O SESC e a concorrência desleal
23/08/12 07:05
Sou fã do SESC.
Já perdi a conta de quantos shows, exposições e debates vi em alguma unidade do SESC. Já fiz diversos cursos no Sesc.
A programação é sempre de qualidade e os preços, super acessíveis.
O SESC é inatacável. Se ele não existisse, a vida cultural de São Paulo seria uma lástima.
Mas existe um lado oculto por trás da existência do SESC, que precisa ser discutido. Um lado que traz conseqüências ruins.
Para resumir: o SESC é tão bom e tão barato, que dificulta – e, em alguns casos, elimina –a possibilidade de uma cena cultural existir independentemente dele.
Vou falar especificamente do caso da cena musical de São Paulo, que conheço de perto.
Durante um bom tempo, fui co-proprietário de uma casa noturna em São Paulo.
Nosso sonho sempre foi fazer shows lá. Assim que inauguramos, fomos atrás de bandas para tocar no espaço.
A primeira coisa que ouvimos dos artistas foi: “Não toco por percentual de bilheteria. No SESC pagam cachê fixo.” Os cachês pedidos, claro, eram fora da realidade.
Por diversas vezes, fechamos shows com alguma banda, só para ver a mesma banda se apresentando no SESC , com ingressos até cinco vezes mais baratos do que o menor valor que poderíamos cobrar.
Quem iria ver uma banda na nossa casa por 30 ou 40 reais, se poderia ver a mesma banda no SESC por sete?
E como isso é possível?
Simples: o SESC não sobrevive de bilheteria. O SESC é uma entidade privada sem fins lucrativos, que sobrevive de um imposto compulsório, que toda empresa precisa pagar. Este imposto é de 1,5% sobre a folha de pagamento das empresas.
Ou seja: se você tem uma casa de shows, um pequeno teatro, um local para debates ou uma galeria de arte, você paga para o SESC arruinar o seu negócio. Faz sentido?
O SESC oferece condições tão boas para as bandas – paga um bom cachê, independentemente de quantas pessoas forem ao show – que muitos artistas se tornam “SESC-dependentes”. Só tocam lá.
Essa situação não se restringe à música. Fico imaginando a situação de alguém que tenha uma pequena academia de ginástica ou de natação, e que de repente vê o SESC inaugurar uma unidade próxima, com piscinas e equipamentos de primeira, cobrando uma mixaria.
Se isso não é concorrência desleal, não sei o que é.
Essa situação, claro, não é culpa do SESC. Ele só está cumprindo seu papel. E muito bem.
O governo é que deveria pensar em maneiras de apoiar quem trabalha com cultura e esporte, para que iniciativas privadas possam funcionar em condições justas.
Hoje, quem abre uma pequena casa de shows, por exemplo, não tem nenhum incentivo fiscal. Paga impostos escorchantes e ainda ajuda a financiar o SESC. É o pior dos mundos.
E vou reiterar, para que não me acusem de ser “contra” o SESC: eu acho o SESC uma iniciativa fantástica. Mas se o governo não tomar providências, corremos o risco de ter no SESC a única opção para quem gosta de artes. E isso é perigoso pacas.
O Sesc uma época começou a lançar livros, CDS e outros produtos com venda em quiosques das próprias unidades. O mercado editorial, fonográfico e lojistas ficaram em pânico, pois caso estes lançamentos virassem constantes promoveria uma concorrência desleal contra estas pequenas empresas. Semelhante ao que na época a Blockbuster fez com as pequenas locadoras de vídeo, caso estes ítens cresçam dentro do Sesc aoinvés de beneficiar o comércio e o comerciário estariam agindo contra os mesmos.
O lado A e o lado B do Sesc
Belíssimo texto tocou num ponto em que poucos tem a ousadia de falar.
Ninguém quer se queimar com o Sesc.
Lado A
A grande parte vai defender o Sesc afinal não tem o que se falar do papel que o Sesc desempenha, são beneficiados pagando preços bem mais baratos e artistas com cachês justos.
O Sesc desempenha um papel muito superior ao da Secretaria de Cultura realizando centenas de eventos a preços populares beneficiando artistas e público.
Não sei o que seria da cultura do estado de São Paulo se não fosse o Sesc.
Lado B
No início o Sesc desempenhava o grande papel de fomentar a cultura abrir espaço para artistas novos apresentarem seu trabalho.
Hoje em dia temos uma boa parte de medalhões se apresentando com belos cachês.
As casas de médio porte estão desaparecendo de São Paulo, hoje em dia localizar uma casa para capacidade de 300 a 500 pessoas não é nada fácil.
Enquanto estas casas pagam os cachês com parte da bilheteria e com isso tendo que colocar valores mais altos o Sesc paga sem nenhum problema não depende da bilheteria.
Esta se induzindo a população a não gastar com cultura.
Enquanto os shows internacionais chegam com preços altíssimos e os ricos pagam.
A grande parte da população não vai pagar o valor de um ingresso mais alto para assistir a um show de um artista de médio porte.
Enquanto um show do Lenine foi de 30,00 (inteira) no Sesc no Espaço Hsbc 15 dias depois foi R$90,00.
Além das casas de médio porte que particamente não existem São Paulo perdeu nos últimos anos o Olimpia, Credicard (antigo palace) e o Via Funchal que fecha em janeiro.
Casas de show de médio porte como o Blen Blen, Blecker, entre outras não aguentaram esta concorrência e fecharam as portas.
O Feitiço virou contra o feiticeiro
Artistas
Muitos artistas vão dizer que se não fosse o Sesc não conseguriam trabalhar, receber um cachê justo, porém a grande parte destes artistas (tem os queridinhos que não é o caso) tocam num mês no Sesc
e sabe se lá quando conseguirão de novo, porém esta política do Sesc faz com que as casas desapareçam e com isso os artistas só conseguem trabalhar com o Sesc. (para os artistas pensaremr)
– O Sesc esta fazendo com que casas de médio porte desaparecam de São Paulo.
– Programadores de Sesc viraram reis, com nariz empinado criando uma grande dificuldade de qualquer agendamento de reunião e data.
– O grande papel do Sesc deveria ser fomentar pequenos e médios artistas de modo a abrir espaços, trabalhar na formação de público e educação musical.
O Sesc tem dezenas de unidades e não para de crescer, os valores de prédios super luxuosos do Sesc (milhões e milhões), bem como gastos com estas unidades poderiam ser empregados em projetos culturais, artistas, peças teatrais, circulação de arte, entre outros de forma a beneficiar milhares de pessoas além das unidades do Sesc. (grande parte destas frequentadas em sua maioria pela classe média e alta como é o caso do Pinheiros, Pompéia, Vila Mariana, Consolação de onde a população mais carente esta longe)
O papel do Sesc deveria ser fomentar e não realizar shows com Roberta Sá, Toquinho, Lenine, Zeca Baleiro, João Bosco, entre outros.
Porque não criar editais de forma a beneficiar a artistas, produtores, público e outras regiões do estado?
Parabéns, André
Legal a versão ‘não há almoço de graça’ na cena cultural ‘Não há show do SESC de graça’.
Alguns (bem) escolhidos determinando a ‘cultura’ de uma comunidade.
Siga assim!!
Andre, leio o seu blog e admiro suas críticas (que nem sempre concordo, mas respeito), e gostaria de fazer uma queixa ao SESC.
Durante fevereiro fui músico de um espetáculo teatral que aconteceu no SESC Ipiranga, onde sofremos diversos tipos de sabotagens durante a temporada no local como proibição de ensaiar no local da realização do espetáculo até tentarem censurar algumas partes do espetáculo por motivos de segurança, mas o grande problema foi que o SESC, demorou cerca de 3 meses para efetuar o pagamento dos músicos, atores e equipe que trabalhava no espetáculo.
Depois desse episódio fiquei muito com o pé atras com o SESC, pode ser bom para o público ver, mas geralmente o artista que não é tão famoso, acaba sendo prejudicado.
Abraços
Obrigado pelo depoimento.
Caminhamos para uma sociedade estatizada a la Argentina. Do petroleo, passando pelo Corinthians e pela saída à noite, tudo deverá ser mediado pelo “partido”. Isso é fruto da sua própria ideologia de esquerda, Barça. É pegar leve com esses capitalistas do dinheiro alheio que dá nisso. todo mundo é comprado e cooptado, bolsa-esmola pra todos e quem não gostar, que deixe-o. E viva a ditadura de esquerda social progressista, nos levando para o ralo!
O Cine Joia, por outro lado, cobrar 150 reais pra ver o DJ Shadow, é concorrência desleal com o bom senso.
Não li todos os comentários, então não sei se estou sendo repetitiva… mas o SESC não faz isso apenas com a área cultural. Também faz na área de saúde com atendimento de custo baixo à indústria, empresas, rede hoteleira etc. Inclusive sabe-se que em São Paulo estão criando um grande programa de Saúde Ocupacional com profissionais de todas as áreas, tirando o emprego da galera, e contratos de empresas do ramo.
Eu tinha certeza! Quando comecei a ler o texto imediatamente já pensei: o povo vai cair de pau no autor. As pessoas andam tão cheias de opiniões que não conseguem ler o treco até o fim e entender. Basta ler algo que supostamente vai contra o que acredita já vai logo atacando, sem ler e entender tudo. Caraca, que época horrível. Pior, se fosse uma crítica às ideias, com argumentos fundamentados teríamos um debate. Mas assim não, é pura esculhambação. Emburrecemos.
Barça, estou de cara com as interpretações absurdas que tanta gente fez sobre seu texto, que é CLARO e CONCISO, ou seja, não deixa sombra de dúvida a cerca do teor. Imagino quantas pessoas pensaram ainda pior e não pararam pra escrever nada…
Depois criticam os americanos por serem paranóicos… mas se isso não é uma paranóia, o que é então?!?! Que loucura bicho! To contigo. Abraço.
Valeu!
o sesc é antes de tudo um exemplo de boa administração, tanto que já ouvi dizer que os caras não sabem mais onde enfiar tanto dinheiro. suas unidades atendem gente que nem faz ideia das casas noturnas que existem nas zonas oeste e sul, e por isso mesmo é justíssimo o imposto que vai para esses fins, além de trazer artistas que ninguém se arriscaria a trazer justamente por ser uma organização sem fins lucrativos(que casa de show traria peter brotzmann, wadada leu smith ou glen branca?). por outro lado, o que o país precisa, e não só no setor descrito no texto mas sim em todos, é de uma reforma fiscal séria, que acabasse, por exemplo, com aberrações como o IPI, que só existe aqui e estanca a produção industrial em qualquer nível – enquanto o governo comemora os altos números de exportação de “banana” – ao invés da produção de tecnologia e afins. com impostos mais baixos, a sociedade em geral ganharia fôlego, os consumidores com mais dinheiro pra gastar, e os empresários de qualquer ramo, com menos pra pagar. isso fomentaria também a abertura de novas casas, portanto mais concorrência, e grandes chances de cair os preços dos ingressos, além de afugentar aproveitadores como TF4 e suas infâmes taxas de conveniência. isso tudo da pra acontecer com o sesc existindo.
E alguém defende o fim do SESC? Onde vc viu isso? Pode mostrar, por favor?
em nenhum lugar, tanto que eu não disse no meu comentário que o texto fala isso, só que o sesc pode coexistir com uma cena mais saúdavel desde que hava uma política fiscal mais justa pra todo mundo
O Sesc dá um exemplo à sociedade brasileira: como empregar bem um imposto cobrado.
Adoraria pagar um imposto obrigatório que fosse integralmente devolvido a nós cidadãos.
Lamentável saber que um meio de comunicação tão valioso seja concedido a quem tenha tamanho egoísmo e pobreza de espírito quando se trata do assunto Serviço Social, além do mais, tem péssima redação. Este rapaz deveria, da mesma maneira com que vomitou tanta bobagem, vir humildemente pedir desculpas ao público leitor em geral por não ter cautela ao falar de um tema tão importante para a conquista de uma sociedade melhor.
E você deveria fazer um curso de interpretação de texto, para ter achado alguma crítica ao “Serviço Social”.
Nossa, Elizabeth, qual foi o texto q vc leu? ele quis mostrar uma experiência própria pra poder criticar uma coisa q é verdade.
Tenho aqui em minha cidade um museu de arte moderna fundado pelos meus pais e outros amigos artistas, e eles estão sempre lutando pra divulgar a arte na região. Sem incentivo algum do Governo.
E é assim com todos os outros setores, nas artes cênicas, só temos o SESI e um Teatro extremamente sucateado q só pode ser usado por uns e outros.
Na música quase não temos nada, só projetos como o GURI.
Esportes…. sem comentários.
É a triste realidade do Brasil… tudo é centralizado. Ou você não vê as Olimpíadas por exemplo, jogadores milionários ganhando uma prata vergonhosa, e pessoas q mau tem como treinar ganhando um ouro.
Vc acha q isso é reflexo do q?
Analfabetismo funcional é praga mesmo! Aff.
analfabetismo funcional, mas com resposta agressiva e grosseira, que pra isso a língua portuguesa serve, né?
Nossa, vá aprender a ler, minha senhora.
Tema corajoso, Barcinski. Boa.
André, parabéns pelo texto. Faz tempo que gostaria de um opinião sobre o trabalho realizado pelo SESC. Sou um fã extremo do trabalho deles. Tem sido a minha salvação em relação a manutenção de uma vida cultural. Nos anos 80 fui em vários shows que aconteciam no extinto Olympia. Era uma época que não existia a tal da “meia-entrada”. Então, os ingressos eram viáveis. Com o advento da tal “carteirinha” me ferrei. E falando de tempos atuais, a tal da “Pista Premium” (400,00 mangos para ver o Robert Plant no Espaço das Américas!!!!!). Aí não dá…concorda? Graças ao SESC já consegui ver shows maravilhosos do Einstürzende Neubauten, Ian McCulloch, Wayne Hussey, etc. Concordo também que deveria haveria uma alternativa para a sobrevivência das casas que se propõem a vender shows. Só acho que, não “esfolando” o bolso do público. Abraços.
Fazia muito tempo que eu não tinha a oportunidade de ter acesso a um pensamento tão esdrúxulo e contraditório.
Acho que nem o maior dos empresários, o mais capitalista, o neo liberal mais louco por enriquecimento a custa da exploração dos criadores, seja de boi, seja de arte, conseguiu formular um pensamento tão mesquinho e tacanho.
Para o André Barcinski, pouca importa se os artistas estão sendo remunerados dignamente por suas criações, se o público está tendo acesso a manifestações culturais dos cinco continentes do mundo, com alta qualidade técnica e a baixo custo.
O que importa para ele é o lucro que ele não está conseguindo ganhar em cima dos artistas e do público, ou seja, pagando cachê barato e cobrando ingresso caro.
Ô Barcinski, você nunca observou o público nos shows do SESC Interlagos, do Itaquera ou mesmo do Pompeia. Você acha que esse público teria grana para frequentar a sua casa de shows?
De que concorrência você está falando, rapaz?
Reclamar é para marido e lugar de chorar é na cama.
O SESC deve estar morrendo de rir de você, Barcinski. E porque raios o governo deveria incentivar os seus negócios pessoais, sejam culturais ou de qualquer outra natureza?
Sou, tão frequentadora do SESC quanto você, Andre Barcinski. Fico constrangida e tomada daquela vergonha alheia quando leio seu pensamento tão absolutamente reducionista.
Tenho certeza que estão rindo. Se eu ganhasse dinheiro de imposto compulsório da minha própria concorrência, também estaria gargalhando por aí.
Não há concorrência desleal, Barcinsk. Esse é o grande equívoco do seu pensamento. As casas de show visam lucro, visam, portanto, quem tem grana para pagar os ingressos impagáveis pela enorme e massacrante maioria das pessoas que têm o mesmo direito de assistir a shows que aqueles que têm grana.
O SESC atende a uma população que as casas de show não estão minimamente comprometidas em atender.
E se SESC está rindo não é porque está enriquecendo, como estaria você gargalhando por aí, mas sim porque além de ter a grana que tem, faz uso adequado do que recebe, atendendo milhares de pessoas que jamais teriam acesso aos shows do seu negócio comercial.
Claro que existe. Se apelam ao mesmo público, mas em condições desiguais, é concorrência desleal.
E por que raios o governo deveria bancar os seus gostos pessoais nos shows do SESC com o imposto que eu pago, minha filha?
Tarsila, parabéns! Compartilho dessa vergonha alhei. Esse rapaz não consegue ser imparcial e perceber que escreve por puro interesse próprio… que baixo nível!!
Não sou de São Paulo, mas suponho que as bandas e músicos que se apresentam no SESC não tenham a oportunidade de se apresentar lá toda semana, mesmo que em unidades diferentes. Assim, de onde tirar o sustento do dia-a-dia? Ou não são apenas músicos e não dependem exclusivamente de seus cachês pra viver. E também, acho que artistas no geral devem se empenhar em manter viva a cena cultural local, não que isso signifique que tenham que se apresentar sempre em condições desfavoráveis, mas abrir mão algumas vezes ajuda a dinamizar vida cultural da cidade.
Bom, como escrevi, tinha banda que se recusou a tocar porque não queria ganhar percentual de bilheteria. Diz muito isso.
sou produtor cultural em SP e aprendi, praticando meu oficio, que o antidoto para este mal é usar o proprio veneno. Quando pretendemos, por exemplo, fazer uma festa ou show com alguma atracao “de peso”, antes de fecharmos a data, tentamos vende-la para algum Sesc de cidades vizinhas. Assim, quando conseguimos, utilizamos esta venda como subsidio ou patrocinio para cobrir os custos e viabilizar o show que planejamos. Cruel? Maquiavelico? Talvez…. Mas no fundo, é a mesma regra que eles usam ao receber, de todos os nossos impostos retidos e/ou pagos, um percentual para manterem o sistema. Que, ca entre nos, considero um exemplo, apenas acho que, por exemplo, os sescs poderiam fazer parcerias com casas noturnas, bares e similares para levarem a estes locais (que seja a precos populares) os shows que ja levam, com competencia e justica, ao publico.
Enquanto isto nao ocorre, faco eles beberem o mesmo remedio que bebo, sem que percebam.
Já tentei e não funcionou, porque o SESC exigia o artista em SP também.
Junte a isso problema das carteirinha de estudante, no caso das casas de show esse esquema das carteirinhas fez o preço do ingresso comum ficar muito mais caro, isso é bem claro, e no caso do Sesc, que realmente é um mundo a parte, o preço da meia entrada é meia entrada mesmo. Então em um conta bem simplista no “câmbio sesc” R$ 1,00 real deles já vale R$ 4,00 no mundo “real”.
Descul o erro de portugues no comentario abaixo: um grupo fez e nao fizeram
andre, a uns 15 dias atras um grupo de hoteleiro da segunda maior cidade do ACRE, CRUZEIRO DO SUL, fizeram uma nota de repudio, pela construcao de um hotel ,retratando exatamente,com as mesmas palavras, o que foi dito na sua coluna, qualquer informacao contactar a associacao comercial de Cruzeiro do Sul
Caros André e leitores;
Não me Parece que a iniciativa privada deixada ao seu bel dispor seja capaz de garantir a difusão cultural. Até porque se espremermos bem a sua argumentação veremos que sua crítica ao SESC no fundo refere-se ao fato de ele elevar a qualidade técnica das apresentações e aumentar os salários dos músicos. Essa crítica só é crível do ponto de vista do empresário individual, do ponto de vista da sociedade ela não me parece razoável. No fundo a questão é criticar a capacidade de escolha do SESC que limitaria as iniciativas culturais. Daí a coisa é mais pesada, ou seja, critique a curadoria do SESC ou a crítica se esvazia.
Não, Luiz, a minha crítica nem é ao SESC, mas ao poder público. E eu não disse que a iniciativa privada, por si só, garantiria a “difusão cultural”, como você diz. Já a sua argumentação não leva em conta os muitos empresários que pagam impostos, geram emprego e são, muitas vezes, prejudicados pela concorrência desleal do SESC, que é subsidiado pelo próprio imposto dos empresários. Parece mentira, eu sei.
Nesse pensamento idiota,para que piscina , quadra ou teatro público, afinal pode comprometer os estabelecimentos privados afins.
Uma das funções do SESC é promover cultura e esporte para o público de menor poder aquisitivo.
E quem disse o contrário? Idiota é quem lê um texto e não consegue compreendê-lo.
Toma!
É uma situação complicada porque o SESC serve justamente para permitir que o cara que não pode pagar os 30 ou 40 reais na sua casa, assista aos shows.
A questão é se algum incentivo fiscal, dado pelo governo, seria realmente repassado pelos empresários ao preço dos ingressos.
Bom, não vejo ninguém no SESC pedindo atestado de pobreza para quem compra ingresso. Acaba que TODO MUNDO, pobre ou rico, acaba indo ao SESC.
Touché. Vale pra muito “benefício social” no Brasil.
Acaba que pelo perfil das atrações do SESC, quem mais frequenta mesmo é quem poderia pagar mais…
Concordo com o Hudson, boa parte das atrações de SESCs, SESIs entre outras instituições são coisas voltadas pra um publico já formado. E q normalmente tem uma formação cultural melhor.
O sesc é elitizado e tem uma panelinha de sempre os mesmos, só consegue fazer coisas lá que é amigo dos amigos eu consegui uma vez fazer um show lá mas foi porque uma produtora no caso a “jornalista” Roseli Tardelli que queria me arrancar do conjunto nacional me colocou lá depois disso nunca mais consegui nada tem artístas que vivem de sesc,logo não é uma instituição democrática fora todas estas coisas que o Barcinski comenta.
“Acaba que TODO MUNDO, pobre ou rico, acaba indo ao SESC.”
Gente, e isso não é bom? Realmente esse seu texto foi muito egoísta, só vale realmente para os empresários… Não vejo problema em alguns artistas só tocarem no Sesc, pelo menos ganham um cachê decente, e é ótimo para o público, mais acessível do que pagar 100 reais e um show no Cinejoia.
E onde diabos eu digo que isso não e bom? Pode apontar no texto, por favor?
André e leitores, apenas para esclarecer a questão de valores praticados pelo SESC e o tipo de público atendido. Os preços dos shows são sempre 3:
– o valor para o público em geral (ingresso “valor inteira”);
– o valor para usuário (pessoas se inscrevem no SESC, mas não são seu público prioritário). Essas pessoas pagam meia entrada, da mesma forma que estudantes, professores da rede pública, idosos, etc;
– Por fim, o terceiro valor de ingresso, para o comerciário (funcionário do comércio de bens, serviço e turismo matriculados no SESC – justamente o tipo de empresa que paga o imposto compulsório direcionado ao setor do comércio. Essa matrícula é obtida pela apresentação da carteira de trabalho comprovando o vínculo empregatício, e se estende a seus dependentes). Esse valor é a “meia meia entrada”.
Peguemos como exemplo o show do Ian McCulloch em março no SESC Pinheiros. O valor de bilheteria desse show foi R$ 32. O público em geral pagou esse valor. Os usuários/beneficiários de meia entrada pagaram R$ 16. Os comerciários matriculados no SESC pagaram R$ 8.
A lógica do SESC é atender ao público em geral em muitas de suas atividades, mas justamente por ser mantido por esses 1,5% do imposto compulsório das empresas do comércio de bens, serviços e turismo, obrigatoriamente deve, por regulamento, beneficiar especialmente os funcionários dessas empresas (e seus dependentes) com os menores preços.
E um segundo esclarecimento, sobre as atividades esportivas oferecidas: somente o comerciário (em algumas unidades do SESC, usuários também) são aqueles que podem se inscrever. O funcionário de uma metalúrgica, por exemplo, não pode se inscrever em um curso de natação do SESC, pois o Serviço Social que atende a esse público é o SESI (a fábrica que ele trabalha paga imposto compulsório para o setor da indústria, lembrando que SESC significa Serviço Social do Comércio e SESI, Serviço Social da Indústria).
Abraços.
Pô André, legal seu texto. E você acertou em cheio já que ouvi esse mesmo argumento (de que o SESC, apesar de muito bom, acaba criando uma espécie de “monopólio cultural” muito perigoso que não contribui para a cultura paulistana) de pessoas ligadas ao teatro.
E é bom parar por aqui para não citar os critérios de curadoria (seleção) do SESC. Mas tá bom, vai! Vamos assumir que é tudo muito legal…..mesmo assim, como você bem diz, é realmente perigoso.
O mais lamentável de tudo, é que ainda há gente que pensa que o governo não deve subsidiar cultura. Educação está longe de ser só português e matemática, amigos.
O problema, MPO, é que sem português, matemática e comida, as pessoas não saberão o que significa “cultura”. Alem disso, essa definição de cultura é complicada: tem aqueles que acham que cultura é o que for “sócio-orientado”; pra outros, cultura é “o Cânone”; e pra outros, é, digamos, “esporte” (sobretudo futebol). Como a definição nunca fecha pra todo mundo, é melhor que cada um procure (ou CRIE) a sua própria cultura, privadamente, como “apreciador” ou “promotor”.