O melhor disco do ano já chegou
26/10/12 07:05
Faz um mês que não escuto outra coisa. Quer dizer, até escuto, mas não presto atenção. Porque “The Seer”, do Swans, é daqueles discos que aniquila a concorrência. Qualquer coisa perto dele soa desimportante.
“The Seer” não é um disco fácil. É um CD duplo, com quase duas horas da música mais intensa e suja que você já ouviu. Mas nada que o Swans fez nesses últimos 30 anos foi de fácil digestão.
O Swans, na verdade, é um projeto solo de Michael Gira. Desde 1982, ele se cercou de parceiros, colaboradores e fãs, para criar sua visão particular de música e de mundo.
A banda surgiu no início dos anos 80, na cena “No Wave” nova-iorquina, que revelou Teenage Jesus and the Jerks, Glenn Branca e Sonic Youth (Thurston Moore tocou baixo numa das primeiras encarnações do Swans).
O grupo andou aos trancos e barrancos até 1997, quando Gira formou o Angels of Light. Em 2010, o Swans voltou com um álbum sensacional, “My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky”.
E voltou também às turnês. Os concertos confirmaram o que fãs mais novos só tinham ouvido falar: no palco, o Swans é insuperável; uma experiência sonora marcante, não só pela intensidade, mas pelo volume desumano a que Gira submete banda e público.
Se alguém tivesse de resumir o som do Swans, colocaria a banda na estante do “industrial”: um som eletrônico, pesado e lento, que influenciou Ministry e Nine Inch Nails.
Mas Michael Gira não concorda. Para ele, Swans tem mais a ver com o blues, com a eterna repetição de um riff até criar um efeito hipnotizante.
“The Seer” é assim: mantras de distorção e “drone” que transportam o ouvinte para um lugar longe, longe daqui. Às vezes, é insuportavelmente doloroso; em outras, bonito de chorar.
Se puder, compre a versão “deluxe” do disco, que vem com um DVD de apresentações ao vivo.
Gira diz que “The Seer” é a culminação de 30 anos de Swans, o disco que ele se preparou a vida toda para fazer. Fica a pergunta: depois que você faz a sua obra-prima, o que fazer?
P.S. Estou fora e com acesso limitado à Internet. Por isso, alguns comentários podem demorar a ser publicados.
O disco é muito bom, mas é para um público específico, pra uma galera que curte de antemão este tipo de som. Embora NIN e Ministry sejam referências válidas, o som do Swans, tanto neste disco como em outros, é um tanto diferente… Pra mim, Swans sempre foi uma mistura de NIN com Pink Floyd. Nails no barulho e inquietude, Floyd na viagem longa e na busca pela boa melodia.
Oi André – Estes velhos são uma mistura de Kitaro com Pink Floyd (fase Syd Barret) chupando manga verde. Chato pra caralho, hoje ninguém tem mais tempo para este tipo de som, visto que temos potencialmente falando, sons e barulhos urbanos muito mais intensos. Novidade sonora legal que realmente tocam pessoas com mais de trinta e quarenta (como nós), são bandas como os caras do The Black Keys, o som não tem nada de novo, mas tem guitarra simples, batera básica e faz chacoalhar o esqueleto, e o mais legal da a impressão quando se assisti que tem o Joey Ramone de cabelo curto sentado na bateria 😉
Kitaro? Kitaro?
Sim, Kitaro, tenho uma tia fã deste insuportável japonês, o inicio do som que você postou aqui é Kitaro escarrado, e eu tenho a certeza de que você tem uma tia ou sogra fã dele também. Abs
Quando eu tinha uns 12 anos fiz uma apresentação dessas, com Violão Guitarra, e Piano e os caretas da minha família quase me cobrem de porrada, ainda bem que eu não tinha uma bateria, porque se eu batesse desse jeito nela aquela minha mãe castradora me proibiria de brincar com o instrumento. Ouvi a fita umas duas vezes, já comecei a me animar… depois tentei outra vez “Caramba! não é que estou começando a gostar!?”. sem perceber que o click foi no LCD Soundsystem.
Vi o Swans ano passado num ATP. É um troço aterrorizante. Vi um monte de gente saindo com as mãos nos ouvidos. É demais ver o Michael Gira com quase sessenta anos com tanto sangue nos olhos. “The Seer” é um discaço. Grande post, André.
Era a banda predileta do Paul Barker, do Ministry, e ele sempre falava como os shows eram intensos.
Nada contra o Swans, nada especialmente a favor. Agora, disco do ano é o Silver Age, do Bob Mould 🙂
Gostei dessa banda. Agradeço pela matéria porque nunca havia ouvido falar a respeito, e provavelmente nunca conheceria.
Em parte acho que o som tem mais a ver com industrial mesmo, apesar de não se parecer com Ministry e NIN.
Acho que soa mais próximo ao Head Of David, uma outra boa banda que infelizmente acabou a muito tempo.
Dica bacana, hein Barcinski. Aliás, mais uma entre outras. Por isso o trabalho, para mim, é um dos melhores do jornalismo cultural no Brasil. Quando é que você vai escrever na Piauí?… Você merecia uma daquelas 10 páginas por reportagem…
Só um porém. Sempre achei curioso este universo musical pop mais voltado pra experimentação e pro ruído. Coisas maravilhosas e bacanas como o Sonic Youth ou o Swans mesmo. Sempre me pergunto o que estes caras escutam: será que conhecem Ligety, Arvo Paart, Penderecki, Berio, esses vanguardistas da música erudita pós anos 50? Será que escutaram “Ascension” do Coltrane? Curtem Pink Floyd (impossível não pensar nos concertos do Floyd por volta de 1972, com a platéia quietinha igualzinho a do vídeo aí). Enfim, curiosidades.
Valeu a dica!
Claro que curtem. Procure entrevistas com o Thurston Moore e o lee Ranaldo, os caras sempre foram ligados em música de vanguarda e experimentalismos.
Lembra aquela parte antes do concerto, quando o pessoal da orquestra fica afinando os instrumentos. (Caramba, desculpe, odeio esse pessoal que só vem aqui para criticar, ou dar uma de indie dos indies)
André, adoro musica eletronica experimental, mas sinceramente esse disco não me disse muita coisa…E isso pouco importa! O que acho curioso ( e o que me fez comentar esse tópico) é ver como as pessoas são preconceituosas em relação a música…Se não soar ” baixoguitarrabateria”, fudeu! Referencias musicais para comparar a música que o Swans faz com alguma coisa então…Nem se fala! Abs
Quem foi mesmo que disse que os Melvins era a melhor banda ao vivo? Isso é o que dá esbarrar em comentários deslumbrados como os seus…
O Melvins é a melhor banda ao vivo, para mim. E vc não precisa “esbarrar” em comentários, basta não ler o blog.
Eu encaixaria o Swans na prateleira progressivo-ruim. E Seers, lamento ! Faz parte daquele seleto grupo de albúns, ruins, mas que tornam o comprador um cara cool.
Quem lamenta sou eu, de ler uma besteira dessas.
Ei Barça, muitas vezes eu concordo com vc. Curti muito aquele disco do The Horrors que vc indicou. Dr. Feelgood é legal, Lightining Bolt e muitas outras coisas. Mas esse Swans não empolgou muito não…me lembrou aquela banda Battles…
Lixo minimalista!Quem “propagou” este estilo foi um motorista de taxi de New York,Philp Glass,Eu prefiro GG Allin,pelo menos ele morre no fim
Nossa, Amauri, como vc é rebelde. Parabéns.
Nossa,Barça,como voce tá chato,agente não pode nem brincar.Pelo menos é melhor que o Rush.
Cara, vc diz que a coisa é “lixo” e depois fica chateado com réplica? Como diria o Vicente Matheus, quem tá na chuva é pra se queimar.
Aliás, aos 10:08 … tá lá o Hendrix na platéia!!!
Andre, apresenta para as crianças um dos melhores LPs de música brasileira já gravados, o do Jorge Mautner, aquele que tem “Maracatu Atomico”, “Matemática do Desejo”, “Pipoca a Meia Noite” etc e etc…
Atenção nos 10:11 !!!!
O Jimmi Hendrix baixou na platéia!!!
Háháhá… engano seu, era o Prince…
Pena que o Garagem está de férias. Esse ano saiu muita coisa boa além desse do Swans… tem os novos do Bob Mould, Dinosaur Jr. e Redd Kross.
Comprar o CD? Onde? Importado? Baixei e estou escutando. Já tinha baixado outros do Swan. Preciso ouvir Seer mais vezes, mas tem algumas coisas que se repetem demais!!! Parece que saíram do estúdio e foram jantar!
André, não perco um post seu. Escreve superbem, além de ser um conhecedor de tudo e um crítico perspicaz. Abraço.
Cara eu sei que não tem nada a ver com o que foi dito no post…mas vc podia me ajudar… eu sou antigo ouvinte do programa garagem na epoca da radio Brasil 2000…curtia muito as entrevista e os esculachos que vcs faziam principalmente com Carlinhos Brow e Caetano Veloso…mas o que mais me alegrava no programa eram as perolas trash que vcs tocavam como aquela musica de Ortolandia era uma Cidade em Jundiai…mas o que eu gostava mesmo era uma musica de fundo que vcs colavam de uma Aeromoça que cantava Mpb… gostaria de saber o nome dela e do album..já revirei o youtube e google de cabeça pra baixo e naão acho nada…se tiver como me mandar algum link por e-mail fico agradecido…
um abraço sou seu fã.
asmodeu2009@gmail.com
Aeromoça? Lembra a o nome da música?
André, um semi OT: um colega falou de um post do seu xará Forastieri, do portal do bispo, tem um texto dele citando uma personagem de um post seu engajada numa causa totalmente inimaginável: http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2012/10/25/vamos-fazer-como-os-americanos-ricos-e-poderosos-vamos-liberar-a-maconha/
Mano, não conhecia e curti adoidado.
Não é fácil. Socorro!
Ah… não sei não… nada que o Neubauten não faça há mais tempo e melhor, sem esse monte de solos de guitarra…
Ótima dica. Lembro-me dos Swans desde a versão deles para “Love Will Tear Us Apart”, do Joy Division. Como diriam os portugueses, Michael Gira é muito giro!
Gostei. Comprou mesmo? O encarte é bacana?