Será que o Ira! volta um dia?
04/09/12 07:05
Entrevistei Nasi para a Folha sobre sua biografia, “A Ira de Nasi”, que está saindo esses dias (leia a entrevista aqui).
Sempre gostei do Ira!. Das bandas do “mainstream” do rock brasileiro, minhas favoritas eram Ira!, Camisa de Vênus e Ultraje a Rigor.
O que eu mais gostava no Ira! era sua despreocupação com imagem e postura. Goste ou não, era uma banda de rock: não tinha coreografia, não tinha fala ensaiada para o público, não tinha cenografia, não tinha teatrinho. Curtiam punk rock, não teatro universitário. Não era o Titãs.
No palco, cada um parecia estar numa viagem particular: Nasi raramente chegava perto de Edgard, e este vivia concentrado em tirar os sons mais inesperados de sua guitarra (eu gostava do som à Byrds que ele tirava da Rickenbacker); Gaspa e André Jung formavam uma base sólida.
Vi shows memoráveis do Ira!. Este aí de cima, no Canecão, em 1987, foi um deles.
Fiquei bem triste com a briga e a separação da banda, especialmente pela maneira com que aconteceu.
Mas a verdade é que o Ira! sempre viveu da relação conflituosa entre Edgard e Nasi. E essa tensão se refletia no palco, para o bem e para o mal.
Sobre a briga, não acho que exista um “culpado”. A vida na estrada é uma tortura, bandas saem no braço o tempo todo. Com o tempo e a proximidade, pequenos desentendimentos viram abismos intransponíveis.
Mas espero que o Ira! supere as brigas internas, por mais sérias que tenham sido, e faça pelo menos uma turnê de despedida. Está aí um show de rock brasileiro que eu não me importaria de pagar inteira – sou otário, não tenho carteirinha falsa – para ver.
Otimo, eu faço uma correção de seu texto e escrevo chatice com dois SS. É o sono…
André, ultima linha, não seria carteirinha?
Desculpa a chatisse, é só pro texto ficar sem erros.
Obrigado, escrevi “certeirinha”.
O Ira! é maior e melhor banda de rock tupiniquim que já existiu. Tive a honra de assistir um show deles em Caraguá no começo dos anos 2000. O Nasi é tem uma presença de palco fabulosa. O cara se agiganta de tal forma. Eu fiquei ensandecido naquele dia. Eu abandonei a turma que estava comigo, pois nenhum deles curtia o Ira! e fui lá pra frente do palco me acabar. Para minha felicidade, os caras tocaram a maioria dos grandes sucessos da banda. Depois, houve um grand finale quando o Ultraje “invadiu” o show do Ira! e as duas bandas presentearam o público tocando 1/2 duzia de clássicos do Rock’n’ roll. Eu fiquei muito triste quando a banda terminou. Acredito que a banda deva voltar, mas desejo que isto aconteça espontaneamente, sem jogadas de marketing ou de caça-níqueis (pois, é eu sou o último dos românticos que curte rock’n’roll). André, parabéns pela matéria! O Nasi é foda mesmo, eu sou fã dele, fez uma biografia corajosa e não poupou ninguém, nem ele mesmo!
Bandaça. Se fosse hj, seria sucesso mundial!
Ira é tão ruim quanto Titãs.
Minha bronca com o Ira! é que eles nunca deram crédito quando copiaram Smither-Jones e Start!, do The Jam, nas respectivas Flores em Você e Longe de Tudo.
Os Titãs deram crédito, meio a contragosto é verdade, da letra que chuparam da Gang of Four. Enfim… vi o Ira! bem no começo, em Campinas, ainda era o Gavin na bateria. Era bem legal…depois ficou meio qualquer coisa…
Não me lembro dos Titãs dando crédito ao Gang of Four, quando foi isso?
Titãs fez Corações e Mentes e copiou alguns versos de Damaged Goods, na caruda mesmo. Quando ouvi pela primeira vez achei legal e procurei os créditos no LP. Ingenuidade a minha… Muitos anos depois, numa entrevista, o Sergio Britto, quando perguntado, falou assim: ‘copiamos mesmo, mas deveríamos ter dado crédito na época’ ou coisa assim… percebe-se o contragosto 🙂 Infelizmente não lembro onde essa entrevista saiu…
Foi na Bizz. Eu também li. É alguma Bizz de 91 ou 92.
Quase todo mundo na época copiava alguém (na lata ou citando, decalcando etc); o primeiro disco do Camisa é quase todo de “versões”, creditadas ou não. Já no primeiro compacto, com “Meu Primo Zé”, aquilo é “My Perfect Cousin”, dos Undertones (Com “Complete Control’, do Clash, como “Controle Total”, do outro lado). Enfim, na história da música tem milhões de exemplos de afanadas, gatunadas, tungadas etc. Mesmo assim, gosto muito das bandas de rock dos 80’s por aqui, acho que aquilo tudo foi do caralho.
é.. ‘inspirado por’ é bem diferente de ‘copiado de’… vai copiar, dê crédito a quem de direito… e arque com as consequências…
Mas, sinceramente, não fico triste de uma banda fazer uma versão de Undertones ou de Jam, por exemplo… Pelo contrário! hehehe
“Longe de Tudo” do Ira! também é muito parecida com “Taxman” dos Beatles.
Banda boa é banda que acaba.
Do rock Mainstream brasileiro anos 80 fico com o Ultraje, Ira!, Plebe Rude, Os primeiros discos do Paralamas e Camisa de venus!.
O resto era um tremendo Pé no Saco !!
O Ira! (que acho que estava mais pra The Jam brasileiro, do que o Clash brasileiro, no começo da carreira) foi a melhor banda mainstream dos anos 80. Não dá nem pra comparar com o Titãs, por exemplo.
As músicas podiam ser mais simples, mas eram muito superiores às das outras bandas. Mesmo assim, quando eles quiseram fazer algo mais elaborado, saiu isso:
http://www.youtube.com/watch?v=AQcJcUCbDsA
Ira! – O Ladrão Era Eu, do disco Os Meninos da Rua Paulo (que por um acaso é o título de um livro que estou há tempos pra ler).
Incrível!!
Barça…aproveitando o tema separação de bandas…semana passada passou no canal Brasil uma reprise do documentário sobre o Arnaldo Batista e me chamou a atenção a falta de uma participação da Rita Lee…vc sabe por que ela se negou a participar desse documentário? Parece que ela renega totalmente esse passado com os Mutantes, não fala a respeito e não quis saber tambem daqueles shows da volta da banda…que acabaram rolando com a Zelia Duncan (argh)
Ela sempre se recusou a falar sobre Mutantes e sobre o Arnaldo. Vai saber as brigas que rolaram…
Há muito tempo vi uma entrevista em que ela dizia ter sido expulsa da banda por não fazer mais parte do perfil que eles queriam seguir ( rock progressivo ) por isso ainda tinha mágoas.
são os SMITHS brasileiro, c/ uma briguinha diferente!
wtf????
Lerei com o entusiasmo de um fã antigo da banda. Sempre separei os dois (Scandurra e Nasi). Apesar de ter em Edgard uma simpatia de graça. Além de todo talento. Nasi já fazia mais minha cabeça por ser o “frontman”. Perdi várias conversas sobre a banda com meu amigo Finatti e causos clássicos. No aguardo do livro.
Gde Abraço, Barcinski.
(Leitor seu desde a BIZZ antiga)
Cara, falando em música, você já teve o desprazer de conhecer um grupo de pagode (pelo menos acho que é isso, mas vai saber….) chamado Sambô ?
Para se ter uma ideia do pedigree, o produtor é ex-produtor do Restart.
Abri o UOL ontem e tava lá no canto da página: assista “Sambô – Sunday Blood Sunday.”
Tirei as crianças da sala, abaixei o som temendo o pior… e ele veio !
O horror ! O horror !
É um troço totalmente indescritível. Meras palavras não poderiam tamanha atrocidade musical. E nem sou tão fã do U2 assim.
Mas, como coisa ruim não vem sozinha, descobri que fazia parte de um “DVD – Ao Vivo” (já que lançar CD é algo tãããão anos 90).
Seguem no rastro versões pagode mauricinho de Rock and Roll do Led Zeppelin , Mercedes Benz da Janis Joplin, This Love do Maroon 5 (seja lá o que for isso), I Feel Good (I Got You) e Satisfaction (I Can’t Get No).
Procure, ouça e chore… DE RAIVA !
Gostei muito da descrição!
Sambô é excrecência em estado puro. Pior, pior mesmo é ter gente que acha isso ‘descolado’…. como se assassinar músicas fosse descolado em algum lugar no mundo… nem é minha praia, mas veja o que o pessoal do Nouvelle Vague faz em seus covers e esse pessoal do Sambô…
Minha cidade tem um tremendo orgulho pelo sucesso do Sambô. Deveria ter uma puta vergonha.
o pior, é cantar sunday, bloody, sunday com um sorriso no rosto como se estivesse cantando que vai pegar a vizinha e fazer uma festa!
Ele vai pegar a vizinha irlandesa.
Isso não é nada, já fizeram até versão forró de come as you are do Nirvana…
Parece q pra uma banda ser boa, temos q analisar a biografia da mesma… ainda bem q atualmente temos google e wikipedia, caso contrário estaríamos perdidos… ou, quem sabe, teríamos q comprar livros do nick kent pra saber oq é bom…
Gostei da descrição, realmente o IRA! sempre me passou uma imagem “rock”, autêntica, sem “teatrinho”.
A última vez que vi o IRA! foi em 2004 (?) na praça do Correio.
Av. São João tomada, tinha nego até em cima daquelas pilastras perto do prédio do correio.
O palco era minúsculo, parecia palco de pátio de escola, sem brincadeira. Mas os caras tocaram como se fosse o último show da vida, arrebentaram.
Simples e visceral, como uma boa banda de rock deve ser.
[]’s
Letra da ótima Advogado do Diabo:
Eu não sou o que dizem que sou
Nem tu és o que dizem que és
Me diga promotor
O seu tempo já passou
Quem é o vilão dessa história?
Meninos enjaulados nada disso é conversa
São todos pecadinhos que até hoje Deus confessa
São filhos do sinal
São filhos de Zumbi,
São filhos dos que choram
E também de quem sorri
Por isso poupe a pompa e olhe para si!
Não há quem não corrompa com tanta lei assim
a sua mesa é fina mais a minha mesa é forte
Brincando com o destino
Tratamento e choque!
Alheio a tudo, alheio a todos
Passando frio e pegando fogo!
Alma danada seu crime é o castigo
Eu quebro a regra do jogo
Atire a pedra no pequeno mas um
Dia você vai se queimar
Barcinski, se vovê não se importar, vou retornar um pouco ao Gang of Four, banda que adoro. Eu tenho um vídeo deles no Rockpalast, já com a Sara Lee no baixo. Também baixei alguns vídeos pela internet com o Dave Allen e fiz um DVD. Mas eu gostaria mesmo é de de ter um show inteiro em vídeo da formação original. Você ou alguém que frequenta o blog têm notícia de que exista esse show filmado?
Mmm… sei não… sou fã de carteirinha deles e nunca achei um show inteiro ao vivo, lá dos anos 80… achar o Live At Palais já foi um custo 🙂
Não sei se você tem o URGH! – A musical War. Eles estão lá, mas só com o He’s Send in The Army… bons tempos.. vi esse VHS no antigo Carbono 14…
Tenho e assisto sempre. Aliás, passou na TV outro dia.
pois é… consegui um rip do VHS e tenho hoje num DVD guardado a sete-chaves… uma bandinha boa da época era o Au Pairs, que conheci pelo URGH… hoje soa meio datada…
O URGH eu tenho, saiu o DVD oficial em 2009 e acabei comprando na Amazon UK. Consegui alguns vídeos de 82 para trás foi no You Tube e passei para DVD.
uia, nem sabia que tinha saído em DVD. e por 20 doletas na Amazon… toca comprar 🙂
TÁ NA MÃO http://www.youtube.com/watch?v=m3Ym0ZzCynY&list=PL9AC920D887C67FCD&index=32&feature=plpp_video
O Faustão era bom demais. Este vídeo do “Perdidos na Noite” é imperdível. Ele segurando um refrigerante num merchan amador descarado é muito tosco. E a banda tocando “Pegue essa arma” com seu ritmo quebrado e o Fautão gritando “todo mundo dançando com o Ira!” é hilário. O vídeo é da época da Bandeirantes, quando o Perdidos já passava em rede nacional. Queria ver um da época da Gazeta ou da Record, quando programa era podreira total. Se clicarmos para ver o vídeo do post no youtube, ao lado tem mais com as bandas da época.
André, ao meu ver o mais interessante no livro é o fato dele, segundo a sua reportagem, não ser chapa-branca e ser escrito pelo Mauro Beting, que não é da área da música, o que pode dar um outro olhar sobre a carreira do Nasi…
Claro que o livro privilegia a visão do Nasi, mas em nenhum momento ele é poupado ou vitimizado.
Na boa, otário sou eu, lendo que André Barcinski, jornalista da área de cultura no jornal de maior circulação do país, paga inteira. Ah, tá. Desde quando? Aposto que você não paga nem meia entrada, já que tem crachá da imprensa e conhece todo mundo que interessa pra entrar de graça como VIP… pode até ser que em uma meia dúzia de shows aqui no Brasil você já tenha pago entrada, mas tenho a leve impressão de que isso não deve ser muito comum.
Crachá de imprensa não é pra isso, Renato. Quando eu trabalhava com produção, costumava ir a mais shows, e há um acordo tácito entre promotores em que um não paga na casa do outro. Mas nunca usei o fato de ser da Folha para pedir ingresso para show que não vou cobrir. Sou convidado para alguns shows em clubes e casas, claro, mas nunca usei o emprego para economizar em ingresso.
André, você nao respondeu a questão principal do Renato. Você paga inteira? Nas últimas vezes que foi a show, festival… você pagou inteira ou entrou de graça?
Nos últimos dois ou três anos, até por morar longe de SP, só vou a shows a trabalho. Mas fui a diversos shows e peças infantis e sempre paguei – inteira a minha, meia a dos filhos. Nunca dei carteirada em cinema, jogo de futebol ou exposições. Respondido?
Juro que você sempre me pareceu um cara legal e não estou escrevendo isso pra encher o saco, é só porque você fez um post dizendo que paga inteira e depois repetiu isso neste texto. Mas não me diga que não rolam zilhões de ingressos-cortesia e listas VIP, mesmo para shows que você não vai cobrir e nem mesmo pretende ver… não precisa pedir, essas coisas vem, até porque você é desse meio, as pessoas sabem que você trabalha na área e já trabalhou com produção. E a brodagem impera, não só aqui como no mundo inteiro… nada contra, se eu tivesse a oportunidade, usaria com certeza e acharia muito bom. Talvez peças e shows infantis, jogos de futebol e exposições não deem ingresso de graça com tanta frequência, mas em shows de rock, acho que você não vai pagar inteira nunca… (e repito que não acho nada de errado – “comes with the territory”)
Renato, já escrevi duas vezes, vou repetir: claro que me chamam para shows. Tenho amigos que são donos de casas de show, e eles também entram de graça nas casas onde eu costumava trabalhar. Promotores me convidam porque querem que eu veja a banda deles. Mas outra coisa é usar o fato de ser jornalista para entrar de graça nos lugares. Conheço jornalista que não paga teatro, não paga cinema, não paga nada. O cara liga lá antes, avisa que está indo e entra de graça, mesmo que não esteja trabalhando. Isso é errado.