A melhor revista de música do mundo?
14/09/12 07:05
Quem diz que o jornalismo musical está moribundo tem uma missão: correr até a banca ou livraria mais próxima e comprar a edição de setembro da revista inglesa “Mojo”. Tem muita coisa boa junta.
A capa traz uma matéria assinada por Jon Savage, autor de “England’s Dreaming”, fundamental relato da história do punk, chamada “Como a Música Eletrônica Salvou David Bowie”.
O artigo conta o fascínio que os sons eletrônicos causaram em Bowie a partir do meio dos anos 70 e como influenciaram sua obra desde então.
A revista traz também uma lista dos “50 melhores discos eletrônicos” de todos os tempos e entrevistas com alguns dos nomes fundamentais do gênero, como Jean Michel Jarre, Terry Riley, Derrick May, Giorgio Moroder, Manuel Göttsching, Alex Paterson e Martin Gore.
Saindo da música eletrônica, tem entrevistas com Ray Davies (Kinks), Animal Collective e Van Dyke Parks, músico que trabalhou com os Beach Boys, Phil Ochs, Byrds e Frank Zappa. E um artigo sobre a banda inglesa de ska The Beat.
Para completar, a revista vem com um CD compilado por Daniel Miller, da famosa gravadora inglesa Mute, chamado “Uma Breve História do Som do Futuro”, em que Miller traça a linha evolutiva da música eletrônica, de Can e Throbbing Gristle a LCD Soundsystem e Pan Sonic.
Essa edição é prova de que alguém pode pegar assuntos batidos e transformá-los em leitura fascinante. Basta talento e conhecimento.
Em 2003 e 2004 eu fui morar no quinto dos infernos, a forma carinhosa que me refiro ao triângulo mineiro, um dos reinos do sertanojo. Minha salvação foi assinar a Mojo e a Uncut. Eu sempre tive dúvidas sobre qual das duas era melhor, mas achava os CDs da Uncut melhores (até porque a Mojo nem sempre vinha com CD). A Q eu também assinava, mas achava mais fraquinha. Das 3 eu gostava mais da Uncut, acho que por causa das sessões sobre cinema e também livros. A Q, se não me engano, era da mesma editora da Mojo, já que uma fazia propaganda da outra. Qual sua opinião sobre cada uma delas? Sobre a Rolling Stone americana, parei de gostar porque é musicalmente muito americana, as listas de fim de ano colocam sempre Rihannas e similares em primeiro lugar. Prefiro MPB – a Música Popular Britânica. E das revistas de cinema, quais você recomenda? Por um tempo assinei a Empire, acho bonita, bem feita, sou meio viciado em listas e eles sempre fazem alguma listinha bem interessante.
Caramba André, vou ser o primeiro comentário mesmo hehehehe
Mas então, e no Brasil, qual revista ou publicação sobre música, estaria, se não no mesmo nível, perto da padrão Mojo de qualidade, na sua opinião?????
Nenhuma, infelizmente.
Caramba, a Folha me enganou, não fui o primeiro hehehehe
André a Mojo faz tempo é a melhor revista de música, junto a Uncult, que também dá um tratamento diferenciado as pautas. A entrevista com a Liz Fraser também está ótima.
Bacana, BArcinski. Vou correr atrás!
Barcinski, obrigado pela dica. Se você não sabe, eis o link para o site da revista, com imagens – e sons – do Kraftwerk em seu começo: http://www.mojo4music.com/blog/2012/08/kraftwerks_greatest_clips.html
Já encomendei a minha!
Animal Collective é de uma enganação sem tamanho…
Também não sou grande fã…
André, você sabe porque as revistas ingleses têm essa mania de “pré-datar” suas edições?Essa Mojo de setembro, por exemplo, foi lançada lá no final de julho. Já a nova, com os Smiths na capa, está como edição de outubro e foi lançada lá já faz umas três semanas.
Não sei, mas é fato.
isso não seria referente ao tempo em que a edição fica disponivel nas bancas?
Acabei de voltar dos EUA e vi essa revista no aeroporto, peguei, pensei, pensei, pensei e não comprei justamente porque achei o assunto meio batido. Que Buuuurrrrroooo!!!!! ;-(
André, você já leu a revista inglesa Classic Rock? Pra mim é a melhor revista musical atualmente, apesar também de tratar temas não tão atuais.
Voltando de férias, agora espero poder voltar a frequentar o blog com mais assiduidade.
1 abraço, bom final de semana!
Não conheço a “Classic Rock”, vou checar. Valeu pela dica.
a Classic Rock tem uma “irmã mais nova”, a revista Prog, que trata apenas de Rock Progressivo. Ambas focam, obviamente, nas bandas dos anos 70 e 80, mas também dão espaço para quem ainda mantém a chama acesa do hard rock e do progressivo, respectivamente. Eu leio as duas, e fico impressionado com a qualidade do material, tanto em termos de impressão (as revistas são maiores que Mojo e Uncut), o papel é melhor, e claro, sempre tem um cd acompanhando. E sempre fico de olho nas edições especiais. Tem uma da Classic Rock abordando só bandas de rock sulista, como Allman Bros, Lynyrd Skynyrd, Blackhawk e afins. Coisa fina! Só queria saber como essas revistas sobrevivem lá fora. Anunciantes? Assinaturas? Tiragem reduzida? Vendas para o Brasil?
ah, uma coisa engraçada: outro dia estava comprando justamente esta edição da Mojo numa banca aqui da Paulista, e o cara tirou umas 10 edições mais antigas da gaveta. Olhei para o lado, e estava ali o Marcelo Nova comprando as atrasadas. Mais um leitor gente fina da Mojo!
Falando em gente fina, André, ontem vi você na tv numa mesa redonda mostrando o Guia de Culinária Ogra! Vai sair quando isso?
Sai semana que vem, farei um post sobre o livro na terça. Lançamento é quinta, 19h, na Martins Fontes da Paulista.
bom, eu sou leitor da Mojo há muitos anos, as edições que tenho não vendo nem a pau. O interessante é que, por ser uma revista que foca em discutir a carreira completa dos artistas, as edições de 2004, 2005, podem ser relidas em 2012 praticamente quase sem ranço de desatualização. Há exceções, claro, mas no geral, ela traça perfis completos de artistas e movimentos sem preconceitos – rock, world music, hip hop, techno. Outras revistas inglesas legais, como o Uncut, vão mais no rock e alt-contry, mas a Mojo abraça tudo. Outra coisa que me impressiona é o poder de síntese dos textos: em cinco, seis páginas, os caras traçam, por exemplo, a carreira toda de uma banda como o Genesis, tacam uns quadros com a discografia básica (ou completa) comentada, entrevistas com o povo todo…
Verdade. Pro não tratar de “novidades”, as edições não ficam datadas.
Barça, vale lembrar tb da Uncut, inglesa, com artigos ótimos (este mes, a de capa é com Nick Cave) e CD tb incluído. Fiz a assinatura este ano e tem chegado regular e pontualmente todo mes.
Também assino e gosto muito. Mas prefiro a Mojo.
Fiquei interessado pela revista. E nem sabia que vendia em bancas aqui no Brasil. Vou procurar.
Vou comprar na hora do almoço já!
Eu jurava que o Frank Zappa já tinha morrido…
Ou será que concedeu uma entrevista do além???
Barcinski,
E a revista “The Wire”, também inglesa, Você conhece? Não é tão pop quanto a Mojo ou a Uncut. Mas, em termos de música e de novidades seja bem mais completa do que a Mojo. Todo mês ela vem acompanhada com uma coletânea chamada de “the wire tapper”, onde você pode ouvir de tudo, desde música eletrônica do Mali até bandas de brutal death norueguesas.
Abraços
Claro, compro de vez em quando. Mas é bem menos pop que Mojo, como vc disse.
Gosto muito da Mojo, mas sinto muita saudade da Word. Esta era a revista de que mais gostava!
não sabia que a Word terminou. creditei o seu sumiço ao descaso das distribuidoras locais. a última que tenho é de fevereiro 2011. realmente, uma pena.
Off topic: Só postando p/ agradecer a sugestão da leitura de “A confraria de tolos”. Terminei de ler ontem e é absurdamente bom. Valeu, Barcinski!
Muito legal que vc curtiu, fico contente.
Concordo. E faz tempo.
Comprei essa edição mas ainda tá na fila pra ler. Parece sensacional. Sou fã da Mojo e da Uncut.
Você conhece uma revista inglesa chamada Rock-a-Rolla, André? É bem voltada pro metal underground e post-rock – as últimas capas foram com o Baroness e Mono, e a próxima certamente será com o Neurosis. Não tenho ideia da tiragem, mas certamente é minúscula, sobrevivendo num nicho. Assino há uns cinco anos e leio até os anúncios.
Nunca ouvi falar, Elson, legal a dica. Capa com o Mono? Deve vender umas 3 mil cópias, não é possível. Vou checar.
Por mais que eu goste de vários discos do Bowie, sempre volto pra trilogia de Berlin, junto com Station to Station. Acho que não dá pra ficar melhor do que aquilo. Produção, arranjos, músicos, as canções: é tudo impecável!
É mesmo. O auge do cara.
Putz, acho que sou o único desta galáxia que acha o “Low” uma obra prima e o “Heroes” chato (tirando a faixa título).
Calma Gus, concordo, tb acho q o Heroes (sim, fora a faixa-título é meio chato…) perde feio para o Low
Bom dia Barcinski, por aqui já sao duas horas da tarde muito obrigado pela dica, logo mais vou pegar a minha e me deliciar o final de semana. Tenho o “Low”, “Heroes” e “The Idiot” por aqui e Neulköln fica a alguns minutos de U-bahn aqui de casa. Um ótimo final de semana para vcs aí.
Para de cantar de galo. Tem nego aqui na Marginal Tietê! Brincadeira, bom fim de semana pra vc…
😀
E as editoras brasileiras o que estão fazendo que não têm nenhuma publicação como a revista Bizz.
Mas ele (DB) foi fazer o pior estilo de musica eletrônica, na minha opnião, que existe: drum-and-bass.
Eu achei meio ruim.
Usar samples, e “ambientes aéreos”, todo mundo sempre fez.
Drum and bass? O Bowie?
No wikipedia eles descrevem sim como DB fazendo DB – David Bowie e Drum And Bass, respectivamente. Achei ruim a categorização.
O Earthling que eu tinha citado… desculpe esquecer de citar.
Também achei.
Sim!
From amazon.com:
Shrugging off an uneventful decade of boring, archaic, projects, Earthling returns Bowie to the forefront of contemporary music. While the album has garnered attention for incorporating elements of
>> drum and bass, <<
its most striking feature is truly Bowie himself as he recaptures an edge he hasn't shown since 1979's Scary Monsters. From the addictively danceable "Little Wonder" to the appropriately unnerving "Seven Years in Tibet," the album is full of the genius that made him so remarkable to begin with. As for the loops and samples, it's less a novelty and more Bowie's willingness to open his music to new tools. Granted, it's not as "before its time" as 1974's Diamond Dogs, but acid-laden vocals, hard-edged guitars, and arrangements that constantly border on the edge of chaos all show a pretty striking return to form from an artist who many had written off as a dinosaur. –Bill Snyder
http://www.amazon.com/Earthling-David-Bowie/dp/B000000WCX
Mais um:
“So long before David Bowie became entranced with drum and bass, it was the new hip music playing in the clubs in New York and London.”
http://www.essortment.com/drum-bass-61953.html
Sim, mas isso não quer dizer que ele tenha feito db.
Lógico que fez.
Eu ouvi algumas faixas do disco. Totalmente drum and bass.
Que viagem, ele só fez algo perto disso em “Earthling”, muitos anos depois.
Exatamente como eu falei.
Ele foi fazer musica eletrônica com esse disco, e foi, cafona como se demonstrou, escolher logo o dum and bass.
O resto nunca foi musica eletrônica e sim “ambientes aéreos” como no Ashes to Ashes.
Toda crítica fala sobre isso. Inclusive o David Bowie.
Gosto muito daquele “Earthling” do David Bowie. Creio que tenha sido também o ápice de sua experimentação eletrônica. Depois veio o “Hours…” mais calminho. Bom também!
O ápice foi trilogia de Berlim.
De sucesso de crítica e comercial foi mesmo né? Mas citei o CD em relação a tecnologia também empregada. Incluso em relação aos samplers de instrumentos acústicos e de cordas que utilizaram. Estava lendo que foi tudo gravado pelos músicos do Bowie, ao invés de utilizar partes de outras canções de artistas diversos. Além de ter sido o último nesta praia mais eletrônica.
rapaz, se vc está com preguiça de escrever, publique pelo menos alguma entrevista traduzida. isso é o encheção de lingüiça clássico dos clássicos.
O dia em que indicar uma coisa boa seja considerada “encheção de linguiça”, paro de escrever. Mais da metade dos textos aqui são indicações, caso vc não tenha percebido em dois anos.
Oi André tudo certo? Primeira vez que vejo alguém no Brasa falando no grande Phil Ochs. Gosta dele?
Moro na Inglaterra e toquei em um show tributo ao cara no 12 Bar Club. Segue um link:
http://www.youtube.com/watch?v=ya3s1cKqZVE
O som nao está dos melhores, mas enfim. Essa música é o “Pleasures of the Harbor”, grande disco do figura.
Abs
Gosto demais, e o Ochs é realmente pouco conhecido por aqui…
As revistas hoje em dia no Brasil parece mais feito para as agências de publicidade do que pro leitor. Será que aquele monte de revistas novas que surgem com as mesmas celebridades de sempre que vejo nas bancas realmente tem atraído leitores?
Acho que eles padecem do mesmo mal do Programa Big Brother Brasil: É um lixo, mas vale a pena fazer porque atrai bastante anunciante,
Teria outras revistas boas na área de música? E na área de cinema tem alguma coisa boa Barcinski?
Cara, assino Mojo e Uncut. Leio a Wire de vez em quando, e o Pitchfork sempre.
A Mojo é sensacional! Tenho um amigo que trabalhava em uma editora e me deu algumas edições antigas. Uma, inclusive, foi logo após a morte do Joe Strummer e tem uma matéria foda sobre o Johnny Cash. Fora isso, é incrível ver as propagandas de catálogos de gravadoras em pleno ano 2000, com CDs e LPs de Undertones e Libertines na mesma página. Pra mim, o único problema em se adquirir essas revistas aqui no Brasil é o preço ridiculamente absurdo que ela é vendida por aqui. Vou na FNAC ou na Livraria Cultura na expectativa dela, ou da Metal Hammer, ou da SPIN terem baixado de preço, mas sempre ultrapassa os R$40 reais. Os impostos pra se trazer este tipo de coisa são tão absurdos assim mesmo?
percebi que eu estava ficando viejo, amigo barza, quando nirvana e mudhoney começaram a ser assunto da uncut e da mojo. adorei. é bom ser tiozinho rocker.