Brasil é ouro em intolerância
15/08/12 07:05
Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro.
O mesmo aconteceu sábado passado, quando a seleção feminina de vôlei conquistou espetacularmente o bicampeonato olímpico em cima da seleção norte-americana, que era favorita.
O Brasil é oficialmente laico desde 1891 e a Constituição prevê a liberdade de religião.
Será mesmo?
O que aconteceria se alguma jogadora da seleção de vôlei fosse budista? Ou mórmon? Ou umbandista? Ou agnóstica? Ou islâmica?
Alguém perguntou a todas as atletas e aos membros da comissão técnica se gostariam de rezar o “Pai Nosso”?
Ou será que alguns se sentiram compelidos a participar para não destoar da festa?
Será que essas manifestações públicas e encenadas, em vez de propagar o caráter multirreligioso do país, não o estão atrapalhando?
Claro que ninguém questiona a boa intenção das atletas. Mas o gesto da reza coletiva está tão arraigado, que ninguém pensa em seu real simbolismo e significado.
A questão não é opção religiosa, mas a liberdade de escolha. Qualquer pessoa pode acreditar no que quiser, contanto que deixe a outra livre para fazer o mesmo. Sem constrangimentos. E não é o que está acontecendo.
Liberdade religiosa só existe quando não se mistura religião a nada. Nem à política, nem à educação, nem à ciência e nem ao esporte.
Em 2010, a Fifa acertou ao proibir manifestações religiosas na Copa da África do Sul. A decisão foi tomada depois de a seleção brasileira ter rezado fervorosamente em campo depois da vitória na Copa das Confederações, um ano antes, o que provocou protestos de países como a Dinamarca.
Em 2014 e 2016, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A CBF e o COL precisam tomar providências para que os eventos não se tornem festivais públicos de intolerância.
Atletas precisam entender que estão representando um país de religiosidade livre. Eles têm todo o direito de manifestar sua crença, mas não enquanto vestem uma camisa laica.
Claro que atitudes assim serão impopulares e gerarão protestos. Muita gente confunde a garantia da liberdade de opção religiosa com censura.
Quem disse que é fácil viver numa democracia?
O problema é que os caras tem dificuldade de interpretação de texto fica calmo barcinski kkkkkkkkkkkkk
Seria o caso de se investigar se houve influência de Deus na vitória, o que seria fraude. Se venceram com a ajuda de Deus, não estavam capacitadas a ganhar. Deveriam se envergonhar de trapacear com a ajuda de Deus.
Não sei, achei seu texto meio alarmista. Não é como se a seleção brasileira por rezar impedisse outras de o fazerem em seus respectivos credos.
Do mesmo contra-argumento que você se utilizou eu me utilizo: não tem como saber se, por exemplo, todas as meninas são cristãs, ou se as que não são se sentem a vontade, ou não, porque “pai-nosso” não é exclusivo do catolicismo, sabe, então poderiam estar ali juntas católicas, evangélicas, espíritas e mesmo umbandistas. Aliás, nada impede que mesmo que houvessem atletas de outros credos, que elas não estivessem fazendo suas próprias orações ali, em silêncio.
Em último caso, na minha opinião, discriminação mesmo é impedir manifestações religiosas, que cada um faça o que quiser no momento da vitória enquanto não ofender o alheio. Podemos ser um estado laico, mas também temos liberdade de credo E de expressão.
De qualquer forma, se for pra apostar, apostaria que você não tem formação religiosa nem tampouco foi pego numa situação dessas, de oração coletiva. Se tivesse, faria como eu já fiz onde, mesmo não tendo credo definido, utilizei o momento da oração pra relaxar a mente e dar uma meditada na ocasião em questão.
Ou não. Você pode muito bem até concordar comigo e fez o texto só pra levantar o ponto mesmo, jornalista vive fazendo isso mesmo haha
Muito bom, Tarcizo
Diagnosticou perfeitamente o teor do texto: alarmista
Atitude mais feia essa das brasileiras: enquanto na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos os britânicos celebraram com orgulho toda a diversidade de sua cultura, nós fizemos questão de enfatizar uma suposta uniformidade da nossa. Lá eles celebraram o fato de haver cidadãos de todas as cores, etnias, religiões, culturas; vimos casais interraciais, um coral de crianças surdas, cadeirantes, idosos e jovens cantando juntos; homenagearam os ingleses, gauleses, irlandeses, escoceses. Aqui as mesquinhas do vôlei fizeram questão de insinuar que só os cristãos seriam bem-vindos no esporte que nada tem a ver com fé.
Cara, quando minha família se reúne no Natal, por exemplo, e reza um pai nosso e uma ave-maria. Eu não sou católico, mas sei lá, rezo para não dar uma de chato. Aliás, não é que rezo, fico lá no meio. Acho que os esportistas não católicos fazem isso também, ficam lá no meio, pois o catolicismo é muito forte no Brasil. Ninguém tbm quer ficar dando uma de rebeldezinho. Sei lá.
É isso aí, estado não tem que se misturar com religião. Inclusive acho que o estado de São Paulo deveria se chamar apenas Paulo, tirar o “São Sebastião” do Rio de Janeiro e demolir o Corcovado, porque se um crucifixo ofende tanto, uma escultura daquelas ofende muito mais. O que você quer é que seu ateísmo seja mais respeitado que a expressão da crença alheia, cara. Onde fica a liberdade de expressão? E um anarquista, deve ser obrigado a escutar um hino nacional ou pode descer do podium e ir ler Thoreau em paz no vestiário?
André, estou francamente estarrecido, percebe que a discussão toda é absolutamente bizantina, alguns comentarios parecem saidos de Canudos, minha nossa!! Essa questão do refluxo religioso fundamentalista nesse inicio de século XXI é alarmante, esse culto a uma velharia escrita a centenas de anos, que nem como literatura se sustenta, narrativas impregnadas de violencia e rancor moralista, vem tomando conta de todas as expressões populares, aqui no caso o esporte. O que fica evidente em quase todos os comentarios favoraveis as crendices é o obscurantismo, a impossibilidade total de reflexão, fruto maior de um repertório cultural mais elaborado.
Nada mais me impressiona, Celso. Isso porque você não viu os comentários que foram moderados. Esses sim, pareciam saídos de alguma fogueira da Inquisição. Abraço.
“Velharia escrita à centenas de anos”.
Parece discurso vazio de “adolescente rebelde”.
Sinto isto em todos os comentários, independente do assunto. O povo brasileiro está muito fundamentalista e reacionário.
Com o PT metendo as patas imundas em qualquer assunto da vida do brasileiro, querias o quê?
A julgar pelo número de comentários, dá pra ver que o fenômeno religioso perturba mesmo! Wow!
Morte à cultura pop!
Achei interessante o tema do post. Sou cristão (tenho amigos ateus), mais precisamente protestante, o que me faz ser confundido com integrantes dessas igrejas que “assaltam” o bolso dos fiéis com abordagens toscas do Bíblia e muita gritaria dos pastores (beira a superstição). Acredito que, assim como Jesus disse no sermão do monte, nossa gratidão a Deus deve ser pessoal, não levada a parecer uma exposição de mercado da fé (Jesus fala que devemos agradecer discretamente, cita até rezar em nossos quartos, no sentido de não fazermos algazarra com a religião e a fé)! Por isso, acredito que muitas dessas comemorações não são mesmo sinceras, no sentido de agradecer a Deus pela conquista. Importante é demonstrar nossa fé em atitudes do dia.
Leonardo, você tem uma sensatez que poucos cristãos (especialmente protestantes) possuem. Fé é uma questão, antes de tudo, pessoal.
“sensates que poucos cristaos (especialmente protestantes) possuem…” ha ha ha ha ha ha… Gabriel, por acaso vc tem algum livro publicado? Genio!
Sim, Gabriel! Pena que muitos são facilmente enganados hoje, agindo de forma até mesmo contraria ao cristianismo, dizendo serem cristãos. É preciso entender isso. O cristão não precisa fazer gritaria ou alarde com sua fé. Sempre busquei entender o sentido do cristianismo, tenho prazer em estudá-lo (Bíblia, os livros de C. S. Lewis etc), mas respeitando as demais religiões e escolhas.
Será que deus não tem mais o que fazer?Será que deus vai ficar torcendo por este ou aquele time?
Que deus mais bobo esse dessa turma…
O que mais me chama a atenção é como o Brasil vive num mundo a parte, onde as pessoas sequer percebem como é inapropriado fazer uma coisa dessas num evento como os Jogos Olímpicos.
Enquanto os ingleses celebraram seu multiculturalismo na crimônia de abertura, abraçando a diversidade, aqui queremos passar uma imagem de uniformidade cultural, como se ser igual é que fosse uma virtude!
Concordo em número, gênero e grau. Brasileiro além de intolerante é deveras preconceituoso e hipócrita. Dou um exemplo: o cara enche a cara de cachaça, dirige embriagado, etc, etc. Mas se vê um cara fumando tranquilamente um baseado, ataca logo: é um ma/conheiro safado. Pode?
também fiquei incomodado com a reza ao final do jogo, e mais ainda ninguém comentar a respeito.. realmente: se aparecesse alguém com uma galinha preta e umas velas ao lado do banco eu tenho certeza que iam comentar “o absurdo”. fora que eu acho engraçado ainda o fato de só aparecer religião na vitória, né? porque quando se perde o que se vê é todo mundo chorando, cada um pro seu canto, mas se ganha tem sempre alguém agradecendo ao seu deus
Hoje, patricinhas de shopping são atéias. Meninas se dizem atéias em blog enquanto falam de seus namorados e batons.
Rebeldia é ser religioso e conservador.
Assim é, se lhe parece.
Faltou comentar que essas moças do vôlei atribuíram sua vitória ao fato de ouvirem música gospel! Muito triste este país.
Vocês tem tanta certeza assim da superioridade do “laicismo”? Qual a religião de Hitler e Stalin? E dos positivistas brasileiros que “laicizaram” a constituição de 1891? E estes, pediram opinião ao povo?
Queria ver um plebiscito, para saber se o povo brasileiro é mesmo tão laico.
Sério que você vai colocar Hitler na conta do laicismo? E o 11 de setembro e a guerra do iraque do afeganistão, então, são culpa da religião? Se você força uma coisa, vem a outra automaticamente.
Quanto ao plebiscito, o que a maioria da população deseja nem sempre é o que o certo. 51% da população não pode escravizar os outros 49% só porque são maioria. Existem regras, e uma das regras é o direito de não ter uma religião insuflada pelo aparato do estado.
Hitler era católico. Stalin estudou em um seminário ortodoxo. Não é necessário um plebiscito sobre essa questão, já que o laicismo é um dos pilares da democracia.
Hitler era católico? Não seria melhor não falar tão categoricamente sobre uma coisa que nitidamente você não sabe?
Era sim, e ainda contou com a proteção do vaticano, vários membros da máquina de extermínio fugiram com passaportes diplomáticos do Estado do Vaticano
Hitler era violentamente anti-cristão. Leiam as biografias: Joachin Fest e outros. Chutadores.
Como pode nego falar tanta besteira. O principal conselheiro de Hitler era ocultista e o influênciou categoricamente. Leiam sobre a biografia e parem de falar asneira façam-me o favor.
Não é você que define o que é passível de plebiscito e a comparação com a escravidão é coisa de retardado.
Uma coisa é existir comprovadamente um caso de intolerância religiosa, com as atletas sendo proibidas de manifestar uma determinada crença ou sendo obrigadas a manifestar uma crença da qual não compartilham
Outra coisa é as atletas manifestarem publicamente, por livre e espontânea vontade, como parece ter sido o caso, adesão a uma crença em particular
Não sei, eu enquanto ateu, me sentiria muito pressionado fosse o caso, por exemplo. Seria eu o único a ser o “estraga-festa” me afastando do grupo enquanto ele reza em união? Eu, sinceramente, temeria meu futuro na seleção enquanto atleta.
RB, se a maioria do grupo é cristã e você não é, é natural que você se sinta desconfortável
Mas a maioria não pode deixar de expressar livremente a sua crença só porque você ia se sentir desconfortável
Você acha que o certo seria se uma maioria de atletas cristãs deixassem de fazer as suas orações porque um ou dois iriam se sentir desconfortáveis? Não tem sentido nenhum nisso
Até porque não faz sentido se sentir ofendido por causa de um Pai Nosso
Se você fosse judeu, Guilherme, pensaria assim também?
Sim
Guilherme, sua lata de Zyklon B já chegou !
Se sentir ofendido por causa disso é frescurite de adolescente rebelde
FATO
Para as pessoas religiosas, a religião está em tudo. Não é como um instrumento a ser posto em funcionamento “quando necessário”. Você tem o direito de ter raiva da religião, mas devia ter deixado isso mais claro.
Não tenho raiva de nada. Não invente.
A verdade é que o estado não é laico, apesar de se dizer laico.
Liberdade religiosa deve ser respeitada, mas somente para defender manifestações e exibição de símbolos da minha religião.
Se defendem algo que defendo, o argumento é razoável, esclarecido e tem toda a razão. Se defendem algo que discordo é um argumento idiota, sem noção, que nem deveria ter aparecido.
Triste, mas é assim.
Nas minhas andadas pelas redes sociais, nesses compartilhamento, vi um blog que falava que o rasil é ” laico cristäo”. Na hora achei engracado essa ” antitese”, mas se fosse fundamentada com esse texto( que por sinal, maravilhoso, reflexivo e foi um chute no estomago) näo seria täo engracado, me deixaria pensativa como estou agora; como somos intolerantes, è só ver quantas manisfestacoes religiosas qdo temos alguma lei como casamento homossexual ou aprovacao do aborto. O país, leis que deveriam serem laicos( näo o ” laico cristäo) acabam ” oprimidos” pela religiao.
Parabéns pelo texto!
Assisto o Brasil vencer e me identifico com a camisa amarela. Eles representam meu país, meu território, meu hino. Mas então eles rezam e nesse momento sinto uma brochada. Não me representam mais, me traíram, pois a religião que agora fazem questão de propagar não é a minha. O problema é apenas isso, a seleção deve ser de todos e a partir do momento em que ela se torna evangélica ou católica ou petista ou dos militares ela exclui uma parcela do povo. Não é uma questão religiosa. Se Neymar vencesse e no pódio exibisse uma camisa do Santos, como ficaríamos? Traídos também. Dá pra entender?
Muito bem colocado seu comentário. Além do mais o esporte deve ser mantido a parte da religião. Que os atletas deixem suas orações para quando já nao estejam usando a camisa da seleção.
Como ateu, sinto-me bastante confortável para discordar da opinião do articulista.
Se é verdade, como argumentam alguns leitores, que o Brasil é o único país do mundo em que se reza em comemorações esportivas coletivas – porque nas individuais isso é obviamente falso -, também é fato que não há país no mundo que lide tão bem com a diversidade religiosa.
Não há perseguição ou discriminação religiosa por aqui. O que há, de fato, é tolerância – e não o contrário.
Se o cidadão não é cristão, que não reze. Ele tem esse direito e ninguém o constrangerá a fazer o contrário. Pelo menos não no Brasil.
O que existe, atualmente, é um preconceito às avessas: às religiões mais tolerantes, a intolerância; às intolerantes, a compreensão do multiculturalismo mais tosco.
Se isso não fosse verdade, países islâmicos que tratam as mulheres como mercadoria e homossexuais como escória deveriam ser banidos dos jogos por uma simples questão de violação de direitos humanos – assim como foi com a África do apartheid, não é?
Chega de mimimi. Este mundo está cada vez mais cego e mais chato.
Você está enganado. Se pesquisar pela internet encontrará vários vídeos de manifestações, passeatas, batucada de envangélicos, por exemplo, em frente a centros espíritas justo no momento em que estes realizavam suas reuniões. E é só um exemplo. O brasileiro gosta de se achar tolerante, sem preconceito, mas não é bem assim.
Caro Ian,
O que voce relata eh a excecao, nao a regra. E eu nao disse que nao temos preconceitos, mas sim que somos tolerantes.
Eu, por exemplo, sou ateu e tenho namorada evangelica. Cada um na sua.
A intolerancia de fato se manifesta quando queremos proibir cidadaos livres de expressarem suas crencas da maneira que quiserem – mesmo em eventos esportivos.
Se você tiver um tempo livre, leia comentários em blogs, mas também aqueles que acompanham cada notícia dos portais da web. Perceberá que não é exceção. A intolerância, aliás, vem alcançando níveis perigosos. O debate político, por exemplo, bipolarizou nos últimos anos, e um lado é completamente intolerante ao outro. E, se você não é evangélico, é taxado. Intolerância não é o mesmo que censura (proibir), mas não tolerar que o seu vizinho seja diferente.
Achei uma coisa interessantíssima: percebe-se que a grande maioria dos que discordaram de você é cristã. Será que esse povo manteria a opinião de que manifestações religiosas devem ser respeitadas caso as atletas entoassem um mantra budista ou um ponto de umbanda? Democraciazinha seletiva essa, né?
Não entendi onde teve intolerância. As jogadoras foram obrigadas a rezar o Pai Nosso?
Teve alguma que disse que não era católica e foi, mesmo assim, obrigada pela comissão técnica? Se isso não aconteceu, então não teve intolerância nenhuma…
Não sei. Você sabe? O problema é justamente esse, Guilherme, ninguém vai saber, porque ninguém vai se recusar a rezar. E é a última vez que digo isso aqui.
É perfeitamente possível alguém se recusar a rezar. Não? Eu mesmo já fiz isso tantas vezes…
Não entendi porque partir do pressuposto de que alguém teria sido coibido a rezar
Se não existe evidência de que isso aconteceu, para quê fazer a suposição?
Entenda: o ponto não é quem quer rezar ou não. O ponto é que ninguém deve ser colocado numa situação onde pode se sentir desconfortável com isso. O que você não entende é que meu texto é A FAVOR de manifestações religiosas. Mas de todas, não só de algumas. E eu acho a fé uma coisa tão importante que não posso aceitar que seja mercantilizada e transformada em espetáculo. Agora chega, não aguento mais responder a mesma coisa.
“O ponto é que ninguém deve ser colocado numa situação onde pode se sentir desconfortável com isso.”
Sei. E qual foi a jogadora que foi colocada nessa posição? Como eu já havia dito, se não há evidência de que uma coisa aconteceu, para quê levantar suspeita de que tenha acontecido?
E como você pode dizer agora que é a favor de todas as manifestações religiosas se diz no mesmo texto que a FIFA fez bem em proibir essas manifestações na Copa da África?
Navarro, não temos como comprovar quem ali na roda era ou não católica. Mas se vc pegar distribuição religiosa brasileira teríamos entre as 20 jogadoras, 12.8 catolicas, 4.4 protestantes, 1.6 ateus/agnosticos, 0.4 afro e 0.4 espíritas.
Ou seja, temos ai 7 jogadoras que provavelmente foram “obrigadas” a proferir uma oração católica em nome da “união do grupo” por alguém da comissão técnica. E isso é ridículo.
Duvido que numa situação dessas você recusaria.
Qual a dificuldade em se recusar uma coisa dessa? Você acha que ia acontecer o quê com quem recusasse? Ia ser queimado ali no meio da quadra?
Seu texto confirma a minha tese: Tolerância e intolerância NÃO SÃO pontos extremos da mesma corda. Ao contrário: A intolerância constantemente depende da tolerância. A sociedade excessivamente tolerante, corre o risco de tolerar tudo, até os intolerantes.
O maior exemplo de intolerância do século XX, Adolf Hitler, foi fruto de extrema tolerância. Recebeu uma pena mínima quando deu o fracassado Putsch da Cervejaria, e seus camisas-marrons eram vistos por muitos como apenas um bando de “garotos arruaceiros”.
Um exemplo mais recente e próximo: Excelente matéria da Rede Bandeirantes mostrou o terror imposto a populações indígenas por igrejas evangélicas, que constroem templos em aldeias, satanizam suas crenças tradicionais, e chegam a incendiar ocas usadas em rituais. Isso só é possível graças à tolerância. Se um governo mais cascudo resolvesse simplesmente expulsar esses pastores e acabar com essa baixaria, seria imediatamente tachado de intolerante.
Por fim, a bancada evangélica na câmara dos deputados tem se levantado contra o projeto que criminaliza a homofobia, alegando – advinha o quê? – intolerância religiosa.
André, qual atleta no Brasil tem maiores chances de ser discriminado (em qualquer esporte, principalmente os coletivos, como vôlei e futebol): o ateu convicto ou o homossexual assumido????
O ateu, sem dúvida.
Caramba, André… O Sócrates – que nunca escondeu ser ateu – na época dele, quando o catolicismo tinha mais peso do que hoje, sofreu mais do que o Richarlyson – que não sei se é homossexual, mas é tomado como um – hoje em dia, numa época mais tolerante com diferentes opções sexuais (ao menos mais tolerante do que a época do Sócrates)? Sério mesmo, André?
não só o atleta, mas o político, artista e quase qualquer figura pública de massa tem muito mais dificuldade de falar de religiosidade que de opção/orientação sexual, sem dúvida
O homossexual, sem dúvida.
Eu já participei de times esportivos e o ritual de reza coletiva sempre foi bastante desconfortável pra mim, que sou agnóstico e defendo, como vc, o direito de expressar minhas vontades religiosas no momento (ou seja, nenhuma). O pior é que na hora vc tem que fazer alguma coisa, segurar as duas pontas do problema: agradar a turma (permanecer na roda) e respeitar a própria consciência (que eu faço não rezando). Esse, a meu ver, é o único problema em questão. Tenho um mal pressentimento de que a FIFA tenha proibido a tal manifestação mais para padronizar os eventos e não desagradar possíveis “consumidores”, tendo em vista que muitos mercados se situam em países de religiões islâmicas, budistas etc…
Para aqueles que ainda teimam em não ver a sutileza do problema (com certeza, naturalizando a fé católica no Brasil), basta refletir: Porque não vemos mais tantos atletas rezando em grupo a Ave- Maria?
Barça, por favor – para descontrair – chama o Garagem de volta… por favor!
Que saudade cara!
Sou ateu, estou acostumado com essas manifestações religiosas, não me afeta em nada, acho engraçado até, depois de uma conquista qualquer seja no esporte ou num sucesso em caso de uma intervenção cirúrgica complicada, em fim, depois de grande esforço, dedicação, transpiração, estudo e utilização de todo conhecimento humano adquirido, dizerem, conseguimos, graças a deus.
Não vejo o evento como uma manifestação religiosa cristã. É só uma manifestação supersticiosa, como usar um patuá, fazer uma simpatia, se benzer, caixinha de promessa. Devem ter discutido isso antes e as que não concordaram muito se sacrificaram um pouco belo bem do grupo. Deu certo!