O “Taxi Driver” está entre nós
18/09/12 07:05
Se você gosta de cinema e está em São Paulo, já tem programa para a semana toda: o MIS começa hoje uma retrospectiva do diretor e roteirista Paul Schrader. E melhor: com a presença do próprio.
Às 21h, Schrader fará uma palestra sobre sua carreira, com participação do crítico de cinema da Folha, Inacio Araújo, e do cineasta Philippe Barcinski (antes que perguntem, meu primo). E na sexta, às 15h, dará uma Aula Magna. A programação completa está aqui.
Paul Schrader, 66, é um dos nomes mais importantes da grande geração de cineastas que surgiu nos Estados Unidos nos anos 70. Escreveu obras-primas como “Taxi Driver” (1976) e “Touro Indomável” (1980), de Martin Scorsese, e dirigiu filmaços como “Blue Collar” (1978), “Marca da Pantera” (1982) e “Mishima” (1985).
Fanático pela Nouvella Vague, por cinema japonês (especialmente Ozu) e pelo cineasta francês Robert Bresson, Schrader é famoso por seu conhecimento enciclopédico de cinema e pelo tom sombrio de seus filmes e roteiros.
Quem leu “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’n’Roll Salvou Hollywood, de Peter Biskind, não esquece a descrição aterrorizante da infância de Paul e do irmão, Leonard, criados numa família de fanáticos religiosos, onde o pai regularmente os chicoteava e onde tudo era proibido.
Paul viu seu primeiro filme aos 17 anos e descobriu no cinema uma válvula de escape para as frustrações de sua vida. Caiu nas drogas, morou dentro de um carro e ganhava a vida escrevendo críticas de filmes em jornais alternativos. Até que estourou com “Taxi Driver”.
A retrospectiva do MIS é uma boa chance de conhecer mais sobre a obra de Schrader, mesmo faltando filmes como “Mishima”, “Aflliction” e “Hardcore”. E a chance de vê-lo de perto, falando sobre seus filmes e roteiros, é imperdível.
Barcinski, “Como a geração…” foi um dos melhores livros de cinema que já li. E tem um doc baseado no livro, mas li que é tão fraco que nem quis ver. Vc já viu/conhece? BTW, moro em NY e conheci um amigo seu, Larry Rohter do NY Times. Ele escreveu sobre o artista plástico Bel Borba e o doc que vai sair dele, que editei ano passado. Gente fina.
O doc é fraquíssimo, foi feito pra TV e é superficial pacas. Fique com o livro.
André, na “enciclopédia” do Biskind, o autor tb disse o Schrader escreveu o roteiro do Touro Indomável praticamente de favor, de tanto que o De Niro encheu o saco dele, pois o Paul já era diretor, que era o que ele queria fazer, e não estava mais a fim de voltar a escrever roteiros, e a primeira versão, feito por um outro roteirista, tinha ficado muito ruim…
Dos diretores da geração 70, o Schrader é o cuja obra mais me intriga, pois a maioria dos filmes não são tão conhecidos ou facilmente encontráveis como o dos seus contemporâneos.
A mostra no MIS até que é razoável, pois só apresenta alguns dos filmes mais manjados do Schrader, mas a sua presença no evento e a possibilidade de questioná-lo pessoalmente é algo imperdível.
Mais o livro também trata que o Paul era muito explorador de pessoas, principalmente do irmão dele. Que segundo o livro ” Como a geração…” Era o irmão dele que tinha as maiores ideias e que escrevia o roteiro em si.
Ninguém era bonzinho ali, com certeza…
Nem o Lucas e o Spielberg? O Spielberg principalmente foi retratado meio como um peixe fora d’água no meio da turma.
É, mas casou com a louca da Amy Irving…
Coitada..Gosto dela.
Eu também. Baita atriz.
Amy Irving era doidona? Conta mais…
Parece que o Spielberg deu graças ao céu quando se separou dela. Acho que o Biskind conta isso, se me lembro bem…
Na verdade, no livro o Biskind deixa claro que os amigos não gostavam dela, pq ela humilhava o Spielberg. E tem a questão do dinheiro tb. rs.
Imperdível! Há algum tempo atrás do Schrader e o Brett Easton Ellis fizeram um kickstarter pra financiar o próximo filme deles (escrito pelo BEE, dirigido pelo Shrader). O Shrader estava vendendo um roteiro original do Taxi Driver assinado por ele e pelo De Niro e um “money clip” que o De Niro usou na época das filmagens, também assinado pelo próprio pra quem doasse 10 mil dólares pro projeto. Queria muito ver a palestra dele!
adoro Barcinsky, mais ainda Schradder, MIS é uma casa excepcional, mais ainda na batuta do Sturm, mas… chegar 3h antes e ficar numa fila imensa pra disputar no tapa um dos 140 lugares, onde muitos terão acesso VIP, me dá desgosto. Já passei dessa fase. Espero que alguém grave e poste no youtube.
Sim, vai ser um perrengue, com certeza.
Em uma antiga entrevista à Rolling Stone, Scorcese afirmou que não considera Taxi Driver um filme seu e sim do Paul Schrader. E que, inclusive, o roteirista acha que recebeu menos crédito do que devia pelo filme.
Poxa, é o meu Scorcese favorito…
Scorsese, Edson analfa…
Outro dia assisti o ótimo Rampart por indicação sua e lembrei bastante do Taxi Driver. Vc também acha que os dois filmes – em especial, os dois personagens – têm semelhanças?
Acho que sim, na desesperança, são personagens extremos e que claramente se sentem “perseguidos pelo sistema”.
Schrader, além de cineasta é um cinéfilo refinado e um pensador do cinema: seu livro sobre o transcendental em Ozu, Bresson e Dreyer é ótimo.
Dos seus filmes, até “Gigolô americano” é legal, mesmo pela estranheza e insatisfação em que deixa o espectador.
Po barça, q programaço! Conheci blue collar pouco tempo atras no telecine cult e digo com toda certeza q é um dos melhores filmes q assisti nos ultimos tempos. E depois q li ” como a geração sexo…” fiquei interessado em outros trabalhos do cara. Se morasse na capital com certeza nao perderia essa retrospectiva. Abraço
Grande figura o Paul Schrader. E um cara que escreveu o roteiro de taxi driver e touro indomavel e dirigiu Blue Collar (filmaço mesmo, que assisti no telecine por sugestão sua) e affliction merece toda e qualquer homenagem do mundo. Tem um roteiro dele, que você não menciona no texto, que eu acho brilhante, até pela dificuldade de adaptar esse livro, que é o da Ultima Tentação de Cristo. Entendo que o roteiro foi além do livro e o Paul Schrader e o Scorcesese conseguiram transformar o cristo num personagem fantastico. Você gosta desse filme e desse roteiro?
Gosto muito e acho que o filme foi injustiçado demais.
Se eu morasse em São Paulo iria com certeza.
André, mudando um pouco de assunto, você já votou para escolher o nome do Tatu-Bola mascote da Copa? O que achaste das opções? kkkkkkkkkkkkk
Não gostei, continuo preferido “Dez Porcentinho”.
“Dez Porcentinho” é muito bom… rsrsrsrs.
Mas seria algo modesto dada a realidade brasileira de obras superfaturadas em até 40, 50%. Seja como for, é muito mais adequado – e divertido! – do que Tatu-Bola. rsrsrsrs
Complementando: e que boneco horroroso foram arrumar, não?
Sem falar que ele é basicamente o mascote da Copa passada, sem o rabo e com cabeça de Tatu.
Ou seja, o “jeitinho brasileiro” já está ditando moda até na FIFA…
#sadbuttrue
A bola na cabeça do boneco parece um cérebro exposto. Um cérebro azul, algo grotesco.
hoje vi no twitter outra boa sugestão de nome: “Tatu-Derrado”
Cara, esse livro é FUNDAMENTAL pra qualquer pessoa que se interesse minimamente por cinema. Dica sua. Pena que não moro em Sampa.
Abraço!
André, tenho um roteiro de curta-metragem e gostaria de saber que dica vc dá para eu poder viabliza-lo. Obrigada.
Barça, será que o Schrader escreveria um roteiro original a respeito de um país fictício que organiza um evento desnecessário, superfaturado e escandalosamente corrupto, a Copa do Mundo, e cujo mascote é um tatu-bola? Ou a imaginação assombrosa dele não chegaria tão longe?
Nem Kafka.
Passando da hora de ler esse livro
O capítulo sobre Scharder no livro do Peter Biskind é assustador. A relação dele com o pai e o irmão é tenso. Pena que é tão difícil por aqui achar em DVD os filmes que ele dirigiu. Só assisti Hardcore e curti demais. George C. Scott de bigodinho fazendo a “seleção” de atores porno é hilário.
É demais o capítulo mesmo, um dos melhores do livro. Quanto aos filmes, já viu “Affliction”? O pai – interpretado pelo James Coburn – é tão casca grossa que põe medo nos pimpolhos, vividos por Nick Nolte e Willem Dafoe. Tem que ser muito mau pra botar medo nesses dois…
Cara, não assisti Affliction. Mas já anotei a dica. Valeu.
A Marca da Pantera……ahhhhh Natasha …
Hardcore é um filmaço! George C. Scott numa das melhores atuações ever. Merecia um post, hein.
Merecia mesmo. Um dos melhores filmes do Schrader, inspirado pelo pai. Filmaço.
Só fui sacar que “Hardcore” era sobre o pai depois de ler o livro do Peter Biskind. O filme tem um clima NY-Taxi Driver, se me lembro bem. Assisti em VHS há uns 15 anos. E falando no capítulo sobre os irmãos Schrader, meu trecho favorito é quando eles torram todo o adiantamento para escrever um roteiro (Conexão Yakuza, ou algo do tipo) e vão pra Las Vegas com os últimos dólares para terminar de gastar. Acabam recuperando parte da grana na roleta, mas voltam pro cassino até perder tudo e não ter dinheiro nem pra gasolina. Só assim eles achavam que teriam o conflito necessário pra criar arte. Sensacional!
Ei, mudando de pau pra cacete, o que acha do filme “Maradona By Kusturica”? É coisa de fã, mas não alisa em relação aos defeitos do sujeito. Vai passar hoje (10:55) e amanhã (9:00), no MGM.
Não me lembro de ter visto. Boa dica.
muito bom esse filme
Pourran responsa demais! A organização poderia pensar em disponibilizar um link para streaming da palestra e da aula hein? Imagino eu que não vai ser todo mundo que quer participar que vai conseguir entrar.