Parabéns, Alfred E. Neuman!
31/10/12 08:15
A revista “Mad” está fazendo 60 anos. Veja aqui uma matéria que meu amigo Thales de Menezes publicou ontem na “Ilustrada”, sobre as seis décadas de uma das publicações juvenis mais engraçadas e influentes da cultura pop.
A “Mad” nasceu junto com o rock and roll, James Dean e Marlon Brando. Nasceu junto com o próprio conceito de “adolescente”, que é uma invenção do pós-Guerra.
Os adolescentes dos anos 50 nos Estados Unidos formaram a primeira geração de consumidores que não precisaram trabalhar para ajudar a família. Podiam ir ao cinema, ler gibis, tomar milk shake em drive-ins e ouvir rock and roll no rádio.
Foi ali que nasceu o conceito de “cultura pop”, quando a indústria percebeu o potencial de consumo dessa massa e passou a produzir para ela. Até então, o “teenager” ouvia os discos dos pais e via os mesmos filmes. Devia ser um saco.
A “Mad” surgiu nessa onda, e praticamente inaugurou um tipo de humor que se tornaria o mais popular e influente nos Estados Unidos: a paródia à cultura pop.
Impossível pensar em “Saturday Night Live”, nos filmes de Zucker-Abrahams-Zucker (“Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, “Corra que a Polícia Vem Aí”) e em “South Park” sem falar da “Mad”.
Foi a “Mad” que começou a parodiar filmes, cantores e séries de TV. Quando a cultura pop dominou a sociedade americana, a “Mad” estava lá para lembrar que nada estava à prova de esculacho.
Nenhum astro de Hollywood, por mais famoso e rico que fosse, estaria imune a uma boa sacaneada. A revista parecia dizer: “Não se deslumbre pela fachada de respeitabilidade; no fundo, somos todos idiotas.”
O mesmo aconteceu com políticos. Sobrou para todo mundo. E quando Richard Nixon caiu, em 1974, os leitores da “Mad” já estavam acostumados a vê-lo esculhambado de todas as formas.
A revista também nunca ligou para a correção política. E nem deveria, já que nasceu antes do próprio conceito existir.
Já li entrevistas com Matt Groening (criador dos “Simpsons”), Mike Judge (“Beavis e Butthead”) e Steve Martin, em que diziam que suas vidas mudaram depois que conheceram a “Mad”. Se para melhor, ninguém sabe. Mas, com certeza, mudaram.
Quem publica a Mad hoje no Brasil? Poderia fazer um Post complementar?
hoje e a panini, e depois de uns 100 anos da gestão ota, agora tem como assinar a budega. Não vale muito a pena, da pra ler em apenas uma cagada.
comprei minha primeira mad em 1987 (e olha que eu moro em teresina-pi) depois disso por mais de 15 anos fui um comprador contumaz da revista de alfred e. neuman. acredito que hoje não ela tenha mais o mesmo impacto de alguns anos atras mas, a sua relevância é inegavel mesmo nos tempos de hoje.
Que saudade dessa época…Mad, Pasquim, Planeta Diário, Monty Python…pode parecer nostalgia mas vai além disso…esse tipo de humor do passado além de anárquico e fazer a gente não levar nada nem ninguém a sério…muito além disso, me despertou um senso crítico que moldou o meu caráter….o humor dos dias de hoje perdeu exatamente isso: ao invés de estimular nossa inteligência e imaginação, busca a imbecilização geral…
Ah, e não pode esquecer que a MAD é quem revelou ao mundo o Al Jaffee, um dos caras mais geniais do universo, né?
Certo, André. A MAD è um dos maiores exemplos da industria cultural justamente pelo fato de questionar esta excelência que adorna a embalagem do produto…
Excelente matéria. Parabéns. Só me fica uma duvida aqui de memoria, pq de repente parei de le-la ali por volta de 1985 e nao achava mais graça nos numeros novos. Mas quando relia os antigos gostava. Nao sei se é a minha memoria que me trai, mas aconteceu alguma coisa com essa revista no brasil por volta de 1985? Digo, pra pior?
Barcinki: Não é que deveria ser um saco, desse ponto vista, era um saco mesmo! Até 1960 criança não ouvia rádio. Só começou a ouvir quando apareceu um tal de Beatles. A vida então mudou. Lembro muito bem como se fosse hoje, nunca houve e nunca haverá evento de mídia igual a esse! A rádio só passou a ser ouvida a partir daí. O rádio de pilha , o primeiro IPod já existia faz tempo, todo mundo tinha rádio, mas simplesmente as crianças e os adolescentes não ouviam, porque não dava para ouvir, só tinha coisa pra velho (um pé na cova, um pé no saco) e naquela época os velhos não eram como esses jovens de 60 anos de hoje (a vida dos sexagenários mudou para melhor …se bem que esse papo de melhor idade seja um grupo daquele ). Quem tinha cinco anos de idade nem pensava em ligar o rádio em 1960. Verdade que naquela época as crianças andavam soltas, porque as ruas eram de terra em Indianópolis e mal passava um carro, não havia risco de alguém ser atropelado (A nesse ponto vida mudou para muito pior). O Elvis que na verdade nasceu antes, apareceu por aqui depois dos Beatles (não haviam especialistas no tema na época). Os Brasileiros não eram assim tão americanizados e havia um preconceito maior com aquela riqueza pornográfica dos golden years. A Mad pegou a estrada já aplainada, mas era revolucionária numa época em que ninguém zoava ninguém. Um programa como “O Pânico na TV” seria considerado um escândalo, porque a mini saia só passou a ser usada no Brasil depois dos meados da década de 60. Uma periguete naquela época seria presa por atentado ao pudor. A mina avô (segundo a minha mãe disse) jogava tênis com aquela sainha curta e fumava (cigarro) escondida por que já era muito mal falada.
Eu tenho um colega idêntico ao Alfred E. Newman.
Fazia uns 10 anos que não o via, trombei com ele outro dia e o cara teve um filho, o moleque é a personificação do personagem, só falta o dente quebrado, não tem nem graça brincar com ele…
“Não se deslumbre pela fachada de idiotas; no fundo, somos todos respeitabilíssimos.”
“Os adolescentes dos anos 50 nos Estados Unidos formaram a primeira geração de consumidores que não precisaram trabalhar para ajudar a família. Podiam ir ao cinema, ler gibis, tomar milk shake em drive-ins e ouvir rock and roll no rádio.”
De certa forma, isso foi também o começo do fim…
Fim? Mas tudo que a gente gosta – rock, cinema rebelde, HQs – nasceu dali.
Pôla Balcinski, essa levista é tão luim que não dá pla usar nem como papel higiênico. Chinês!
Comecei na Mad, mas depois passei pra Chiclete com Banana, que eu achava que tinha um humor mais moderno. A propósito, na cidade onde eu moro, as bancas de revistas estão acabando, acredito que seja em função da internet, quasse ninguém lê revista mais. Você percebeu isto também?