezar? Quem disse que as atletas não pensam no real significado da oração? E aonde é que elas estão interferindo na tua liberdade de acreditar no que vc quiser? Só porque alguém ostenta a bandeira do Brasil já virou padrão de conduta?
Tá bom, ninguém foi compelido a rezar. Então vc está me dizendo que TODOS os membros da comissão técnica e as jogadoras têm a mesma crença? Num país multirreligioso como o Brasil? Conta outra.
Pode ser, porque não? O Brasil é sim multirreligioso, mas a grande (senão esmagadora) maioria ainda reza o Pai Nosso. Isto contando com católicos e evangélicos.
Agora, se vc quer persistir no fundamento de que alguém está rezando contra a sua vontade, só pra poder embasar a tua tese, ok… Lembre-se, a intolerância não está em quem reza, mesmo sendo em frente das câmeras, até porque não têm nenhum interesse excuso por trás disso. Está no outro lado da moeda, naqueles que se vêem afrontados por um simples Pai Nosso.
Você não entendeu nada. Não sou “afrontado por um Pai Nosso”. Acho a fé uma coisa tão importante que ela não deveria ser mercantilizada ou transformada em espetáculo. Isso sim me afronta.
Achei a postura da seleção feminina de vôlei, como um todo, equivocada. A falta de respeito às adversárias foi o que mais me incomodou. Quanto a rezar em público, achei de uma babaquice extrema…Se a intenção era agradecer ao Senhor, que se fizesse como está na Bíblia: no seu quarto, em segredo, a sós com o Senhor, e não em público. Assim fazem os hipócritas…Essa foi a lição que Jesus deixou.
Concordo. Intolerância é implicar com quem quer rezar em público. De minha parte eu acho essas rezas públicas tão verdadeiras quanto notas de três reais, mas elas não me ofendem. São piegas, falsas e vazias de significado, mas não ofensivas. Acho que ninguém tem que meter o bedelho para proibir esse tipo de manifestação, porque isso, sim, seria uma cutucada indevida na liberdade religiosa.
Os comentários estão levando em consideração apenas as práticas religiosas judaico-cristãs. Imaginem se a religião do time vencedor pregasse que o fiel deve orar completamente nu e acariciando seu órgão sexual, e o time reslolvesse fazer uma oração coletiva para comemorar. Aí pode to be?
Não faz sentido sua pergunta. Obviamente uma manifestação religiosa não pode nem deve ofender a sensibilidade alheia, e é justamente por isso que discordo do teor do artigo, pois um pai-nosso coletivo não ofende a ninguém. Besteira implicar com um simples pai-nosso. Tem coisa muito mais importante a merecer cornetação. Essa reza pública jamais poderia ser tachada de “intolerância religiosa”. Barcinski viajou na maionese!
Como é que vc sabe que não ofende a ninguém? Eu fico ofendido com qualquer coisa desse tipo, seja um político que confunde religião com política ou uma jogadora que reza em quadra.
Barcinsky, pegando carona no seu texto, tão constrangedor quando a reza, para mim foi a dancinha no pódio enquanto as outras atletas recebiam suas medalhas.
Nos meus tempos de jogos abertos do interior (la pelos anos 80), reverenciar o adversário durante a solenidade da entrega das medalhas era de vital importância. Ai de quem ficasse fazendo dancinhas e fotinhas enquanto outros times recebiam suas medalhas.
Também achei isso horrível. Um desrespeito com as outras atletas. Não vi nenhuma outra delegação fazendo isso.
Foi embaraçoso. Os sorrisos das japonesas recebendo a medalha de bronze foram muito mais bonitos e alegres que o nosso bundalelê. Brasileiro tem um jeito estranho de demonstrar alegria. Se não tiver o “Uhuuu!!” não vale…
Imaginem se os russos, na cerimônia de premiação do vôlei masculino, ficassem dançando aquelas danças típicas deles. Iam levar pedrada de tudo que é lado. Falariam do desrespeito e insensibilidade ante a dor e frustração dos brasileiros derrotados. No mínimo.
Excelente postagem, André. Na hora em que vi o ritual achei patético e dispensável.
Mais uma vez você vai contra a maré e acerta em cheio no post. Parabéns André.
O texto dá a impressão de que algumas atletas poderiam ter sido constrangidas a participar da roda de reza… Não existe a possibilidade de que elas tenham ESCOLHIDO rezar? Essas rodas de reza, tão comuns já, não me parecem nada imposto. Parecem, sim, uma manifestação espontânea. Alguém joga a idéia ali na hora, todo mundo “compra” e forma-se a roda. Parece bonitinho aos olhos do público e os atletas-rezadores devem achar que é o certo a fazer. Acho que é uma manifestação mais rasteira, sem essa maquinação sobre (in)tolerância religiosa…
Claro que sim. Mas criar este tipo de situação é errado, por princípio.
Imagine se alguma seleção brasileira ganha um campeonato de uma seleção de algum país de maioria muçulmana, e após a vitória aparecem manifestações religiosas cristãs. Seria a receita perfeita para instigar ódios religiosos e ao invés de dois times, teríamos então disputas entre religiões. Estaríamos a um passo de fanáticos religiosos torcendo em jogos pela sua religião e depois disso seria o caos.
Além do que já foi dito aqui, é uma prática tão antiquada, denuncia um subdesenvolvimento cultural absurdo. E dá uma vergonha…
De vez em quando brigo com você Barcinski, mas tem toda a razão, poderiam se quisessem, rezar no vestiário, não confrontaria eventual ateu ou alguem de outra religião. Isso tem que acabar.
Esconder a religião deles não confrontaria a eles próprios? Se tocassem air-guitar ninguém falaria nada, ou se cantassem ôô de “mais que nada” mas rezer é ofensivo. Eita…
André, não acho que rezar em público seja intolerância. Rezar em público é só exercitar a fé (seja ela qual for). A Dinamarca ter protestado porque brasileiros rezaram em final de competição é como o cara que diz não ser homofóbico e ficar ofendido em ver um beijo gay num lugar público. Gays não podem manifestar amor em público? Podem. Então porque uma pessoa não pode rezar em público? A pessoa que acha que foi abençoada por um Deus (seja ele qual for) tem que esperar chegar em casa para agradecer no isolamento? Intolerância é não entender que as pessoas podem rezar onde quiserem, a menos que estejam realmente incomodando alguém (por causa de barulho excessivo, por exemplo). Não gostou? Vira a cara, muda de canal etc.
Se alguma das jogadoras rezou sem querer rezar, acho que é problema dela. Ela que não reze da próxima vez. Se alguém reclamar, aí sim é intolerância.
Por favor, não pegue um pedaço do que escrevi e tire do contexto. Eu disse que rezar em público numa competição esportiva, transmitida pela TV, é intolerância sim. Pessoas se reunirem para rezar, seja na rua ou em qualquer lugar, não. O problema é quando o ato coage pessoas que poderiam não querer participar, ou pessoas que podem não querer presenciar aquilo.
Porque o ato de rezar da seleção na copa das confederações e das meninas do volei seria uma coação? Não consegui entender isso. Quando se proibe alguma manifestação (como na Africa do Sul) não é de alguma foram censura?? Se é para ter liberdade religiosa para todas as crenças, deve ser feito exatamente isso, liberdade para os cristãos, budistas, hinduistas e até para quem não acredita em nenhuma religião. Existiu de fato algum desconforto de alguma atleta do volei com o ato? Reclamação de alguma delas? Vejo muito mais como um ritual de união do grupo. Não me passou a impressão que foi obrigatório. Assim como as cambalhotas que elas deram no final do jogo, participou quem quis.
Nunca saberemos se existiu desconforto, né? Quem vai se meter a bancar o rebelde?
Roberto, proibir a manifestação religiosa da forma como ocorreu na Copa da África do Sul não é uma censura. Pelo contrário. Visa somente proteger o direitor de quem professa outra religião ou não tem religião alguma. Isso sim é democracia.
Não acho que transmitir um pai nosso ao vivo na TV em uma competição esportiva seja ofender pessoas que tenham outra ou nenhuma religião, me desculpe. Eu não me ofendo se estiver passando um programa evangélico na TV, eu mudo de canal. E achei ridículo a seleção de vôlei rezar o pai nosso. Achei ridículo, mas não me ofendi. Não tenho religião, mas acho que quem tem pode exercitá-la do jeito que quiser, desde que não me incomode, não invada meu direito de não ter. Se me obrigassem a rezar eu ficaria ofendido.
Agora, com relação às meninas, concordo com você em parte. Se alguma delas foi “coagida” a rezar, realmente é desrespeito. Mas muitas vezes alguém se sujeita a fazer o que não quer em nome da unidade de um grupo. Adere à maioria. Pode ser o caso.
Eu, por exemplo, que acho todas essas coisas ridículas, quando vou a algum casamento fico quieto enquanto o povo reza, mas não saio de perto, nem faço cara feia. É um ato de tolerância, porque sei que a maioria ali acredita naquilo.
De todo modo, parabéns pelo texto.