Roberto Silva se foi; o último cantor a sair apague a luz, por favor...
11/09/12 07:05
Domingo calou-se uma das grandes vozes do Brasil: Roberto Silva, o “Príncipe do Samba”, morreu em sua casa em Inhaúma, no Rio, bairro onde morava desde criança. Tinha 92 anos.
Roberto Silva era um dos últimos remanescentes da época de ouro do rádio.
Começou a cantar na década de 30. Seu primeiro disco foi lançado em 1946. E, mesmo aos 92, continuava cantando e fazendo shows.
Vi um show de Roberto Silva há uns oito anos. Foi uma coisa linda. Uma volta a uma era em que cantores, com o perdão da expressão óbvia, “cantavam de verdade”.
Não tinha Pro Tools, não tinha coreografia, não tinha corinho atrás para maquiar uma voz fininha: Roberto Silva continuava mandando aquela voz aveludada de fraseados perfeitos.
E o repertório?
“Agora é Cinza” (Bide e Marçal), “A Voz do Morro” (Zé Keti), “Se Acaso Você Chegasse” (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins) e minha favorita, “Aos Pés da Cruz” (Marino Pinto e Zé da Zilda). Só clássicos.
Não é à toa que Roberto Silva era o cantor predileto de João Gilberto.
Ontem mesmo, via Twitter, alguém perguntou se havia sobrado algum cantor de verdade no Brasil.
Juro que tive de pensar por um tempinho para responder. Mas lembrei que Cauby Peixoto ainda está vivo.
E, goste ou não do estilo, não dá para negar que Agnaldo Timóteo não seja um baita cantor.
De resto, todos já se foram. Sobrevivem em disco.
De Roberto Silva, recomendo o CD da série “Dois em Um” que a EMI lançou em 1999, reunindo os dois primeiros volumes da série “Descendo o Morro”. Procure que vale a pena.
Voz??? Altemar Dutra, eternamente!!!!
Esqueceu-se de Paulinho da Viola…
Cantor excelente, discípulo do maior de todos: Orlando Silva. E grande compositor. Segue “Jornal da Morte”, velha canção sempre atual, com seu refrão: “sangue, sangue, sangue”…
http://www.youtube.com/watch?v=Y8k5GvutPxg
Com o advento da Bossa Nova (que gosto muito) e da Tropicália (que gosto de menos) a moda passou a ser ‘compositor que canta’ ou ‘cantores sem voz’. Coincidência ou não, nessa época muitas vozes sumiram da mídia: Orlando, Miltinho, Nelson, Dorival e outros mais. Duma hora pra outra ficaram ‘cafonas’, mas ouvi em barbearias e botecos que foi mesmo a música de macho que tinha saido de moda. Mas correndo na raia de fora sempre estavam os sambistas: Roberto Ribeiro, Luiz Ayrão, Geraldo Pereira, João Nogueira e mais, que ainda tinham lugar cativo nos radinhos AM dos subúrbios. Salvação da lavoura…
Grande post Barça. Outro dia o Pedro Alexandre Sanches comentou que a gente esquece de dar o devido valor a alguns artistas , quando eles morrem vamos redescobri-los, lembrar o quanto eram verdadeiramente grandes. Foi exatamente o que aconteceu comigo qdo li seu post hoje. É uma pena que a gente faça isso com os artistas que gostamos, com os amigos e… Bem mas a obra de Roberto Silva está aí p ser (re)descoberta. Forte Abraço!
Ninguém se lembrou desta maravilha: http://www.youtube.com/watch?v=Tidd-RjnxOI&feature=related
Também me lembrei dessa! Postei a versão ao vivo.
Ney Matogrosso, André?
Grande showman, e canta muito. Mas acho diferente dos que citei, que são cantores “clássicos”.
“Não é à toa que Roberto Silva era o cantor predileto de João Gilberto.”
Eu não sabia que você gostava de João Gilberto!
Bela homenagem.
Abraços.
Eu admiro mais o João Gilberto do que gosto da música dele, se é que vc me entende.
Com certeza. Eu admiro a música também (gosto de um som mais intimista). Mas confesso que gosto muito da atitude. Receber a revista “Caras” de pijama já é mais atitude rock n’ roll que todas essas bandinhas coloridas juntas!
Abraços
Barça, gosto do Príncipe cantando “Escurinho”, do Geraldo Pereira. Fenomenal. abraço
Tom
É demais mesmo, Tom, bem lembrado. Abraço.
Barcinski, confraria de tolos e iletrados. Haja paciência para tolerar esses comentaristas.
Ui!
Não, não adianta procurar no isohunt.
Mas este sítio, com a devida vênia, contém algumas preciosidades para baixar:
http://estacaodasaudade.blogspot.com.br
Requer alguma busca, mas tem Orlando Silva, Roberto Silva, e a qualidade é bem razoável.
É rapidshare, então os links aparecem e desaparecem, conforme é bloqueado por abuso. Mas baixei um volume do Descendo o Morro, rapidamente.
Outra boa pedida é procurar seus LPs raros no ML.
Alguém aí em cima perguntou sobre o Miltinho. Moro em Laranjeiras e o via sempre passeando pelas ruas do Bairro. Ultimamente não tem dado as caras. Me disseram que está doente.
Pô, esqueram de citar o Emilio Santiago. Baita cantor.
Todo mundo teve o mesmo lampejo e o CD já ta esgotado nas principais lojas online.
oi André, perdão por fugir do tópico (até porque me amarro no Roberto Silva, a quem homenageei em meu programa de rádio), mas gostaria de agradecer por duas excelentes sugestões de livros: “Uma Confraria de Tolos” e o “Memórias de um Sargento de Milícias”, lidos em seqüência.
O “Memórias…” eu reli depois de décadas (e agora ainda mais oportunamente) e adorei. Apesar obviamente da linguagem, é atualíssimo (feliz e infelizmente) uma mistura dos sambas-crônicas do Zeca Pagodinho com o melhor da Grande Família.
Já o “Confraria…” putz, gratíssima surpresa!, constrangedoramente hilário. Há muito tempo não gargalhava descontroladamente com um livro.
Interessante alguns paralelos que encontrei com os dois livros: primeiro o fato de serem relançados pela mesma editora e coleção; depois, os autores escreveram apenas um livro; tiveram, salvo engano, reconhecimento tardio; e morreram cedo e de forma dramática; e mais: ambos os personagens principais são notórios anti-heróis macunaímicos, em convívio com outros personagens de moral também bastante flexível, retratados num contexto urbano muito pitoresco (inclusive a figura da vizinha bisbilhoteira e neurótica, presente em ambos os livros). Te devo mais essa, meu caro. Abraços.
Verdade, já tinha pensado nas coincidências estilísticas entre os dois livros, mas nunca nas coincidências biográficas dos autores, ótima sacada.
Digo mais…acredito que não existem mais cantores ou cantoras de bom nível no mundo…não suporto mais principalmente esses programas de caça talentos…estilo American Idol…todo mundo cantando da mesma forma…estilo Celine Dion…será que eles consideram aquilo talento? pior ainda são os programas daqui imitando os de fora…não existe mais economia de notas…todo mundo tenta provar que tem recursos vocais…prolongando as notas…quando o simples é muito mais emocionante…
Oi, André. Você falou do Cauby e do Agnaldo no texto, e me lembrei do Miltinho, que também é um cantor das antigas (pra mim, uma grande influência do Zeca Pagodinho) e que hoje é muito pouco lembrado. Acho que ele ainda está na ativa. Você sabe se ele ainda está cantando, André? Abraços.
Há anos apresento este cd(2em1),que comprei numa incrível baciada por 1,99,lembro que tinha Nick Cave e até aquele May East citado no post sobre a Baratos Afins(tudo original e lacrado).
Um cantor fantástico.
Ainda temos Jeneci e Thiago Petit.
Quanto purismo… Roberto Silva era mesmo um gênio do samba, e o penúltimo representante de toda uma época excepcional da música brasileira (concordo que o último seja Cauby; Timóteo até tem boa voz, mas um repertório mais do que comercial…), mas daí a dizer que não há mais grandes cantores no Brasil é absurdo. Milton Nascimento, por exemplo, é respeitado no mundo inteiro, além de Ney Matogrosso, que está aí vivo e forte…
Roberto Silva o Princípe do Samba! Imortal!
Alguém acha que, nos Jogos Olímpicos, alguém vai se lembrar de homenagear esses artistas de vanguarda e da Velha Guarda?
Excelente post!
Todos aqueles citados no post eram cantores de primeira, mas eu gostava mesmo do Nelson Gonçalves.
O Lobão conta alguns “causos” interessantes do Nelson em sua biografia.
Ele era o máximo! : )
O artigo me fez ir lá ouvir o Garagem com o Julio Medaglia como convidado. Aquele fantástico bloco com Roberto Silva, João Nogueira, Nélson Gonçalves e Altemar Dutra… Sensacional.
Barcinski, muito legal a homenagem e ótimo vídeo, mas não é meio exagerado dizer que quase não há mais cantores no Brasil? Além dos centenários citados, tem gente boa na praça, novos e velhos. Acho que faz mais sentido dizer que não existem mais cantores do estilo de Roberto Silva, até porque isso seria um anacronismo.
Não desanima a molecada, Barça! Apesar de tudo, ainda há esperança musical! Hahahahaha!
Barça,
Ontem finalmente assisti a Cowboys e Alliens. Achei que devia compartilhar esse momento mágico com você.
Não conhecia o trabalho do Roberto Silva. Mas, ao assistir ao programa Sarau, na GloboNews, – de onde vc tirou esse video – fiquei louco!. Não parava de assistir ao programa: depois de vê-lo na GloboNews, passei a acessar o site do programa para revê-lo várias vezes! Roberto Silva foi GRANDE!..
Foi sim. Um monstro.
Temos ainda a Beth Carvalho que representa bem o estilo.
Affff…. Procura saber um pouquinho sobre esta senhora, que só fez angariar fundos com composições alheias, principalmente da Velha Guarda da Portela.
Desculpa,ai