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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Como o nome diz, “360” não sai do lugar

Por Andre Barcinski
20/08/12 07:05


 

“360”, o novo filme de Fernando Meirelles, é mais uma daquelas histórias com múltiplos personagens e tramas que se cruzam.

Filmes assim existem há décadas. O roteiro de “360”, do inglês Peter Morgan (“A Rainha”, “Frost/Nixon”), é inspirado por uma peça escrita em 1897 por Arthur Schnitzler e filmada em 1950 por Max Ophuls (“La Ronde”).

Robert Altman fez sua carreira com narrativas de múltiplos personagens, como “Nashville” e “Short Cuts”. Mais recentemente, o mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu fez três vezes o mesmo filme – “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel” – usando a tal fórmula.

O problema de “360” é que, das diversas histórias do filme, poucas funcionam.

A trama começa em Viena, onde um executivo em viagem de negócios (Jude Law) se prepara para trair a mulher com uma prostitua eslovaca. Enquanto isso, em Londres, a esposa, interpretada por Rachel Weisz, o está traindo com um fotógrafo brasileiro (Juliano Cazarré), que por sua vez é abandonado pela namorada (Maria Flor), quer pega um avião e encontra um homem (Anthony Hopkins) obcecado em encontrar a filha desaparecida.

Outros personagens se misturam à trama: no aeroporto de Denver (EUA), fechado por uma nevasca, a personagem de Maria Flor flerta com um sujeito (Ben Foster), que acaba de sair da cadeira por agressão sexual. Há ainda um gângster russo, cuja esposa o quer largar pelo patrão, um islâmico em crise de consciência.

Em debate realizado pela Folha semana passada, o próprio Fernando Meirelles reconheceu que seu filme sofre de excesso de personagens: “Se pudesse, eu mataria uns dois personagens”, disse.

Eu iria além: eliminaria pelo menos metade.

Há personagens ali que não dizem a que vieram. O fotógrafo de Juliano Cazarré, por exemplo, aparece em duas cenas e sai da trama sem que o espectador saiba nada sobre ele.

As traições do casal Jude Law e Rachel Weisz também não são exploradas, assim como a angústia da esposa do gângster russo, personagem que surge do nada e some da mesma forma.

Os diálogos parecem tirados de mensagens de biscoitos da sorte chineses: “Só se vive uma vez”, “Voltamos ao ponto de partida”, etc.

A primeira frase do filme é uma pérola: “Um sábio disse certa vez: ‘Ao chegar a uma bifurcação na estrada, escolha um dos lados’.” Isso é dito com a reverência de um profundo tratado filosófico, o que só torna a coisa toda ainda mais pomposa e ridícula.

O curioso é que uma frase idêntica foi proferida por Yogi Berra, um jogador e dirigente de beisebol, espécie de Vicente Matheus dos Estados Unidos.

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Comentários

  1. Pedro Ivo comentou em 22/08/12 at 16:54

    O Tarantino também fez diversos filmes cheios de personagens distribuídos em histórias que se cruzam, e com um bom senso de equilíbrio. Tudo bem que são filmes que tem a violência e a criminalidade como temas, e um estilo diferente desse “360”, mas o cara é habilidoso.
    A rigor, só o Robert Altman se deu bem com este tipo de “filme-coral”, e assim construiu uma filmografia notável.
    Já o Alejandro Iñarritu de bom, bom de verdade, só fez o “Amores Brutos”, o resto (Babel, 21 Gramas) é um porre total.
    E eu não vejo tudo isso que falam no P.T. Anderson.

  2. Marcello comentou em 21/08/12 at 14:08

    Não sei porque o Meirelles não quis mais ser um diretor de filmes de ação com uma pegada pessoal, principalmente no visual, na montagem e no uso de steadicam. O finado Tony Scott assumiu ser um diretor de blockbusters e, mesmo quem não é fã tem que concordar, fez história em Hollywood. Fez bem o que se propos. Já Meirelles cismou de ser um auteur, talvez para ser mencionado na Cahiers du Cinema. E até o Kubrick, que era o Kubrick, não foi muito bem sucedido em transpor para o cinema uma obra do mesmo Arthur Schnitzler.

    • Andre Barcinski comentou em 21/08/12 at 14:21

      Mas o filme do Ophuls é muito bom.

  3. Rodrigo Goulart comentou em 21/08/12 at 12:22

    Só discordo q os filmes de Inarritu sejam os msm… afinal “Amores Brutos” é bem bom, “Babel” é uma porcaria, e “21 Gramas”, um meio-termo, mas tem a Naomi Watts nua, o q sempre ajuda um pouco… rs

  4. Sandro Macedo comentou em 21/08/12 at 1:28

    está fora do assunto, mas…

    Assistiu “Aqui é o meu lugar”, com o Sean Penn?

    • Andre Barcinski comentou em 21/08/12 at 7:59

      Já e não curti muito o Penn imitando o Robert Smith. Vc gostou?

      • Sandro Macedo comentou em 21/08/12 at 17:21

        Eu gostei bastante, tem umas cenas bonitas. O personagem dele é mesmo uma imitação do Robert Smith, mas ele andando acho que ele imitou o Ozzy hoje em dia, não acha?

        • Andre Barcinski comentou em 21/08/12 at 17:23

          Pode ser, o Robert Smith tb tá bem Ozzy mesmo…

  5. Casoares comentou em 20/08/12 at 21:24

    Ou seja, em outras palavras, o cara errou a mão e o filme ficou ruim.

  6. Mauricio comentou em 20/08/12 at 20:54

    Enquanto isso, achei RAMPART e SHAME bem semelhantes…ambos os personagens são verdadeiros strays, errantes que não conseguem lidar com o próprio fardo e desapontam as pessoas que os cercam…

  7. Luciano Ferreira comentou em 20/08/12 at 20:35

    Barcinski, já que o tema do post é cinema, e cinema brasileiro, você já assistiu – e o que achou? – o filme, “Corações Sujos” baseado no livro do Fernando Moraes? É sobre a guerra na colonia japonesa, acontecida no fim da II Guerra, quando uma parte se recusou a aceitar a derrota.

    • Andre Barcinski comentou em 20/08/12 at 22:35

      Não tive chance de ver ainda, só conseguirei daqui a uns 10 dias, infelizmente. Aqui perto de casa não está passando…

  8. caetano comentou em 20/08/12 at 20:20

    “…é mais uma daquelas histórias com múltiplos personagens e tramas que se cruzam…” fora o altman, tem um cara desses mais jovens que fez isso muito bem, o paul t anderson, com magnolia, e tb de uma outra forma com hard eight e b. nights.

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