Pagar inteira é coisa de otário
29/08/12 07:05
Admito: sou otário. Ainda não fiz minha carteira de estudante.
Não importa se terminei a faculdade há mais de 20 anos. Já perdi tempo demais. Vou mandar fazer a minha carteirinha e poupar uma bela grana em shows, cinema, teatro, etc.
Dia desses, o chapa Elson Barbosa me repassou uma mensagem que a cultuada banda canadense Alexisonfire escreveu para os fãs brasileiros.
O grupo, que vem ao Brasil em dezembro para um show de sua turnê de despedida, se desculpa pelos altos preços cobrados e diz que não sabia da lei da meia-entrada no Brasil.
“Os promotores nos informaram que, até agora, 99% dos ingressos vendidos foram de meia-entrada”, escreve a banda.
Uau: quase todos os fãs do Alexisonfire ainda estão estudando!
Muito bom saber que a evasão escolar não existe, pelo menos entre fãs do Alexisonfire.
Já o Elson e eu não somos mais estudantes e fazemos parte da minoria das minorias:o 1% de otários que ainda não têm suas carteirinhas.
Não vou ficar aqui repetindo a ladainha de sempre: que a lei da meia-entrada virou uma prostituição, uma fonte de renda fácil e corrupta para associações estudantis e uma das razões pelos preços extorsivos cobrados em shows. Isso todo mundo já sabe.
O que fazer?
Acho que só existe uma solução: começar do zero.
A partir de hoje, nenhuma carteirinha seria válida. Todas as carteiras, tanto as obtidas legalmente quanto as compradas em alguma pizzaria – sim, teve promoção em redes de pizzas para tirar carteira, lembra? – estão nulas.
Daí é começar a emissão novamente, com fiscalização adequada e um detalhe importante: DE GRAÇA.
Sim, só mesmo de graça a emissão de carteirinhas vai deixar de ser um comércio e, consequentemente, deixar de interessar a quem, hoje, se beneficia delas.
Garanto que 99% das associações estudantis que hoje faturam horrores com as carteirinhas se desinteressariam na hora se a emissão fosse gratuita.
Fica a pergunta: será que algum político terá coragem de mexer nesse vespeiro? Ou vamos continuar vivendo num mundo de faz de conta, onde promotores de shows dobram os preços para se safar dos falsos estudantes?
Acho que há dois pontos:
Primeiro: No Brasil as pessoas possuem uma grande habilidade em transformar Direito em Privilégio.
Segundo: Gostaria de informar ao André que ele também pode ser professor na rede estadual paulista pois nós, professores, também temos direito a desconto de 50% nos ingressos.
Nem vou perder tempo argumentando: sou a favor da extinção de todas as carteirinhas de estudante e fim de papo. Já virou palhaçada, brasileiro não sabe aproveitar um benefício, tem logo que avacalhar tudo.
Em Berlim vi um show da Esperanza Spalding por 14 euros. Na semana seguinte ela tocou em SP (Bourbon St.) por R$300. Por lá o governo injeta dinheiro pra manter o pub de jazz (Quasimodo, templo sagrado do jazz europeu) funcionando e cobrir o cachet do artista. Por aqui um executivo que não sabe lhufas de música paga só pra dizer pros amigos “fui num show incrível ontem… vc perdeu!” e passa o show inteiro conversando amenidades…
mas será que os promotores de show baixariam os preços, passando a cobrar o preço justo? Duvido muito.
É a velha história do Tostines.
Os promotores vendem mais caro por causa das carteirinhas falsas ou há muitas falsas pq o preço é abusivo?
Baixariam, sim. É só ver que Porto Alegre, que não tem meia entrada, SEMPRE tem os ingressos mais baratos para shows internacionais.
Não digo que cobrariam um preço justo, porque existe muita ganância de produtor por aí; mas pode ter certeza que um pouco baixaria.
André, tá ligado que existe site de compra coletiva que vende carteirinhas de estudante né?!
http://www.groupon.com.br/ofertas/oferta-nacional/ure/882093
Não sabia. Inacreditável.
Será que os ingressos ficariam realmente mais baratos se proibíssem o uso da carteirinha? Num país onde serviços ficam cada vez mais caros e sistemas de saúde, educação, transporte etc. não melhoram? Hum, acho difícil. Por que não fazer como o Circo Voador, que oferece meia entrada com carteirinha de estudante, alimento não-perecível e e-flyer, permitindo que eu veja, por exemplo, um show da Plebe Rude a R$30? É a solução?
Não tem q existir essa lei. Simples assim.
Nunca vi nenhum estudante exigindo meia-cerveja nos portões da Ambev. Como benefício real e justo, estudantes não deveriam pagar transportes coletivos. Apenas isso.
Nao vejo como o bom senso pode superar essa canalhice, eh mais ou menos como naquele seu post sobre o Corinthians, nao existe politico disposto a comprar briga contra um grupo tao forte. As entidades estudantis recebem repasses, imoveis, viagens etc etc, elas sao parte da estrutura do poder, sao profissionais do protesto “a favor”.
Nos anos 70 foi a mesma coisa, até carteirinha de curso de corte e custura valia, aí a meia foi esquecida e o preço do ingresso um só, até que alguns gênios a ressucitaram.
Se Londres não existe está aberração, somente aqui em terra tupiniquim, fazem festa com dinheiro de outros.
Há assim, eu tb faço parte deste 1%.
ABAIXO A CARTEIRINHA DE ESTUDANTE.
se fosse por faixa etária, não haveria necessidade das carteirinhas. tudo resolvido.
Aí neguinho ia falsificar a data de nascimento na identidade.
Problema de volta.