João Gilberto em busca do acorde perfeito
01/11/12 07:05
Admitir a genialidade de um artista não significa ser fã de sua obra. Como já escrevi várias vezes aqui no blog, não sou grande admirador dos filmes de Stanley Kubrick ou dos discos de Bob Dylan, embora tenha a convicção de que são dois dos artistas mais importantes do século 20.
O mesmo acontece com João Gilberto. Entendo e concordo com todas as teses sobre seu talento quase sobrenatural e sua técnica revolucionária de tocar violão, mas realmente não suporto ouvir bossa nova. É um problema meu, e não da bossa nova (se você quiser entender como João Gilberto faz o complexo parecer simples, clique aqui e leia um texto muito bacana de Zuza Homem de Mello).
O que não quer dizer que eu não goste de ler as histórias fantásticas sobre João e suas idiossincrasias, ou relatos de outros músicos sobre a influência do violão gilbertiano.
Recentemente, entrevistei Jards Macalé, amigo e fã obcecado de João, que me contou uma história sensacional. Como todas as lendas a respeito do mito, essa não tem origem ou fonte. Também não sei se já circula entre fãs de João. De qualquer forma, aí vai, na interpretação de Jards…
“João Gilberto fazia um show no Japão. E ele adora o Japão, porque os teatros têm uma acústica perfeita. Até o técnico de som do João é japonês.
O show corria maravilhosamente. O público japonês ouvia o João com uma reverência religiosa. De repente, no meio de uma música, João tenta um acorde diferente. Era uma coisa tão bonita, tão pura, que até ele mesmo se surpreendeu. João parou de cantar e ficou de olhos fechados, ouvindo a beleza daquele acorde. Ficou espantado pela própria criação.
Os japoneses nem respiravam, para não perturbar a concentração do João. E o som do acorde foi morrendo, morrendo, e o João parado ali, de olhos fechados…
João ficou dois, três minutos assim, sem mexer um músculo, profundamente concentrado. Parecia que estava em transe. Na platéia, ninguém dava um pio.
O Otávio (Terceiro, agente do João) estava ao lado do palco e agiu rápido: pegou um copo d’água e foi até o João. Chegou ao lado dele e disse, bem baixinho: “João, tamos no Japão…” O João acordou daquele transe e recomeçou a música exatamente no lugar onde tinha parado. A japonesada não acreditou.
Essa, seria melhor que você não publicasse. Mas queria te contar. Ouvi do Wilson das Neves, numa tarde de choppe no Amarelinho da Glória. Diz que quando ele foi pra Londres gravar uma participação num disco de João Gilberto, entrou no estúdio onde ele dedilhava seu violão, com um baseado gigante no cinzeiro… Diz que quando João viu Wilson, deu uma tragada e começou a tocar. Enquanto tocava, fazia sinais com a cabeça, como quem dizia “vai, vai”. No final, depois de tocar, João Gilberto perguntou: Ô, Wilsinho! Porque você não tocou comigo??? E o Wilson respondeu: João, a bateria tá no outro estúdio!!!! Ele contou que o apelido do João Gilberto era Zé Maconha!!!
Abração
Certamente JG deve ter respondido ao “A bateria está no outro estúdio” com um “Mas pfff e daí pfff Wilsinho pfff toca assim pfff mesmo pffffffff”.
Quanta babaquice em torno de um falso gênio. Se ele teve méritos, ficaram no passado. Hoje em dia não cria nada ! Mas todo mundo continua dizendo que ele é genial. Por isto ele continua sendo o mais preguiçoso dos artistas brasileiros !!! Falei !!!! rsrsrs
André, vc já ouviu falar da lenda urbana sobre o João Gilberto, que diz que certa vez ele ficou um fim de semana inteiro tocando violão no apartamento com todas as janelas fechadas e quando finalmente alguém abriu uma janela o gato se jogou, porque não aguentava mais ouvir aquilo?
Já, claro.
Ele de fato fica com tudo fechado, não atende ninguém e não paga o aluguel.
Já eu que sou principalmente roqueiro, de tendência punk, não tenho problemas com a bossa nova. Mesmo porque João Gilberto é punk-zen. Gênio puro, que inventa sempre a mesma coisa que ficará para sempre: sua música, única, brasileira e universal.
História linda.
O primeiro exemplar que li do Casseta Popular contava que João Gilberto para nascer exigiu que o ar condicionado da sala de parto fosse desligado e que um sujeito que trabalhava na rua ao lado parasse com a britadeira. Mais tarde, tentou influenciar o violão para que fosse aprendido a ser tocado por ele. Como não conseguiu, influenciou o marceneiro a fazer um banquinho. Cara, eu li isso no onibus de volta pra casa e simplesmente não conseguia parar de rir, lembro que eles falavam “Giba” hahaha
João Gilberto cantado Wave tem algo de eterno. Bela homenagem, Barcinsky, valeu.
Bom mesmo são os trinados dos participantes do “The Voice” da Globo …
E com direito a ver o Carlinhos Brown !