O crítico mais venenoso do cinema
25/09/12 09:37
Rex Reed tem 73 anos e é crítico de cinema do jornal semanal “The New York Observer”.
Foi bem famoso nos anos 70 e 80. Em 1978, fez o papel de si mesmo em “Super-Homem”. Nos anos 80, apresentou um conhecido programa de críticas de filmes na TV americana.
Não concordo com quase nada que Reed escreve. Mas não perco um de seus textos, especialmente quando ele vocifera contra Christopher Nolan, Lars Von Trier, Charlie Kaufman, Spike Jonze ou Sofia Coppola.
Reed definiu Nolan assim:
“Nolan é um elegante picareta britânico, cujos filmes são um colossal desperdício de tempo, dinheiro e pontos de Q.I.”
Sobre “A Origem”, escreveu:
“Christopher Nolan não tem nenhum talento para detalhe, composição e movimento, mas, a julgar por seus intrincados filmes de joguinhos de adivinhação, como ‘Memento’, ‘Insônia’ e este ‘A Origem’, é, certamente, um grande trambiqueiro. Quem mais poderia enganar a Warner a dar 200 milhões de dólares para fazer o mais elaborado videogame hollywoodiano?”
Seu comentário sobre “Batman Begins” foi mais sintético: “Este filme é para idiotas.”
Adorei também – embora não concorde – com o eu Reed escreveu sobre “Synédoque, New York”, de Charlie Kaufman:
“É extremamente improvável que você aguente as duas horas desse lixo pretensioso – na verdade, os produtores idiotas que o bancaram lhe devem um prêmio caso você consiga.”
E Sofia Coppola?
“’Somewhere’, o mais recente tédio calcificado de Sofia Coppola, é menos pretensioso que ‘Maria Antonieta’, mas tão estupefaciente e anestesiante quanto ‘Encontros e Desencontros’”.
Sobre “Viagem a Darjeeling”, de Wes Anderson, um dos diretores jovens de que mais gosto, Reed escreveu:
“A técnica de direção de Anderson vem da mesma escola descerebrada dos roteiros de Charlie Kaufman e do cinema de Paul Thomas Anderson, Spike Jonze e David O. Russell: jogue ingredientes totalmente incoerentes no ar, chame todos seus amiguinhos de Hollywood para a festa, e deixe tudo cair desordenadamente por aí, sempre filmando tudo.”
Separei outros trechos memoráveis de críticas de Rex Reed:
“Melancolia”, de Lars Von Trier: “Qual o sentido? Só um diretor de um monte de lixo como ‘Dogma’, ‘Dançando no Escuro’ e ‘O Anticristo’ pode saber.”
“The Master”, novo filme de Paul Thomas Anderson (um dos meus diretores prediletos): “137 minutos dos pelos do nariz de Joaquin Phoenix não é minha idéia de diversão.”
“Reféns”, com Nicolas Cage: “Algo estranho está acontecendo com o rosto do Sr. Cage: sua pele está amarelada, suas bochechas, inchadas, e a cabeça parece grande demais para o resto do corpo.”
“Speed Racer”: “Eu consigo aturar quase tudo, mas traço um limite em duas horas e quinze minutos de vômito fúcsia.”
“Apocalypto”, de Mel Gibson: “Sangue escorre por todos os orifícios, no que parece ser um terrível desperdício de geléia de framboesa.”
Mas o meu favorito é o trecho em que escreve sobre o excelente – pelo menos na minha opinião – filme sul-coreano “Oldboy”:
“O que você pode esperar de uma nação obcecada por kimchi, uma mistura de alho cru e repolho, enterrada no chão até que apodreça, depois tirada da sepultura e servida em potes de cerâmica que são vendidos no aeroporto de Seul como suvenires?”
bem, concordo com vc que é bem divertido e grosseiro o modo como ele se refere aos filmes e seus respectivos diretores. mas da pra ver q o cara gosta de classicão como vc msm disse. pô, ñ gostar de wes anderson , Paul T. Anderson e charlie kaufman, spike jonze (pelo menos alguma obra desses caras) é de um conservadorismo tosco!
Se ele falou bem de algum filme de Terrence Malick principalmente “A Arvore da Vida” (não tenho essa informação), o cara não merece respeito nenhum.
Silvio, tive a curiosidade de procurar a crítica do Rex Reed sobre “A Árvore da Vida”. Meteu o pau, como de hábito: “Eu quis gostar deste filme, mas o sr. Malick – que odeia a imprensa, nunca dá entrevistas e só fez cinco filmes em 30 anos (todos bombas) – faz isso ficar impossível”.
http://observer.com/2011/05/evolution-in-real-time-terrence-malicks-ponderous-the-tree-of-life-ponders-the-meaning-of-existence/
O cara obviamente não gosta de cinema. Acho terrível quando alguém ganha a vida fazendo o que não gosta…
O que vale nos textos dos críticos nem sempre é estar de acordo com o que o leitor acha e sim a maneira como é escrito. Muitas vezes eu discordo do que você (Barcinski) escreve, mas seus textos são ótimos, não deixo de ler um só dia.
Talvez não chegue a ser o caso do Rex Reed, mas me irrita um pouco àqueles críticos que “compram” a própria fama de polêmicos e passam a deixar o filme analisado de lado só para manter a “fama de mau”.
Os comentários de gente mal humorada são sempre bons de se ouvir, mas não é todo dia que estou com paciência para rabugice (alheia, rs). Mesmo assim, é menos irritante que o boa parte dos críticos brasileiros, metidos a blasé.
Morte à Protógenes!!!!!
Concordo quanto ao Lars von Trier, esse lixo esquerdoso que acha a humanidade má só porque ele é depressivinho. Indie estatal dinamarques. Quanto ao Nolan, é divertido o beboche do crítico, mas não concordo.
Mas eu gosto de ranzinzas…
Muito bom. Curto muito críticos sem superego e com linguagem coloquial extrema. Não precisamos concordar com as opiniões – a atração é o texto. Apesar de que concordei com muita coisa que o rabugento falou. Precisamos de um maluco assim na mídia brasileira. Aqui só tem irônicos de segunda. Queria ler alguém com um texto explícito e sangue no zóio.
Ele, pelo jeito, é tipo aqueles cronistas brasileiros que tem um excelente vocabulário de adjetivos, com um ótimo talento para manejar frases de efeito, mas se a gente procurar uma explicação lógica pros seus argumentos: nada.
Que falta faz a Pauline Kael…
Adorei a acidez das críticas, e agora consigo entender alguns da Folha que tentam ser irônicos em 140 caracteres na avaliação dos filmes no suplemento de sexta-feira. Infelizmente, só tentam.
Por falar em críticos de cinema, nada supera o deputado comunista Protógenes, que quer retirar dos cinemas o filme “Ted”, nessa onda politicamente-incorreta insuportável que vem tomando conta do Brasil.
Que história é essa?
Mais um político querendo aparecer brigando com desenhos animados (Simpsons) e filmes (Turistas) enquanto no brasil temos problemas maiores para resolver.
Prefiro críticos assim do que esses políticos metidos a sabichões, passando o pano em tudo pra mostrar que tem bom-senso.
Gostei muito, apesar de nao concordar com quase nada, tirando é claro Wes Anderson, que para mim significa filmes chatos e feitichistas com ótimos atores. Seria bom ter este tipo de crítico por aqui que fosse mais agressivo e no fundo fizesse este circo ficar mais divertido. Será que ele deixará seguidores ? Estava vendo no youtube e desde as antigas o cara era assim língua afiada. Abracos a todos.
Finalmente! Encontrei alguém que percebeu que “Encontros e Desencontros” é um grande abacaxi. Achei que estivesse sozinho no mundo. Será que ele observou também a atuação patética do Bill Murray?
Eu gostei do filme e gostei muito da atuação do Bill Murray.
Encontros e Desencontros só tem uma coisa boa: Scarlet…
Bom, em alguns aspectos, porque como atriz…
Espero que algum dia as críticas desse cara sejam compiladas em um livro. Concordando ou não, são bem honestas e divertidas.
André, mudando de assunto, lembra uma vez que você escreveu um post sobre as frescuras dos prédios que são lançados hoje em dia? Dá uma olhada na coluna de hoje do seu xará Forastieri, ele tá puto com o que estão fazendo com São Paulo.
Vou ler, valeu pela dica.
Qeu tiozinho ranzinza, ahaha! Junto-me ao coro dos demais, que filmes ele falou bem? 1 abraço!
Os mais recentes (4 estrelas em 4): Cavalo de Guerra, O Artista, 7 Dias com Marilyn, Meia Noite em Paris, O Discurso do Rei, 127 Horas.
Fonte: Rotten Tomatoes
Ou seja…
Cavalo de Guerra???? Ixe.
Na moral Barça… um cara que gosta de Cavalo de Guerra e não gosta de Encontros e Desencontros não merece muito crédito. Mas o cara tem razão em afirmar que Nolan e Von Tryer são bombas. E realmente as críticas dele são engraçadas. Enfim, crítico é tudo maluco (rsrs).
O Discurso do Rei????????????????
O Discurso do Rei???????????²
Barça, vc saberia citar alguns filmes e diretores aos quais ele escreva boas críticas? (algum filme recente?)
André, acho que seria legal você colocar, como um contraponto, para a gente entender esta mente doentia, críticas elogiosas dele. Do que ele, afinal, gosta no cinema?
Mas ele só mete o pau nos filmes? Ou consegue elogiar também? Porque se ele só destrói, parece que faz apenas por diversão e pra manter a mística de mau-humorado.
E nada contra ler críticas negativas de filmes que gostei (até porque pode ensinar muitas coisas que passam desapercebidas pelo deslumbre), mas muitas vezes tem um ar de rabujentice.
Ele gosta de cinemão hollywoodiano. Escolheu O Discurso do Rei como melhor filme de 2011.
Desperdício de geleia de framboesa foi boa demais! Mas Barça, eu acho que é exatamente esse o papel do crítico… aliás, não só do crítico, mas de todo jornalista, independente de sua área de atuação… estamos numa fase que profissionais de mídia agradam entrevistados, reportagens não denunciam verdades, bicheiros determinam matérias publicadas…. a verdade é que o jornalismo no Brasil é pífio.
Creio que, notadamente no Brasil, faz falta um crítico assim, venenoso. As críticas atuais tendem a ser reflexões abstratas nas quais o crítico, muitas vezes, veste um adorável disfarce de antropólogo (ou daquilo que ele julga ser um antropólogo), avaliando a obra analisada como se descrevesse algum exótico objeto de culto na mata, afetando ares de distanciamento e neutralidade. Apenas para esconder melhor idiossincrasias e gostos pessoais. Um bom crítico não foge de suas obsessões (embora não se limite a elas); creio que o caso de Mr. Reed não é bem esse, mas pelo menos o texto acaba bem mais divertido que a média.
Pelo menos no exterior existem críticos que descem a lenha. Aqui não! Aqui só tem borra-botas e baba-ovos. Prefiro ler uma crítica detonante e depois discordar do crítico por acabar gostando do filme a ler uma crítica entusiasmada e elogiosa só para depois me decepcionar com um filme insosso e desprezível. Detesto baboseira politicamente correta, em que ningém fala mal de ninguém. Filme de super-herói é besteira e ponto final. É importante que alguém o diga.
Os fãs de Batman são muiiiiiito chatos! Levam a fantasia a sério e se acham no direito de tacar pedra em quem não enxerga “profundidade” na filosofia do filme. Mais chatos que fãs do Batman, só os fãs do Raul…
Tá mais pra comediante do que pra crítico. Eu ri muito de todas as observações dele, entretanto nunca leria quando procurasse uma análise de um filme mesmo.
E tb me perguntei: de que filme será que ele gosta??
Uma dúvida: esse cara já falou bem de algum filme?
Superman (1978)..Óbvio.
Hahahahahahaha……boa!
Aposto que é o mais xingado também, já que 90% da humanidade não sabe discernir matéria jornalística de artigo de opinião. Fala pra gente, André: quantos comentários vc já não recebeu de gente pedindo sua cabeça pra Folha por vc não ter os mesmos gostos musicais ou cinematográficos?
Ih, ele é odiado. Os fãs do Batman encheram muito o saco dele. E claro que já recebi ameaças.
André, indo nessa praia de ameaças, será que aquele caso do Iron Maiden não vale um post?
Você consegue dormir?
Famoso critico q quer causar, só isso. Filme envolve gosto. Aposto q ele tem um gosto particular e só comenta bem de filmes do Woody Allen por exemplo rs….
Acho q cada um tem seu gênero e deve cultivar o seu sem querer q o outro goste ou não. Muitos filmes por exemplo comentados aqui eu assisti pra ter uma opinião, vários adorei com o Rampart (especialmente a atuação do ator principal)., Outros nem tanto. Abraço
Gosto de ler a “Observer”, por isso leio as críticas do Reed, embora realmente só concorde com algumas. Mas é só de vez em quando e não tinha me deparado com quase nenhuma das citações que estão no post.
Muito bom começar o dia rindo da “pele amarelada, bochechas, inchadas, cabeça grande demais para o resto do corpo”, do Nicolas Cage – o pândego, o canastrão -, e do grande “desperdício de geleia de framboesa” em Apocalypto.
Ótimo post!
Não sei se é implicância pessoal ou o cara é realmente péssimo, mas nunca gostei do Nicolas Cage como ator. Em “Arizona Nunca Mais” está até razoável, o filme é estranho, mas divertido, e o ator não atrapalha. Depois disso ele só gravou besteiras, que eu me lembre, que não merecem comentários. Mas a minha implicância se intensificou pra valer depois que regravaram “Vício Frenético” num dos maiores atentados contra boas obras. O remake em si é péssimo, mas grande parte da culpa é do ator. Não consegui ver até o fim.
O Barça já fez um texto aqui no blog dedicado exclusivamente ao Nicolas Cage. Se você não leu, procura aí que vale a pena…
Valeu. Vou procurar ainda agora.
não sei se foi a tradução, mas achei tudo extremamente sem graça. E do que esse cara gosta afinal?
Cara, este “kimchi deu” água na boca! Sério! Dicas de onde podemos ograr aqui em SP?
Tem no livro, capítulo dos coreanos.
É gostoso? Eu amo alho!
Kimchi é uma delícia. Está para a culinária coreana o que o feijão está para a brasileira.
Concordo. Mas ri muito com o texto.
Ainda que a parte do repolho me esmoreça, minha curiosidade é maior : terei que visitar essa iguaria coreana assim que o livro do André chegar em casa !
Vai no Portal da Coréia, na Rua da Glória, é bom demais.
Resumindo, é um completo ignorante, só que engraçado, algumas vezes. Passo.
Ignorante por que? Ignorância é considerar ignorante pessoas que não têm a mesma opinião que você.