Soderbergh vai ao “Clube das Mulheres”
07/11/12 07:05
Entre os cineastas que transitam no “mainstream” hollywoodiano, Steven Soderbergh é um dos mais interessantes. Um dos poucos que consegue fazer filmes comerciais não direcionados a seres lobotomizados.
“Traffic”, “Irresistível Paixão”, “Onze Homens e Um Segredo” e “Contágio” são filmes que conseguem unir apelo comercial a um mínimo de qualidade artística. Não mudaram o mundo, mas pelo menos não ofendem a inteligência de ninguém.
O filme mais recente de Soderbergh, “Magic Mike”, estreou sexta em São Paulo. Fui ver sem grandes esperanças. Mas tenho de dizer que o começo me surpreendeu.
A história gira em torno de um meio raramente explorado no cinema: o dos “strippers” masculinos.
Dallas (Matthew McConaughey) é um “stripper” e dono de um clube de “strip” na cidade de Tampa, na Flórida. Dallas sonha em expandir os negócios e abrir um clube na principal cidade do Estado, Miami.
Para isso, conta com a ajuda do maior astro de sua casa, Magic Mike (Channing Tatum), um veterano da cena e que também tem suas ambições.
Um dia, Mike conhece Adam, um vagabundo que vive desempregado e mora de favor com a irmã. Percebendo “potencial” no rapaz, Mike o convence a tentar a sorte como dançarino.
A primeira metade do filme é surpreendente: Soderbergh mergulha fundo nos segredos do ramo, mostrando a dura realidade por trás das luzes e do néon. Vemos as drogas, os trambiques e os excessos.
Pena que o filme, despenque para soluções fáceis e moralistas em sua segunda metade. Parece que, no cinema americano, tudo termina em mensagens positivas e lições de moral.
Enquanto se limita a relatar o dia – ou melhor, a noite – dos “strippers”, o filme funciona. É engraçado, ágil e interessante. Soderbergh consegue até a façanha de extrair uma boa atuação de Matthew McConaughey, um Cigano Igor que fala inglês.
Mas quando “Magic Mike” apela ao tom condescendente e vira uma fábula moralista, põe tudo a perder. Uma pena.
P.S.: Hoje estou com acesso limitado à Internet e, por isso, comentários podem demorar a ser publicados.
Soderbergh é um talento pleno ainda não realizado. Um realizador ainda à espera, ainda à procura, ainda em débito. “Traffic”, seu melhor filme, é muito bom, mas apenas o suficiente para ser respeitado, não admirado. Ele ainda vai ser dono de um grande filme de verdade. Pode escrever.
Sei que pode parecer bobagem para um filme sobre um “clube de mulheres”, mas o que o Soderbergh deseja, mesmo, é falar do consumismo, com o americano de fundo, com a constatação de que tudo está à venda. Fala sobre a crise e usa um clube de mulheres para mostrar essa América vazia, onde o que vale é o dinheiro. Os rapazes acreditam que têm poder quando são eles, veja só, os comandados, em busca das “migalhas” lançadas pelas mulheres no palco. A cena em que Mike alisa suas notas explica bem isso, tal como o número do 4 de julho, com os rapazes vestidos de soldado.
Aposto que em Despedida em Las Vegas todo mundo ficou esperando soluções fáceis e mensagens positivas.
Eu deveria saber o que é um cigano igor?
deveria.
Midnight Cowboy pra quem não viu o original.
e ai barça , assisti recentemente o filme do wes anderson não sei se você gosta desse diretor mas moonrise kingdom é muito bom vale a pena assistir http://www.youtube.com/watch?v=7N8wkVA4_8s
abço
André, 2012 alguma estrela cadente caiu no McConaughey, porque no novíssimo filme do Friedkin, “Killer Joe” (meu filme favorito em 2012 até agora, aliás) ele toma a tela como um monstro, numa atuação que eu jamais esperaria de alguém com o currículo como o dele.
Aliás, fica aqui o pedido de um futuro post comentando “Killer Joe” e a irregular carreira do Friedkin.
André,
Concordo com vc, o começo do filme realmente é muito bom, mas, infelizmente, termina naquela melação estilo comédia romântica.
Mudando de assunto, sei que vc não gosta de seriados, mas parece que nesse próximo sábado volta ao ar a série Mandrake da HBO. E aí, o que vc acha?
Andre, aqui em Tampa esse foi o maior lancamento do ano e tambem a maior balada. Filas de mulheres entupiam os cinemas e depois todas saiam e manadas para o bar mais proximo.
Sem falar no frenesi nas duas semanas anteriores.
O que isso tem a ver com a qualidade do filme? Nada.
Vai ver que é porque o filme se passa em Tampa…
Barça, já que vc gosta do Neil Young, (eu prefiro a Patti Smith), aqui não há o que dicutir, Uma “senhora” entrevista entre Young e Smith !
http://youtu.be/xRXgHhRht9E
Falando em cinema, no embalo de uma sugestão que peguei aqui (não me lembro se foi do Barça ou de leitor), COMPREI o filme “O General”, de John Boorman… mas eita filmezinho parado, enrolado e sonífero! Nem a cena da crucifixão do sujeito na mesa de bilhar me animou! Tudo chato demais, longuíssimo! Não recomendo nem para inimigo.
Concordo com o Andre sobre “Onze homens”. Um filme bem feito e divertidinho. Porém suas 2 continuações foram meros caça-níqueis a la Transformers. Naqueles casos o diretor foi apenas um fantoche bem assalariado.
Barça, se você me permite o Regis Tadeu fez um post hoje sobre eventos gratuitos. http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/brasileiro-n%C3%A3o-merece-eventos-culturais-gratuitos-150110961.html.
Quanto a esse filme prefiro a opinião do Rubens, grande abraço.
Também o vi. A despeito do desfecho água com açúcar, me diverti bastante com o filme.
Recentemente, reassisti Irresitível Paixão. Acho um filmaço. Albert Brooks, Don Cheadle, Ving Rhames, Luis Guzman, Dennis Farina e, claro, George Clooney, todos estereotipados, mas ótimos. Até a Jennifer Lopez está bem no filme.
Sem contar que o Soderbergh é um cara que OUSA em seus filmes. O que é cada vez mais raro no mar de acomodação que é o cinema mainstream…
Barça, você disse que no cinema americano tudo termina em mensagens positivas e tal, eu concordo, mas já assistiu ao novo do Friedkin (Killer Joe), é sensacional! Acho que vai curtir!
Não vi ainda, muito obrigado pela dica, verei.
Obra-prima mesmo, além de também ter uma grande atuação do Matthew McConaughey, como nesse. Não entendi a bronca do André com o ator hhahahhahah.
o McConaughey está sensacional em Killer Joe mesmo, depois posta os comentários aí Barça. abs
Existe esse preconceito burro em relação a Matthew McConaughey. Na real até já tive, pelo jeitão texano-galã-marriga tanquinho e tal. Mas depois deixei de bobagem e vi que ele é de fato um ator super competente. Killer Joe, Dazed and Confused e The Lincoln Lawyer estão ai para provar.
André, Matthew McConaughey também está surpreendentemente bem em Killer Joe, que tive a oportunidade de ver no ultimo festival do Rio. Alias, alguns atores as vezes arriscam sair da zona de conforto (no caso deste, comédias romanticas) e se saem muito bem, mas logo voltam para a mesmisse. Outro que lembro que ja surpreendeu foi o idiota do Adam Sandler, que fez o bom filme de drama/humor negro “Ta rindo de que?” mas que logo depois voltou pras comédias débeis mentais, pois provavelmente devem encher o bolso dele mais facilmente…
Achei o fime um pórre!! Um Soderbergh menor. Boggie Nights de Paul Thomas Anderson, era para mim
o inicio do fim da caretice americana, mas me enganei novamente.
Falando em cinema, já viu o iraniano “A separação”? Não sei se já passou ou vai passar no Brasa. Mas vale correr atrás. Imperdível. Abs
Passou nos cinemas na temporada do Oscar do ano passado.
André, anteontem revi Carlito’s Way e lembrei do seu tópico sobre filmes que “prendem” o telespectador. Que filmaço…
Ah, e você chegou a ouvir o novo Jim Jones Revue?
Minha sensação é que ele, Soderbergh, de fato tenha se cansado de cinema. Ele já falou de aposentadoria várias vezes.
Agora que o Matthew McConaughey é fraco, isto é fato. Mas devo confessar que sua atuação em Killer Joe do Friedkin me surpreendeu…
WHO CARES ABOUT QUALIDADE????? Queremos ver os strips dos meninos!!!!
Matthew McConaughey pode ser o cigano Igor dos EUA, mas ai que bate um bolão… :o)
Infelizmente não vou poder assistir Magic Mike. Maridão está curtindo uma desavença com o espelho, e sobrou pra mim. Vou acompanhando as críticas e comentários.
Deste diretor tenho que admitir que só assisti de fato as série homens e segredos, que, na minha humilde opinião, são diversão de primeira. O mais legal é ficar procurando as pegadinhas e easter eggs espalhados pelo filme. Sempre que passa, paro para assistir
Lu, deixa o Sr. Carneiro brigando com o espelho e vai ver uns homens pelados, ué!
Consegui assistir 45 minutos e não aguentei mais (mas foi melhor que “Cosmópolis”, que não passou de meia hora).
Também nunca gostei do Matthew McConaughey. Com algumas excessões, só fazia filme meia boca. Mas acho que ele deu uma virada na carreira recentemente e pode surpreender muita gente.
Ele tá ótimo no fora de série “Killer Joe” do William Friedkin e dizem que também manda bem em “Paperboy” de Lee Daniels, que passou em Cannes nesse ano.
Outro filme que dizem que ele tá bem é “Mud” do Jeff Nichols, mesmo diretor do “O Abrigo”.
Acho que deve ter tido uma crise depois dos 40 e tá procurando papeis interessantes.
Barça, vc assistiu “Confissões de uma Garota de Programa”, do próprio diretor e com a Sasha Grey?
Difícil acreditar que vc tenha gostado minimamente desse filme. Fui assisti-lo com amigos, esperando rir um pouco, mas ao final ficamos todos surpresos com o roteiro raso, os diálogos mal escritos e as atuações incrivelmente ruins. Se tivesse como pedir reembolso nós teríamos pedido, certamente. E olha que adoro filme bagaceira. O filme é basicamente um Flashdance com piroca. Hmmm, não. Flashdance é melhor.
Cigano Igor de hollywood? Essa definição se encaixaria melhor no ator principal, Channing Tatum, não? Em Killer Joe, achei McConaughey fantástico. Mas é questão de opinião, rs. Ótimas críticas, como sempre.
Gosto muito do Soderbergh e quero ver esse filme. Estão dizendo que o McConaughey pode até ser indicado a algum prêmio pelo papel. O cara manda tão bem assim? Ainda sobre o Soderbergh, assistiu Haywire? O cara é mestre em pegar pessoas “normais” e colocá-las como atores pra desempenhar seus ofícios na tela, tipo a Sasha Grey em “Girlfriend Experience” ou a Gina Carano nesse Haywire. Deve ter algum stripper de verdade com papel de destaque nesse filme também. 1 abraço!
Dizer que “Onze Homens e Um Segredo” não ofende a inteligência de ningúem é meio que ofender a inteligência de muitos hehe
Não acho. É um filme despretensioso, mas bem feito e divertido.
Gostei da crítica, mas vale a espetada: por melhor que seja, todo blogueiro tem seus momentos de Milton Neves…
Não sei o que vc quis dizer, mas tudo bem.
falou em jabá? Viajou, acho que vc o Renzo está confundindo o blog com o jabaload…