Eles não são cachorros, não
17/08/12 07:05
Assisti a “Vou Rifar Meu Coração”, filme de Ana Rieper sobre a música brega.
Não é exatamente um documentário, mas um filme sobre o imaginário do cancioneiro cafona.
A diretora mostra diversos casos reais de pessoas que vivem situações que remetem a algumas canções.
Há o homem casado com duas mulheres, o sujeito que foi abandonado pela esposa, a mulher que se conforma em ser amante de um homem casado, etc.
As histórias são intercaladas por depoimentos de alguns ícones da música romântica brasileira, como Odair José, Lindomar Castilho, Nelson Ned, Amado Batista, Agnaldo Timóteo e outros.
Gosto muito do tema e fui otimista ao cinema, mas confesso que me decepcionei.
Achei que faltou ir a fundo nas origens do gênero, contar a história dos artistas e tentar entender o sucesso da música cafona no Brasil.
Tudo bem, a intenção do filme pode não ter sido essa, mas é frustrante ver um artista como Nelson Ned, que tem uma história de vida incrível e raramente aparece na mídia, passar tão rapidamente pela tela.
Agnaldo Timóteo e Odair José dão declarações ótimas. Timóteo questiona: “Por que o Nelson Gonçalves cantando ‘Negue’ é brega, mas a Maria Bethania cantando ‘Negue’ é um luxo?”
Eu gostaria de ter visto mais declarações assim.
Outra coisa que incomoda no filme é um aparente desdém pela informação. Os entrevistados não são sequer identificados. Como se todos os espectadores fossem obrigados a conhecer os rostos de Rodrigo Mell ou Odair José.
Algumas entrevistas que poderiam ser reveladoras tornam-se inúteis, porque o filme não se esforça em explicar certas coisas. Por exemplo: um dos entrevistados é Lindomar Castilho, que fala sobre o poder do ciúme, que, segundo ele, faz alguns tomarem atitudes impensadas.
Ora, Lindomar foi preso justamente por matar a ex-esposa, a cantora Eliane de Grammont, e o fato nem é citado. Ou seja: quem não conhece a história de Lindomar Castilho – calculo que uns 98% do público de hoje – fica boiando.
Mesmo decepcionado com o filme, recomendo a todos assistirem. A música cafona brasileira é um fenômeno musical e sociológico dos mais importantes e que ainda não foi tratado com o respeito que merece.
Há o livro de Paulo Cesar de Araújo, “Eu Não Sou Cachorro, Não – Música Popular Cafona e Ditadura Militar”, que é muito bem pesquisado, mas tem um texto acadêmico e maçante. E não há muito mais por aí.
Dos artistas, continuo me impressionando com a audácia de Odair José, um compositor que atacou temas pouco comuns – homossexualidade, prostituição, a pílula – e com o histrionismo de Evaldo Braga, o Freddie Mercury do brega, outro astro musical que, a exemplo de Kurt Cobain, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin e Amy Winehouse, morreu aos 27 anos.
Honestidade, essa é a palavra.
Gosto é gosto e cada um tem o seu, mas é impossível admitir que os caras não são honestíssimos com o som que fazem.
Brega, é nego que dá valor pra coisa daqui simplesmente porque vira sucesso lá fora, independente de ser bom ou ruim.
Exemplo, “Bonde do rolê”: bandinha de hypster, são de Curitiba e fazem um funk carióca péba pra cara***, fazem uma força inacreditável pra ter um ar ‘cool’ e é adorado por neguinho indie daqui, gente mala que acha que tudo que não está no seu iPod é automaticamente lixo e algo menor.
Isso sim é brega, isso sim é escroto.
É mais baixei na internet um CD do VALDICK SORIANO cantando músicas do Roberto Carlos é simplesmente FANTÁSTICO
RECOMENDO.
Caro barcinski, seria fantastico um DOCUMENTÁRIO, onde mostrasse as aguras dos pessoal brega( sucessos, e o que fazem hoje e familias, principalmente dos que morreram como EVALDO BRAGA, e tb opiniões e relatos, tem uma dupla que deveria ser exibida, pode um documentário a parte, e mostrar os percalso e perseguições a qual sofreram, pela esquerda sacana, DOM E RAVEL, pois os mesmo estao esquecido e excrados, um deles morreu a pouco tempo, seria interessante um documentario que desmistificasse, esta turminha dá esquerda ( musicos e cantores ) que ficam se endeusando, e que na verdade não fizeram nada, nada mesmo.
Porque vc não envereda por este caminho seria muito legal
Adoro música brega. Gostaria de ver um estudo sociológico que explicasse porque o brega desapareceu da mídia na virada dos anos 80 para os 90, tendo seu lugar ocupado por sertanejos e pagodeiros. Até então, os bregas dominavam os programas televisivos como Chacrinha, Bolinha, Silvio Santos, Globo de Ouro. Neste período, porém, eles foram quase extintos, como os dinossauros. E quem ocupou o espaço não foi algo exatamente novo – este sertanejo moderno já existia pelo menos desde o começo dos anos 70, idem com o pagode, embora, até pelo sucesso que viriam a alcançar, estes gêneros tenham se tornado mais “acessíveis” ao longo dos anos. Sinto muita falta do brega na TV, de Carlos Alexandre, de Ovelha, de Nahin, etc.
Aí eu tenho que concordar com você. Mesmo não gostando sou muito mais Odair José e Nelson Ned do que Sorocaba e Sei-lá-o-que…
Talvez porque a gente quase não escuta, ou pelo ar nostálgico da infância…mas é muito menos pior!
Belíssimo post, André. Já tinha lido sobre o documentário e achado interessantíssimo o tema. Concordo com você que cantores como Nelson Gonçalves, Timóteo, Odair José e Nelson Ned são verdadeiros fenômenos de popularidade, algo a ser muito estudado por todo aquele que se interessa pela cultura brasileira. O que mais acho intrigante é a forma como conseguiram conquistar corações e mentes da população brasileira, atravessando gerações por meio de suas canções. Agora, convenhamos, existiu alguém cantor brasileiro com uma vida mais punk do que Nelson Gonçalves?
Talvez só Nelson Ned.
Pergunta: o que têm em comum o Nelson Ned e o Ary Barroso?
“Pelo nosso amor, pelo amor de Deus
Eu não sou cachorro, não”
Sempre achei sensacional esse verso.
Lá entre vários discos da minha avó que eu guardo tem Evaldo Braga, Lindomar Castilho, Nelson Gonçalves (para mim um gênio) entre outros. A vida do Nelson daria um excelente um filme.
Nunca tive nenhum problema com esses gêneros populares ao contrario Odair Jose, pra mim sempre teve qualidades, alias Barça, não sei se você já era colaborador da finada revista Bizz,quando eles fizeram uma matéria de varias paginas sobre o brega.
Semana passada em um bar com amigos em uma dessas jukebox eletrônicas escutamos, Abba, Carpenters, Odair Jose, AC/DC, entre outros na maior harmonia
Talvez não seja uma questão de brega/não brega, mas da vertente corno-music, que é sucesso em qualquer lugar.
Brega ainda vive, firme forte!
Ouve essa e me diz que não é. Essa música num bar depois da décima cerveja é só emoção.
http://www.youtube.com/watch?v=R1MmHnIj0_w
André, pelo visto o post sobre a reza das meninas do vôlei continua rendendo, mas um OT efemerístico: hoje dois ícones da cultura nacional fazem aniversários redondos, Nélson Piquet (60anos) e Zezé de Camargo (50), de quem vc gosta mais?????
Do Piquet, sem dúvida. Esse cara é punk rock…
Que pergunta mais nada a ver.
Certa vez, vi uma entrevista do Odair José e fiquei impressionado com sua inteligência e conhecimento musical.
Acredito que o Brega é devido a um conjunto de “opcionais” da música, entre elas, o visual do cantor, sua dramatização ao cantar, o timbre dos teclados, a simplicidade da bateria…se pegar uma música de Tom Jobim e pedir para o Falcão, ele, com certeza, a transformará em estilo brega. O sucesso das canções é o fato que atinge o público, diretamente, sem metáforas e coisa e tal..simples, direto, com refrões fáceis de decorar…Cada pessoa tem a sua música brega, pensem bem….rsrs…eu acho muito louco RC
Acabo de ler o Livro “Eu não sou cachorro não”, concordo que não é nem uma obra-prima, mas me fez ver com outros olhos a chamada música brega. Acho que neste país ela é totalmente desprezada pela mídia e pela elite, apesar de sua importância na formação do caráter do povo brasileiro
Tô contigo, Barça! Odair José é pura classe. “e pare de tomar a pílula” é uma das grandes canções brasileiras. E concordo também que no cenário brega tem muito material p/ se fazer pelo menos um belo livro. Agora minha música favorita do lado B do Brasil é Torturas de Amor do Grande Waldick Soriano.
Como contraponto:
http://www.youtube.com/watch?v=77PasW9jmRM
Direcionado ao Toninho logo acima.
E mito Jota C, onde é que entra nessa?
Boa pergunta!
Acho que porque ele deve ganhar um filme só dele. Afinal, nao existe ninguem como Jota C.
Que o brega tem personagens interessantes nao ha’ duvida. So’ acho que algumas coisas tem que ser ditas tambem. Uma delas e’ que a musica brega tem essa forca toda devido ao baixissimo nivel escolar do brasileiro em geral. Ai’ me refiro ao brega no sentido de pobreza melodica, nos arranjos, e sempre combinado com uma letra pegajosa e de facil compreensao, aquelas que voce ja’ conhece as rimas na primeira audicao. O brasileiro lava suas frustracoes no brega, nas novelas, programas de auditorio e mais recentemente no sertanejo moderninho e nas igrejas petencostais. E isto e’ triste.
Bom, Alex, a banda mais famosa da Austrália foi, durante muito tempo, o Abba, que também tinha músicas com “pobreza melódica” e “letras de fácil compreensão”. E você vai me dizer que isso se deve ao “baixíssimo nível escolar” dos australianos? Conta outra.
Da Australia ? Não seria da Suécia? Que também tem baixissimo nivel escolar…
Não, da Austrália. Li que, no fim dos anos 70, um em cada quatro habitante da Austrália tinha um disco do Abba.
O argumento do Alex poderia até ser válido, mas vendo tudo que veio na música depois do brega, só me faz perceber que o gosto musical do brasileiro já foi melhor. E, na boa, na Itália tem muita música brega, os americanos adoram certos cantores country super cafonas e por aí vai. Sobre o exemplo do ABBA, faço um aparte: eram músicos de primeira e que, mesmo nos momentos mais “cheesy”, apresentavam altos arranjos e vocalizações. Quem acha que “Gimme Gimme Gimme” ou “Summer Night City” são pobres de melodia com certeza está surdo.
Acho que entendi a confusão. O Abba é uma banda Sueca, mesmo assim era a banda que fazia mais sucesso na Austrália.
Isso.
O Abba não é da Suécia?
Sim. E uma banda sueca não pode ser campeã de vendas na Austrália?
Mas ai’ que esta’ o problema, tanta coisa melhor para ouvir, tantos outros caminhos musicais a ser experimentados, e as pessoas preferem ficar naquela miseria musical que se repete infinitamente.
E outra, este exemplo da Australia nao foi “fair”, voce pode pegar os EUA (nivel educacional melhor q no Brasil), la’ os maiores vendedores de discos sao Elvis, Beatles e Michael Jackson, e em nenhum deles agente vai encontrar “pobreza melodica”.
Na época, Elvis e os Beatles foram considerados músicas muito pobres sim.
Alex, tudo isso é muito relativo. A começar que o brega não é privilégio de pobre. Depois, pense nos exemplos que você deu e compare a melodia deles com Bach ou Mozart ou com gigantes do jazz. É óbvio que houve reação achando Elvis, Beatles e tantos outros puro lixo, quando surgiram (e mesmo hoje podem achar, com os mesmos argumentos). Mas acho que o que importa é que é um tipo de música (a dita brega, ou qualquer outra) que encontra eco na subjetividade de muita gente e isto tem que ser respeitado porque é legítimo. E é óbvio que é preciso também abrir o leque ao máximo para que cada um tenha oportunidade de escolher aquilo que achar melhor para si; neste sentido o fator educacional pesa muito, concordo com você, porque não há a mínima preocupação com uma diversidade cultural que seria obviamente muito positiva – nem quem governa, educa, produz ou informa atualmente, raras exceções, tem competência para tanto. Vivemos na época do self-service cultural, o que acho bom e ruim.
Cara, pega a música do Elvis “Love me tender”. A tradução do refrão é “Me ame com ternura/ Me ame, de verdade/ todos os meus sonhos realizados/ porque meu amor eu amo vc/ e eu sempre amarei…”
Imagina um cantor brega cantando esse refrão. A música ia ser logo ícone do que há de mais brega. Agora, é o Elvis, aí é outra história…
Barcinski, fiquei surpreso de você gostar desse tipo de estética, porque várias vezes você critica determinada música ou filme e alega excesso de sentimentalismo, que é precisamente a tônica da música dita brega (ou kitsch, ou cafona).
*surpresa.
É tudo uma questão de honestidade e qualidade. Cirque de Soleil é brega e horrível. Odair José é brega e sensacional.
Denise nunca ouviu o Garagem.
Não sei se o meu ídolo – e falo sério – da MBB (Música Brega Brasileira, se é preciso explicar) figura ou não nesse filme. Se não, grande injustiça, porque para mim ele foi o maior representante. Estou falando de Carlos Alexandre, que morreu tragicamente num acidente de carro não aos 27, mas aos 32 anos, e nos deixou pérolas inesquecíveis, como a Trilogia da Cadeia (Vá pra Cadeia, Senhor Delegado Solte Esta Mulher e Te Prendo Outra Vez), Arma de Vingança, Fim de Semana e Timidez (estas duas últimas são lindas, lindas canções, de verdade).
Quero encerrar meu comentário citando versos clássicos desse mestre:
“Agora vá pra cadeia
Porque o mundo é moderno
Já que eu não te quero mais
Vá morar com Satanás
Lá nas grades do inferno”
Cuidado com esse negócio de Satanás aqui Pam, porque o bagulho tá sísmico!
:O)
Falta contar a história dos super-gregas, Genival Santos, Bartô Galeno, Osvaldo Bezerra, Roberto Muller, Raimundo Soldado e outros. Para eles não existe a discussão entre brega e chique. Eles são brega, e brá.
Odair José é um compositor incrível – melhor e mais autêntico do que muitos “jênios” da MPB e BRock, por exemplo. Nelson Ned fez grande sucesso na América Latina, lotou o Carnegie Hall várias vezes (e naquela época não tinha pacote turístico para Brasileiros igual no show da Sangalo) e hoje tá na merda por causa do pó.
Barça, uma pergunta maldosa: chamar alguém de Freddie Mercury do brega não seria pleonasmo?
Porque eu conheço mais de uma pessoa (na verdade três) que moraram por algum tempo ou que nasceram na inglaterra e que me juram que o Queen é considerado uma banda brega, mais ou menos parecido com o que o Roupa Nova é para nós. Você sabe se isso é verdade?
Não acho, porque nem todo cantor brega é histriônico – estão aí Amado Batista e Odair José pra provar.
E o Freddie Mercury não era histriônico? Não querendo diminuir o Queen, muito menos o Freddie Mercury, mas acho que faz sentido a comparação do Gabriel.
Claro que era histriônico, por isso comparei o Evaldo Braga a ele.
Fail meu, só depois de reler entendi que vc quis dizer que nem todo brega é histriônico.
Talvez os ingleses achem o Queen brega pela imagem, pela postura que tinham, pela extravagância, etc…assim como as bandas de metal farofa dos anos 80, num outro segmento…mas acho que nunca pela música deles.
Que bacana. Pena que o filme tem esses defeitos. Fico muito incomodado quando não identificam as pessoas entrevistadas! De qualquer forma, acho dificil eu conseguir assistir isso no cinema, vou tentar por outras formas! 😉 1 abraço e bom final de semana!
Pelo que assisto de cinema nacional, a grande maioria dos filmes não são críticos…. eles são feitos do num mesmo molde, pra não ter que criticar ninguém, assim os criadores dos filmes não terão nenhum tipo de represália num futuro filme, o que eu acho triste pra cacete, pois desse jeito não conseguimos saber os verdadeiros pensamentos dos criadores dos filmes.
Gostei muito do texto e da abordagem. Ainda não assisti ao filme, mas logo o farei. Só peço que o autor se atente ao termo “homossexualismo”. Não seria esse termo inadequado? Não seria correto “homossexualidade”? Obrigado.
Inadequado porquê?
Oi, André. Há uma demanda pelo termo homossexulidade, e não homossexualismo, porque o final “ismo” diz respeito a disfunções.
Abraços.
OK, sugestão válida, vou mudar. Obrigado.
Grato.
Briga por palavras. Gente, vocês não acham que o juízo por trás das palavras é mais importante? Os preconceitos vão desaparecer graças às “novas” palavras? Viver entre melindráveis é bem complicado.
É verdade, Luiz. Bom, mesmo, é sempre ter alguém pra nos lembrar que este tempo do politicamente correto “melindrável” limita nossa liberdade. Liberdade para o preconceito. Palavras não são coisas. Certo. Mas nem sempre podemos dar novos significados a elas. Palavras não são coisas. Mas representam um estado de espirito. Macaco é só uma palavra. Mas seu uso, em certos contextos, é muito mais do que só uma palavra.
Você leu? “Juízo por tras das palavras” já pressupõe a contextualização. Não venha me acusando de querer ser livre para ser preconceituoso não, dona, não foi isso que eu disse!
Desde que me conheço como gente existe essa discussão sobre o que é brega, o que não é brega, aí vem os “artistas” com o velho discurso de que se o público gosta não tem problema de ser chamado de brega…essa conversinha eu escuto desde os tempos do Bolinha, e com certeza já existia muito antes. Esse papo furado já encheu o saco há muito tempo, a verdade é que é uma porcaria de música que só agrada um povo ignorante e sem cultura nem educação, muito menos senso crítico; e os pseudo-intelectuais que fazem muita força pra gostar desses lixos e os tornarem “cult”…
agora porcaria virou “Kitsch”…ah, pelamordedeus!!!
Então! Para ver que o conceito muda de acordo com o tempo. Hoje chamamos de “porcaria” e “Kitsch”. Antes era “uma brasa, mora?” e “atual”.
Ignorante é quem escreve uma besteira dessas.
Tá bom, André, talvez eu esteja um pouco amargo demais…talvez tenha exagerado no tom…desculpe. É que essa discussão de “o que é brega e o que não é” e “se brega é ser popular, então me chame de brega”, já está pra lá de saturado (pra ser mais educado rsrs)…mas que irrita essa leva de gente achando lindo a chata da Marisa Monte e sua turma cantando música brega e dando um tom de “Kitsch” nisso, vc não pode negar…
Pra mim, tratar Agnaldo Timóteo e Odair José como se fossem Beethoven seria o mesmo que tentar tornar o Batman num Hamlet…
Ninguém está dizendo que o Agnaldo Timóteo é Beethoven, mas vc já parou pra ouvir as músicas do Odair José? É impossível não ver qualidade nas letras do cara.
Não disse que VOCÊ esteja fazendo isso. Mas tem muita gente que faz (inclusive alguns que comentaram aqui), e por isso fiquei tão irritado, acho que até injustamente, com seu texto. Já vi algumas entrevistas e algumas músicas do Odair sim, e tenho que dar o braço a torcer, ele é bom no que faz…mesmo eu não gostando nem um pouco…
Mas assim como concordei totalmente com você quando afirmou que estão levando o Batman a sério demais (mesmo eu tendo adorado o filme), também acho que tem muita gente levando essas músicas a sério demais…
Odair José é um tremendo compositor. Antes eu apenas simpatizava com o cara e achava seus sucessos divertidos. Até o dia que ouvi sua delirante ópera-rock-brega “O Filho de José e Maria”. Fui garimpando outras coisas depois e me surpreendi. As letras do Odair José tocam em assuntos que nenhum outro artista teria coragem (falam de suicídio, mexem com dogmas religiosos e por aí vai). Recomendo uma de suas faixas mais preciosas pra quem ainda não leva o cara a sério: “Não me venda grilos”. Baita canção.
Ué,o cara não pode dar a opinião e é chamado de ignorante?Tambem não gosto desse tipo de música.Só não concordei quando ele disse que só ignorante gosta disso.
Não, mas dizer que só ignorante gosta de alguma coisa é, sim, sinal de ignorância.
Poxa gente, já admiti que peguei pesado e já pedi desculpas…mesmo assim continuo achando essas músicas ruins…
Direito seu, claro.
E quem separa os bons dos ruins? Você?
Evaldo Braga é f…. Minha mãe adorava ouvir, com o som no último volume. Resultado: meu irmão mais novo se chama… Evaldo! “Sorrrriiiiia meeeeeu beeeeeeeeeeeeeeem”
Sensacional! Ainda não vi o filme mas certamente verei!
Fiquei pensando “com meus botões”: O que faz uma música ser brega? O que motiva alguém compor uma música que definimos como brega? E ainda mais, porquê hoje em dia o estilo não está mais tão em voga?
Creio que com o que possuo de bagagem de conhecimento, não consigo definir precisamente no que consiste uma música brega. Associações com cores espalhafatosas, um apreço ao “kitsch” por que gosta do estilo… não sei. Mas como definir uma coisa como kitsch em uma época que tudo era assim? Não seria só mais algo padrão? Hoje chamo de brega musicas antigas que são apreciadas por “pessoas antigas”, mas esta é superficial.
Agora algo que afirmo e dou certeza para a composições destas canções é a “mulher e seus costumes”. Que sempre são muito bem retratados! Antigamente a mulher era mais caseira, mais voltada aos amores. Tinha formas mais generosas e realmente parecia uma mulher. Hoje é mais ativa economicamente, é mais de casos, faz academia e fica bombada parecendo um “travecão”. Quem vai homenagear, em canção, uma mulher assim? (Generalizações aqui são para evitar delongas sobre o assunto).
O engraçado é exemplo do Evaldo Braga. Ele chegou a vender mais que o Roberto Carlos – que na época não era TÃO cafona! O que acontece com um estilo de música, ou melhor, com os fãs deste estilo? Combustão espontãnea? Creio que o que explica é realmente as mudanças de costume, ainda mais do publico feminino. Acho que hoje é mais cabível você dizer para uma dama “senta e se concentra” do que “para de tomar a pílula”.
Antes, o convite para o coito e para a gestação eram muito mais interessantes!
que sono
Dá uma cheiradinha que acorda!
Tinha formas generosas e realmente parecia uma mulher? quem define como uma mulher deve se parecer? ou se comportar? ou pensar? ou ser??????
Eu defino, de acordo com meus gostos. Por isso fiz o relato em meu nome. Agora em uma esfera mais “global”… nem os filósofos conseguiram definir o belo.
De “gosto não se discute” o inferno está cheio. E seu gosto vem de onde, cara pálida?
O meu vem justamente do inferno! Lá dos cafundós de Interlagos! Do 666, acinzentado, anhangá, belzebu, besta fera, bode, cabrunco,canheta, cão-tinhoso, cão, capeta, capiroto, coisa-ruim, coxo, cramulhão, cujo, demo, demônio, diacho, dialho, dianho, fute, gadelha, gramunhão,Lúcifer, maligno, mofino, príncipe das trevas, rabudo, rapaz, romãozinho, satã, satanás, Senhor das Moscas, sete-pele, taneco, temba, tentador, tição, tinhoso… esqueci de algum?
tenta fazer uma tese de mestrado ou doutorado…vc tem futuro!
Sarcasmo/Ironia é sempre bem vindo(a)!
Poxa, Barça, que pena. Como entusiasta do cancioneiro brega brasileiro, estava empolgado para a assistir ao filme. Esse post caiu como um balde de água fria. Só o fato de nao explorarem a questão do homicídio praticado pelo Lindomar (matou a esposa num bar na Alameda Santos, pois ela tinha um caso com o primo dele) já me fez perder todo o tesão. Apenas mais 2 curiosidades sobre o Lindomar Castilho: 1) é um dos juris de homicídio mais famosos de todos os tempos. De vez em quando o programa Memória, capitaneado pelo excepcional Milton Parron da Rádio Bandeirantes, reprisa trechos desse juri; 2) Lindomar é goiano e cumpriu pena na cidade de Goiás Velho. Quando saiu da cadeia, fez no mesmo dia um show na sede da OAB local.
Abraço!
barca, pelo que eu sei o lindomar so aceitou falar se o assassinato nao fosse citado…voce acha mesmo a escrita de “eu nao sou cachorro, nao” academica? cara, eu achei o texto acessivel a todos e nao consegui enxergar nada de academico nele.
Cara, acho sim. O livro é a versão ampliada de uma tese de mestrado. Eu não disse que o texto não é acessível. Acho acessível, mas chato e burocrático. Um tema desses, escrito de forma menos acadêmica, teria sido fantástico.
“Eu não só cachorro não”… legal… hoje em dia as meninas têm orgulho do rótulo de “só as cachorras”. Repare como valores mudam dado o passar dos tempos!
A história do Nelson Ned é interessante. Há uns seis anos estava viajando no Equador e conheci um coroa que trabalhava como chefe de cozinha em um barco de passageiros em Galápagos. Várias vezes durante a viagem conversamos e o sujeito sempre tinha o mesmo assunto: o orgulho de ter cozinhado para Nelson Ned e 1970 e qualquer coisa. Aquilo não entrava na minha cabeça e depois pesquisei e soube que o Ned foi um grande sucesso na América Latina e EUA. Legal.