O que Criolo e Joe Strummer têm em comum?
10/09/12 07:05
Abro a revista inglesa “Mojo” de setembro e vejo uma crítica superpositiva de David Hutcheon ao disco “Nó na Orelha”, de Criolo.
Hutcheon dá quatro estrelas em cinco para o disco e elogia seu ecletismo: “Hip hop, reggae e o brutal ruído industrial do funk brasileiro são só metade da história”, escreve Perry. “Samba, grooves africanos e baladas completam a mistura (…) Vale a pena ver Criolo quando ele se apresentar no Reino Unido em novembro.”
Bacana.
Algumas coisas, no entanto, me chamaram a atenção no texto.
Primeiro, Hutcheon diz que o cantor “cresceu num cortiço de chão de lama e sem água corrente.” Depois, que ele chegou “ao topo das paradas no Brasil”.
Lembrei de uma entrevista de Criolo que li na revista “Trip” (veja aqui), que trazia uma galeria de fotos da infância do artista.
Dê uma olhada na galeria: as fotos mostram uma família muito humilde, claro, mas “um cortiço sem água corrente”?
Quanto a “chegar ao topo das paradas no Brasil”, sinceramente, não achei nada que corroborasse essa informação. Nada.
Fiquei curioso. Procurei outros artigos sobre o artista na imprensa internacional.
Achei uma entrevista de Criolo a Marlon Bishop, do site “MTV Iggy”. No texto, Bishop afirma: “De repente, ele (Criolo) estava no topo dos line-ups de todos os festivais mais importantes.”
Será?
Busca rápida na Internet: no festival Planeta Terra de 2011, Criolo abriu o palco, às 4 da tarde. No Roskilde, da Dinamarca, tocou no meio da tarde, no terceiro palco. E no Sónar, em São Paulo, se apresentou no palco secundário, no mesmo horário do Kraftwerk.
Alguns vão dizer: “Ah, o cara não gostou do disco do Criolo e agora está criticando o sujeito.”
É fato que não gostei do disco. Para falar a verdade, achei péssimo. Mas isso não vem ao caso. É minha opinião pessoal e não tem a menor importância aqui.
Isso não tira o mérito de Criolo, que fez um trabalho muito elogiado e produzido de forma independente, sem apoio de grandes gravadoras ou rádios. Parabéns a todos os envolvidos.
Mas o fato de a biografia do artista conter algumas informações no mínimo questionáveis levanta algumas lebres.
A primeira é que, em pleno século 21, um artista ainda é julgado por sua origem social e não só pela qualidade de seu trabalho. Acho isso um desrespeito com o próprio artista. É como se ele só pudesse escrever sobre determinado tema.
Existe um ranço de culpa primeiro-mundista que faz com que TODOS os artigos sobre Criolo comecem falando de sua infância pobre. Por quê? Porque ele vem de um país do Terceiro Mundo?
Ora, Louis Armstrong era filho de uma prostituta e passou a infância comendo lixo em New Orleans, mas você não vê nenhum artigo que inicia: “Armstrong, filho de uma puta e que sobreviveu comendo restos de lixo, revolucionou o jazz.”
Louis Armstrong é julgado por seu talento e nada mais.
A segunda questão é como pequenas “lendas” na biografia de um artista são importantes para a construção de seu mito. Isso é uma constante na história do pop.
Joe Strummer, do Clash, era um proletário anarquista e revolucionário, certo?
Errado: era filho de um diplomata.
Bob Dylan, antes de tornar-se bardo “folk” no Greenwich Village, fugiu de casa, cruzou o país clandestino num trem e se juntou a um circo, correto?
Errado: era um judeu classe média, que morria de vergonha do passado e fez de tudo para escondê-lo.
Quer um exemplo mais próximo? Nos anos 70, o produtor Mister Sam lançou no Brasil uma cantora “alemã” de discoteca, que não falava uma palavra de português e enlouquecia os homens com seu rebolado.
Na verdade, chamava-se Maria Odete, era recepcionista e cantora da banda do maestro Zaccaro.
Seu nome: Gretchen.
P.S.: Esse texto já estava pronto e programado para publicação quando eu soube da morte do grande cantor Roberto Silva. Amanhã, uma homenagem aqui ao “Príncipe do Samba”.
Biografia inventada? Nunca colou no grajaú né Andre Barcinski, aff
Já sim. E não me venha com essa, por favor.
Após ler o título do post, a primeira coisa que vem em mente: “porra nenhuma”
hahah, a minha mente tambem veio isso
O pior é que essas reportagens deslumbradas e mal informadas da imprensa estrangeira começam a ser replicadas aqui como a palavra definitiva sobre tal assunto nacional. É capaz de começarem a anúnciar “show do artista aclamado pela imprensa internacional, Criolo”
Bem Fernando, com certeza o pessoal do “Ingresso Cágado” ou da “Tickets Fofão”, vão usar isso na próxima venda de ingressos do show dele.
Money, money, money…
mas é óbvio que a incensada no disco do Criolo é também por isso. basta ler a crítica da Mojo até o fim. ele vai fazer uma turnê na Inglaterra em novembro. não fosse isso, certamente a crítica sequer seria publicada e o disco sequer lançado. por outro lado, isso não torna o disco automaticamente ruim.
Vc já ouviu Rapadura Xique Chico? É um rapper do Nordeste
pq o crítico quando está sozinho na crítica negativa tem q procurar defeito no artista..
coisinha de loser…
Onde que o post procura defeito no artista? Pelo que entendi, o defeito está no tom das biografias escritas pela mídia especializada…
Sensacional seu texto. Desde a primeira vez que eu ouvi o cd tb não gostei, muita pose, nome politicamente discriminado, oprimido.
Como a Dilma que sancionou a lei de cotas para estudantes de escolas publicas, negros e pardos. Eu sou considerado pardo e estudei em escola pública, mas minha familia tinha boas condições e não vejo isso como desvantagem.
Esse cara tá ganhando grana com a fama errada, se o nome artístico dele fosse “Kleber Cavalcante” e não citasse nenhuma injustiça social em que ele não foi cometido, dúvido que faria metade de seu sucesso.
Ah, outra coisa a banda TV GIRL lançou recentemente a excelente música “MISERY”, obra prima, ela critica com uma extrema elegância os flagelos humanos.
Barça,
Aqui no Brasil eu já cansei de ler críticas sobre discos da Tori Amos sempre citando o estupro que sofreu na infância.
O estupro é repugnante, mas precisa ficar TODAS as vezes citando isso?
Como pode uma terra – Grajaú (SP) – “tão boa” nos ofertar com artistas de talento e quilates tão distintos né?
Jota C. e Crioulo…
Sério isso?
Grajaú já faz por merecer uma visita do “Bin Laden”.
É vero!
O Criolo deve ter sofrido bullying do Ricardinho, além de ter sua namorada roubada… na época que estudava ali perto da escola que fica defronte a lombada eletrônica.
Tentei ler a entrevista na Trip.
Parei em “Um flow caudaloso de imagens, gestos, (…)”.
Na boa, o que é “UM FLOW CAUDALOSO”????
Deve ser um tipo de bebida do “Starfucks”.
😀
Foi o Marcelo Camelo quem escreveu a matéria.
Quem?
A sensação é de que algumas publicações usam ‘modelinhos’ prontos para falar dos artistas, tipo:
“xxxxxx vem de origem humilde, passou fome, mas deu a volta por cima com seu som: Uma combinação ORIGINALÍSSIMA e surpreendente de xxxxxxx com xxxxx….”
Daí o sujeito vai lá e substitui os x pelo nome do cantor e o som que ele toca, vista a quantidade de lugares comuns que se vê na imprensa em geral.
eu gostei do disco do Criolo.
quanto à sua biografia inventada…ora, o nome Criolo também não é o que consta da sua certidão de nascimento.
muito pior são as auto-biografias falsas que chegaram a ser aclamadas como grandes livros e importantes relatos da história antes de serem desmascaradas. como exemplo, o livro “Fragmentos” de Binjamin Wilkomirski sobre como sobreviveu ao Holocausto (saiu aqui pela Companhia das Letras). descobriu-se depois que ele só esteve nos campos de concentração como turista. isso sim é grave. conspurcar indevidamente fatos históricos (ainda mais tão sensíveis como o Holocausto) com memórias fabricadas em seu próprio proveito.
Se o nome constasse na certidão de nascimento, e se o tabelião fosse alfabetizado, seria “Crioulo”.
Barça,
Uma vez, conversando com uma amiga de Recife (eu sou de SP), ela citou que viu o show do Criolo, e achou um cara chato pra cacete, tanto na música, quanto na atitude no palco, me disse que em determinado momento do show, ele chegou a comentar sobre a origem nordestina da família, e veio com um papo cheio de coitadismo, de como o povo nordestino é sofrido e blablabla. Segundo ela, isso é uma das coisas que a galera jovem do nordeste mais odeia, logo que li o texto pensei que esse lance de enfatizar a infância pobre, e origem humilde, parece ser algo bem planejado até pelo artista.
Concordo plenamente com você André. mas por favor, nunca mais coloque Criolo e Joe Strumer na mesma frase.
O Criolo é rap de publicitário e hype da galerinha circuito baixo Augusta. Nada demais.
Eu confesso que sempre prefiro entender a realidade do que cair na mitificação. Pra mim, é muito mais interessante saber os defeitos, falhas do artista, do que acreditar nessas lendas. Humanizar é bem legal, pois o enquadra num contexto. Deixa o artista muito mais interessante e próximo da realidade.
Só pra relembrar um exemplo: aquela história do Kurt Cobain ter morado embaixo da ponte tb é conversa fiada.
E se compararmos fatos por mitificação, a biografia da Billie Holiday escrita pela Sylvia Fol é muito mais interessante do que a “auto-biografia” da cantora escrita pelo William Dufty.
Bem, creio que fugi um pouco no tema, mas enfim…só para exemplificar.
Mas são exemplos válidos. Se o Kurt passou um,a noite dormindo embaixo de uma ponte, não quer dizer que ele tenha “morado” lá.
Isso me lembrou da cinebiografia da Bettie Page. Ícone da sensualidade, maior de todas as pin-ups, modelo de fotos de bondage, etc; mas que, na intimidade, era uma garota de pouca malícia e com uma existência bem comum. Nem tinha exata ideia do que estava fazendo. Aí é aquela coisa: melhor acreditar no personagem e não ter muita informação de bastidor ou ver a vida do artista escancarada? No caso do Criolo, certamente rolou uma mitificação e, pela proximidade com o tema (o cara é brasileiro), fica mais fácil desconstruir o personagem. Em tempo: só ouvi um pedaço de uma música do Criolo num VMB da vida e pareceu mais do mesmo. Se ouvir o disco posso mudar de ideia, mas acho improvável. Meio que já caí na do Emicida, que é um cara esperto, carismático, mas quando fui ouvir a música, achei as letras e rimas primárias…
Pô, até que enfim alguém escreveu que o tal disco do Crioulo é fraco p/ dedéu. E comecei a ler a matéria da Trip e pelamor. Sério, rim demais. Humor involuntário total. Só o primeiro parágrafo é um show a parte.
Poderiam entrar nesta lista de “passado pobre”:
Obama
Sex Pistols
Ahh agora o Crioulo deveria basear-se no Wesley Willis e sentir vergonha… ele sim representava!
É o famoso “driblou a infância pobre” musical.
o disco nem e tao ruim. so que independente nao e nem aqui nem na china. e todo feito na base do incentivo fiscal , tem um baita logo da petrobras na contra capa e e aquele tipo de artista que pra se justificar tem que se adotado pelas asas negras da inteligencia da mpb, tipo cae e chico buarque.
a pessoa dele, o pauleta do garagem definiu perfeitamente numa ed que vcs fizeram : cururu
Indie estatal. Seria o caso?
Tentei levar o disco do Criolo para ser destruído no Garagem 20 anos mas não encontrei. Fui em umas 3 ou 4 lojas, das grandes, inclusive. Como ele chegou “ao topo das paradas no Brasil” se você não encontra o disco do cara pra comprar? Esse papo de que pode ter esgotado é furado: descobri depois que um dos poucos lugares que vendiam o disco era a Livraria Cultura. E essa conversa de “superação e sucesso” do Criolo me deixou confuso. Pegue os ouvintes do Criolo: a maioria é formada por jovens da classe média das cidades grandes, principalmente São Paulo, evidentemente. Eu vim da classe média, não escondo isso e acho que ninguém deve ter vergonha de sua origem, independente de qual seja, afinal não se trata de uma opção. Mas enfim: passei minha adolescência sentindo uma aversão à classe média. Ainda na infância fui morar num bairro operário na zona oeste da cidade e com 12 anos passei a ouvir o Garagem toda segunda à noite, coisa que gente da minha “classe” não fazia (até porque o grosso da audiência do Garagem vinha de bairros e zonas periféricas mesmo). Mas enfim, estou contando essa história pra chegar num ponto que percebi com o passar dos anos: a classe média adora esse papo de superação, acham que o “self made man” é o correto. Por essas e outras adoram o Criolo. Boa parte dessa turma tem o que tem pelos próprios esforços e por isso acha um absurdo que os excluídos ganhem benefícios assistencialistas do governo para se estruturarem. Xi, esse papo vai longe…
Renato, você também sente saudade do Garagem?
Demais. O Garagem foi a melhor coisa que aconteceu no rádio brasileiro. Toda noite de segunda-feira era inesquecível. Aquela zona no estúdio, música boa, muita risada, discos explodindo, Ana Maria Broca, convidados surreais, BGs lendários, bandas inacreditáveis tocando ao vivo no programa. O que salva é que ele ainda existe, mesmo que esporadicamente. Vamos torcer para que um dia volte, ao vivo, toda semana!
Realmente difícil ouvir Crioulo. Esta estória da biografia dele me fez lembrar de um conhecido que pouco tempo atrás ganhou o prêmio mais importante de fotografia de guerra. Morei um tempo em Botucatu e conheci o cara, que frequentava as rodinhas classe média, trazia espetáculos para a cidade e era super inteirado do mundo teatral de Sao Paulol. Chegou a levar para a cidade Plínio Marcos, Gerald Thomas e muitos outros. De repente vejo ele no Roda Viva contando que se tivesse ficado em Botucatu nao seria ninguém, que era um excluído, que vivia em casa de madeira e um monte de outras invencionices. Nao tem jeito a biografia caiu como luva para um fotógrafo de guerra, assim como cai muito bem para um cantor de rap e um líder de banda. Todos gostam de uma biografia coerente, mesmo que cretinamente inventada.
Pedro, sério? Você está falando do André Liohn né? Eu também vi a entrevista dele e achei a história dele sem pé nem cabeça…..
Olá Daniel, beleza ? Cara eu cheguei a fazer uma vez uma peca de teatro com ele e nunca, mas nunca me passou pela cabeca que ele fosse pobre ou mesmo passasse por dificuldades. Ele transitava muito bem pelo meio dos empreendedores culturais, digamos assim. Pensei que fosse como muitos alguém de classe média média ou no máximo baixa. Eu nao sou de Botucatu fui pra lá com 13 anos e entendo que tendo oportunidade nacional ele quisesse se vingar de alguma forma da cidade. Acontece que pelo menos no que se refere ao passado dele eu nao consegui em momento algum reconhecer aquilo que ele falava. Isto nao tira em nada o valor do trabalho que ele faz, eu só achei muito esquisito a história que ele contou. Enfim, cada um na sua.
Como diz o jornalista no filme O Homem Que Matou o Fascínora, “quando a lenda supera a realidade, publlica-se a lenda”.
Quanto ao Criolo, junto com o Emicida, juro que nunca ouvi uma música deles, seja na rádio, TV, internê, carro de mano tunado, etc. Mas na Folha de São Paulo já o vi falar deles trocentas vezes. Ainda bem que o jornal não emite som.
Andre Barcinski vc está corretíssimo. Alguns críticos adoram enfeitar/enfeiar a biografia dos artistas e eles adoram… basta uma cantora tomar um porre nas festas natalinas quando adolescente, para ela ter sido uma alcoólatra no passado, e render milhares de entrevistas. esse tipo de critico faz mais mal que a pirataria…
Esse “novo hip hop” é igual essa onda de “novas cantoras de MPB”… não dá para ouvir 1/3 do disco. e eu não tenho nenhuma pessoa conhecida que tem algum disco deles. e olha que eu conheço muita gente, até mesmo gente que não curte rock!
Outro exemplo são os Sex Pistols, a BBC sempre que citam eles vêm com aquela descrição padrão que “proletários que vieram para destruir todo o padrão pedante do rock progressivo com uma música que soa como o hino do fim do mundo” mas quando eles apareceram já se fazia esse tipo de música, vide o Damned, o Stooges, The Monks, etc. e até auma banda do Peru que conheci através de um leitor daqui chamado Los Saicos. E todo aquele visual desleixado e agressivo na época foi cuidadosamente planejado pelo Malcolm Mclaren.
Si, pero no mucho! Na boa, nao da para comparar Sex Pistols com Criolo!
Não estou comparando o Sex Pistols com o Criolo, lê a bagaça direito!
E Bandas de gente privilegiada ou proletárias não definem se a música deles é bacana ou não. Não sabia que Joe Strummer era filho de diplomata, mesmo assim continuo achando eles uma das melhores bandas que já existiram.
Aliás pobre não tem vez no rock. Guitarra, Baixo, bateria, amplificador, pedal, tudo isso é muito caro.
Barça, como diria um recém divorciado cantor sertanejo, “disconcordo” contigo a respeito do cd do Criolo. Achei muito bom etc. Mas escrevo mesmo é pra sugerir um post sobre um grande mestre da nossa música que se foi – o genial Roberto Silva, um dos dos admiráveis cantores do nosso país em todas as épocas. Ao lado de outro Roberto – o Ribeiro, considero Silva o maior intérprete do samba de todos os tempos. Uma voz magnânima, que transformava qualquer canção numa declaração de amor à música em geral. Infelizmente é raríssimo encontrar discos dele à venda no mercado. Você poderia indicar algum? Há alguns anos encontrei num balaio promocional de uma rede de hipermercado, uma coletânea dele por uma bagatela e comprei no ato. Putz, que felicidade! Ouví-lo será sempre uma imensa felicidade. Mais Roberto Silva e menos hipocrisia nas nossas vidas. Abraço!!
Claro, soube ontem da morte dele. Vi Roberto Silva uns há uns oito anos no SESC Vila mariana, ainda cantava o fino.
Quando é que o foco será a arte e não o artista?
isso me fez lembrar a biografia falsa do alejadinho (no guia politicamente incorreto da história do brasil tem um capítulo inteiro sobre ele) e a necessidade que se tem de criar arquétipos de herói. lamentável.
ps.: ficou sem o link da trip.
abs
Foi mal, já adicionei o link, obrigado.
Guia politicamente incorreto do Brasil é uma abominação histórica, pesquise melhor, não tome isso como fonte.
pq?
Acho que a necessidade de uma história de superação, do tipo fulano era pobre e agora tem reconhecimento mundial, requer alguma explicação acadêmica. Talvez seja uma daquelas características humanas a que os psicólogos evolucionistas fazem referências. A tendência, numa época em que a imagem se torna mais fundamental na comunicação, é que cada vez menos alguém seja julgado apenas pelo valor da sua obra.
Olha, vou te falar que por muito tempo, quando muleque, eu achei que a Gretchen não era brasileira mesmo.
E acho que sempre que quando um jornalista estrangeiro aborda essa questão do “passado miserável” de um certo artista latino, em geral, é apenas pra temperar sua reportagem. É como jogar molho de pimenta numa coxinha de buteco.
O artista em questão cai no gosto popular na hora por ser um “lutador”.
A Gretchen era tão linda e voluptosa para a época que eu achava que não era nem deste planeta. A carreira hoje dela mostra que eu tava certo.